segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Hipocrisia - O PECADO ESSENCIAL...

Já registrei no artigo anterior - Os Católicos Ortodoxos ou os apostólicos romanos, cujos ancestrais perseguidos, através dos apologistas (Como Melitão, Justino, Tertuliano, Miltiades, Apolinário, etc) revindicaram para si mesmos o direito de escarnecer do paganismo antigo, que era a crença majoritária dos gregos e romanos, mostram-se oportunistas, desonestos, anti éticos, etc no momento em que recusam-se a reconhecer que os neo pagãos, ateus, materialistas e incrédulos fazem jus ao mesmo direito, enfim a liberdade, a liberdade de criticar o que a seu ver carece de sentido.

Colocar-se o Cristão acima do incrédulo ou do pagão, ao menos do ponto de vista do Evangelho, da Tradição e do Catolicismo é pura arrogância. Pois é glória do Catolicismo ou da Ortodoxia, reconhecer a universalidade da condição humana, estendendo suas prerrogativas, na forma de direitos, a todos os mortais. Os sectários aspiram fazer da liberdade monopólio seu. Não os Ortodoxos fiéis a tradição, posto que Jesus Cristo jamais divulgou tais ensinamentos, e jamais buscou constranger externamente qualquer pessoa, obrigando-a a crer. Tampouco recorreu ao aparelho estatal ou a César com o objetivo de silenciar seus oponentes, optando pela via da refutação. Assim seus adoradores e servos, os quais sabem estar César separado de Deus e Deus separado de César. Como sabem ser ilícito decidir pelo outro, o que não passa de mais uma forma de dominação.

É assim, dever dos Cristãos Católicos e Ortodoxos - também dos papistas e anglo católicos (Uma vez que buscam raízes na Tradição) colocarem-se no lugar do outro e permitir que sua fé seja criticada ou mesmo ridicularizada - Por aqueles que julgam estar ela errada - se pretendem criticar sobriamente os erros alheios. Pois buscando calar o outro poderão vir a beber do próprio veneno e ser eles mesmos calados, quando não torturados e mortos, por seus oponentes. Eis porque o regime de direitos afirmado pela democracia - apesar de seus imperfeições - é o menos danoso.

Ademais esses Católicos que apreciam falar grosso com minorias de ateus, materialistas e incrédulos, são os mesmos que costumam falar mansinho com os fanáticos que invadem seus templos e despedaçam suas imagens, classificam a eucaristia como pão vulgar, apresentam a Virgem como mulher ordinária, os santos como ídolos pagãos e todo nosso culto como politeísta e supersticioso. A todo momento estão os fundamentalistas protestantes e sectários escarnecendo a fé professada por nossos ancestrais, não menos que do Candomblé e da Umbanda... Do ponto de vista Católico Ortodoxo ou mesmo romanista todo protestante é um blasfemador, sacrílego, irreverente, etc Então por que os neo romanos ou os Ortodoxos hipócritas não recorrem as leis com o objetivo de reprimir ou conter a sanha dos pastores??? Mas onde chegamos: Os ortodoxos de palha ou romanistas sem consciência se associam a blasfemadores (que dizem ter fé) com o objetivo de denunciar blasfemadores (os quais estão escusados por não professarem a fé)... Onde está a coerência??? Ao menos não é o grupo do Gregório Duvivier que invade igrejas para estilhaçar imagens...

De fato os ortodoxos e palha e neo papistas converteram-se uns e outros em agentes ou imbecis úteis do fundamentalismo protestante (este sim essencialmente anti Católico e anti Cristão - Mil vezes mais que o Comunismo ou o Anarquismo). Salve-nos o Duque de Guize! Este bem sabia que era oposição interna e essencial... Triste ver esses rebotalhos de cristão assumindo causas inglórias, que não são nossas e não nos pertencem; assim o criacioburrismo, o puritanismo, a inspiração plenária, os mitos do AT, o capitalismo {!!!}... Trindade, Eucaristia, Virgindade perpétua de Maria, comunhão dos Santos, imagens, etc Tudo isto passou a segundo plano e podemos dizer que os neo Cristãos perderam a consciência, o sentido, a piedade, a cabeça. Vivemos num tempo em que a apostasia dirige seus olhares a blasfêmia. No entanto nossos bons ancestrais sabiam que negar a virgindade perpétua de Maria ou a presença do Senhor no Sacramento não é menos blasfemo ou irreverente do que qualquer pantomima da Porta dos fundos. Alias se a porta chegou até aqui não foi senão graças ao Protestantismo. Afinal por que não pode ela tecer críticas destemperadas a Jesus senão porque eles, os protestantes, antes puderam referir-se nos mesmos termos a Virgem Santa, ao Sacramento ou aos Santos???

As mesmas raízes e tradições que obrigam-nos a tolerar civilmente os protestantes. Obrigam-nos a tolerar a porta dos fundos, Monty Phyton ou quaisquer outros espetáculos irreverentes. A menos que os protestantes gozem de privilégios, devido a covardia dos neo Cristãos, ortodoxos e romanistas.

Que os Católicos portanto tenham vergonha na cara e abstendo-se de tomar parte nessas manobras com que o protestantismo busca consolidar seu poder teocrático. Porque neste poder que abate igrejas e terreiros está a verdadeira ameaça. Na medida em que antecipa entre nós as ações dos jihadistas no Oriente. Todo este mal deve ser cortado pela raiz, e todos devem se obrigados a respeitar-se mutuamente, NO QUE DIZ RESPEITO AS VIDAS, BENS E AÇÕES... Mas sequer criamos leis rigorosas contra os que invadem e depredam templos de outras religiões ou contra os jihadistas...

