quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Vícios pessoais: Desvantagens públicas e enriquecimento privado.





Bernardo de Mandeville acreditava que o Bem comum ou que os benefícios públicos equivaliam a soma dos benefícios privados - Longe de nós entrar agora no mérito dessa opinião, muito discutível. De fato, o total financeiro produzido por um determinado grupo social equivale a soma das parcelas produzidas pelos particulares. O problema aqui é que o regime assalariado, quando não regulado politicamente (Numa perspectiva democrática.), acaba fugindo a proporcionalidade e engendrando uma desigualdade social cada vez maior - Nos termos postos em 'Progresso e pobreza' por Henry George. > Daí a necessidade absoluta de uma redistribuição nos termos do 'Bem estar' social, ou de um reajustamento feito a partir dos tributos ou impostos coletados pelo poder público.


Toda esta visão de 'Bem estar' com sua rede assistencial e investimentos sociais era totalmente ignorada pelo sr de Mandaville. Naquelas priscas eras eram os miseráveis assistidos apenas indiretamente pelo poder público i é através das Igrejas - Fossem a apostólica romana, a anglicana ou as Ortodoxas... o que chamava 'Serviço da caridade' e cujas estruturas (Nos países latinos ou orientais) imensas remontavam a Idade Média ou mesmo a antiguidade Cristã. E o melhor exemplo quanto a tais redes de assistência eclesiástica reporta a Constantinopla, a antiga capital do Império romano do Oriente (Bizantino), na qual a organização dos serviços (Realizados pelos monges) era primorosa. Eis algo que convinha ser magistralmente estudado e descrito, em pormenores, pelo Dr Kaldellis.

Quem desejar conhecer melhor e com maior número de detalhes, como tal rede de assistência foi formada a partir dos primeiros séculos recomendamos as leituras de León Lallemant 'Histoire de la Charité' Les neuf primiers siécles, Tome second - Picard, Paris - 1903 e de F M Doisy 'Histoire De La Charite Pendant Les Quatre Premiers Siecles De L'Ere Chretienne' - 1851. Obras que talvez um dia traduzamos, em todo ou parte, para o vernáculo. 

Sobre como essa rede foi ideologicamente impugnada e desativada na França, sob os auspícios da Grande Revolução vide o mesmo Lallemant 'La Révolution et les pauvres' - Picard, Paris - 1898. 

Lendo essa erudita obra constatamos que em certa medida, a secularização dos serviços assistenciais ou sua passagem para o Estado político acarretou tragédias e calamidades semelhantes as que já haviam sido acarretadas pela implementação da Reforma protestante e extinção das ordens religiosas na Alemanha e na Inglaterra do século XVI. Na Alemanha essa crônica de terror foi descrita por J I Doellinger (Regensburg 1846) e pelo Pe Joahnnes Janssen 'Geschichte des deutschen volkes' 1876 -1888. Já na na Inglaterra foi a mesma pintada pelo anglicano William Cobbett em sua 'Histoire de la Réforme en Angleterre et en Irlande' a qual soou como um tapa na cara dos sectários protestantes.

Foram sucessivas catástrofes, repito, pois se no dealbar da Reforma protestante inexistia qualquer rede de assistência estatal ou política - i é Laica, o protestantismo nada fez no sentido de inspirar a criação de algo semelhante. Grato ao Estado pelos serviços que lhe prestara contra a igreja velha jamais se sentiu a vontade para cobra-lo e, se assumiu parte deles, foi a passo de lesma ou tartaruga devido a ideia de que, podia o homem ser bom sem produzir boas obras ou fazendo o mal - Havendo quem pensasse que as obras eram totalmente desnecessárias... 

A Revolução francesa ao menos, assentiu em recuar rapidamente de sua posição, pois paradoxalmente após denunciar o elemento clerical e persegui-lo reginou a conciliar-se com ele pela total incapacidade de gerir eficazmente essa estrutura assistencial 'usurpada'. Tomou-a para si mas não achou modo de mante-la sem recorrer ao clero ou aos monges, o que resultou em conflitos por mais de séculos - Por parte dos que exigiam uma secularização radical. Curiosamente não temos notícias seguras de que a qualquer jacobino francês ou panfletário laicista ocorresse a ideia da privatização ou da desestatização no sentido de tomar os estabelecimentos mantidos pelo clerezia para entrega-los ao MERCADO, a iniciativa provada ou a casta burguesa em busca de lucro - Pois as pessoas daquele tempo filosofariam sem temor, por serem inteligentes... E o que há muitos dos nossos parece genial a eles lhes pareceriam hediondo.

Alias o mesmo que sucede hoje com nossos serviços públicos, cuja suposta 'ineficácia', inoperância, etc fazem o deleite dos meios de comunicação - Que geralmente, por considerações de ordem econômica ocultam ou encobrem os crimes e abusos do serviço privado, vendendo a imagem de que este tipo de serviço - Pago ou privado. - é muito superior, quando não é. Estratégia legada pelo jacobinismo político, o qual fazia questão de divulgar e por em relevo todos os crimes e abusos, supostos ou não, da rede clerical. O papel das legendas ou fraudes divulgadas pela mídia paga em nossos dias (Contra os serviços públicos.) é tão forte e necessário quanto foi nos tempos do jacobinismo contra o serviço assistencial oferecido pelos religiosos. Repito que tais fatos não são criados mas isolados e exagerados, enquanto que os que dizem respeito aos serviços que se quer 'inocentar' são escondidos e a tônica é criar uma imagem ideal e completamente falsa do serviço privado, e impulsionar a passagem do público ao livre mercado por meio das privatizações.

Toda mídia esta comprometida com esse ideal falacioso ou é conivente. E por isso você raramente lerá críticas como as nossas em qualquer jornal, revista ou livro publicado por uma grande editora, porque é tabu e não corresponde a imagem idílica que se quer vender quanto ao poder econômico. E caso você tenha acesso as contra críticas vera que tantos quantos se posicionam como nós, ainda quando sejam conservadores, reacionários, católicos tradicionais, etc são pintados como comunistas. Basta não ser meio cristão ou meio católico, vendido ao Mercado e comprometido com o americanismo para ser caracterizado como comunista pelos neo católicos, conservadores e mesmo reacionários conciliadores. 

No meu caso devo dizer que não proponho, como algum reacionário, qualquer retorno dos serviços secularizados ao domínio eclesiástico. Apenas deploro qualquer passagem do político ou público para o Mercado por meio da tal desestatização e neste sentido pareço conservador, pois desejo que tais serviços permaneçam na posse de um Estado cada vez mais democrático. Mesmo porque, através das tais privatizações descontroladas é perfeitamente possível que tais serviços, como escolas e hospitais públicos, passem ao controle de outras instituições religiosas (Sejam protestantes ou islâmicas) ou de empresas mantidas com recursos (Obtidos por meio de dízimos inclusive.) de fundo religioso a ponto de influenciar suas dinâmicas, inclusive introduzindo símbolos confessionais > De modo que o economicismo reverteria em favor de instituições religiosas alienígenas de caráter sectário, quando no passado a instituição religiosa que plasmou nosso universo imaginário e cultural foi violentamente despojada de tais instituições, em nome da secularização e de um ideário laicista do qual não podemos abrir mão sob quaisquer pretextos, inclusive econômicos.

De fato o poder econômico não é aliado confiável do ideário laicista. 

E é o quanto me basta para ser totalmente contrário a qualquer nível ou grau de desestatização em torno de serviços essenciais como Educação e Saúde...

