segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dicionário dos insultos

ATEA: Associação brasileira de ateus e agnósticos, uma associação que bem merece o nome de igreja porque precisam negar a todo instante que Deus não existe como se fosse uma shahada invertida. Essa é a igreja da gente que duvida de seu próprio ateísmo e portanto precisa autoafirmar-se como tal;  já inventaram até um sacramento, a cerimônia de desbatismo que pretendem promover em forma de protesto contra a vinda do papa Francisco.


Anarco-capitalista: Crê que todo estado que tenha bem-estar social (welfare state) é comunista. Acredita num mundo sem nenhuma intervenção estatal, pautado apenas na livre-concorrência e no individualismo e que isso levará a humanidade a um patamar superior. Eles não sabem que se essa sua ideia doentia se tornar realidade, eles (os anarco-capitalistas) destruirão a humanidade e muitas outras espécies com a gente.

Bíblia: Porta-sovacos. Um livro que contém 66 livros e se você tem uma Bíblia já pode fundar a sua igreja.

Cristão: Entre os chamados "evangélicos", cristão é aquele que segue Moisés e celebra os feitos de David um pequeno governante que a Bíblia chamou de rei.

Diabo: Personagem preferido nos meios neo-pentecostais. Os líderes das religiões satanistas estão desesperados, porque seus adeptos estão se tornando neo-pentecostais, não é para menos, quem mais fala no diabo e o conhece do que o neo-pentecostais?

Erudito: Nos meios esquerdistas é uma forma de xingamento. Se alguém demonstra ter mais conhecimento do que os marxistas ortodoxos, liberais, fanáticos religiosos, entre outros,  logo é  chamado de erudito. Eu já fui "xingado" de erudito várias vezes.

Feminismo: Uma religião sem deuses ou deusas e que todavia possui dogmas. Quem pertence a tal segmento sofre de paranoia, vê machismo em tudo menos onde ele está de fato em sua mente. Para receber a alcunha de machista basta apenas discordar de algum ponto de vista duma pessoa pertencente a tal segmento e nem precisa ser algo de fato preconceituoso.




Gol: Fanáticos por futebol quando gritam esta palavra entram num estado de euforia tal que perdem a noção da realidade, acreditam que ganham algo só porque o time para o qual torcem fez gol.

Hora: Queremos saber as horas para saber quanto tempo não temos disponível para nós e nossas famílias.

Ideologia: Crença infundada numa ideia hiperatrofiada. Doutrina que racionaliza um determinado conceito que não pode ser questionado sem ser hostilizado. A ideologia toma as mais variadas formas: religião, política e econômica entre outras. No caso de muitos ateus (eu disse muito e não todos) a ideologia serve para preencher o vazio deixado em suas mentes.

Jesus Cristo: O nome mais citado do mundo e o personagem menos conhecido da história. Os fanáticos religiosos lhe atribuem todas as cagadas que fazem.

Liberal: Um ser contraditório que prega a liberdade e age autoritariamente.

Macaco: Criacionistas ensinam que o homem veio do macaco; evolucionistas nunca ensinaram tal disparate.

Nada: Alguns ateus mal-intencionados confundem o nada com o vácuo quântico mas esse '"nada" possui uma mínima quantidade de energia, campos gravitacionais e eletromagenéticos, além de partículas virtuais que interagem entre si". ¹

Oração: Se Cícero vivesse hoje e fosse convidado a fazer uma oração estaria metido numa baita encrenca.

Palavrão: Mark Twain escreveu que o palavrão depois de verbalizado dá uma sensação de paz que a oração não dá.

Querido(a): A pessoa que se quer bem ou a pessoa que se quer para satisfazer o ego?

Racista: Um estúpido de pai e mãe que não estudou biologia. Fala com orgulho da raça ariana mas não sabe que o ser humano, o homo sapiens surgiu na África há aproximadamente entre 200.000 e 150.000 anos.

Solidão: É melhor estar só do que na companhia de imbecis.

Trosko: Apelido que os comunistas do PCB dão aos trotkistas do PSTU  e PCO organizações ultra-comunistas.

