terça-feira, 13 de outubro de 2015

Religiosidade e irreligiosidade e a pedra de toque da SOLIDARIEDADE HUMANA

Fiz opção preferencial pela religiosidade.

Alias como Maine de Biran, Th Jouffroy, V Cousin, Whyndan Lewis, Simone Weil e outros tantos, sou dos que flertam com os Catolicismos (de minha parte com o grego ortodoxo ou ou alto anglicanismo).

A primeira vista parece uma atitude contra revolucionária, reacionária ou conservadora...

No entanto meu 'Catolicismo' não é o da alta corte de Roma, do papado (a menos que se compreenda Leão XIII), do Vaticano ou da cúria romana, amancebada com as casas reais.

Estou mais para o lado dos 'católicos' heterodoxos como um Lammenais, um Gratry, um Doellinger, um Von Keteller, etc

Meu sentido de Catolicismo como o de D Guetté, o de Owerbeck, o de Turmel... procede antes de tudo da alta antiguidade, dos padres e doutores da igreja, da tradição primitiva.

E implica retomada de um programa revolucionário radical que jamais se realizou.

Radical porque não se contenta nem satisfaz com o alterar os meios de produção ou a estrutura material da sociedade, aspirando reformar suas fontes ou seja a própria humanidade. O homem, sua vontade, seu caráter, sua cultura, seu ideário!

O comunismo opera pela via oposta e por isso precisa recorrer a métodos violentos. Não cogita em transformar o homem, mas apenas e tão somente e transformar os meios de produção ou a Sociedade. Como no entanto o homem continua sendo o mesmo deve o comunismo controla-lo por meio da força bruta e impedi-lo de concretizar suas aspirações.

Pois este homem contaminado pelo materialismo economicista liberal outra coisa não aspira que se o lobo do outro homem, oprimindo-o ao máximo em nome do lucro.

Eis uma aspiração, um desejo, um sentimento, uma volição, uma cultura, que o comunismo não pode destruir, pelo simples fato de sua autoridade não se estender para dentro da consciência.

O Catolicismo no entanto é sistema que revindica autoridade sobre as consciências de seus seguidores, exigindo o direito de orienta-las, e consequentemente remodela-las em nome do sagrado!

Apenas ele toda as fontes do homem!

Temos aqui uma solução radical para uma crise radical!

O islã com seu furor totalizante busca determinar os mínimos aspectos externos da vida humana: o leito, o traje, a comida, a bebida, etc

O Catolicismo não se ocupa com tais frioleiras.

Mas aspirar conformar as mentes de seus adeptos com as exigências do bem, da verdade, da justiça, da paz...

Pretende criar um homem novo. Pela afirmação de princípios e valores humanitários!

Lamentavelmente este programa amplamente revolucionário jamais se realizou.

Foi abandonado na medida em que os hipócritas passaram a professar nominalmente a fé e inclusive, a governar certas parcelas da igreja como o ocidente latino.

E ficou cada vez mais obscurecido após o advento do islã e da reforma protestante. Cujos vícios parte da igreja antiga não pode deixar de assimilar.

Parte do que foi realizado no entanto bastou para atrair-se a órbita deste sistema religioso, o qual; em que pese seus erros, aprendi a admirar.

De minha parte sempre tive dificuldade para encarar religiosidade ou irreligiosidade como princípios ou valores significativos em si mesmos.

Em que pese a validade das dissertações metafísicas de Aristóteles sobre a existência de um Supremo Ser, elas são de todo inúteis para produzir sentimentos religiosos ou quaisquer vínculos afetivos entre o homem e ele...

Que produz tais vínculos?

O terror produzido no homem pelas forças da natureza? O sentimento de impotência face a imensidão do Cosmos? A busca de um elemento capaz de unir todos os seres dispersos?

Sou pela última hipótese.

Buscamos por um elemento unificador...

Apenas buscamos por ele.

Aristóteles atraí porque pretende demonstrar racionalmente sua existência.

