terça-feira, 28 de setembro de 2010

Da reforma agrária

Quem acompanha este blog, talvez tenha notado alguma mudança no escritor. Não foi o escritor que mudou, mas outro escritor está a postar suas ideias aqui, é o professor Domingos.

Não concordo com algumas de suas ideias, mas respeito suas posições ideológicas, porque é um homem inteligente.

Mas vamos ao que de fato interessa. Durante os últimos dias tenho lido e estudado sobre a reforma agrária e cheguei a conclusão que é difícil abordar tal tema.

Li o livro de Paulo Martinez A Reforma Agrária e li também o livro O Que É Questão Agrária de José Graziano da Silva. O primeiro autor diz que todos são a favor da reforma agrária, isto é, a direita e a esquerda. Só diferem no modo como querem essa reforma.

Paulo Martinez disse que os planos de reforma agrária não dão certo, porque foram mal planejados com o intuito de enganar os camponeses. Com a modernização do campo, os camponeses perderam seus trabalhos e tiveram que migrar para as cidades. Como não há emprego para todos, muitos entraram para subempregos ou para a marginalidade e não poucas mulheres se tornaram prostitutas, obrigadas que foram para sobreviver.

Segundo as classes dominantes a reforma agrária serviria apenas para desafogar as grandes cidades e diminuir os índices de criminalidade. Por isso, as classes dominantes não tem interesse numa reforma agrária que atinja todos os camponeses pobres. As cidades precisam dessa mão-de-obra barata que saí dos campos. Ora, se houvesse uma reforma agrária ampla e justa, as cidades esvaziariam e a mao-de-obra encareceria. Segundo Paulo Martinez a reforma agrária não é uma questão de terras mas de gente. As indústrias precisam da mão-de-obra liberada pelo campo.

O segundo autor mostra como o capitalismo transforma a natureza, e demonstra que os anarquistas estão errados ao querer destruir o modo do sistema de produção, porque isso seria um retrocesso. Jose Graziano da Silva demonstra igualmente que uma coisa é a questão agrária e outra é a questão agrícola. A questão agrária trata dos que trabalham no campo ao passo que a questão agrícola diz respeito ao modo como se produz e quanto se produz.

Este autor mostra que os verdadeiros prejudicados nos campos são os pequenos produtores que ficam à mercê dos vendedores de insumos, de máquinas, etc... José Graziano mostra como o pequeno produtor, proprietário de minifúndio é obrigado a trabalhar temporariamente nas grandes terras em busca de sua subsistência, uma vez que sua propriedade não consegue abastecer sua família o ano inteiro. E por incrível que pareça há uma contradição no modo de vida do proprietário-empregado porque na época de colheita, sua família não consegue dar conta da colheita, então o dono do minifúndio contrata outros trabalhadores.

Ambos os escritores são bons, apontam para coisas que o senso comum não quer enxergar, seja por ser mais cômodo ou por malícia. A reforma agrária só não aconteceu, não é porque faltam terras, mas porque pode faltar pessoas nas indústrias. O pequeno produtor por sua vez, tem que aceitar os preços das indústrias de insumos e maquinarias e quando sua propriedade se torna insuficiente, ele se torna um assalariado.

De tudo isso concluo só uma coisa: A reforma agrária é necessária!

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