quinta-feira, 8 de junho de 2017

Consultório pedagógico - Como explicar a evolução das espécies a nossos alunos?

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Um, sendo humilde observa a realidade, o outro sendo cego confia em mitos indefensáveis.


Uma das tarefas mais difíceis e ao mesmo tempo mais importantes para um bom professor de Biologia ou de Ciências consiste em fazer com que seus alunos compreendam o processo evolutivo porque passaram todas as formas de vida ora existentes, ou seja, a Evolução das espécies.

Especialmente se levarmos em consideração que os fundamentalistas religiosos são habilmente treinados em suas seitas com o objetivo de fazer perguntas capciosas e desmoralizar seus professores. O que é suficiente para intimidar os educadores mais inseguros. Todo um clima de polêmica é artificialmente produzido pelos alunos fanáticos com o premeditado intuito de desestabilizar estes profissionais, o que é bastante grave.

Afinal professor algum costuma dirigir-se a qualquer conventículo religioso com o objetivo de questionar e desmoralizar o pastor. E menos ainda de treinar alunos e envia-los as reuniões religiosas com o objetivo de sabota-las. Afinal professores tem ética. Pastores não - Claro que há raras e por isso mesmo nobres exceções - e por isso estão dispostos a 'assaltar' a escola pública e laica com o objetivo de nela introduzir o querido Gênesis e o dogma criacionista. Tal a gravidade da situação!

Daí a necessidade premente de se estar muito bem preparado para enfrentar a crítica obscurantista e supersticiosa que invade nossas escolas e esmaga-la. Mesmo porque, hoje infiltram-se nos domínios da Biologia, amanhã nos da geografia, da História... De modo a instilar; 'catastrofismo geológico', História 'sagrada' (???), etc E o fim de tudo isto é substituir todas as disciplinas do currículo e o conhecimento científico como um tudo pela Bíblia ou melhor dizendo pelos mitos, fábulas e lendas do antigo testamento.

Há quem sonhe com o dia em que todos os compêndios escolares - de Química, Física, Bilogia, História, Geografia, Sociologia, etc - serão substituídos pela Torá ou pela Tanak segundo a versão JFA.

Em termos de Biologia - Que é a porta de entrada! - urge, mais do que nunca, partir para o afrontamento, afirmar em alto e bom som a veracidade do processo evolutivo e, acima de tudo, expô-lo com máxima exatidão e clareza, dirimindo todas as dúvidas.

Antes de tudo é necessário deixar bem claro que as discussões a respeito de como o processo evolutivo teria se dado, de modo algum atingem ou invalidam o processo enquanto tal.

Cientificamente não há nem existe a mínima dúvida a respeito do processo evolutivo, cuja demonstração já foi realizada por Haldane, Dobzhansky e Mair, os pais de teoria sintética a praticamente oitenta anos. As discussões dizem respeito apenas a detalhes ou quanto a certos aspectos do processo.

Do ponto de vista da ciência a evolução das espécies é um fenômeno dado ou um aspecto da realidade natural que não se discute e algo não menos verdadeiro do que o heliocentrismo ou a lei da gravidade, mesmo em se considerando que não seja um fato ou uma lei.

Comecemos portanto definindo com objetividade e precisão, os conceitos principais conceitos, os conceitos mais elementares, em termos de ciência:

  • Fato - Define-se o fato Biológico como correspondendo a menor unidade perceptível ou observável em termos de natureza. Assim o fato é percebido ou captado pelos sentidos, sem que haja, necessidade de demonstra-lo. Fatos são axiomáticos e impõem-se por si mesmos. Não preciso fazer declaração alguma com o intuito de demonstrar que o gelo seja água em estado sólido.

