Ciência e religião travam uma guerra de morte, uma quer aniquilar a outra. A primeira quer destruir a última porque a considera mera superstição, e esta por sua vez considera a ciência como uma farsa em alguns de seus campos.
A ciência tem por missão explicar o que é o universo e como este funciona e a religião tem por fim responder a questões insolúveis: Quem é Deus? Existe imortalidade da alma? Enfim a religião lida com a metafísica.
Nem todos os cientistas são ateus nem confundem ciência com ateísmo, da mesma forma que nem todo teísta é fundamentalista. Há um cientista brasileiro que admiro muito por sua postura equilibrada, esse cientista tenta dialogar com a religião, mostrando que a ciência não é inimiga da religião como querem alguns desavisados. O nome do cientista em questão é Marcelo Gleiser, colunista da Folha de São Paulo e autor dos livros: "A Dança do Universo", "O fim da Terra e do céu" e "Criação Imperfeita" entre outros.
Escrevendo sobre Galileu Galilei, Gleiser nos mostra um cientista teísta: "Galileu criticou os teólogos católicos, dizendo que a função da Bíblia não é explicar os movimentos dos planetas mas como obter a salvação eterna. ("Não é explicar como os céus vão, mas como se vai para o céu.")*
Que diferença de certos cientistas que fazem da ciência uma muleta para defender o ateísmo... Quando um cientista nega a imortalidade da alma e/ou a existência de Deus, ele já não faz ciência, mas metafísica, porque vai além daquilo que podem as percepções e o empirismo. Negar a existência de Deus, por exemplo, não é uma atividade científica, mas uma atividade metafísica como a de qualquer teísta. Os únicos que mantém a postura científica são os agnósticos que dizem não saber acerca de tais questões, porque escapam do mundo físico.
Segundo Gleiser: "A adoção de uma postura menos ortodoxa permite uma visão de mundo menos radical, onde a religião e a ciência podem viver em harmonia, cada uma cumprindo sua missão social. O conflito entre as duas não é, de forma alguma, necessário. Basta saber distinguir o que uma ou outra pode e não pode fazer. Isso serve também aos cientistas, em especial aos que têm atitudes ortodoxas contra a religião".*
O cientista colunista da Folha de São Paulo nos mostra claramente que ambos os conhecimentos tem seus campos de trabalho e uma não precisa interferir no campo alheio, como querem e fazem certos cientistas, confundindo o público leigo através de uma verborragia com roupagens científicas.
"A função da ciência - escreve Gleiser - não é tirar Deus das pessoas. É oferecer uma descrição do mundo natural cada vez mais completo, baseada em experimentos e observações que podem ser repetidos ou ao menos contrastados por vários grupos. Com isso, a ciência contribui para aliviar o sofrimento humano, seja ele material ou de caráter metafísico".*
Muitos religiosos acabam por detestar a ciência porque certos cientistas se apresentam como donos da verdade. Se há ciência não pode haver religião; E onde há religião não há espaço para a ciência.
Marcelo Gleiser conclui de forma magistral: "A conciliação entre ciência e religião só ocorrerá quando ficar claro o papel social de cada uma. Negar uma ou outra é ignorar que o homem é tanto um ser espiritual quanto racional".*
* Folha de São Paulo - Caderno Mais! - São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006.
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