terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Da falência da educação brasileira



Não há quem não se interesse por educação, todos os setores da sociedade, todos os grupos sociais e indivíduos que adotam as mais diversas ideologias. Padres, pastores, espíritas, ateus, comunistas, conservadores, economistas, políticos, anarquistas, todos se interessam por educação.

Desde que me tornei professor sempre me interessei por educação, mais especificamente por pedagogia, didática e neurociências. Pois tenho consciência que um bom professor precisa conhecer pedagogia a fundo, ter uma boa didática e saber como funciona o cérebro humano e como este processa as informações, como aprende e apreende.

Muito se escreve e se publica sobre pedagogia e teorias pedagógicas então por que cargas d'água a educação no Brasil está falida como bem mostrou o Enem do ano passado? Se há tanta gente discutindo educação, se há tantos sábios e entendidos no tema por que a educação do Brasil está falida em todos os sentidos?

A falência da educação brasileira tem vários componentes: Aprovação automática, salas superlotadas, professores desmotivados pelos baixos salários, falta de reconhecimento pela equipe gestora, salas superlotadas, burocratização do ensino, professores mal preparados principalmente pelos discursos à distância, outro dia ouvi um professor falar menas ao invés de menos e outro li no facebook uma futura professora atropelando a ortografia, não que eu seja um Olavo Bilac ou um Rui Barbosa mas tem coisas que os professores não podem errar, primeiro porque devem ensinar e depois porque os alunos independentes da matéria sempre perguntam ao professor como se escreve ou se pronuncia tal ou qual palavra e se ele ou ela ensina errado os alunos vão acreditar e reproduzirão esse e outros erros.

Quanto aos professores despreparados, um professor contou-me que uma professora de ciências era criacionista e uma coordenadora contou-me que uma outra professora de ciências não acreditava que o núcleo da Terra fosse sólido, uma vez que o núcleo é mais quente que o manto. Isso para não falar nos professores que tenho encontrado ao longo de minha carreira, um pior que o outro. Quando tinha competência não tinha caráter e quando tinha caráter não tinha competência. Poucos professores conheci que realmente merecem o título de mestre/professor.

Temos no país uma receita pronta para o caos. Evidentemente que os políticos brasileiros se interessam pela educação somente em época de eleição, depois premiam seus amigos como secretários da educação, leiloam cargos de confiança e por aí vai. Os professores que deveriam ser politizados constituem uma categoria individualista e imediatista. Acho engraçado, esses professores que logo ao concluir faculdade e ingressam no estado (estado de SP) como categoria Ó, se acham gente, se enxergam como superiores e muitas vezes esses péssimos profissionais dominam suas próprias matérias.

Há ainda aqueles professores que tem conhecimento da matéria que lecionam mas não tem didática e reproduzem aquele discurso mais do que ultrapassado: "Eu ensinei, eles é que não aprenderam", quando na verdade só há ensino quando há aprendizagem.

Ano passado eu tive o imenso desprazer de conhecer um professor de matemática que foi meu colega de trabalho, um homem já velho, arrogante, cujas aulas eram ditatoriais. Esse homem em suas conversas na sala dos professores mostrou-se racista e homofóbico e sempre pronto defender os valores patrióticas e o discurso do... "antigamente"...

Como se pode notar a educação tem vários problemas e nenhuma solução, não porque não existam soluções, o que não existe é a vontade de mudança seja dos professores, seja das equipes gestoras, seja dos pais dos estudantes e dos próprios estudantes de escolas públicas.

Penso que a solução, é uma escola democrática, com uma gestão descentralizada, com professores altamente preparados com salários dignos da profissão e com pouca ou nenhuma burocracia. Se assim não for nada mudará, porque como alguém escreveu mui sabiamente: "De nada adianta procurar  resultados diferentes fazendo sempre as mesmas coisas".






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