E no entanto são tais serviços ameaçados pela própria dinâmica interna do liberalismo econômico crasso, do capitalismo ou do economicismo. O que nos remete mais uma vez a Revolução francesa e seus gatilhos, bem como a Bernardo de Mandeville, em contraposição ao velho Platão por exemplo, bem como ao espírito medieval. 

Embora o conteúdo teórico do liberalismo político ou do que chamaríamos democracia esteja maciçamente presente no desenrolar das diversas fases da Revolução Francesa, na prática essa Revolução foi acarretada concretamente pela presença do liberalismo econômico no cenário francês do século XVIII e pelos transtornos provocados por ele numa sociedade em parte medieval, tradicional e monárquica e nem podiam Coroa e nobreza (Envolvidas também elas nesse processo de transformação econômica.) suspeitar que seu sentido político estavam na dependência de uma estrutura social e econômica que se desfazia... Em certo sentido tem Marx alguma razão quando declara ou deixa implícito que o determinado modelo econômico impõem determinado modelo social, embora jamais tenha compreendido - Como um Weber. - a mediação da cultura. O economicismo, cada vez mais forte, produziu na França uma cultura politicamente liberal ou democrática. E como o soberano francês - Ao contrário da coroa inglesa. - não se quis despojar do poder que lhe era atribuído em benefício do Mercado (Convertendo-se num rei de enfeite ou num títere.) ou da burguesia firmemente constituída, está, por meio da mídia ou da imprensa paga (Quer a coroa não logrou suprimir ou controlar.) insuflou o povo contra ele. 

Não foi pelo povo, que sempre sofreu, que sofria há séculos e que haveria de sofrer ainda mais... Mas por necessidades puramente econômicas que Luis XVI foi defenestrado e perdeu a cabeça. Embora os desígnios tenham sido favorecidos pelo clima, pela seca e pela fome; poderoso gatilho de Revoluções. Os liberais responsabilizaram a estrutura política da França pela fome e o povo simples e iletrado acreditou. Nesse sentido a influência danosa da Inglaterra e o contato próximo com os EUA foram uma fonte de contágio para a França e o liberalismo econômico foi sustentado tanto quanto o liberalismo político por diversos pensadores franceses, os quais jamais se deram conta do que Inglaterra estava prestes a ser... E os franceses se meteram num túnel cujo fim não se via. E agora, apesar de todo seu liberalismo político e espírito democrático estão a ter a espinha quebrada pelo liberalismo político de Macron, aproximando-se ainda mais dos modelos anglo saxões e afastando-se de uma cultura também ameaçada pela islamização.

Jugida entre liberalismo econômico, comunismo, positivismo, americanismo e islamização essa França muito amarga e desorientada não se encontra, não se acha, não se concilia consigo mesma, e contra os integralistas de Maurras devemos dizer que monarquismo algum - Especialmente o inglês - poderá salva-la e quiçá seja melhor, na perspectiva realista de um Toynbee ou de um Spengler, admitir que não há salvação possível, que seu tempo passou e que não haverá outro Kairós...

Observe o leitor essa pequena fatia da realidade social francesa do século XVIII - Na medida em que as relações econômicas no cenário urbano iam mais e mais aderindo ao modelo inglês ou capitalista, - ao contrário do que dizem os analistas do neo capitalismo (Reformado a partir de 1870 numa direção restritiva e ainda mais por J  M Keynes pos 1929) - ia aumentando, paulatinamente o número de pobres, mendigos, vadios, desempregados (Tal e qual a população de rua em nossos dias.) e nem faltava a droga, que era o álcool ou a embriagues, associada a um consumo de tabaco...(O próprio químico Lavoisier foi guilhotinado, em parte por estar relacionado com uma firma produtora de tabaco em pó, para a qual criara uma máquina trituradora.) e é claro a prostituição. Os vícios endeusados, por Mandeville - porque o pobre não poderia escapar ao consumismo alienante na esfera, ainda que restrita, das suas possibilidades... 

De fato tudo isso trazia lucro a alguém ou a alguns... Indubitavelmente. Mas vantagens públicas para todo corpo social...

Pois uma coisa é consumir roupas (Ainda que caras), joias, peças de arte, livros, cristais, etc tipo de consumismo contemplativo, até certo ponto tolerável e inócuo e outra consumir álcool, tabaco, coca ou derivados de ópio... Pois aqui existe repuxo ou contra partida social. 

Devo dizer que no decorrer do século XVIII cada homem francês bebia certa de um litro de vinho por dia, posto que a média era de 300 litros anuais por cada homem. E já não o bebiam diluído em água como durante a antiguidade ou a idade média, mas puro. Agora se considerar que haviam ao menos um grupo de abstenceístas (Quiçá 5%) é certo que havia consumo de mais de um litro per capita. Desde o século anterior o consumo de vinho e bebidas fortes vinha no cangote do capitalismo nascente, propiciando lucros avassaladores.

Basta dizer que o recomendado para os homens hoje é jamais ultrapassar dois copos ou tacinhas com 100 ml cada, as quais equivalem a três unidades de álcool i é cinco vezes menos do que os franceses ingeriam as vésperas da Grande Revolução. E não entra aqui o problema da embriagues... Embora esse um litro desse pra embriagar todo mundo, especialmente os mais pobres, que se alimentavam menos. 

De fato os mais prejudicados organicamente falando eram os pobres... E imagine a catástrofe se ainda hoje, quando se bebe menos, as doenças relacionadas com o álcool. Já no final do século XVIII os psicólogos, como B Rush, assinalam os perniciosos efeitos do excesso ou da embriagues na psiqué humana. 

Como Engels explicitaria nos século seguinte ao descrever o proletariado inglês, flagelado pelo alcoolismo, as próprias condições de vida insalubres ou a miséria, lançavam os miseráveis nos braços da auto alienação. Quem queria fugir a realidade ingrata da vida vivida, bebida em excesso ou se embriagava, sem jamais suspeitar do quanto era sabido por Mandeville: Que ao consumir álcool dava imenso lucro ao investidor 'honesto' fazendo com que facilmente recuperasse seus capitais... O que produzia um círculo vicioso, o que vale igualmente para o tabaco.

O rosário de enfermidades físicas ou corporais ainda não havia sido deslindado pela pesquisa médica. O que não significa, é claro, que as patologias desencadeadas pela embriagues inexistissem... Agora considere que hoje, quando se bebe muito menos, ainda ocupam (Tais doenças) o quinto, quarto ou terceiro lugar no quadro geral das doenças!!!

E conclua pelo número inacreditável de pessoas enfermas e inutilizadas pelo álcool e pelo tabaco na França do século XVIII. E nem pense na Inglaterra - Posto que naquela época os fanáticos puritanos, abstenceístas, eram em número bastante elevado e o álcool só viria a fazer grandes estragos no século da incredulidade i é no século XIX, especialmente em Londres ou Manchester e sobretudo entre os anglicanos ou entre os irreligiosos. De modo que ao menos até o século XIX, o quadro social da Inglaterra jamais equivaleu ao da França nos séculos XVII e XVIII e sobretudo durante este último, em que o tabaco e o álcool se converteram em autênticos flagelos. 

