sábado, 16 de maio de 2015

Impressões sobre o novo filme Mad Max

                                           Imagem retirado do site www.metacritic.com


ADVERTÊNCIA AO LEITOR À LEITORA: Esta postagem contém spoiler.


O  filme de Mad Max a  estrada da fúria chegou em boa hora, filme de excelente qualidade, adrenalina do começo ao fim. Max é um homem perturbado e por isso assombrado tanto pelos vivos como pelos mortos, é um homem que tem remorsos por ter perdido sua filha parentes e amigos.

Max logo no começo do filme é capturado por guerreiros e levado para uma cidadela como prisioneiro de guerra, lá ele luta para fugir mas é preso, torna-se bolsa de sangue para um guerreiro que tem uma doença terminal. O cenário do filme como nos anteriores é um grande deserto com um pequeno oásis.

O filme tem abordagens sociológicas muito interessante, a Cidadela é lugar militarizado e religioso, faz uma clara menção aos terroristas do ISIS, Boko Haram e outros grupos mulçumanos extremistas que são ao mesmo tempo militarizados e fanáticos. Os soldados tal e qual os mulçumanos quando estão prestes a morrer gritam: Testemunhem! Outra clara alusão aos grupos extremistas mulçumanos que lançam-se à morte para que tornem-se mártires, isto é, testemunha de allah e do profeta. É interessante notar que o militarismo sempre vem acompanhado do fervor religioso e do nacionalismo. Os soldados não pensam, não questionam, aceitam tudo e quando um soldado começa a pensar por si mesmo ele aos poucos deixa de ser soldado e torna-se desertor.

O líder Immortan Joe apresenta-se como o redentor do povo, como messias, o povo em sua maioria civis vivem praticamente na miséria e de quando em quando Immortan Joe abre os dutos de água para que o povo tenha um pouco de água e o povo lá embaixo briga por essa preciosidade que é a água, luta por sua sobrevivência, agredindo uns aos outros por causa da água, é o darwinismo-social em seu pleno desenvolvimento.

Uma das líderes do exército a imperatriz Furiosa enganou Immortan Joe  e saiu com as máquinas de guerras (carros) e levou às escondidas as esposas do tirano que eram consideradas como propriedades suas, assim como os filhos que elas carregavam em seus ventres. A imperatriz quis libertá-las da escravidão e as escondeu para que ficassem protegidas.

Quando vê-se ludibriado Immortan Joe convoca o seu exército para perseguir a "traidora" e "resgatar" suas esposas propriedades. Um dos guerreiros em fase terminal que usa Max como bolsa de sangue faz questão de ir para a guerra e prepara o carro e a bolsa de sangue - assim é que Max é chamado - que é pendurada num poste improvisado na frente do carro. Estando acorrentado e com uma máscara de aço no rosto.

Após um acidente, o soldado está desmaiado e Max tenta livrar-se da corrente mas não consegue, então é obrigado a levar o soldado no colo até que no meio do deserto encontra a imperatriz Furiosa e as concubinas de Immortan Joe, ele está com uma arma e as ameaça, pede água e pede para uma delas quebrar as correntes. Depois há uma luta feroz entre ele e a Furiosa e na sequência ele consegue fugir com o carro de guerra dela, mas a Furiosa programou para o carro funcionasse a partir de uma programação feita por ela, então ela não vai longe. Após isso, ele é obrigado a aceitar - muito a contragosto - a companhia das mulheres, enquanto está desesperado para livrar-se da máscara de aço.

Aquele soldado que tem doença terminal ao que tudo indica câncer ele é encontrado pelo grupo do Immortan Joe  e volta para seu cargo e vão ao encalce dos fugitivos, depois de certas frustrações o soldado começou a pensar por si mesmo e mudou de ideias e de lado.

A imperatriz furiosa quer voltar para sua terra e para seu povo e quando chega ao local vê uma mulher presa no alto de uma torre, Max adverte que pode ser uma armadilha, ela pede que todos fiquem no carro e anuncia quem é, ela é reconhecida então aparecem algumas mulheres de seu povo e ela faz perguntas e diz que todo o povo dela sumiu só restaram algumas mulheres guerreiras, ela entra em desespero, então Max tem a ideia de voltar para a Cidadela e tomá-la para lá começarem uma nova vida, no retorno para o lugar de origem enfrentam a ira do Immortan Joe que é morto pela Furiosa.  Ela é gravemente ferida durante as batalhas e Max faz uma transfusão de sangue para salvar a vida dela. Quando apenas um carro chega à Cidadela o mito do deus vencedor, do messias desfaz-se e não tem mais razão de ser e o povo oprimido festeja a morte do tirano.

