sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O excesso de trabalho segundo Nietzsche leva ao indiferentismo religioso e "educa" para o ateísmo


 


Eu estou lendo Nietzsche, para ser exato, estou lendo Além do Bem e do Mal, quando ele escreveu esse livro já não gozava de plena sanidade mental pois o livro é de 1885, 15 anos de sua morte. Em seu livro ele repete os ataques à Platão e ao cristianismo e a outros sistemas filosóficos, começa a esboçar sua doutrina de vontade de poder que nada mais é do que nos deixar guiarmos por nossos instintos e o cristianismo é inimigos dos instintos, principalmente os ascetas que são inimigos da natureza. Até aqui nada de novo, marquês de Sade foi muito mais genial e inteligente. 


O que me chamou a atenção foi um texto de Nietzsche sobre o trabalho excessivo que brutaliza os seres humanos e essa é a diferença entre as sociedades protestantes que glorificam o trabalho enquanto as sociedades antigas católicas prezam o ócio. Nietzsche escreve  que uma sociedade em que as pessoas trabalham muito elas tendem a abandonar a religião ou ficar indiferentes à elas porque é preciso tempo para rezar, é preciso ócio, passo ao texto de Nietzsche, deixem depois os seus comentários, considerações e reflexões.


Parágrafo 58. "Já se observou o quanto uma autêntica vida religiosa (tanto seu trabalho favorito de auto-análise microscópica quanto essa suave compostura que se chama "oração" , que é uma contínua disposição para a "vinda de Deus" -) requer o ócio ou meio-ócio exterior,  quero dizer, o ócio com boa consciência, de longa data, de sangue,  ao qual não é totalmente estranho ao sentimento aristocrático de que o trabalho desonra - torna a alma e o corpo vulgares? E que,  por consequência, a laboriosidade moderna, barulhenta, consumidora de tempo, orgulhosa de si, estupidamente orgulhosa, mais que qualquer coisa educa  e prepara justamente para a "descrença"? 


NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal, parágrafo 58 página 55, Companhia das letras, 2009