segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Relativismo moral




É difícil fazer uma abordagem acerca da moral por vários motivos e entre esses, o que mais influi: a cosmovisão.

Os teístas, como eu, afirmam que a moral não é relativa, mas absoluta, os ateus via de regra são relativistas, principalmente os seguidores de Max Stirner e Friedrich Nietzsche.
Se a moral é absoluta então é válida para todas as épocas e lugares, porque foi deus que a implantou na mente do homem.

No caso dos ateus, eles negam que exista deus/deuses, não há um absoluto fora do universo. Logo não há uma lei moral a qual obedecer. Os anarquistas individualistas ateus como Stirner e Nietzsche dão um valor sem medidas ao "eu", tornando o outro um nada. Eles reeeditaram no século XIX Protágoras que afirmou há 24 séculos que "o homem é a medida de todas as coisas".
Nietzsche e outros ateus partem do princípio que em moral não existe nem o certo nem o errado, o certo e o errado foram criados pelos fracos que desejavam dominar todos os indivíduos, principalmente através da religião com seus códigos morais. Os seguidores de Nietzsche e Stirner se convenceram que a moral é uma criação dos homens, portanto sem valor algum. Segundo eles, cada pessoa deve criar sua própria moral e viver conforme bem entender, deve viver de acordo com seus instintos.

Se não existe o certo e o errado, nem bem nem mal, então ajudar alguém ou prejudicar dá na mesma, posto que não tem valor em si mesmo. Tanto faz estuprar, roubar, matar como cuidar de enfermos, órfãos e dos carentes. Mas se eu crio meus próprios valores, e eles são válidos para mim, ninguém no mundo pode me contestar, não posso ser julgado por nenhum tribunal, nem mesmo por deus, uma vez que não existe.

Mas os anarquistas nitzscheanos que não tem coerência, dizem que temos que ajudar as pessoas e até perguntam você não se sente melhor ajudando as pessoas do que prejudicando-as? A única diferença é que você faz por livre e espontânea vontade, não há mandamentos, deus ou qualquer autoridade que lhe obrigue a a fazer o bem.

Sinceramente, um ser humano que se ache a medida de todas as coisas poderá amar alguém? Duvido. Nós somos 7 bilhões de seres humanos, então imagina se cada um tiver seus próprios valores... De acordo com esses relativistas já não existe justiça nem direito, nem certo nem errado. Mas mesmo eles absolutizando seu relativismo, sabem que existe bem e mal, pois pregam que se possa fazer o bem, ajudar, cooperar. Então como dizem que não existe nem bem nem mal? Acaso se eu quiser dar um soco por pura vontade na cara de um anarquista nietzscheano/stinereano, ele vai aceitar, só porque senti vontade ou ficará indignado?

Uma coisa é a moral e outras são tabus e tabus devem ser derrubados, porque não são válidos para todos os povos nem para todos os tempos, antes são localizados no tempo e no espaço. Agora, prejudicar o semelhante seja roubando, traindo, matando isso é imoral em todas as épocas. Da mesma forma que amar e querer bem ao outro é moral e louvável em todas as épocas. A moral, a verdadeira moral é aquela que  se refere no que toca ao outro: se ajudo, faço o bem; se prejudico, faço o mal, nada mais do que isso. Questões como homossexualismo, roupas, vocabulário que uma pessoa usa, não pertence ao domínio da moral mas do puritanismo, logo da hipocrisia.

Se a moral é relativa, se não há certo e errado por que dizem esses anarquistas que toda autoridade é má? Por que dizem que o capitalismo é mal? Onde está sua coerência?

Um comentário:

Auto Governo Coletivo disse...

Fernando,
na minha opinião, quando alguém defende a "verdade" segundo a qual a moral, no sentido da ética, é relativa, das duas, uma: ou está agindo substanciado na conveniência de momento, ou está refletindo na sua manifestação um equívoco de entendimento - ambas não deixam de ser verdades, mas muito distantes do conceito de Verdade Cósmica, universalista, um Princípio que Foi, È e Será, portanto Eterno; e se Eterno, é incorruptível, puro, ou seja, um caminho a seguir por todos, um referencial para se viver bem e melhor, que é de fato o que importa na vida.

A verdade, então, poderia ser traduzida como o oposto daquilo que não queremos que nos façam - ou seja, não fazer ao outro o que não gostaríamos que nos fizessem e somente tratar o outro como gostaríamos de ser tratados.

Pessoalmente, creio que Deus é uma energia que se molda ao nível de consciência de cada um; uma consciência que resulta da interação da capacidade de percepção do indivíduo, do seu nível de conhecimento e do seu grau de sabedoria, que é o conhecimento aplicado as experiências fenomênicas pelas quais passamos - se de algum modo sofremos, é porque ainda estamos nos pautando via relativismo moral; mas apesar da dor, sempre há espaço para transcendermos tal realidade, isto é, da dor para o prazer, do sofrimento para a felicidade, que compreende paz independentemente daquilo que acontece conosco.

O mundo é feito de valores e princípios - valor no sentido de algo que vale para mim, não necessariamente para o outro; e princípio como aquilo que vale tanto para mim quanto para o outro. Dentre as escolhas a fazer, é sempre melhor optar pela internalização de princípios, pois estes naturalmente serão manifestações das nossas condutas nas nossas relações conosco mesmo, com o outro e com o meio em que vivemos.

A vida é muito mais do que entendemos como manifestação orgânica da nascimento à morte, do atestado de nascimento a certidão de óbito. Tudo a nossa volta indica que há uma Lei Universal (Lei da Criação), dentre outras leis invisíveis, que nos leva a crer que a evolução (no sentido de aprimoramento moral, crescimento espiritual) é um fato ao qual todos estamos submetidos, quer saibamos ou não, quer concordamos ao não, quer aceitemos ou não.

Em vista disso, fica claro que para transcender o apego a matéria (que é egoísmo no sentido amplo) há necessidade de duas exigências compulsórias: fechar as portas do ego para as verdades morais relativas e abrir as janelas da alma para o conhecimento absoluto, que sempre estará no horizonte a nossa frente, mas que cumpre para lá seguirmos constantemente, porque a vida não termina com a morte; a morte é apenas uma outra lei da Criação, a Lei da Transição, que nos permite viver um novo ciclo de vida, uma nova oportunidade de experimentar, sentir e aprender.

Quando a humanidade chegar a esse entendimento, creio que desaparecerão medos e apegos, do que redundará uma ordem de mais e mais (sempre mais) felicidade. A felicidade plena (e acredito nisso porque temos um DNA divino) só pode ser conquistada com liberdade, não através de ilusões dos sentidos que só fazem obscurecer a razão e a lucidez mental, cuja consequência natural é a permanência do sofrimento decorrente da ignorância, aquele estado em que o falso é confundido como sendo verdadeiro e o verdadeiro como sendo falso.

Um abraço,
Fernando Billah