Portanto além dos indigentes, desapossados de suas terras e instalados nas grandes cidades, havia uma multidão de doentes vitimados por enfermidades provocadas pela bebida e pelo tabaco, além do residual de sifilíticos caldeados na prostituição. Os quais representavam uma fonte de despesas verdadeiramente colossal, fosse para a rede de assistência eclesiástica, fosse, em última análise, para o poder público i é pela coroa. Como manter o luxo ou o brilho cortesão de um Luis XIV e ao mesmo tempo essa rede de serviços destinados aliviar os sofrimentos humanos... Sem aumentar o recolhimentos de impostos ou tributos... Por isso, quando veio a fome, esse Estado quebrou... Pois sem produção agrícola, a um tempo os camponeses além de não poderem pagar os tributos teriam de ser assistidos e a outro, sem os tributos, os demais assistidos (Do cenário urbano) tampouco poderiam ser assistidos> O que resultaria num colapso social, com imenso número de mortes ou em Sedição - O que efetivamente ocorreu. Não haviam reservas suficientes para assistir a todos e aqui o poder do rei tornou-se inoperante ou fictício.

Perceba que aqui, no cenário francês, as análises de Mandeville se mostraram equivocadas, posto que os vícios de consumo impulsionados pelo capitalismo emergente, embora produzissem o enriquecimento de alguns poucos particulares, produziram ao mesmo tempo notória desvantagem pública, como a demanda por insumos assistenciais por parte de parte daqueles que vinham a adoecer por conta do consumo excessivo de álcool, do consumo de tabaco ou da sexualidade desbragada e sem proteção - Posto que caiam todos nos braços do Estado e de um Estado habituado a onerar sempre e cada vez mais o produtor agrícola i é o camponês. Quando grassou a primeira grande calamidade natural, em termos de seca e fome, esse Estado teve que desabar - E antes que a monarquia pretendesse tachar a alta burguesia, veio esta a cena para levantar o povo contra a mesma monarquia e (Mais uma vez - Lembram do ataque aos bens da Igreja velha por parte da reforma protestante> Dos quais os pobre não viram nem o cheiro!) acenar com a posse dos bens e terras da nobreza acovardada, e de fato o povo tomou para si algumas migalhas (Como terras.) enquanto eles, os burgueses (Manipulando tudo e todos.) ficaram com o grosso dos bens, a liberdade e o poder... 

Não foram os odiados anarquistas e os detestados comunistas que cortavam as cabeças de suas régias majestades (O que já se havia feito na Inglaterra século e meio antes!) mas os burgueses, posto que a elite dos jacobinos era composta pelos liberais economicistas. 

Curioso é que a questão das doenças provocadas pelos vícios, a assistência e os gastos públicos já havia sido posta em questão na República de Platão. Não cessando de ser debatida até hoje. Considere que interessante ou curioso não seria que essa mesma burguesia - Que estimula todos os tipos de excessos consumíveis. - fosse responsável por vender medicinas e tratamentos a tantos quantos, tendo recursos próprios, insistissem em consumir tabaco ou álcool em excesso. Pois bem, eu sou a favor de que, aqueles que tendo alguma posse, insistem em se expor a qualquer tipo de enfermidades derivadas do álcool, do tabaco, da droga ou da sexualidade irresponsável (Sem proteção), sejam excluídos do SUS ou do sistema de saúde pública, ainda que comprometam a herança de seus filhos (Desde que maiores de idade). 

No entanto mesmo assim o número vultoso de pessoas humildes taladas pelo vício, sendo imenso, não deixaria de multiplicar os prejuízos para o erário. 

De modo que seria aconselhável: Taxar severamente o tabaco, taxar moderadamente e regular o consumo do álcool, investir na propaganda em torno do sexo seguro e distribuir preservativos e, sobretudo, investir na propaganda da medicina preventiva ou da vida saudável, criando módulos ou cursos educativos... Obrigando os viciados a participar de tais cursos e internando-os compulsoriamente, caso haja alteração do juízo ou perda da capacidade cognitiva. Ao invés de tornar tais produtos mais acessíveis por meio da redução das taxas > Como aspira o maravilhoso mercado numa perspectiva anti Ética. Pois na medida em que o acesso facilite o consumo, a dependência e a produção de enfermos e em que a privatização torne tais serviços acessíveis apenas a quem possa pagar toda essa multidão de viciados pobres morrerá abandonada e completamente desassistida na sarjeta, demonstrando cabalmente o quanto o Estado do sr de Mandeville é um Estado cruel e desumano, feito apenas para meia dúzia de privilegiados.

Quanto a questão de desvincular compulsoriamente do SUS tantos quantos viciados saudáveis se recusarem, voluntariamente, a passar por tratamento, também sou receptivo a ela, crendo no entanto que todos esses problemas e possíveis soluções devam ser discutidas e decididas democraticamente por todo corpo social através de plebiscitos ou referendos. 

Concluo, opinando que a proposta de Bernardo de Mandaville sobre um sociedade fundamentada no consumo acelerado de objetos - Mesmo que inócuos ou não viciantes. - seja, sob todos os aspectos, impraticável e perigosa. Como concluo pelo 'Áriston métron' dos antigos gregos, pela 'Aurea mediocritas' dos antigos romanos ou ainda pela via média ou sóbria dos antigos Cristãos, embora me posicione pessoalmente contra uma sociedade ascética e acredite que todas essas coisas nada tem que ver, diretamente coma fé ou com o Sagrado, e sim com o pensamento reflexivo e o mundo presente. Continuamos buscando um saudável meio termo entre o ascetismo doentio de algumas culturas e o consumismo torpe da modernidade. 






quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Ensino - Entre criticismo e essencialismo\Ojetivismo



Num mundo cada vez mais complexo é cada vez mais difícil instruir as gerações futuras.

No passado, cerca de cinco, dez, vinte ou vinte e cinco séculos, educar era antes de tudo comunicar o que parecia ser a essência das coisas ou mostrar como as coisas eram em si mesmas.

No entanto, há cerca de cinco séculos, passou o Ser, a ser cada vez mais utilizado com uma finalidade lucrativa e desde então quase todas as coisas se converteram como que em meios para se obter dinheiro. Desde então as pessoas tem se interessado mais pelo uso que se faz das coisas do que pelas próprias coisas, até o ponto de certas opiniões - Ora predominantes. - certificarem que não podemos conhecer as coisas como tais e que isso é ociosidade inútil. Sempre podemos usa-las (rsrsrsrs), sai de cena a Ontologia ou a Metafísica, e entra em cena, com grande gala a Dona Economia... Senhora de nossos tristes tempos economicistas (Foi o Católico T S Elliot e não os comunas que os declararam tristes e eu concordo plenamente com ele.). 


Ao mesmo tempo em que as coisas principiaram a ser cada vez mais usadas com finalidades econômicas, também foram - As coisas. - usadas para ocultar, disfarçar ou obscurecer a realidade vivida por aqueles que ao invés de lucrar ou auferir benefícios por parte do sistema vigente, apenas trabalhavam e continuavam penando ou acumulando miséria. Na medida em que parte das coisas ou dos seres passaram a ser usados, por quem aspirava permanecer no comando, com o objetivo de alienar os mais humildes da realidade por eles vivida ou melhor dizendo de suas causas mais íntimas e remotas, foram surgindo oponentes cujo ofício passou a ser revelar ou tornar pública a grande burla que é a Sociedade liberal economicista ou capitalista, em Educação, essa vertente recebeu a alcunha de crítica.

O Educador crítico tem assumido, em maior ou menor grau a tarefa de demonstrar como a realidade das coisas tem sido manipulada pelos detentores do poder econômico, noutras palavras, tem concentrado seus esforços em expor as mentiras do capitalismo - E o capitalismo mente a não poder mais (O que não quer dizer que as Ideologias que se lhe opõem, disputando a Hegemonia, não mintam.). 

