quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Freixo, Lula... Bolsonaro, Edir, Malafaia - Rolando de abismo em abismo...

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Errar uma vez é cometer simples erro, porém errar repetidamente, diz o adágio, é burrice e rematada burrice.

E se na vida corrente ou comum a burrice produz sérios danos, quanto mais na vida política ou no gerenciamento do Bem Comum. Afinal é a política arte ou ciência de bem gerir o Bem comum, assegurando a todos os cidadãos máxima qualidade de vida. Tal a importância da política...

E por ser assim tão importante deveria ela estar a salvo das eventuais idiotices cometidas pelos mortais.

Isto do ponto de vista da idealidade.

Pois do ponto vista da realidade é o que não se dá. Temos uma política, ou pior, temos diversas políticas burras, independentemente da orientação ideológica.

Caso pudesse condensar meu pensamento em poucas palavras diria que eles não leram, que jamais leram Délcio Monteiro de Lima - Os demônios descem do Norte - e menos ainda Max Weber. E que se leram Marx e Engels, aos quais teem por gurus, nada compreenderam. Daí cometerem sucessivamente os mesmos erros. E comprometerem a Civilização.

Curiosamente cometem o mesmo erro na Europa, alias na França, onde a esquerda imbecil tem, tradicionalmente, defendido os interesses dos muçulmanos, em que pesem seus ideias assumidamente teocráticos e liberticidas.

Aqui e lá a esquerda desorientada busca apoiar-se na 'Cana quebrada' do fundamentalismo, aqui do bíblico, pentecostal ou protestante; importado dos EUA (A fé essencialmente burguesa descrita por F. Engels, a qual segundo o imortal Weber, seria responsável pela afirmação do modelo capitalista.) e do outro lado do Atlântico, do fundamentalismo sunita, hambalita, wahabita, salafita... com o eterno ideal da sharia e seu padrão cultural árabe. Cana quebrada que poderá furar-lhe as mãos, aqui ou lá... Aqui e lá...

Da curiosidade passamos ao enigma ao constatar que há quase meio milênio um autor francês: Guillaume Postel - Em obra que lamentavelmente passou em 'branca nuvem'- ja assinalava as semelhanças existentes entre o islamismo e o protestantismo nascente.

Tanto pior aqui nos rincões do Brasil. Onde a intelectualidade marxista sequer lê Marx e Engels. Que dizer então de Max Weber ou dos clássicos franceses???

Veja que estava folheando ainda ontem uma parlenga do Roger Garaudy - Pensador romano que após ter abraçado o marxismo Ortodoxo ou Comunismo acabou por aderir ao islã! - publicada em francês pelos idos de 1942 - "Comunismo e moral." (Em espanhol "Comunismo, moral y cultura"). Uma filípica dirigida aos críticos romanos ('Católicos') do materialismo, na qual Garaudy principia apresentando Descartes (Antonio Damásio teria um infarte ao ler isso...) como 'materialista' e Spinoza como ateu (Exatamente como os padres babões que estava criticando), e por ai seguem as monstruosidades ideativas... Concebidas pelo tal marxista, para quem os opositores 'católicos' do Comunismo ou de Stalin seriam todos Hitlerianos ou nazistas, mesmo quando assumidamente democratas. Em seguida, o destacado comuna falseia a noção da liberdade, asseverando que ela só é possível no âmbito coletivo e assim estatólatra, deixando bem claro que nada sabe a respeito daquela liberdade pessoal que delineia os atos morais, como qualquer nazista ou fascista totalitário.

Acho natural que certa parcela de comunistas identifique-se - por patético que possa parecer - com os muçulmanos ou com os calvinistas, i é, com os sectários religiosos que se opõem a noção de liberdade pessoal, esboçando algum tipo de determinismo religioso, em termos de destino ou predestinação. Tornamos a G. Postel e sua análise genial... Mesmo em 'terra brasilis' há tipos assim e eu já tive a oportunidade de dialogar com um Calvinista Ortodoxo que é, igualmente, formador comunista e, marcadamente, adversário da doutrina do livre arbítrio ou da liberdade pessoal.

Naturalmente que nem todos os comunistas tem consciência de tais 'afinidades eletivas', passando muito a largo delas. Tanto pior em nossa 'província'... Que dizer então de Freixo ou Lula... Os quais sequer são comunistas, sem que por isto sejam sociais democráticas ou pertencentes a qualquer escola socialista. Nem Lula é socialista nem Bolsonaro é fascista - Afinal este jamais leu uma página de B. Musolini como aquele jamais leu vírgula de Jaurés, Herr, Blum, etc Bolsonaro pratica autoritarismo militarista associado minimalismo, algo bem norte americano... Lula, durante muito tempo praticou um socialismo bem sucedido. No entanto mesmo seus críticos petistas e socialistas assumem que ele falhou em não produzir uma consciência socialista, que service de suporte a si e a seus sucessores. Lula nem poderia, alheio ao culturalismo, trabalhar a teoria da cultura ou formar uma consciência socialista e por isso mesmo seu projeto reverteu. Pois ele formou apenas consumidores, engrossando as fileiras de uma classe média alienada.

