Curiosa a oposição extremista entre marxistas ou comunistas e anarquistas.
Pois para os primeiros o Estado, que nada é quando controlado pelos capitalistas, passa a tudo ser após a afirmação da ditadura do proletariado. E todavia jamais deixa de ser uma casca ou película controlada por forças econômicas. Pois esse Estado se torna tudo sempre por mediação do econômico, ao qual serve como meio ou instrumento. Inexiste qualquer possibilidade de autonomia para o poder político e o contrário disto seria idealismo ingênuo.
Outro o caso dos anarquistas, que jamais levam o Mercado ou os poderes econômicos a sério, tributando toda carga de opressão na conta do poder político ou do Estado.
Destarte buscam os primeiros, como já foi dito, servir-se do Estado com objetivos econômicos diversos... Sem perceber que se utilizam do poder político para controlar e submeter os poderes econômicos ou as forças de produção... Atribuída essa finalidade 'socialista' ou Comunista ao Estado, adquire ele um desígnio que o torna importante.
E desta visão procede uma rigorosa ou radical estatolatria, e totalitarismo, e ditadura, e tirania, e opressão... Tudo coberto com o pomposo termo de 'Ditadura do proletariado' a qual, para os pupilos de Marx e ovelhinhas de Lênin corresponde a um Dogma tão sacratíssimo como a Igreja para os Cristãos Católicos.
Nem posso deixar de assinalar que alguns críticos atilados já assinalaram inclusive as semelhanças entre os órgãos de controle do PC na velha URSS e os órgãos de controle do Vaticano. Creio que foi o Dr Fulop Miler.
Outro o caso dos anarquistas, cujas propostas sociais jamais se concretizaram.
De minha parte creio que sairia pior, e bem pior, do que o 'paraíso' comunista essa ideia ultra ingênua de eliminar a organização política ou diminui-la até os limites de um micro Estado e deixar intacta a estrutura econômica ou manter o Mercado... Julgo que disto resultaria ditadura mil vezes pior do que as ditaduras comunistas, nazistas e fascistas, inda que hipocritamente dissimulada.
Nem é por mero acaso que os ultra capitalistas tenham assumido essa pauta sob a legenda ANCAP, prova de que ninguém deseja mais a total demolição do poder político ou do Estado - Que muitas vezes o serviu tão bem, MAS NEM SEMPRE... - do que os detentores do poder econômico e apóstolos do liberalismo economicista em máximo grau.
Convém alias, expor aos comunistas, que os mesmos senhores do capital, receiam não pouco da Religião, ou melhor, do Cristianismo histórico ou antigo, do contrário seus ancestrais não teriam o teriam sabotado, por meio da reforma protestante, com o objetivo de instaurar essa nova ordem economicista. Foi necessário satanizar o Cristianismo antigo, apostólico ou autêntico, semear boa dose de ceticismo, fragilizar a igreja velha, etc com o objetivo de engendrar a incredulidade e a partir dela esse novo mundo materialista. Foi por meio do protestantismo que o Cristianismo tornou-se completamente dócil e servil face aos poderes econômicos ou ao mercado em formação.
Desde então o Capitalismo ou liberalismo econômico tem buscado por todos os meios favorecer ou facilitar o protestantismo e atacar com não menos sanha as igrejas anglicana, romana e Ortodoxa, devido ao sentido espiritual de insubmissão ou de rebelião que anima algumas de suas parcelas e súditos. O protestantismo, quase como um todo, colabora ou coopera, os 'catolicismos' jamais inspiraram confiança ao Mercado. Portanto a ideia de combater a religião ou certas formas religiosas não é prioridade do comunismo ou invenção sua. Apenas o liberalismo econômico sabia o que devia ser atacado ou o que temer.
E aos anarquistas convém expor que nem sempre o Estado foi dominado pelo capital ou por poderes econômicos, e que em algumas circunstâncias se lhe opôs, apenas para ser esmagado ou triturado, mas se lhe opôs - Com Laud, com Robespierre, com Vargas, com Peron, sob a ideologia de Keynes ou do bem estar social em alguns países do Norte da Europa, na Inglaterra fabianista que por um tempo enjaulou a besta, etc De modo que tampouco o Estado foi sempre dócil ou servil face a tal ordem como supõem o mito anarquista.
Outro o caso do tempo presente, após o consenso do Washington e a cruzada neo liberal, no qual o poder econômico parece disposto a recobrar um controle total sob a fórmula de um Estado mínimo, policial ou de enfeite. Porém o que foi desalojado no passado poderá ser desaloja-lo em qualquer tempo futuro. Desde que se ressuscitem e alimentem umas velhas ideologias (Antes de tudo a do Direito natural ou jusnaturalismo.)... O que foi feito antes sempre poderá ser feito novamente depois - Desesconomizar o Estado ou opo-lo a nova religião do Mercado, É PERFEITAMENTE EXEQUÍVEL.
O PAPEL DO JUSNATURALISMO E DO TEÍSMO NATURALISTA.