Então qual é o problema do Criticismo ou dessa Revelação a propósito da grande farsa do Capitalismo...

Que ficamos apenas na crítica ao uso que o capitalismo faz das coisas, no marketing, na instrumentalização, no engano, na aparência ou melhor dizendo nas relações existentes entre os seres, criadas pela produção. E jamais chegamos as coisas, ao ser, a verdade mais íntima e profunda... Em Geografia olvidamos por completo os fenômenos físicos... Em História colocamos de lado os personagens, fatos, datas, etc - Além de abandonar o passado mais remoto, tão interessante e fecundo... Em Arte esquecemos a fruição intuitiva do belo (Estética) ou o significado estético da produção pessoal - E tudo isso vai sendo relegado a segundo plano e deixado para trás.

A crítica é quiçá necessária, e isso é angustioso! Porém a educação ou a formação se vai mutilando e empobrecendo. A ponto de tornar-se alvo de contra criticas justamente por parte dos prestidigitadores economicistas. Não sou contra a crítica ou o criticismo, reconheço sua relevância num mundo de aparências e intencionalidades viciosas, mas quero estabelecer uma crítica honesta face a certos abusos ou excessos do Criticismo, pois temos que tornar a falar sobre as coisas e a verdade, para que a Ética não fique desamparada de seus fundamentos, passando a ser apresentada como mero discurso, como uma perspectiva, como uma interpretação ou como algo absolutamente relativo.

Quando falo na realidade da dor provocada no sujeito por um situação de injustiça tenho que aprofundar metafisicamente minha predicação, conceituar que seja dor, que seja ser humano, que seja justiça, etc e demonstrar que haja algo real, para que essa dor e essa justiça não sejam relativizadas.

Curioso falar em crítica, criticidade, criticismo, etc sem pensar I. Kant.

No qual já esta presente o grande efeito ou sintoma da brincadeira iniciada pelos sistemas modernos face ao conceito de verdade - Seja natural\racional ou Revelada, não importa... Esse sintoma doentio é a negação da Verdade ou o total desinteresse por ela. E nem se pode dizer que o positivismo, o cientificismo, e outras ideologias modernas, ainda quando impulsionaram o anarquismo e o comunismo, começaram prestando imenso serviço ao Capitalismo, pelo simples fato de negarem a Metafisica e consequentemente Ontologia, Estética e Ética (Litreé). Após a demolição da fé, precipitaram-se as mentes não no precipício da economia, com seu prosaísmo vazio, mas nos braços da Metafisica e sob os auspícios da Filosofia clássica. 

Kant prosseguiu a demolição da Verdade, pois a um tempo contemplou a burla iniciada pelo Capitalismo e a outro o significado mortal do Libre examinismo no plano religioso > Pois se haviam apenas interpretações (A expressão é de Nietzsche) não havia verdade e menor ainda Revelação divina - O único padrão de veracidade para os Evangelhos e o Novo Testamento é a Tradição alardeada pelas antigas igrejas Apostólicas, sem a qual o livro se converte num labirinto sem saída. E no entanto esse mesmo Kant forcejou por estabelecer um Ética objetiva por meio de imperativos categóricos e não podia imaginar o viver sem Ética de Litreé.

Comte, outro bravo demolidor, busca abater toda Metafísica e exaltar a Ciência empírica até imaginar uma ditadura de cientistas. Litreé põem de lado a ditadura de cientistas para conciliar-se com a democracia formal, porém 'avança' no sentido de repudiar a Ética e é claro a Estética, como emboloradas lucubrações metafísicas... E exalta até onde pode essa ciência que se deleita em deslindar aparências ou fenômenos... Após ele Durkheim e Lévy Bruhl levam adiante a batalha contra a essencialidade Ética nos domínios da Sociologia e postulam um relativismo absoluto, a partir do qual Sócrates é morto e não resta critério algum pelo qual possamos acordar em torno do certo e do errado...

Foram uns belos discursos positivos ou científicos em torno da Ética ser mero resíduo cultural, produto intragável da fé religiosa ou pura fantasia arbitrária (Metafísica) engendrada pela mente... Até que os alemães parecem te-los lido e levado bastante a sério, a ponto de produzirem duas grandes guerras mundiais nas proximidades do paraíso capitalista ou do coração da civilização, convertendo-o por duas vezes em ruínas fumegantes... E no bojo dessa cruzada contra o direito natural ou o jus naturalismo (Em que Antígone era pintada como idiota e Creonte como...) surgiu nazismo, e tortura, e assassinato, e roubo... E toda aquela carniçaria e miséria - Afinal não havia qualquer padrão objetivo ou essencial de Ética.

Recordo-me de ter lido algumas palavras escritas por alguém que viveu num desses campos de concentração - Nos quais Ética era certamente encarada como palavra vazia ou discurso sem sentido: Ali haviam diplomados e técnicos que assassinavam... e respeitáveis cientistas que praticavam tortura, exterminando crianças, grávidas e idosos com requintes de crueldade... Adquiriram com sucesso os conhecimentos de suas respectivas disciplinas, a calamidade aqui é que não aprenderam a ser bons... Essas pessoas, antes de aprender matemáticas, física, química, etc deveriam ter assimilado princípios e valores saudáveis. 

Nada que Sócrates, Jesus ou um Buda já não tenham dito antes... Esses pobrezinhos... > Segundo Litreé, Durkheim e Bruhl... não passavam de umas criaturinhas toscas, privadas de espírito positivo ou científico... Desde então teve a Europa ou o Ocidente, que aprender com a dor e que reformular seu discurso...

Após a segunda grande guerra a palavra Ética - E o velho Sócrates ou Aristóteles. - parece ter sido reabilitada, tornando-se novamente popular, ao menos aparentemente ou superficialmente, pelo simples fato de que os céticos, positivistas, relativistas, ateístas, etc servidores do Capitalismo, não podem admitir ou conceber, que a dimensão ética da pessoa seja inculcada nos mais jovens com toda seriedade a que faz jus. Problema não é o comunismo ou anarquismo repudiarem uma Ética essencial - Nada que o amiguinho querido, chamado positivismo (E o cientificismo que com ele se confunde.) já não tenha feito... Problema é o Mercado insinuar a meia boca que esta acima da Ética ou os representantes da bela ciência (Como se fossem arremedo do colégio cardinalício.) exigirem neutralidade...

Por isso digo que pior do que negar a Ética é muito menos prejudicial e danoso que brincar com ela.

Pois onde mais falta Ética em nossos dias é nas relações econômicas, cada vez mais desumanas e intoleráveis, assim nas relações políticas com essas guerras totais que envolvem a população civil de cada pais e seus animais inocentes. O mundo da economia, da política e da guerra continuam visceralmente irredutíveis a Ética...

O próprio Ch Dawson em seu inútil livro sobre Deus ou contra a existência de Deus, ainda que imbuído por um venenosa ideologia cientificista em momento algum decantou contra a Ética, limitando-se a declarar que até então o ateísmo querido tem sido de todo inútil para produzi-la i é para criar um sistema de Ética. A bem da verdade, a crítica foi injusta, pois o ateísmo ou o materialismo encontra-se na gênese do utilitarismo ou pragmatismo 'ético', com suas repercussões estéticas... E foi outro desastre clamoroso, pois por ser nulo em termos de princípios e valores, o pragmatismo (Como a ciência positiva) fica sempre sujeito a ser utilizado por qualquer ideologia ainda que oculta...