UPP: Unidade de polícia pacificadora - é mais barato que combater as desigualdades sociais e ainda mostra que o governo está "trabalhando" pelo povo.

Verdade: Tem gente que diz que a verdade é relativa e "prova" sua tese falando da Teoria da relatividade, o que demonstra que pessoas que usam este argumento ignoram uma e outra coisa.

X-Men: Não é um tipo de X-burguer ou X-salada.

Zona eleitoral: Território com certo número de eleitores que são fodidos de dois em dois anos.



¹ informação extraída do site Mistérios do mundo ==> http://misteriosdomundo.com/o-que-e-o-vacuo-quantico



sexta-feira, 19 de julho de 2013

Reação



O texto a seguir é do anarquista James Herod, uma resposta a Noam Chomky e sobre sua alternativa de aumentar a jaula, isto é, defender as instituições que podem proteger os trabalhadores contra os desmandos das grandes corporações.


"Os predadores não estão fora da jaula; a jaula é eles e suas práticas. A própria jaula é mortal. E quando percebemos que as jaulas tem as dimensões do mundo, e que não há mais 'exterior' para onde fugir, então podemos constatar que a única maneira de não sermos assassinados, brutalizados ou oprimidos é destruir a própria jaula".
                                                            James Herod


É uma terrível suposição pensar que a jaula protege da morte os trabalhadores. É um erro que salta aos olhos. no seio dessa jaula, no mundo inteiro,  trabalhadores são mortos aos milhões. A anedota também revela que essa suposição é falsa. Os predadores não estão fora da jaula; a jaula é eles e suas práticas. A própria jaula é mortal. E quando percebemos que a jaula tem as dimensões do mundo, e que não há mais "exterior" para onde fugir, então podemos constatar que a única maneira de não sermos assassinados, brutalizados ou oprimidos é destruir a própria jaula. Todavia a jaula não é feita de barras metálicas, mas de seres humanos. Essas barras humanas coagem outros humanos por diversos meios. Destruir a jaula não quer necessariamente dizer que seja preciso destruir essas pessoas de um ponto de vista físico, mas simplesmente destruir sua capacidade de funcionar como carcereiros.

Imaginemos uma comunidade humana: em seu meio encontramos homens de negócios que declaram tudo possuir e que oferecerão dinheiro a quem quer que trabalhe para eles; guardas armados que espancam ou disparam suas armas sobre quem quer que rejeite ativamente a filosofia dos homens de negócios. Ali encontramos professores que inculcam ideias debilitantes, agiotas incitando os trabalhadores a tomarem dinheiro emprestado, padres pregando como fatalidade a aceitação das coisas tais como são, animadores que tudo fazem para incitar os trabalhadores a comprarem sonhos, conselheiros que fazem com que os trabalhadores acostumem-se aos seus sofrimentos, e políticos que conseguem convencer os trabalhadores a permitirem que aqueles fixem que as regras no lugar destes. A jaula: é isso. Não deveríamos protegê-la, mas atacá-la, sempre que for possível e tivermos oportunidade para fazê-lo.

Por consequência, não é suficiente interrogar-se, como o faz Chomsky: "Deveríamos recusar os meios disponíveis para salvar vidas humanas?"
Também não é suficiente dar-se conta de que esses mesmos meios só são disponíveis justamente porque trabalhadores obrigara o governo a colocá-los em prática. Devemos tomar consciência de que os revolucionários, para quem a estratégia era a de tentar utilizar o Estado para alcançar seus objetivos, também permitiram que esses meios existissem.
Os "meios" que existem atualmente resultam dessa estratégia. Eles não se autocriaram.

Mas essa estratégia funcionou, verdadeiramente? No que me concerne, respondo por um sonoro NÃO a essa interrogação. As duas versões da estratégia "estatista" fracassaram miseravelmente em seu combate para derrubar o capitalismo; o leninismo é o exemplo mais flagrante.
Conquanto essa estratégia tenha permitido o acesso a um mínimo de conquistas sociais no seio dos países capitalistas, não devemos esquecer que isso se deu graças à transferência das riquezas do resto do mundo para os países ricos.
Sem essa transferência das riquezas é evidente que os trabalhadores europeus e americanos nunca teriam podido impor aos governos, nem mesmo leis menores sobre o trabalho.