Pretende demonstrar a existência daquele que é por assim dizer o objeto da religiosidade humana.

Mas não produz religiosidade.

Podemos admitir a existência do Deus dos Filósofos e até odia-lo por mostrar-se distante de nós.

Agora se compreendermos que o Deus dos Filósofos não é o deus dos religiosos judaicos ou muçulmanos; mas consciência presente na matéria ou espírito que anima o universo, podemos chegar a doutrina do Avatar ou da Encarnação, que constitui o fundamento do Catolicismo.

É uma doutrina que intensifica ainda mais a presença do Sagrado no mundo.

Uma vez que por meio dela o Sagrado assume condição idêntica a nossa e manifesta sua vontade.

Se já esta presente no mundo que o impede de ampliar, aprofundar e intensificar sua presença nele?

O deus judeu ou muçulmano permanece separado da humanidade e da criação por um abismo que é o tempo e o espaço. O Deus Católico apenas insere-se no tempo e no espaço assumindo uma condição humana.

Um deus que se limitasse a observar-nos indiferente da platéia me seria por completo indiferente.

Nutriria já certa reverência pelo deus que se encontrasse de algum modo, ainda que sutil e difuso,presente em nosso meio.

Quanto ao Deus que se fizesse homem com os homens partilhando de suas frustrações, dores e sofrimentos; este confesso me atrairia.

Considero a ideia de Deus, ao menos enquanto abstração, magnífica. A da Encarnação de Deus absolutamente genial...

Nem por isto me faria religioso.

Em termos de religiosidade e irreligiosidade tomei por critério o pragmatismo.

Não em sentido meramente formal.

Pois temos que especificar quais sejam os resultados.

E não posso deixar encarar tais resultados senão - mais uma vez - a luz de Aristóteles, das virtudes ou do bem comum.

Dia após dia tenho feito a mim mesmo a seguinte pergunta:

Qual das duas ideologias - a religiosa (sobrenatural e natural = deísmo) ou a irreligiosa (agnosticismo e ateísmo) - tem fomentado mais intensamente a solidariedade humana.

Nem posso conceber este bem comum ou esta solidariedade concreta, senão em termos estruturais ou reais de: orfanatos, escolas, dispensários, hospitais, asilos, etc

Como historiador atrevi-me a pesquisar e a fazer os cálculos.

Em decorrência do que inclinei-me decididamente para o terreno religioso.

A exceção dos comunistas, que como já fizemos observar reproduzem a Ética do Catolicismo, todas as demais correntes materialistas são notórias por seus vínculos com o economicismo liberal e o individualismo crasso até a insensibilidade e indiferença total para com o fenômeno humano.

Tem denunciado demagogicamente os crimes cometidos pelo Catolicismo no século XVI ou XVII, e reproduzido-o tais crimes numa escala muito maior em plenos séculos XIX e XX ou seja após a Grande Revolução e a afirmação dos direitos do homem.

Assim as revoluções liberais apoiadas pela maçonaria, assim o extermínio dos primitivos habitantes dos Estados Unidos, assim o regime de trabalho imposto aos operários durante da Idade de ouro do liberalismo, assim as Revoluções comunistas na URSS e no Kmer Vermelho... TODOS ESTES EVENTOS SUCEDIDOS NOS SÉCULOS XIX E XX, TOMADOS ISOLADAMENTE, assassinaram muito mais pessoas do que a execrada inquisição papista do século XIV ao XVIII!!!

Foram mais de um milhão sacrificados nas revoluções liberais! Dezenas de milhões de indígenas exterminados pelos yankees!!! Outras tantas milhões de vidas encurtadas pela fome e excesso de trabalho na Inglaterra vitoriana!!! Vinte milhões de almas ceifadas pelo nazismo e mais vinte milhões de almas ceifadas pelo comunismo!!! - E ISTO APÓS O DESLUMBRE DAS LUZES E A AURORA DA CIVILIZAÇÃO!!! Mataram sabendo que matavam, negaram direitos sabendo que negavam, torturavam sabendo que cometiam crimes...