O mesmo Dawson não se lamenta menos de que no campo da estética a querida ciência nada tenha produzido de relevante, como uma peça de Teatro ou uma sinfonia.

Agora por não produzir Ética - Não produz sequer estética! - ou princípios e valores próprios, como poderia a querida ciência deixar de servir como lacaio dedicado ao Capitalismo... Como servirá o Nazismo na Alemanha e o Comunismo na URSS. Bela deusa essa que se partilha seu leito com Comunismo, Nazismo ou Capitalismo. No Ocidente é acrítica e manipulável, não devendo o homem esperar dela qualquer redenção. Descobertas, conquistas tecnológicas, verdades fenomenológicas, etc mas não a mais leve crítica ao sistema. Entre nós a ciência esta conectada aos poderes políticos e econômicos - E por isso, enquanto os europeus deploravam a desconstrução da Ética pelas beldades positivistas, os cientistas instalados nos EUA faziam o que lhes era ordenado, produzindo Bombas que seriam lançadas sobre uma população civil inocente.

Protestantismo, capitalismo, positivismo, cientificismo, ceticismo, pragmatismo, modernismo, etc se entrelaçam e misturam nessa sopa indigesta e nauseabunda. Merecendo cada qual ser criticado com toda propriedade e responsabilizado pela demolição da Ética essencial, da estética essencial e sobretudo da Metafisica, sem a qual tudo se relativiza e perde o sentido.

Comunismo e anarquismo também deveria ser julgados e criticados e julgados com toda liberalidade, enquanto reprodutores acríticos das ideologias acima citadas e de seus vícios. Não são inocentes e nem mesmo a Igreja romana ou o papismo é inocente - Embora eu a encare como a menos culpada, paradoxalmente a mais responsável (Por não ter condenado o agostinianismo.) e a menos culpada (Devido as condições históricas e sociais do Ocidente medieval.).

Por isso considero que calcar as críticas na velha igreja papalina como se fosse a principal responsável por todos os nossos transtornos e padecimentos, equivale a um erro imperdoável e tanto Engels, quanto Weber, e Tawney, Fanfani, O'brien, etc apresentaram o protestantismo como sendo o principal sustentáculo ou aliado ideológico do capitalismo.

Seja como for estabelecer uma crítica tão completa na escola é intencionalmente impossível... Digo mais: Concentrar-se numa crítica ao Capitalismo e suas mazelas tampouco é possível, e esgota-la menos ainda. 

Necessário ao professor de História apresentar a seus pupilos outros períodos em que não havia capitalismo e nos quais o poder econômico não era tão poderoso e forte. Necessário a esse educador referir a personagens, eventos, locais e datas, não apenas a processos de produção e as estratégias empregadas com o objetivo de oculta-las.

Necessário ao professor de Geografia apresentar a seus alunos não apenas a 'Guerra fria' mas antes dela a forma do planeta, os acidentes geográficos, a relação meio, homem e sociedade, etc 

Tampouco o professor de arte poderia concentrar-se apenas no uso da arte como dominação ou na contra propaganda sem apresentar as turmas a História das representações artísticas e alguma mínima noção de teoria Estética, sempre intermeada pela produção concreta da arte, quiçá seu aspecto mais relevante tendo em vista seu aspecto psicológico e formativo; o simples trato prático com a arte é humanizador e terapêutico.

Um bom professor terá, necessariamente, que conciliar a crítica ou o criticismo com um saudável realismo ou essencialismo que reporte as coisas ou ao ser, e a pessoa. De maneira que seu criticismo não se torne árido e insípido. Ocioso dizer que por admitirmos uma justa crítica ao Capitalismo e aos danos por ele causados em praticamente todos os setores da vida humana, não endossamos qualquer apologia ao Anarquismo, ao Comunismo ou a qualquer outro sistema sócio, político e econômico em sala de aula. Compreendemos perfeitamente que todos esses sistemas devam e possam ser livremente abordados e discutidos pelas turmas e professores nas aulas de Filosofia, Sociologia ou mesmo em certos tópicos de História, mas não admitimos que as nossas aulas devam converter-se numa doutrinação catequética sistemática. 

E já declaramos que, salvo quando uma tal temática seja introduzida pelo currículo, sua discussão deve partir sempre dos alunos ou da turma e jamais do professor, a guisa de proselitismo. Salvo quando os alunos suscitarem determinadas questões - As quais sempre deveriam ser acolhidas e levadas a discussão pelo professor. - deve o docente seguir a ordenação curricular e ministrar os conteúdos estipulados. 

Exerçamos portanto um criticismo crítico, sóbrio, dosado, etc e não um criticismo cego e sectário que redunde em contra críticas maliciosas em favor da manutenção da realidade dada. 






terça-feira, 10 de outubro de 2023

Por que alguns pais não educam ou põe limites aos filhos





Entre as diversas crises porque passamos uma das mais sérias é a crise da Educação. E desta vez não me refiro a educação escolar, a qual, segundo nossa LDBN, é oferecida em instituições próprias e sim a Educação elementar que deveria ser ministrada pelos pais e responsáveis no espaço familiar.

Parece que esse tipo de Educação não está acontecendo, pelo simples fato de que os agentes não tem sabido maneja-lo.

Exatamente - Parece que no tempo presente os pais tem medo ou receio de educar.

Sim - Devem ter medo e receio de agredir fisicamente, de bater, de surrar, de agredir, etc porque isso não serve de nada e educar ou limitar é absolutamente necessário.

Não nos enganemos > Sem educação ou noção de limites intransponíveis produziremos apenas monstros ou aberrações; tarados, maníacos e sociopatas.

Todo ser humano tem necessidade de limites ou de limitação tanto quanto tem necessidade de comer, beber ou respirar.

Estabelecer limites não é constranger, não é dominar, não é humilhar, não é agredir, não é violar, etc mas humanizar. 

Trata-se repito de uma necessidade moral ou humana das mais básicas.

Supõe valores a serem dados ou determinados, e assimilados, como supõe orientação, regras, direção e portanto autoridade e punições ou castigos; coisa que ainda assusta muita gente.

E no entanto você não pode conceber a educação sem tais elementos: Princípios e valores a serem comunicados a consciência e introjetados, direção, autoridade e punições.

Agora temos de entender que a educação deve ter por fim não um controle insuperável e sim a autonomia do sujeito > De modo que em posse da sã razão ou de uma capacidade reflexiva consumada possa rever os princípios, valores, crenças e costumes recebidos, rejeitando-os inclusive caso pareçam absurdos ou inconsistente. Ao adulto normal, consciente, pensante, etc cabe o pleno exercício da liberdade. No entanto a criança precisa ser conduzida ou educada, ainda que com amor, carinho, bondade, paciência, etc

Tampouco deveria ser tal autoridade arbitrária ou caprichosa, e aqui tocamos a questão do abuso de autoridade ou do autoritarismo. O adulto, o pai, o responsável deveria exercer a liberdade buscando sempre o interesse da criança e seu bem estar, não sua própria vantagem ou satisfação, porque aqui já é o oprimir ou dominar.

Assim usar a criança ou o filho como um servo, um empregado ou um executor de serviços jamais equivalerá a educa-lo.