Enfim, o filme vale a pena não só pela adrenalina mas pelas questões políticas e sociológicas que apresenta.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

PANELAÉCIO - O significado das panelas...




Mal a presidente a República aparece na TV começamos - caso estejamos na faixa dois da Baixada (ocupada pela tradicional classe média) - a ouvir um barulhinho estranho vindo da faixa um, ou seja, da orla da praia. Trata-se de um som exótico de colheres, garfos ou paus, batendo em panelas vazias.

É provavelmente mais alto e intenso nos edifícios situados diante do mar oceano, onde estão situados os agrupamentos ou bairros em que residem nossas elites tradicionais, inclusive nossos políticos, além é claro de banqueiros, industriais, grandes comerciantes, etc Ainda podemos observar, a distância, que boa parte deles acende e apaga as luzes de seus luxuosos apartamentos... situados no perímetro urbano em que o metro quadrado é o mais elevado da região...

Curioso é que na medida em que o metro quadrado vai diminuindo, diminuindo vai, do mesmo modo, o barulho das panelas. Té que aos bairros ocupados pela classe média, chega apenas um zumbido, como de mosquitos, vindo lá da praia.

E morre aqui mesmo na faixa dois... sem chegar ou atingir a faixa três que fica para além das pistas.

Na faixa três é que vive a maior parte da população da Baixada Santista e adjacências. Pois lá estão instalados, desde os anos 60, 70 e 80, os bairros periféricos e comunidades ocupadas pelos operários, produtores, proletários. Enfim pelos mais pobres e mais trabalhadores.

Interrogo meus alunos que lá habitam e fico sabendo por eles que em tais paragens não houve show e que as panelas não cantaram, porque estavam cheias de comida!!!

Tais pessoas devem certamente recordar-se de que nos tempos áureos de FHC (do PSDB) podiam comprar muito menos comida com o salário mínimo. Não dava sequer para o individuo suster-se sozinho, quanto mais para alimentar a família???

Carne era ao tempo coisa que só se via na mesa do pobre aos Domingos ou festas, tempo de assado e churrasco. Durante o resto da semana as vezes um bifinho, no mais das vezes legumes, ovos, batatas, cortes menos nobres de frango, aquele peixinho comprado de 'mistura' no fim da feira, sardinha, tripas... hoje vou aos supermercados e vejo o trabalhador humilde, os pais de meus alunos, a gente da periferia, enchendo suas cestas com carne, leite, ovos, peixe, peito de frango, linguiça, salsicha, etc EM ENTRANDO NAQUELA LONGA FILA... EM QUE ABUNDAM CARRINHOS IGUALMENTE CHEIOS...

E eu que também frequento, esporadicamente; casas de pessoas humildes (não sou de ir muito a casa dos outros) observo com alegria e contentamento, lá o bifinho ou o franguinho em cima da mesa!!! E lembro-me de que nos anos 90 não era bem assim... havia aperto, o salário era muito baixo, quase nunca havia aumento... assim sendo precisava o pai ou mãe de família ganhar dois ou três salários, trabalhar em dois serviços, ficar menos tempo com seus filhos para poder sustenta-los! Havia certamente mais crianças e jovens alijados da companhia de seus pais!

Nas nossas comunidades situadas em cima das marés, havia quem comesse rato assado e no Nordeste comiam Calango...

Agora no entanto, desde que Lula ascendeu a presidência; os salário mínimo tem subido paulatinamente. A ponto de Armínio Fraga, o conselheiro econômico de Aécio Neves, reconhecer que o salário atual esta muito alto.

Alias aproximando-se dos picos atingidos durante os governos de Vargas e Goulart, o que incomodava já os empresários da época e seus representantes, do mesmo modo e maneira como incomoda-os hoje.

Seja como for... as panelas estão indubitavelmente mais cheias e só quem as teve sempre bem cheias é que ora se lembra de mandar a empregada toma-las a cozinha para organizar batucada... Batucada que jamais lembraram que organizar quando cidadãos inocentes eram torturados e mortos pelo regime militar! Batucada que jamais soou quando FHC comprou sua reeleição! Batucada que não troou durante o apagão! Batucada que não foi feita quando Rixa mandou surrar os professores...