Então a que título liberais, comunistas, nazistas, protestantes, etc ousam criticar a igreja romana???

A título de hipocrisia, como os escribas e fariseus!!!

Errou a igreja romana?

Sim errou, errou e merece ser denunciada.

Mas denunciada e acusada por quem jamais reproduziu os mesmos erros...

E não por ideologias que só fizeram agrava-los e que são rés de um número muito maior de assassinatos!

Direis que o erro tem seus fundamentos no sagrado ou na religião?

Há quem o diga?

Então o que o naturalismo materialista, o agnosticismo e o ateísmo construíram?

Como a Igreja tem o Comunismo dois lados e dois lados bem diversos:

Tem um lado nobre, alias legado pela consciência Cristã, que consiste em lutar pela emancipação dos trabalhadores e afirmação da justiça social.

E um lado obscuro - a negação da liberdade e o apelo sistemático a violência - decorrente do materialismo ateu.

Agora que tem a nos oferecer o ateísmo rival?

Darwinismo social é o que nos tem a oferecer!

Materialismo raciocinado e coerente, e expurgado de toda e qualquer influência religiosa tem sua mais rematada expressão no Darwinismo social.

E foi esta simples constatação, mais do que Aristóteles, mais do que Spinoza, mais do que Whitehead, mais do que Basílio Magno... que determinou o fortalecimento da minha religiosidade.

Se temos que aceitar alguma influência da religião ou melhor do Cristianismo Católico não vejo porque não aproximar-se do Catolicismo.

Digo isto porque se o fim da escolástica do materialismo é o darwinismo social sou levado a gritar e a gritar a plenos pulmões que a irreligiosidade falho ou completo em termos de ética e que precisamos retornar a religiosidade!!!

Se fizemos todos esta percurso exaustivo para chegar a Stirner, Nietszche, Molinari, Bastiat, Ain Rand, Haiek, Friedmann, Mises, Rotbarth, etc é forçoso reconhecer que os caminhos do materialismo e da religiosidade são enganosos e que erramos já em nosso ponto de partida. Nem podem o agnosticismo ou o ateísmo proteger-nos de tais monstros pelo simples fato de te-los alimentado como já alimentará Eugênio During, o teórico do Nazismo!

Onde quer que o Catolicismo antigo ou a cultura fecundada por ele entre em declínio e morra, é sempre o mesmo resultado... a afirmação dos elementos da cultura de morte. E não conseguem o ateísmo e materialismo fugir a tais consequências levando adiante os padrões do humanismo, da dignidade da pessoa, da solidariedade, do amor a justiça...

Morre o Cristianismo ancestral e com ele baixam a cova os princípios e valores humanitários e humanistas,a menos que sejam arbitraria, mecânica e externamente impostos por uma organização partidária qualquer.

Afirmam eles que o ideal supremo da liberdade permanece...

A liberdade deles no entanto resume-se no forte exercer domínio sobre o fraco, como o leão exerce domínio sobre a gazela e o lobo sobre o gamo!

Esta liberdade teve o Cristianismo antigo, o mérito imortal de condenar como tirânica e falsa.

Nem se pode conceber verdadeira liberdade sem que haja igualdade...

Nossos darwinistas sociais no entanto tem a liberdade em conta de servidão.

E a justiça em conta de vanilóquio ou logomaquia...

Tal e qual a teólogos sacrílegos da prosperidade os darwinistas sociais tendem a encarar os ricos e poderosos como membros superiores ou bem sucedidos da espécie humana e os dominados como tipos biológicos inferiores destinados a extinção...

Eis o belo monumento com que fomos brindados pela ética irreligiosa ou puramente naturalista (materialista).

A maior tentativa ideológica jamais empreendida com o intuito de justificar o egoísmo, a opressão, a insensibilidade e a crueldade humanas.

Preciso de algum outro motivo para simpatizar com os princípios e valores Católicos?










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