Assim, se nos situarmos  a partir de um ponto de vista mundial, os sucessos desses Estados-providência (democracias sociais) são ilusórios. Além disso, os movimentos de oposição internos desses países não tiveram praticamente nenhum efeito sobre suas políticas estrangeiras. A maioria deles não fez qualquer tentativa, e, ao invés disso, concentrou-se sobre a obtenção de leis sociais para sua própria nação, ignorando as iniciativas do capitalismo entre as nações.

Hoje, essas leis foram progressivamente abandonadas, a fim de obter uma maior concentração de capital; a fim de que haja uma competição mundial mais forte entre as empresas mais importantes; a fim de que as organizações mundiais das classes dirigentes reforcem-se, enfraquecendo os movimentos de trabalhadores, bem como os governos nacionais, isso sob a ofensiva do capital mundial conhecido sob o nome de "neoliberalismo".

                                                                                                                                      James Herod
                                                                                                  anarcho-Syndicalist Review, nº 26, 1999.

Traduzido por Plínio Augusto Coêlho
Textos extraídos da revista da Fédération des Travailleurs en Éducation,
N'ature école, nº 2, inverno de 2003, Paris.


O texto foi extraído da Revista Libertários - Revista de expressão anarquista - São Paulo nº 2 .2º semestre de 2003, página 27



quinta-feira, 18 de julho de 2013

Defesa de certas instituições do Estado



O texto a seguir é do linguista e do ativista anarquista Noam Chomsky. Antes de ler este texto seria interessante se você lesse Uma entrevista com Noam Chomsky e depois o texto Aumentemos a área da jaula.

"o ideal anarquista, qualquer que seja sua forma, sempre tendeu, por definição, a um desmantelamento do poder estatista. Partilho esse ideal. Entretanto, ele entra amiúde em conflito direto com meus objetivos imediatos, que são a defesa, e até mesmo o reforço de alguns aspectos da autoridade do Estado [...]. Hoje, no âmbito de nossas sociedades, estimo que a estratégia dos anarquistas sinceros deva ser a defesa de certas instituições do Estado contra o assalto que elas sofrem, ao mesmo tempo que o esforço para obrigá-las a se abrirem a uma participação popular mais ampla e mais efetiva. Esse procedimento não é minado do interior por uma aparente contradição entre estratégia e ideal; ela procede naturalmente de uma hierarquização prática dos ideais e de uma avaliação, igualmente prática, dos meios de ação."


Responsabilité des intellectuels,
Noam Chomsky, Agone, 1998. 

O texto foi extraído da Revista Libertários - Revista de expressão anarquista - São Paulo nº 2 .2º semestre de 2003, página 27

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma entrevista com Noam Chomsky







No texto a seguir limito-me apenas a reproduzir a introdução e a entrevista feita a Noam Chomsky.

Os anarco-sindicalistas e o Estado: proteger-se das feras ou do domador?

Linguista de renome internacional e militante libertário midiático, Noam Chomsky interessou-se pelas relações entre o movimento sindical revolucionário e o Estado. Propomos aqui a tradução de um fragmento de entrevista que ele concedeu aos nossos camaradas da Anarcho-Syndicalist Review.
Nossa iniciativa não se inscreve na atual "apologia" de Chomsky, mas na preocupação de propor uma análise contraditória e esclarecedora dos debates que atravessam nosso movimento. Conquanto situando sua análise em nível da intervenção estatista em geral, esse ponto de vista merece um amplo espaço, bem como as reações que essa entrevista suscitou e das quais publicamos um exemplo em complemento.