E se muitos hoje tem receio de contrariar, exasperar ou desagradar o filho outros pelo contrário tem o sádico prazer de contraria-lo sempre ou de tornar sua existência insuportável. Uns convertem a educação em tirania, escravidão, opressão e nesse sentido numa fonte de traumas, complexos, desajustes e bloqueios muitas vezes insolúveis; enquanto outros abdicam por completo dela, e, guiados pelos gurus neo freudianos, dão a entender que não existem quaisquer limites > E a criança, pobre dela, aprende que pode tudo ou que é dona do mundo... 

Deve o pai corrigir seu filho com firmeza e carinho sempre que ele cause dano ou prejuízo concreto a qualquer ser vivo ou ao menos a qualquer animal - No mínimo a todo e qualquer ser humano, e aqui toda e qualquer resistência ou obstinação faz jus a algum castigo ou restrição.

Não se trata obrigar a criança a gostar determinada cor ou a consumir determinado alimento, pois aqui nos aproximamos demasiadamente da opressão. Mas de respeitar todas as formas de vida, de não causar dano ou prejuízo aos outros animais que conosco convivem, de tolerar os demais seres humanos que exercem a tolerância, etc

Neste sentido ético, vital e humano devem haver metas concretas a serem atingidas, padrões de comportamento a serem evitados e, consequentemente, castigos e punições.

Castigos e punições são palavras que causam receio e suspeita a muita gente boa, pelo simples fato de que no passado sofreram abuso e foram equivocadamente empregadas - Servindo ao despotismo, a tirania, ao poder arbitrário, etc e acarretando um torvelinho de dores. Sejam corrigidos os excessos e erradicados os abusos, não a punição justa e sábia, sem a qual a educação se torna improfícua.

A norma é simples: Quanto mais você ensinar pelo exemplo (Comenius) menos precisará impor quaisquer hábitos. No entanto, quando, apesar dos exemplos, houver infração, haja castigo.

Não físico, não físico, mas quando possível reparativo ou restritivo.

Toda vez que a criança causar qualquer dano ou prejuízo deve o adulto, sempre que possível for, fazer cessar aquele dano. Se ve-la chutar ou pisar numa flor ou erva, faça com que replante as mudas, galhos, sementes, etc Caso machuque um animal qualquer obrigue-a a cuidar dele ou a tratar de sua saúde. Se ofender alguém obrigue-a a pedir desculpas. Se furtar faça restituir. Se agredir mande dar algo seu ou algo de que goste em compensação, etc 

Mas a criança sempre pode resistir. 

Sim, sempre pode.

Nesse caso que fazer...

Surrar ou bater...

Jamais.

Nesse caso o adulto > Pai, responsável, professor... Repare o dano causado diante dela e em seguida castigue-a com um restrição.

E para tanto haja com sabedoria, prevalecendo sempre do que a criança ama ou mais gosta, para que sinta algum impacto.

Exemplo: Se aprecia muito ir com o adulto a um determinado local, num determinado dia - Tipo: Ir pescar com o pai todos os Domingos, diga em alto e bom som que não haverá pescaria nos próximos três Domingos PORQUE, pisou no rabo do gato do vizinho - E repita isso a cada Sábado e Domingo, recordando o motivo porque não terá aquele prazer. 

Retire um mimo, presente, benefício qualquer, sempre relacionando com o dano causado por ela. 

Para que o castigo não venha a perder seu sentido e sua força jamais o empregue com propósitos banais, assim arbitrariamente. Importa que desde pequenina tenha a criança uma certa esfera de liberdade - Quero dizer com isso que tenha o direito de escolher uma determinada cor de roupa, certos pratos ou alimentos que lhe pareçam saborosos, determinados brinquedos, determinados amiguinhos, determinados locais ou mesmo preferências musicais e artísticas, etc Tudo quanto for eticamente neutro ou que não cause dano ao outro ou a própria criança lhe seja permitido. Haja portanto um controle rigoroso mas não absoluto ou total, pois a criança tem o direito de ter preferências ou gostos que sejam seus.

Imaginar que seu filho seja um outro você ou uma cópia sua pronta e acabada, permita-me dizer é uma doença ou defeito de caráter que não deixará de suscitar conflitos e turbações. Eduque eticamente seu filho, comunicando-lhe princípios e valores saudáveis mas não exija que ele ou ela seja uma cópia sua. 

Também é necessário que o castigo tenha prazo de validade ou que não seja demasiado longo. Importa que a criança sinta pelo que fez... Não que sinta sempre ou eternamente, pois o objetivo é que altere seu comportamento e se torne melhor. Deve o pai ou responsável compreender perfeitamente que educar ou punir não é vingar-se - Pois se vingar-se de qualquer um outro é muito pouco nobre, vingar-se de u filho ou de um aluno é doentio e deseducativo.

Caso vá aplicar determinada punição ou restrição a seu filho com espírito de arrogância, ódio, crueldade ou vingança melhor abster-se de aplica-la, pois aqui a emenda sairá pior do que o soneto. Considere portanto seu inconsciente sempre que for punir algum pupilo e busque sempre purificar suas intenções, ter em mente o benefício dele e estar certo de que esta a castiga-lo por amor ou para que venha introjetar princípios e valores saudáveis. Sim certifique-se que ao educar ou punir esta buscando em seu pupilo o bem da espécie ou da família humana e não a satisfação do ego, e assim não correrá o risco de exceder-se.

De qualquer forma, e esse é o temor de todo pai educador ou mãe educadora, meu filho ou minha filha poderá vir a odiar-me e a acalentar ressentimentos contra mim, inclusive desejando vingar-se quando for adulto.

Sim, até pode ser que seu pequeno, apenas por não ser capaz de compreender perfeitamente o que esta acontecendo, passe, ao menos num primeiro momento, a nutrir certos sentimentos negativos por aquele que o corrige ou orienta.

Pode ser inclusive que deseje ser mais velho apenas para dar-lhe um bom soco na cara ou chute na bunda... Todavia, fora os casos de agressão física, as crianças tendem a esquecer muito rapidamente tais tipos de evento.

Via de regra, quando a criança cresce, amadurece e tem seus próprios filhos a tendência dominante é compreender os esforços educativos de seus pais e professores admirando-os e respeitando-os ainda mais. Invertidos os papéis, o homem ou a mulher, educados com sucesso tendem a encarar aqueles que os educaram como modelos de heroísmo.

Já no caso dos que não receberam qualquer noção de limites, esses sim, tendem a ser uma eterna fonte de problemas para seus pais e mestres.

Pois educar é em ultima analise comunicar consciência sobre nossa condição restrita e limitada onde os direitos pessoais começam onde terminam os direitos alheios...

O cerco contra a educação


Os primeiros esforços significativos em prol da educação no Brasil remontam a assim chamada era Vargas e foram, em sua maior parte, implementados pelo então ministro Gustavo Capanema.


Antes disso, já em 1932, foram estabelecidas as aulas de 'Canto orfeônico'.

De 1932 a 1971, i é, por quase quatro décadas ou ao cabo de quarenta anos, obtivemos amplos resultados por parte desse esforço educativo.

Desde então, 1971, principiaram os ataques, a desconstrução, o sucateamento, etc a princípio tímido, e em seguida vertiginoso e voraz - A ponto de podermos falar numa Cruzada massificadora.

De fato nos últimos cinquenta anos os esforços do poder constituído traduziram-se em massificação, com o Estado de São Paulo a frente desse processo vergonhoso.

E quero deixar bem claro que o empenho em produzir massas alienadas e acríticas é intencional e consciente. 

Desarticulado porém, partiu de diversos setores da sociedade brasileira - Cada qual com um propósito ou motivo peculiar...