Votei nele por duas vezes e com mais razão em Dilma, teria votado nele uma terceira vez, como tive de votar - a contragosto - em Hadad, mas, tal e qual um grande amigo meu, pelo mesmo motivo, não votarei nele, Lula, pela quarta vez. Como não teria votado em Freixo.

Temo que pessoas como Lula ou Freixo se tenham apegado ao poder e adotado o lema do fim que tudo justifica. Salvo lhes mova apenas a ignorância crassa, o que, no caso deles ambos, não é menos grave.

Tanto Freixo quanto Lula conhecem por experiência que é a nociva bancada evangélica e quais são seus propósitos, em termos de teocracia ou de privilégios. Mesmo assim Lula optou ou optara por conceder-lhe mais poder e visibilidade, inclusive nomeando o atual prefeito do Rio M. Crivella, ministro de Estado. Sucedeu-se exatamente o que havíamos dito e previsto; obtendo ainda mais poder e força na gestão de Dilma nenhuma plataforma tornou-se mais hostil ao programa levemente socialista desta senhora do que a dita plataforma ou bancada evangélica, cujo líder, o pastor pilantra Ed. Cunha deu início ao golpe que acabou por derruba-la e por impor ao povo brasileiro, mais uma vez, um ideário liberal economicista. O que quero destacar é justamente o papel dos fanáticos religiosos, dos bíblicos e fundamentalistas neste processo que acabou por comprometer a ordem democrática e a institucionalidade, travando inclusive a reforma política...

Em todo este processo que sabotou o futuro de nossa sociedade estavam ativamente inseridos os políticos protestantes ou bíblicos. O que não foi novidade para mim, ex protestante que sou.

Em seguida trataram de instrumentalizar os neo católicos' (romanistas) ingênuos e em parte já protestantizados e de apoiar a candidatura do norte americanizante Bolsonaro, recorrendo para tanto, ao fabulário com que os pastores sempre atacaram ou satanizaram não apenas o Comunismo mas qualquer forma de socialismo existente (inclusive o Cristão). Marx foi apresentado como o anti Cristão, Engels como a Besta, Lula como possesso e os socialismos todos como a pura e simples apostasia. O liberalismo econômico como sempre foi canonizado e apresentado divino a partir da dita bíblia, com um empurrãozinho do livre exame... Por fim todas as questões puritanas ou moralistas foram lançadas aos quatro ventos, baralhando ainda mais o cenário. Com o livro negro nas mãos e um pouquinho de imaginação os sectários esmagaram o lulopetismo e encadearam ao que chamam luladrão...

O mais curioso face a este cenário doentio é que o próprio lulopetismo e setores psolistas representados por Freixo, falseando consciente ou inconscientemente a questão, declararam que apenas uma ínfima minoria de evangélicos havia tomado parte em tais eventos e que a maioria deles era progressista ou mesmo - pasmem! - socialista... Não podia crer no que estava a ler, mas lí... Bem, eu sou ex protestante e por experiência conheço relativamente bem o mundo e o ideário protestante. Não sei portanto de onde Freixo e Lula tiraram semelhantes impressões, exceto pelo propósito de agradar a todo custo e assim de obter apoio e poder.

Claro que também há progressistas no meio protestante, e até haveria um número significativo caso
admitissemos que a maior parte dos anglicanos ou anglo católicos, sejam protestantes; quando são episcopais, e, em número considerável, ideologicamente Católicos. Alias, tal distinção é irrelevante caso consideremos que no Brasil protestantismo é sinônimo de Pentecostalismo e não de protestantismo histórico. Daí a construção do mito do pentecostalismo progressista, afinal se é pentecostal é marcadamente 'ortodoxo', bíblico ou fundamentalismo. Basta entrar numa livraria protestante qualquer para dar-se conta de que para os pentecostais, em quase sua totalidade, o liberalismo teológico e moral - Assumido por algumas igrejas históricas da Europa ou do Norte dos EUA - nada mais é do que uma abominável heresia ou detestável apostasia. O imaginário coletivo dos protestantes brasileiros i é dos nossos pentecostais pouco se distingue do ideário vigente nas seitas do Sul dos EUA, donde foi importado.

