sábado, 18 de junho de 2011

Polícia traidora de classe?



Outro dia provoquei polêmica no Twitter (novidade né?), simplesmente porque eu disse: "Se a polícia entrar em greve, eu protestarei. Uma categoria que serve à burguesia, que lambe suas botas não merece aumento de salário".


Fui retwitado por três pessoas que compartilharam de minha opinião, mas provoquei indignação de um cidadão, justamente porque ele é ou se diz policial. Conversei (teclei) com o twiteiro longamente acerca do que eu disse e o mesmo quis defender as posturas da polícia à todos custo. Quem duvidar de mim, pode clicar nas fotos e verá os recados que me endereçou.
 
Expliquei-lhe que sou professor e não posso estar ao lado de quem cumpre ordens injustas reprimindo greves de professores com balas de borrachas, gás lacrimogêneo e bombas de efeito (i)moral. E realmente não posso estar ao lado de quem sendo trabalhador trai a classe trabalhadora cumprindo ordens da burguesia e defendendo o patrimônio dessa mesma burguesia, como se a razão de existir da polícia fosse defender a burguesia.
 
Então o policial twiteiro escreveu: "@Fernando_Felix_ isso é questão político-partidária. PM cumpre determinação da Justiça e a anseios do Governo. Injusto, mas Legal".


O que ele quis dizer com isso? Que a polícia não quer saber da justiça, que ela foi feita para cumprir ordens e cumpre ordens de quem está no poder. Isso quer dizer que se o Hitler ressuscitasse e chegasse a ser governador de São Paulo, do Rio de Janeiro ou de qualquer outro estado da unidade federativa, a polícia o obedeceria sem questionar, mesmo que fosse injusto, pois o injusto pode estar dentro da lei e se é da lei é legal, como pensa o casuísta em questão. Fica claro e mais claro que uma manhã de verão com o sol em todo o seu esplendor que a polícia não serve aos interesses do povo, mas da classe dominante, a polícia que é composta de trabalhadores que também são oprimidos pelo donos do capital. Mas o filme Tropa da Elite já tinha mostrado o modo de pensar dos policiais quando afirmou que "missão dada é missão cumprida".

Perguntei ao twiteiro se ele não fica com  a consciência pesada por cumprir ordens injustas e de igual modo indaguei se a polícia não tem o poder para desobedecer ordens arbitrárias, ao que respondeu que a polícia apenas cumpre ordens e também a frase a seguir:

"@Fernando_Felix_ A 1ª coisa que a gente "entende" quando entra pra polícia é q; NEM TUDO Q É LEGAL É JUSTO E NEM TUDO Q É JUSTO É LEGAL".

Ou seja, de acordo com o policial, sua categoria não existe para defender o que é justo, mas o que é legal mesmo que essa legalidade seja injusta. Se reprimir e matar sem terras, por exemplo, é legal que importa que seja injusto? Se reprimir uma greve justa por melhores condições de trabalho e por melhores salários é legal pouco importa que seja injusta, pois a polícia não existe para fazer a justiça, mas para defender o que é legal. E se espezinhar o trabalhador está dentro da lei, isso é duplamente legal, pela lei e pela diversão.

Se a categoria dos policiais não consegue pensar no que é certo ou errado, se não consegue dar  sua solidariedade aos outros trabalhadores, se não tem capacidade para enfrentar o governo depondo suas armas e praticando a desobediência civil contra uma ordem arbitrária para que então precisamos de profissionais que traem sua própria classe?



2 comentários:

AF Sturt Silva disse...

A visão do policial parece ser de que a polícia deve ser apenas uma mero joquete dos governos e dos oficiais.Para ele o que vale é diciplinada e não o raciocinio.Se o resto da polícia pensar assim está explicado por que a polícia trai a classe e reprime as outras categorias ds sua classe.

Agora provocando, já que a palava está em ordem da coisa,também não podemos ignorar que existe uma diferença entre a oficialidade, que sempre estão nos gabinetes dos governos e nas festas da burguesia e os soldados rasos, que tem origens socias nas classes baixas da sociedade - que por sua vez são menos escolarizados - do que a camada dos oficiais - que em sua maioria são da pequena burguesia.

Esse é um fator que tem que levar em conta, mas isso também não tira a responsabilidade do policial raso de pensar e agir em nome de si propio e de sua coletividade, ou seja, em nome dos seus interesses de sua classe e da sociedade, que na maioria é formado por pessoas com condições socias parecisas com as suas, em geral.

quandoescrevo disse...

Cantamos na infância e quem torna-se militar leva ao pé da letra...
"Marcha soldado cabeça de papel, se não marchar direito vai preso no quartel. O quartel pegou fogo São Francisco deu sinal, acode, acode, acode, a Bandeira Nacional"

E o cabra marcha...
O pior é achar que heróicamente defende a Lei.