Para começo de conversa quero citar os 'bondadosos' militares, endeusados por tantos e tantos imbecis - E aqui a conversa é velha pois o papo remonta a Sócrates e seus detratores Anito, Licon e Meleto. e toda a essência da Filosofia ou do pensamento crítico.

Começaram os ditadores, em 1971 (LDBN) abolindo as aulas de música e diluindo esse conteúdo no curso de arte. E desde de então, pelo espaço se meio século, não temos tido aulas de música ou formação musical de qualidade. 

Oportuno indagar sobre as causas da ascensão do pagode, do sambão (Não estou falando no Samba bahiano dos Caymmi ou dos Demônios da garoa.) e enfim do rock pauleira, do Funk e do gospel... E mais ainda dos ideólogos que se empenham em defender a estética elevada do Funk ou do pagode em suas investigações 'sociológicas' - Pobre Sociologia pessimamente normativa...

Em São Paulo a educação musical permaneceu no Currículo até cerca de 1986, quando foi cancelada pelo PMDB i é pela vanguarda democrática das Diretas já e quanto a isso podemos adiantar que neste estado ou província a nova democracia foi ainda mais insidiosa que os milicos no sentido de tornar a escola em algo absolutamente inócuo, até converte-la em mero depósito de jovens que pouco ou nada aprendem. Enfim a pá de cal lançada na Escola pública do estado de S Paulo foi o Novo ensino médio - Do golpista temeroso, e isso foi um desígnio...

A questão dos militares é que receiam quanto a formação do ser humano integral e quanto a implementação de uma cultura humanista. Como Cálicles e Trasímaco eles acreditam, quiçá honestamente, no padrão da força bruta e consequentemente da obediência cega, o que de modo algum se ajusta com a racionalidade, a capacidade reflexiva, o pensamento crítico, etc que eles encaram como ameaçador e subversivo. 

Por isso Sócrates, ao questionar os mitos, a arbitrariedade das definições - Inclusive da justiça... e tantas outras coisas tornou-se perigoso, e teve de beber cicuta. Já antes dele Pitágoras, Zenon, Anaxágoras, etc  e depois dele Aristóteles, Epicteto, etc envolveram-se em tais conflitos e levaram a pior... 

O dilema continua até os dias de hoje - Pois de modo geral policiais e militares tendem a assumir esse padrão de cultura irracionalista e autoritário, e a desconfiar dos professores e dos filósofos. 

Isso se reflete inclusive na dinâmica da violência, porquanto os autoritários e seus aliados tendem a apoiar toda sorte de abusos e excessos como perfeitamente naturais, enquanto que os cidadãos éticos e críticos encaram-nos sempre como violação de direitos.

Há no entanto outros atores sociais nesse cenário anti educativo ou deseducativo, uns e outros já representados na trama histórica do Areópago - Pois além do chefe militar ali estão, não menos firmes, o demagogo político, o fanático religioso e o capitalista, patrão ou investidor... Cada um mais ou menos delineados.

Ali, cerca de 399 a C, assassinaram Sócrates... Hoje impedem que Sócrates renasça ou 'reencarne' em cada cidadão - Pois teem medo dele e receiam da liberdade.

Outros diriam que o ódio é potencializado pelas atitudes daqueles que cultivando a autonomia, despertam a inveja e o rancor nos submissos e os submissos são rancorosos mesmo... 

Tornemos porém aos personagens - O Demagogo... Inserido no sistema democrático!

O demagogo chega a ser pior do que o déspota ou que o tirano.

Ao menos no Brasil ou em S Paulo foi e tem sido.

O demagogo concluiu que a ignorância propicia o acesso ao poder, através dos sufrágios oferecidos por toda gente massificada.

Pão e circo é seu lema e ele depende de que hajam consumidores de churrasco e cerveja - Ou cachaça... - Potenciais vendedores ou traficantes de voto. É necessário reproduzir esse tipo de pessoa ou personagem... O que só é possível fazer destruindo o que chamamos instrução, pois o fim da instrução ou da educação é produzir um cidadão consciente, que participe, que denuncie, que mobilize; e que jamais se venda ou venda seu voto.

Para que hajam corruptores ou vendedores de voto é necessário que o ensino ou a escola falhem miseravelmente e por isso o demagogo encara todo e qualquer sucesso educativo como perigoso.

Naturalmente que a imposição do voto obrigatório é um dos fatores mais tóxicos.

No entanto é absolutamente necessário que o eleitor constrangido seja perfeito idiota, porque se for consciente e tiver mínima ideia sobre a importância de militar e mobilizar, além de votar... O perigo será o mesmo.

Urge portanto converter a escola pública numa fábrica de zumbis, de palermas, de otários, de tontos, de imbecis, de idiotas, etc E lamentavelmente tal tem sido feito em âmbito institucional.

Todas as vezes que me deparo com a propaganda babosenta do PSDB na televisão e com o esforço heroico em desprender-se da Hidra bolsonarista ou da canalha anti democrática, quase me urino de tanto rir. Pois sei que essa Horda liberticida sendo composta por mentes massificadas ou vazias, alimenta-se de ignorância... Agora, quem fabricou a ignorância com que se banquetearam...

Reportemos a inditosa ou desditosa memória do governador PSDBesta Mário Covas... O mesmo governante que desmantelou o investimento mais do que secular, de nossas Ferrovias públicas, que acabaram sucateadas - Do que resultou a tirania dos caminhoneiros, a rede dos pedágios, o aumento do custo dos alimentos e de tantos outros produtos, etc 

Mário Covas fez algo muito pior e superou a si mesmo ao desmontar as bem estruturadas escolas padrão do estado de S Paulo, outro investimento de cinco anos destinado a recuperar a qualidade das escolas deste estado. As salas ambiente foram desfeitas, os laboratórios desativados e todo aquele material disperso, uma calamidade. Era o ano de 1995. 

Ali o militar, aqui o demagogo... produtor da oclocracia.

Dois adversários implacáveis do ensino ou da escola pública de qualidade.

Não os únicos - Pois temos ainda o Mercado, os patrões ou os investidores, os quais atacam a escola por motivos de diversa monta. Os patrões, a exemplo dos milicos, desejam que seus servidores, os operários, sejam totalmente submissos ou dedicados. Querem que se dediquem ou consagrem a uma causa que não é deles > O enriquecimento alheio a custa do lucro. Quanto mais idiota ou estúpido for o operário melhor: Bom que saiba ler, soletrar, calcular, puxar umas alavancas, etc Importa que ele jamais questione a realidade que lhe é dada ou imposta... Um operário demasiado crítico ou questionador jamais é bem visto, pois poderia recusar a ser o que é ou a contentar-se com o pouco que tem, chegando inclusive a fazer greve, o 'pecado original' dos proletários.

Tal a perspectiva dos patrões... Que temem a escolarização ou a produção de cidadãos conscientes.

Há no entanto algo ainda mais soturno nesse setor do liberalismo econômico.

Tais os potenciais investidores, com suas reservas e o desejo de investigar em alguma coisa.

Agora não basta que tal coisa seja monetarizada ou precificável... Deve ser algo lucrativo, logo algo privado. 

É o ideal funesto das privatizações ou da tal desestatização, o qual deve ser bastante ponderado a luz da História. Pois quando nossos ilustres ancestrais, atacaram a ferro e fogo, com ferocidade e violência, a Igreja antiga, o objetivo foi sequestrar uma série de serviços, como a saúde e a educação, com o intuito de que, desvinculados da fé, se tornassem acessíveis a todos os homens e mulheres. Os ideais norteadores, ao menos da maioria dos teóricos, parece ter sido melhorar a acessibilidade e a qualidade de tais serviços, no caso gerenciados por um Estado (Como parte do que chamamos bem comum.) mais ou menos democrático.