Então qual o significado de tais pancadas??? Qual o sentido deste forrobodó todo???




Triste, mas devemos reconhecer que são pancadas de ódio, de repulsa...

De ódio aos pobres, aos trabalhadores, aos proletários, ao cidadão fraterno em geral; enfim a tantos quantos foram beneficiados pela política social do governo petista ou aqueles que com ela se alegraram!!!

São pancadas desferidas por gente que ainda não engoliu o afro descendente disputando vaga com seu filho na Universidade Pública - até então (até o PROUNI e as COTAS) reservadas aos filhinhos de papai - a diarista obtendo direitos, o subalterno ou serviçal viajando para o Nordeste, o funcionário comprando carro, o jovem de periferia indo ao Shopping Center, o 'mercado de reserva' tendo comida no prato, o trabalhador fazendo pressão para obter melhores salários, as filas aumentando nos supermercados, cinemas, etc São pancadas de uma elite que vê seus privilégios ameaçados por uma concorrência cada vez maior!!!

São pancadas dadas por quem reclama dos impostos e dos gastos com programas sociais mas que pouco se importa com o problema da fome, com a saúde ou a educação públicas, com os direitos dos trabalhadores, etc E portanto pancadas dadas por quem jamais dependeu de tais programas, por quem sempre teve comida em abundância dentro de casa, por que pode pagar um bom plano de saúde e uma boa escola particular para seus filhos... e portanto pancadas desferidas por uma parcela bastante diminuta da população brasileira, ou como dissemos, por nossas elites burgueses, pelos que sempre tiveram tudo e que jamais preocuparam-se com os outros!!!

São pancadas desferidas por tantos quantos olham apenas para o próprio umbigo, por quem jamais foi capaz de colocar-se no lugar do outro, por quem não aprendeu a identificar-se com o semelhante, por quem apreciava o olhar agradecido daqueles que aguardavam alguma esmola; enfim por egoístas, porque aquele que é incapaz de importar-se com os outros é de fato um egoísta!!!

Lamentavelmente a maior parte dessas pessoas resiste em assumir seu egoísmo... no entanto se você é contra os programas sociais implementados pelo governo apenas porque não é beneficiado por eles, sem lembrar-se de tantos quantos o são... você é egoísta. Pode apresentar-se pomposamente com atavios de individualista, não muda nada. Continua sendo incapaz de exercer o que denominamos 'alteridade', logo é egoísta... Compreendo que identifique-se com o discurso liberal em torno do corte de gastos ou enxugamento da máquina pública, sobretudo contra os impostos... é perfeitamente compreensível e natural que um egoista identifique-se perfeitamente com o liberalismo.

E isto pelo simples fato de que a ideologia liberal é epifenômeno duma consciência egoísta.

Tatcher costumava dizer que o socialismo acabava quando acabava o dinheiro dos outros.

Na verdade o socialismo morre ou sequer nasce quando não nos importamos com o outro.

Prevalece o liberalismo quando ignoramos o outro apelando a 'lógica' do mercado e rotulando-o ou como inepto ou como vagabundo. Agora se este outro ou aquele revoltam-se trata-se de gente má e criminosa. Ainda segundo esta lógica quem deve ser premiado ou recompensado, com redução de impostos e ab rogação dos direitos trabalhistas é o 'super homem' que é o empresário bem sucedido.

Aqui as causas da miséria, da fome, etc são sempre subjetivas caindo sob a esfera do comportamento e da moralidade; jamais sob a esfera do mercado cuja regulação é perfeita. Neste caso como o faminto ou miserável é sempre um desajustado ou um vagabundo, para não dizermos criminoso, nem temos porque auxilia-lo... É todo um julgar e condenar a pessoa sem jamais analisar profundamente a estrutura ou o sistema que a excluí. Para eles aqui não há injustiça alguma...

Eles declaram que a fortuna é filha do trabalho e fica tudo muito bem explicadinho...

Agora o que observamos é um mistério inexplicavel: os patrões que jamais trabalharam duro milionários e os produtores ou operários quase sempre pobres, as vezes miseráveis... É o quanto basta-me para suspeitar injustiça ou para supor algum defeito nessa regulação, e como fiel discipulo de Platão... para opor-me a ela. Enfim a lógica do liberalismo não me convence nem um pouco...