N'autre école, nº 2, inverno de 2003

Anacho-Syndicalist Review: Várias vezes no passado você se posicionou a favor de um apoio limitado e tático aos governos e ao Estado, em certas situações. Esse apoio temporário teria por objetivo assegurar a proteção dos cidadãos perante os predadores ainda mais temíveis: as multinacionais. É a teoria da "expansão da jaula". Temos várias questões concernentes a essa posição. Primeiramente, é possível apoiar, de um lado, as "boas" funções do Estado (por exemplo, a proteção social e o Estado providência), sem reforçar ao mesmo tempo sua função negativa (repressiva). O estado é a mais segura das proteções frente ao poder do patronato? A maioria dos Estados "modernos" não é controlada, domesticada pelo mesmo patronato que você gostaria que fosse vigiado (controlado) pelos Estados? Você se preocupa com a ruptura entre o fim e os meios que o apoio aos governos implica? Enfim, em relação à teoria anarco-sindicalista, quais são as implicações de sua análise? Por exemplo, você pensa que a oposição tradicional ao Estado, princípio fundamental do pensamento anarquista, considerado como imutável, deveria ser revisto? Ou então, trata-se apenas de uma contorção temporária e estratégica, a exemplo de uma anomalia na teoria do desenvolvimento científico que, no final das contas, deixa intactos os princípios essenciais da análise anarquista do poder?

Noam Chomsky: Antes de mais nada quero precisar a origem exata dessa teoria da "expansão da jaula". Não sou seu inventor. Ela foi criada pelo movimento operário brasileiro. Os operários brasileiros tinham várias escolhas. A primeira era a de submeter-se completamente a um poder particularmente brutal. A outra solução que eles poderiam considerar era tentar ampliar o âmbito no qual podiam agir e transformá-lo em algo diferente: embora permanecendo conscientes de que estavam encerrados numa jaula, que era e permanecia uma golilha opressiva. Agora, digam-me, qual anarquista sincero veria um problema em tal escolha? O que quero dizer é: vocês permaneceriam num sistema em que a opressão é cada vez mais acentuada em vez de obter direitos, e utilizar suas vitórias como as raízes de novas conquistas? Vocês não prefeririam descobrir os meios que conduzem às vitórias e escapar desse sistema? É impensável para mim que se possa defender o contrário; não penso nem mesmo que isso seja levado em consideração. Tomemos um exemplo concreto: o governo americano. Ele pôs em prática, enfim, ele foi obrigado a pôr em prática e aceitar as condições das leis do OSHA(Administração da saúde e da segurança no trabalho), não se tratava de um presente ofertado pelo Estado. Ele aplica muito pouco essas leis, mas às vezes é obrigado a isso. E quando é obrigado a aplicar essa legislação, isso geralmente salva vidas. Sob o governo Reagan, as leis cessaram de ser aplicadas e o número de acidentes aumentou enormemente, quase triplicou. Vocês se lembram da greve dos trabalhadores de Aluminíos Ravenswood, há alguns anos? Eles lutavam, entre outros motivos, contra essa deterioração, o que lhes concernia em grande medida. A direção intervira para que os operários trabalhassem em equipes de dois nos altos fornos, onde se encontram os materiais em fusão a quase 2.000 graus Fareinheit. Condições tão pavorosas que alguns deles morreram. Tudo isso os levou a exigir a aplicação das leis relativas à saúde e à segurança no trabalho. Lock-out movimento de luta e, no final, vitória para os grevistas, ajudados por um apoio internacional impressionante. Mas o essencial foi a aplicação da legislação sobre a segurança e a saúde na empresa, para impor um sistema de multas insignificantes, que iriam se tornar, em seguida, muito elevadas:por exemplo, 250.000 dólares por ter violado essas leis. Sem entrar em detalhes, esse tipo de combate parece-nos condenável?
É a esse tipo de questão que somos confrontados todos os dias. Vivemos neste mundo, não em outro. É possível que desejássemos outro mundo, mas é neste que vivemos e se quisermos estar em fase com nossos semelhantes, se quisermos ser capazes de resolver seus problemas e que eles nos ajudem a resolver os nossos, devemos aprender juntos a ultrapassar nossa condição. Se vocês quiserem ser parte concernente deste mundo, devem aceitá-lo tal como ele é. Se o problema dos operários é que eles morrem por falta de respeito às leis, acontece que neste mundo só há uma instituição capaz de fazer com que elas sejam respeitadas: é o governo; ele pode agir assim, pois, precisamente, ele não é totalmente controlado pelas empresas. Evidentemente, ele é amplamente submetido a seu controle. Mas em nossa sociedade, o governo é, contudo, distinto da General Eletric. GE, na teoria e na prática, é uma tirania, e ponto final.Você não tem, enquanto indivíduo, nenhum comentário a fazer sobre sua organização e suas decisões. O governo, em contrapartida, ao menos no papel,e às vezes também na prática, está submetido à pressão popular e também pode ser obrigado a introduzir medidas como as leis sobre a saúde e a segurança no trabalho, que podem salvar vidas, e que, neste caso,conduzem a uma vitória significativa para o movimento operário. além do fato de que essas leis permitem salvar vidas, elas também permitem a chegada dos sindicatos no seio da fábrica etc...
Estamos em condições de recusar mecanismos suscetíveis de salvar vidas, melhorar as condições de trabalho, ajudar a compreender que ainda há muitos outros combates a travar?
Ao virem me visitar, por exemplo, ao tomarem avião, vocês legitimam não apenas o Estado, mas igualmente o Pentágono. Isso porque um avião comercial nada mais é que um bombardeiro levemente modificado. é impossível sobreviver em nossa sociedade sem colaborar com as instituições que a constituem. Poderíamos declarar que as preocupações cotidianas das pessoas não nos interessam, que um metalúrgico se faça matar ou que uma mãe pobre morra de fome por falta de tickets de alimentação. Não nos interessaríamos por elas porque ter uma reação significaria que utilizamos os mecanismos em vigor bem como a única instituição em ação, sujeita aos controles e à influência popular? É verdade, podemos adotar essa postura, mas então devemos parar de fingir ser parte envolvida nas lutas pela emancipação e pela liberdade, porquanto não contribuímos para isso. Talvez seja uma brilhante teoria para exibir num colóquio universitário ou durante uma conversação anarquista. Mas é simplesmente indefensável no âmbito da luta pela defesa dos direitos, da liberdade, e do ataque das bases da autoridade. Se vocês lutam por isso, não creio que haja outras escolhas além dessa.