Chegados ao protestantismo e a esse conglomerado de seitas que ora levanta-se contra a Porta dos fundos, temos, até onde sabemos, de aplaudir o pudor, a coerência e a lealdade dos que abstiveram-se de recorrer aos Estado - Os papistas manipulados, fazem o trabalho sujo para os pastores ambiciosos. Somente quem sabe que seja Livre exame percebe a monstruosidade de qualquer seita ou pregador bíblico recorrer ao Estado (Com o intuíto de canonizar ou impor sua opinião individual)... É o protestantismo, desde seu berço, o império da subjetividade, da individualidade, da escolha e da variação. E é seu padrão uma autoridade que deriva da análise ou leitura subjetiva. Por isso não pode ele alcançar a uniformidade sem trair a si mesmo e substituir o Livre exame pelo princípio Ortodoxo e Católico da autoridade externa.

Recorrendo a autoridade contra quaisquer dissidentes - Leitores ou estudantes da Bíblia - o protestantismo suicida-se. Recorrendo a autoridade secular com o objetivo de impor-se, sepulta-se e apodrece...

Portanto se o pastor X julga-se no direito de escarnecer do que os umbandistas ou candomblecistas julgam divino, e o profeta N de comparar a senhora aparecida a um frasco de coca cola, que direito tem eles de melindrar-se quando o Gregório Duvivier escarnece do Cristo??? Em que é essa gente, que ridiculariza a Ortodoxia, o papismo, o kardecismo, a umbanda, etc superior aos outros??? Se escarnecem com arrogância porque não podem, também eles, experimentar o escárnio e sofrer o mesmo que causam aos outros? É muito simples: Quem não quer ver sua fé escarnecida que ao menos tenha o bom senso de não escarnecer da alheia. Uai - Querem o respeito da Porta dos fundos??? Comecem respeitando as crenças dos papistas, umbandistas, espíritas, hindus, etc Com que direito alegam que a Porta não tem o direito de brincar com o que é sagrado para eles uma vez que não cessam de brincar com o que é sagrado para os outros??? Toda Lei unilateral é essencialmente opressora. Por isso temos de reconhecer o mesmo direito a todos. E se desejamos brincar com alguma superstição ou fé, não nos incomodemos com a Porta.

Tampouco concebamos que o Cristo se incomoda ou que é abalado por ela. A ponto de perder as estribeiras ou de ficar encolerizado, a exemplo de minha vizinha quando é chamada de namoradeira, o de minha tia, quando chamada de bruxa fofoqueira. Irritam-se elas enquanto criaturas limitadas. Deus porém... Longe de nós supor - como disseram nossos Lactâncio e Arnóbio) que aquele no qual subsiste a eternidade, fique irritado como um mortal qualquer.

Por outro lado, fosse Deus mesquinho e sujeito a perturbações - como a cólera - não lhe faltariam meios para punir seus críticos. Afinal se o escritor mais antigo e ingênuo fazia o nume dos judeus depender do braço de Moisés ou de generais e armas com que castigar os ímpios, blasfemadores e sacrílegos; o escritor mais recente e judicioso recorria já a terremotos, maremotos, secas, pestes, furacões, raios, etc como formas de punição... questionando que dependesse o Deus Todo Poderoso dos insignificantes mortais para preservar sua dignidade. Nada de mais justo. Afinal por que precisaria Deus ser defendido por suas criaturas ao invés de exercer ele mesmo a vingança e punir seus inimigos, os blasfemadores??? Que poderia ser comparado, como demonstração de poder, ao raio que parte e tritura? Nada mais blasfemo do que essas sharias e inquisições ou poderes que visam proteger ou vingar o Sagrado, uma vez que não lhe falta poder, assim os velhos raios??? Por que não entregar as punições e castigos nas mãos do Juiz que tudo vê e sabe? Antecipando seus juízes por meio de decretos falíveis. Posto esta que castigar em nome de Deus é ceticismo e em lugar dele usurpação. E ninguém é mais blasfemo do que aquele que entrega a verdade a proteção do poder secular, do qual o Numinoso não precisa.

Além disto os cristãos carnais dizem crer que se vingará Deus e punirá seus inimigos no dia do juízo final ou mesmo do juízo particular (os Latinos e protestantes). E com castigos que declaram ser perpétuos e sem fim {Nós cremos apenas em castigos educativos, medicinais, provisórios e finitos). Destarte, se punirá Deus os seus supostos inimigos no além túmulo, que sentido faz, o homem falível, antecipar tais castigos??? Por isso está decretado que o trigo e o joio cresçam lado a lado até o último dia. E não pode o Estado ou a Sociedade restringir as liberdades ou antecipar castigos sem usurpar o lugar do Supremo Juiz. Não há, com efeito, maior blasfêmia ou sacrilégio do que este estado teocrático, que ousa fazer-se Deus. Aqui a suprema idolatria!!! César é César e Deus é Deus, sem que se misturem, associem ou confundam.

É o que por ora temos a dizer sobre esta perigosa linha de pensamento que pretende restringir não o que a Porta possa apresentar mas o que os cidadãos possam assistir, uma vez que não são eles crianças pequeninas, incapazes ou tutelados, mas homens livres em posse de um aparato racional.

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