    Exemplos - O aspecto quadrupede do cão, o aspecto mamífero do gato, o aspecto ovíparo da galinha, os espinhos do cacto, a flor da roseira, etc

  • LEI - lei é uma relação constante de causa e efeito existente entre dois fatos (Relação constante de causa e efeito que parte da própria natureza das coisas). A relação e a constância podem ser observadas evidenciando que a Lei existe objetivamente no plano da natureza e não apenas como construção mental de caráter puramente subjetivo. No entanto sua formulação ou expressão em termos de linguagem humana, dispende certo esforço racional, o qual foge a experiencialidade pura. Não podemos pesar, contar ou medir uma Lei embora os resultados da relação possam ser quantificáveis. E sequer podemos negar que uma lei qualquer pudesse ter sido formulada ou expressa de maneira mais exata ou mais claro Exemplo - O Fototropismo > Fato um: A luz do sol. Fato dois: O crescimento dos vegetais. Relação constante ou Lei: Os vegetais crescem sempre voltados para a direção da luz.

  • TEORIA - De modo geral os leigos (E Até mesmo um bom número de professores e articulistas> O que é assustador) ignoram qual seja o conceito científico de TEORIA, julgando que corresponda a ideia vulgar de sugestão, opinião ou HIPÓTESE (A hipótese é algo duvidoso e provisório) e imaginando que a Evolução das Espécies ainda não tenha sido cabalmente demonstrada!

    Aproveitando-se disto os religiosos desonestos com o propósito de alegar que o relato mitológico e fetichista do gênesis (Criacionista) corresponda a uma outra teoria ou opinião tão digna quanto. O que além de desonesto é absurdo.

    Afinal não temos na Teoria evolucionista mera hipótese ou suposição questionável imaginada pelos cientistas e tampouco no criacionismo uma informação que parta da observação dos fenômenos naturais uma vez que nem os sacerdotes do antigo israel e tampouco seus professores sumerianos deram-se ao trabalho de examinar a natureza 'in situ' buscando uma resposta plausível. Limitando-se assim a imaginar ou a fantasiar a respeito de como as coisas teriam se passado, exatamente como os poetas e artistas ou como o criador do Mikey mouse ou do pato Donald.
          Neste caso que vem a ser TEORIA segundo o vocabulário científico?



Da mesma maneria como uma determinada lei busca expressar uma relação constante existente entre um determinado número de fatos, tirando-os de seu isolamento, a TEORIA busca encontrar uma explicação unitária para todas as leis ou relaciona-las todas a partir de um determinado aspecto.

Resulta disto que a formulação de uma teoria deve ser precedida por análise minuciosa de uma imensa gama de fatos para poder explica-los todos sem exceção. O que exige um grau bem maior de observação e, quanto a sua formulação - A formulação da teoria - uma dose bem maior de raciocínio lógico. Teoria é algo que não se pode formular partindo de um único fato ou le, mas que se deve inferir a partir do conjunto.

Daí os positivistas - com quem os fanáticos religiosos costumam pegar carona - e neo positivistas, apegados a um sensorialismo chão e sempre desconfiados quanto a qualquer formulação especulativa de caráter mais geral - a exemplo de K Popper - impugnarem o caráter objetivo e científico do Evolucionismo para apresentarem-no como construção filosófica ou metafísica.

Compreendem por que até o Malafaia pode sair-se bem com um manual positivista entre as mãos?Afinal para eles ciência nada mais seria do que a coleção (Descritiva) interminável de fatos imediatamente perceptíveis a qual nos autoriza a formular, com bastante cuidado, algumas Leis. Nada mais...

Felizmente encontra-se o positivismo completamente ultrapassado, especialmente após das formulações propostas por W Dilthey, Kuhn, etc Ademais, o citado Popper sequer mostrou- se fiel a mentalidade positivista, caminhando sempre na direção do Ceticismo e do Relativismo de Hume e da negação da objetividade do conhecimento científico. Os fanáticos religiosos agradecem a demolição da verdade no plano da natureza para substituírem-na por seus delírios e baboseiras!