Por isso a propaganda anti socialista ou anti Comunista forjada naquelas terras ter sido importada com tanto sucesso para esta. Até a destruição do projeto lulopetista... Não nos impressiona este fato, já o havíamos predito e assinalado!!! Admira-nos Freixo e Lula fantasiarem ou ocultarem o problema, afirmando ingenuamente que os fundamentalistas são nossos aliados e que os trabalhistas, petistas, comunistas, sociais democratas, comunistas e socialistas de toda casta deveriam associar-se a esta gente e buscar seu apoio. Isto sim é assombroso porquanto Lula e Dilma já foram atraiçoados por esse povo! E porque o recente golpe foi ativamente apoiado por eles, a ponto de - Como na Bolívia - ter sido batizado com o nome de 'golpe evangélico'. Leiam protestante ou pentecostal ou ainda fundamentalista e terão lido corretamente. Pois sem a cooperação de um Malafaia, de um Macedo, de um Feliciano e de outros tantos charlatães, escudeiros de Ed Cunha, tal golpe não teria tido chance de sucesso. Basta ver o quanto os 'crentes' empenharam-se a favor de Cunha e de Temer nas redes sociais!!! Os papistas sem dignidade, foram de carona - como fazer já a quase meio século graças a RCC e ao ecumenismo - num segundo momento, uma vez que já não dispõem de consciência própria e assimilam cada vez mais princípios e valores exógenos de origem protestante.

O que quero dizer ou repetir a exaustão é que toda esta dinâmica do insólito deve ser analisada, lida, interpretada e bem entendida a luz do culturalismo. O protestantismo, ao contrário do que supõem ou dizem Freixo, Lula e outros jamais poderá ser aliado de qualquer tipo de política socialista por ser uma fé 'essencialmente burguesa' (Fr Engels), a qual desde seus primórdios promoveu a afirmação das forças econômicas, materiais ou capitalistas na mesma medida em que pela negação da necessidade de obras Éticas, abandonou o cenário das relações pessoais, sociais e políticas para incidir apenas sobre a fé. Este vácuo ou esta lacuna aberta pelo protestantismo nascente - a qual interpretamos como um recuo do ideal Cristão primitivo - foi que deu espaço as forças econômicas em ascensão ou ao que chamamos economicismo, o qual veio a plasmar toda cultura subsequente, ao menos a partir do século XVIII.

Eis porque o liberalismo econômico teve de surgir e impor-se antes de tudo e primeiramente numa sociedade protestante ou numa sociedade disputada pelas inúmeras seitas advindas da Reforma, nenhuma das quais poderia capitanear uma possível resistência as forças econômicas ascendentes. Destarte tiveram as seitas de omitir-se ou mesmo de apoiar a nova estrutura em formação.

Na terra pura dos EUA, na qual as culturas ancestrais foram eliminadas ou empurradas e não havia resíduo de cultura Católica, pode ser elaborado o novo modelo de agregado social, mais ou menos equilibrado, sob a égide das forças econômicas, mas mantendo uma aparência de religiosidade, concentrada apenas no além e que jamais ocupasse em questionar e transformar a realidade. Eis o Cristianismo conformista, ora ocupando a função de servo ou lacaio, e assim justificando, defendendo ou mesmo canonizando certa forma de organização social, não tão antiga. Os Ortodoxo e papistas deveriam saber, antes de todos, qual o discurso habitualmente empregado pelos pastores yankes com o objetivo de apresentar sua fé como superior a nossa... É simples: Jamais qualquer ideia socialista logrou arraigar-se nos EUA!!! E jamais qualquer esboço de simples sedição... Jamais o espectro sangrento da Revolução, que tantas vezes assombrou, ameaçou e solapou essas sociedades Ortodoxas ou Papistas do Velho mundo - evidenciado que há algo de muito errado nelas, donde procede sua vulnerabilidade - obscureceu o céu azulado dos bíblicos e puritanos... E já foi isto objeto de investigação por parte dos sociólogos da cultura... Adivinhem qual tenha sido a resposta???

É a Sociedade Norte americana estável e invulnerável face a propaganda socialista devido ao - dentre outros fatores - o ideário individualista dos puritanos e sua relação com a predestinação e aquisição de riquezas e sucesso material, faceta alias marcante do calvinismo...

O que quero repetir é que a assimilação da fé protestante, bíblica, calvinista ou pentecostal por parte dos cidadãos brasileiros acarretará, cada vez mais, uma negação de nossas autênticas tradições culturais e a paulatina assimilação de princípios e valores protestantes, do que resultará uma nova estrutura ou constelação cultural bastante semelhante a que percebemos da grande república do Norte. Da mesma maneria e modo como a assimilação do Islã com sua sharia levará qualquer sociedade a uma arabização em termos de cultura a assimilação do fundamentalismo bíblico não poderá deixar de conduzir qualquer sociedade a uma americanização e consequentemente a afirmação de uma política cada vez mais formal (em termos democráticos), puritana, minimalista, etc Marcadamente conservadora em sentido moral ou moralista. Exatamente como estamos assistindo no Brasil de hoje, momento em que Freixo e Lula mais parecem duas belas adormecidas...

Despertemos antes que tarde seja e nos vejamos numa nova Genebra de Calvino ou numa nova Meca de Maomé, tornemos as fontes de nossa cultura e a nossas tradições, princípios e valores próprios.

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