Anarcho-syndicalist Review: Isso seria a prova de que você considera a teoria anarquista sem validade? 

Noam Chomsky: Não, creio apenas que nenhuma teoria anarquista poderia negar isso. Não posso imaginar Kropotkin, Bakunin ou Rocker declarando: "Não, recusamos que seja posta em prática uma legislação sobre a saúde e a segurança que permita salvar a vida de trabalhadores porque isso reforçaria o poder do Estado".

Fonte: Libertários - revista de expressão anarquista - São Paulo nº 2.  2º semestre de 2003, páginas 26 e 27

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Aumentemos a área da jaula





"Quando se destrói a única estrutura institucional da qual os indivíduos podem participar, numa certa medida - isto é, o governo - isso é entregar seu poder às tiranias privadas que não respondem por suas ações, o que é bem pior. Assim, deve-se fazer uso do Estado, reconhecendo ao mesmo tempo, e sempre, que o objetivo último é seu desaparecimento. Alguns trabalhadores brasileiros tem uma divisa interessante. Consideram que sua tarefa imediata é 'aumentar a área da jaula'. Eles sabem que estão encerrados numa jaula, mas estão conscientes de que é necessário protegê-la quando ela é atacada por predadores bem mais ferozes, que se encontram do outro lado das barras, e que é preciso estender os limites. Esses dois pontos são as preliminares essenciais que permitirão desmantelar esse sistema. Se eles atacassem diretamente a jaula, nesse momento em que estão tão vulneráveis, eles seriam exterminados".

The Common Good,
NOAM CHOMSKY, Odonian Presse, 1998.

* O texto foi extraído da Revista Libertários - Revista de expressão anarquista - São Paulo nº 2 .2º semestre de 2003, página 27