Uma coisa no entanto é certa: Conceito de teoria não é mesmo brincadeira mas coisa séria. Do mesmo modo a teoria de Evolução das espécies enquanto produto social resultante do esforço comum empreendido por diversas gerações de cientistas a exemplo de Ch Darwin, Wallace, Mendel, Batenson, De Vries, Weissman, dentre outros, muitos outros.


         Exemplos de teorias:

         A T da gravidade geral de Newton
         A T atômica de Bohr
         A T da relatividade de Einstein
         A T uniformitária de Hutton
         A T das placas tectônicas de Wegener
         A T dinâmica da mente de Freud
         As teorias sociais de Le Play, Marx, Durkheim e Weber

         Todas sem exceção absolutamente relevantes.


Vejamos agora porque consideramos a teoria da Evolução como algo real, suficientemente demonstrado e acima de quaisquer dúvidas. Consideremos pois o rol das evidências -


  1. Evidência embriológica da Recapitulação.
    Diz respeito a existência de estádios homólogos na ontogenia dos seres vivos, ou ao desenvolvimento de um ovo até sua fase adulta. Assim o cérebro de um embrião humano com cinco semanas de vida é idêntico ao de um peixe. Já entre o cérebro de um feto com sete meses e meio de idade e o de um macaco não há diferença alguma. Não apenas nossos cérebros mas cada um de nossos órgãos refaz durante a gestação toda a história evolutiva dos seres vivos, de modo que poderiam exclamar unanimemente: Fui peixe, fui réptil, fui macaco...
    Será ociosa esta recapitulação ou pretenderá dizer-nos alguma coisa a respeito de nossa própria História?
  2. Evidência das estruturas homólogas
    "Quando estudamos um grupo de animais como, por exemplo, os vertebrados, verificamos que a estrutura dos representantes de duas espécies distintas - homem e cão ou gato - suponhamos, encarada sob um aspecto geral, apresenta relações muito estreitas entre si. Os braços de um homem e os membros anteriores de um cão ou de um gato apresentam as mesmas peças esqueléticas gerais: um osso no braço e dois ossos no ante braço, vários ossos no punho e cinco fileiras de ossos nas mãos. Semelhanças correspondentes encontram-se do mesmo modo nos músculos, nos nervos e nos vasos sanguíneos."

    De modo que até mesmo a asa de um pássaro assemelha-se bastante a uma espécie de braço.
  3. Evidência dos órgãos vestigiais.
    Órgãos vestigiais são remanescentes de órgãos que no decorrer do processo evolutivo perderam suas funções, sem que no entanto fossem suprimidos ou deixassem de existir. Com efeito, inseridos no interior do ventre da Baleia, encontram-se os ossos de suas patas traseiras, evidenciando claramente a origem terrestre - Alias mamífera, como é indicada por outros aspectos de sua morfologia - deste animal, ora marinho. Externamente desapareceram, sequer convertendo-se em nadadeiras, mas internamente... Encontram-se lá, bastando tais ossos para esmagar o criacionista. 
  4. Evidência do registro fóssil numa perspectiva comparativa.
    Para tanto basta recolher os fósseis de determinada espécie animal, como o cavalo ou urso, data-los e comparar os mais antigos com os mais recentes. O movimento será sempre o mesmo em qualquer um dos casos: Estruturas bastante simples dando lugar a estruturas cada vez mais complexas. O que por si só basta para apontar a direção tomada pelo processo, do mais simples para o mais elaborado. Os fósseis mais antigos sendo sempre mais simples e os mais evoluídos cava vez mais sofisticados.

A menos que nossos corpos almejem enganar-nos ou pregar-nos uma tremenda peça tais evidências devem ser seriamente consideradas. A natureza não conhece outra linguagem que a da evolução. Digo mais; sem a evolução no plano da biologia nada faz sentido. Destarte negar a Evolução equivale sempre a negar a própria percepção, a experiência e o raciocínio enquanto dádivas que nos foram comunicadas pelo próprio Deus. Implica negar a realidade fixada pela divindade. 


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