Talvez porque seja solidário... e por solidário socialista ou trabalhista...

Bem, eu acredito que ser solidário é melhor do que ser egoísta. E cuido que alguém lá de Nazaré na Judéia concordaria comigo.

Os homens no entanto parece que folgam ser incoerente... Assim adoram o nazareno e odeiam seus semelhantes, alias aos pobres que ele tanto amou e disse ter vindo servir.

Mas que vocês deveriam honrar e adorar um Mises, um Hayeck, um Fridman, um Stirner ou um Bastiat em lugar de um Jesus ou um Sócrates ah deviam!!!

Penso enfim que todo este troar de panelas é um hino de louvor ao egoísmo do povo paulista...

Que jamais assimilou os princípios e valores propostos por Buda, Confúcio, Sócrates, Jesus...

Mas aos que foram propostos por Nietszche, Spencer, Rand, Rotbarth, etc

Nossa Sociedade esta em conflito com seus próprios fundamentos. É uma Sociedade desencontrada e enferma...

Há no entanto outros significados atrelados a este...

O da frustração.

Pelo simples fato do PSDB com sua plataforma liberal ter perdido as eleições presidenciais.

O que denota igualmente uma perigosa insatisfação - por parte duma burguesia sempre oportunista - face ao estado democrático de direito... com todas as funestas decorrências até o golpe e a ditadura!!!

São as carpideiras do Aécio Neves entoando melodias funerárias...

Daí PANELAÉCIO...

A esta frustração de não terem conseguido eleger o afilhadinho dos Marinho e dos Civitta, soma-se a frustração decorrente de não mais poder - como é próprio do PSDB - tratar tantos mestiços, pobres e mesmo educadores, a porrada; a exemplo do Alvaro Dias, do Mario Covas e do Beto Rixa... reproduzindo as atrocidades cometidas no Pinherinho ou mesmo em Eldorado dos Carajás...

Batem nas panelas porque a eleição da Dilma impediu, momentaneamente; que seus representantes, eles mesmos ou seus capangas fardados possam por em prática o conselho deixado pelo reformador protestante Martinho Lutero, isto é, de tratarem o povo, os cidadãos, os eleitores, os protestadores, os sediciosos, etc como a um asno: a pauladas!!!

Não podem nem eles nem seus apaniguados, os políticos da direita, bater, fuzilar, massacrar, etc como em 64... Diante disto só lhes resta amassas as panelas em que jamais ferveram um miojo!!!

Resta-nos concluir dizendo quão reveladora é esta frustração!!!

Por não terem conquistado o poder na manha (através do PIG) e mantido-o na marra, ou seja, por meio do choque!

Afinal se Rixa e Alckmin atuam de tal forma mesmo sem o apoio do governo Federal imagine amigo leitor, que fariam eles caso a legenda 45 tivesse vencido???!!! Agora por pertencerem ao mesmo partido imagine o que não faria o senador mineiro alçado a condição de presidente da República???!!!

Basta não daria a corrupção, pois só no governo FHC foram 45 casos de corrupção engavetados com a colaboração da imprensa.... enquanto em S Paulo são centenas de CPIs engavetadas pela situação!!!

Caso as panelas estivessem soando pela corrupção teríamos ouvido seu troar vinte anos antes!!! Não o ouvimos...

Então por que troam as panelas???

Troam as panelas porque os PSDBestas derrotados viram-se subitamente impossibilitados de restabelecer a velha política neo liberal de redução de gastos com programas sociais, arrocho salarial, de combate sistemático aos direitos trabalhistas, de contenção ou restrição das liberdades pessoais (falso moralismo), etc Por isto batem as panelas: pelo liberalismo contido ou em debandada...

Por Aécio, pelo PSDB, pelo pacto do Washington, pelo neo liberalismo, pelo FMI dobram chorosas as panelas...

Já as panelas que Luis Ignácio Lula da Silva encheu com comida, estas não batem nem baterão...

Daí o silêncio sepulcral nas periferias.

Protesto elitista e granfino é tudo quanto temos... protesto realizado por uma minoria revoltada... protesto feito por uns poucos filhinhos de papai... eis tudo quanto temos. Nada de abrangente, popular, significativo...

Panelas vazias e mentes vazias encontrando-se e azucrinando os vizinhos...