quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Bons professores e salários baixos uma contradição invencível


                                            Imagem retirada do site: www.guiaindaial.com



É impossível que haja bons professores com salários baixos e isso por diversos motivos. Os professores como os outros seres humanos precisam sobreviver: alimentar-se, vestir-se, pagar aluguel, impostos, contas, despesas com filhos, etc... Evidentemente que se o(a) professor(a) ganha pouco, ele não terá como "honrar" seus compromissos, logo ele terá dois ou três cargos: dois públicos, um público e um privado e até mesmo dois públicos e um privado, será nesse caso um(a) verdadeiro(a) escravo(a) e quem perde com isso são os alunos e isso porque o(a) professor(a) acorda cansado(a) e pouco disposto(a), vai trabalhar sonolento(a) e ao fim do dia vai estar exausto(a) e estressado(a).

Eu já passei por isso, quando tive que lecionar em escolas de duas prefeituras, acordava cansado, pouco tempo para preparar aulas, e eu de duas uma, ou preparava aula para os alunos da manhã ou preparava aulas para os alunos da EJA, vivia esse dilema constante, isso porque precisava dos salários de ambos os municípios, senão estaria em maus lençóis. Os ex-alunos que tive naquela época nunca reclamaram do meu desempenho, principalmente os alunos da EJA, mas eu me cobrava internamente mesmo sabendo que em parte a culpa não era minha mas do sistema massificante.

Tenho ouvido de alunos que certos professores dormem em sala de aula, outros mandam copiar lição do livro, isso porque não tiveram tempo de preparar aulas, há pouco tempo alunos meus contaram de uma professora de geografia que passou a mesma prova durante o ano todo e não sabia explicar a matéria de modo que alguns tomaram horror pela disciplina que leciono, geografia.

Se o salário de um professor fosse bom o suficiente para que ele não precisasse trabalhar em dois ou três empregos, a educação só teria a ganhar, pois o profissional da educação poderia descansar mais, trabalhar com disposição e bom humor e preparar suas aulas coisa que raramente acontece e por isso a maioria das aulas são tão maçantes.

Felizmente desde o ano passado disponho de tempo para alimentar minha mente, estudar e preparar minhas aulas mas por outro lado ganhava muito pouco, cerca de R$ 1.500 mensais, ano passado eu queria fazer uma pós-graduação mas por causa do meu baixo salário por ter pego poucas aulas não me sobrava dinheiro para que eu pudesse especializar-me, então tinha que especializar-me por conta própria o que sempre fiz pois sou autodidata. Mas muitos professores que não tem a cultura do autodidatismo precisam fazer cursos de especializações mas acontece com eles o que aconteceu comigo, sobra pouco dinheiro e mais uma vez quem sai perdendo são os alunos.

Ademais nem governo, nem os alunos, nem a equipe gestora, nem o povo em geral pode exigir uma educação de qualidade enquanto o professor tiver um salário baixo e sendo obrigado a trabalhar em duas ou três redes.

Certos esquerdistas acham importante lutar por R$ 0,20 da passagem de ônibus mas não vejo ninguém lutar por uma educação de qualidade, não vejo ninguém questionando para onde vai o dinheiro do Fundeb e nem vejo as pessoas entrando para os conselhos de educação. Enquanto o professor estiver proletarizado (causa) a educação também estará proletarizada (efeito).

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