Paulatinamente a ideia, até certo ponto saudável, de concorrência, introduziu a iniciativa privada em quase todos esses setores. Desde então apareceu e tomou corpo, toda uma rede de serviços privados, no acesso dos que pudessem pagar e fora do acesso dos que não podem arcar com os custos. Isso em nada prejudicou o atendimento dessa clientela, incapaz de pagar, pois sempre puderam recorrer aos serviço público e gratuito. 

E as redes de serviço pública e privada floresciam lado a lado, a primeira mantida pelo Estado (A custo de impostos.) tendo em vista a clientela mais simples ou humilde, composta por sinal, pela grande maioria dos trabalhadores pertencentes ao setor privado. 

Até que cerca de 1989, por meio do Consenso de Washington, os EUA, visando fortalecer seu poderio ou império financeiro, impuseram aos países Latino Americanos uma série de medidas inspiradas no modelo capitalista - Dentre as medidas preconizadas estavam o assim chamado controle fiscal, compreendido como teto de gastos e redução de investimentos em áreas não consideradas como essenciais, o que atingiu de cheio inúmeros programas sociais. 

Num primeiro momento Educação e Saúde foram excetuadas, agora a tendência - Vigente no governo Bolsonaro. - é incorpora-las, expondo os mais vulneráveis a morte e a indignidade inclusive, como assistimos durante a epidemia de Covid. O resultado desse tipo de política economicista, desumana e cruel foi suficientemente exposto nos documentários de Michael Moore como Sicko ou SOS saúde. 

Em seguida vinha a cereja do bolo i é as Privatizações ou desestatizações i é a passagem dos serviços públicos e gratuitos, tomados a Igreja pelos jacobinos, ao setor privado ou ao Mercado, com a necessária monetarização... Sem que subsista qualquer nicho público e gratuito a que os mais humildes possam recorrer, donde resultam - Por pressão econômica em situação de doença ou impossibilidade. - uma série de abusos repelentes como empréstimos a juros exorbitantes, hipotecas, etc E no final do túnel quem lucra, a custa da dor e do sofrimentos alheio, são as grandes instituições financeiras. E aqui, não nos enganemos, por meio de tais medidas (Como a bela desestatização.), os interesses individuais (O lucro ou ganho) sobrepõem-se ao ideal precipuamente ético e político de BEM COMUM, o qual sai de cena... Tal e qual a fé religiosa, como relíquia do passado.

Tolerável que haja alguma privatização em alguns setores periféricos, sempre calculada, dirigida e fiscalizada. Outro o caso dessa mística da privatização que aspira devorar a Educação e a Saúde, direitos primários e essenciais de todos os cidadãos brasileiros senão de todos os seres humanos. Do contrário porque tirar os serviços essenciais a Igreja velha... Para passar as mãos dos particulares ou de indivíduos ambiciosos, movidos por interesses meramente financeiros... Caso tenha sido essa a intencionalidade reconheçamos com o Mestre Garrett, que cometemos um erro fatal. Então temos que evitar o abismo e manter a todo custo o serviço público, de caráter universal, aberto e gratuito> O SUS e a escola pública, principal alvo do desmantelamento.

Não nos enganemos. 

Não nos iludamos.

Não nos enredemos.

É necessário remover a qualidade da Escola pública ou impedir que seja eficiente para que se possa argumentar a favor da gestão privada. E isso é intencional.

Políticos há, postados a favor do grande capital e do capital estrangeiro ou estado unidense, que sabotam a educação e a saúde públicas. Aspiram desmonta-las com o objetivo final de vender ou leiloar em hasta pública a quem mais oferecer... E esperam colocar toda essa grana nos bolsos, pois são vendilhões...

Pugnam os interesses privados contra a qualidade da Escola pública - Pois há milionários ou afortunados que desejam converter hospitais e escolas em empresas, querem investir, dizem eles. Desconfio que queiram lucrar... Saúde e Educação até podem ser economicamente exploradas, desde que haja um espaço reservado para o poder público - Ao que se opõem o Consenso de Washington com a ideologia da desestatização, alias em grau absoluto ou com abertura para o que chamam capital internacional > E o ideal aqui é que as empresas Norte Americanas comprem todas essas estruturas a preço de bananas com o propósito extrair imensas fortunas, transferidas em parte para a grande República anglo saxã. 

De comboio no controle fiscal, na privatização e na abertura ao poder econômico imperialista ou estrangeiro; temos ainda a proposta de uma Reforma fiscal destinada a desonerar os mais ricos - E consequentemente de desamparar o Estado ético ou humanista de Bem estar social (Bem comum) e por fim a desregularização do mundo do Trabalho i é um decidido retorno a maravilhosa Inglaterra liberal anterior a 1870. Eis todo o pacote de malignidades, etiquetadas com os rótulos de econômicas.

Após o Militar, o Demagogo e o Capitalista ou Patrão tem a escola e quiçá o Hospital, um outro grande inimigo. Não o homem ou a mulher religiosos, que cultivam uma espiritualidade qualquer. Nem, julgo eu, o rabino, o bonzo, o médium ou mesmo o padre romano. Porém o pastor protestante, fundamentalista, bíblico, sectário, etc nos exatos moldes do 'made in EUA' - Não menos que o Ulemá sunita > É o mesmo espírito tacanho e farinha do mesmo saco...

Charlatães, cobram por curas pseudo miraculosas que de modo algum realizaram, e depreciam os verdadeiros heróis: Médicos, enfermeiros, etc assim tratamentos, hospitais, etc E já foi dito que se existissem curas divinas ou miraculosas, a sra economia nos mandaria investir em pastores ou pagar dízimos... 

Tanto pior o caso das Escolas, da instrução, da formação racional, do pensamento crítico, etc 

Basta lembrar o processo do macaco, nos EUA, sofrido pelo heroico prof Th Scopes. 

Tanto a presença de primitivos mitos no Antigo testamento quanto a crença continuísta na existência de milagres no tempo presente - E portanto um éthos mágico fetichista. - fazem com que os pastores sejam os mais denodados amigos da ignorância e adversários do pensamento reflexivo.

Não podendo dominar e usar a escola numa perspectiva confessional o pastor aposta em sua perda de qualidade. É outro personagem que, como o militar e o demagogo, aposta na ignorância humana, na imbecilidade e na massificação para tirar proveito próprio. Talvez, mais do que todos os outros o pastor dependa da falência da escola ou do sistema educacional.

Outro aspecto danoso a ser considerado com relação a este último personagem é o moralismo (A simples moralidade mecânico formal.) ou o puritanismo em oposição ao pluralismo escolar e o consequente liberalismo moral que tanto exaspera os bíblicos. Para eles a escola pública e laicista é uma aberração por não aderir a moralidade tosca do pentateuco ou mesmo os preconceitos legados pelo paulinismo. O fanático não sabe conviver com a liberdade e aquele todo aquele que escapa ao sistema de opressão do qual ele faz parte converte-se numa ameaça, ou, como dizem num mau exemplo - Daí desejar ele o insucesso da escola. 

Eis porque jamais houve medida destinada a sucatear a educação pública ou a prejudica-la que não contasse com o decidido apoio da sinistra Bancada Evangélica. 


Continua