Não tenho nada contras as pessoas religiosas.
Digo as pessoas equilibradas.
Que concedem a fé um determinado espaço em suas vidas.
Que concedem a religiosidade um nicho em suas existências.
Que concedem alguma parte a espiritualidade...
Eu mesmo me confesso, sem maiores problemas como uma pessoa religiosa.
Mas não como uma pessoa fetichista.
Religião é parte ou setor, embora inspire o todo, estabilizado e alimentando valores.
Reconheço sua importância como fundamento ou esteio de uma vida Ética.
Agora quando a religião ocupa todas as esferas da vida não deixando espaço para qualquer outra parte... então começo a desconfiar de que algo esteja muito errado.
Odeio instintivamente, todas as formas de fanatismo, religiosas ou profanas, seculares ou sagradas, numinosas ou não...
Aborreço todos os tipos de sectarismos.
Nem posso compreender como uma só parte da vida possa absorver o todo.
Nem vejo que orientar ou inspirar seja o mesmo que suprimir.
Certas formas religiosas suprimem muitas coisas.
Quiçá com o objetivo de afirmar o próprio poder.
Produzem fanáticos, pessoas totalmente controladas por determinado credo religioso.
Nem seria de nossa conta caso os fanáticos se contentassem com viver seu fanatismo.
E eu não precisaria perder meu tempo escrevendo estas linhas.
O problema é que quase todo fanático aspira controlar ou determinar a vida alheia e este é o ponto nevrálgico do fanatismo!
Nada mais tosco do que intrometer-se na vida do outro e buscar controla-la.
Mas os fiscais do livro ou dos livros não poupam a ninguém.
Todavia, para controlar as vidas dos outros, precisam conhece-las.
Especialmente no que diz respeito a orientação religiosa alheia. Que é o foco de todo fanático.
Conhece-se o fanático pelo gosto que tem por discussões religiosas.
Não, não sou daqueles ingênuos que pensam que esporte (dizem futebol), política e religião não se discutem, pelo contrário julgo que tudo, absolutamente tudo deva ser discutido. É pressuposto democrático por sinal!!!
"Da discussão é que nasce a luz!"
Precisamos discutir esporte, política e também religião; mas não com qualquer pessoa, em qualquer local e de qualquer modo.
Discutir sobre algo tão significativo quanto religião supõem antes de tudo laços de afeto ou confiança e em segundo lugar civilidade.
Não é algo que se discuta com o primeiro abelhudo e cara-de-pau que apareça, á moda das lavadeiras i é apontando para a roupa suja. Não é coisa que se faça em público - nas ruas, praças, ônibus, etc - aos berros. Não é coisa que se faça duelando com trechos da Torá ou do Corão.
Dialogar em torno da religiosidade não pode comportar vulgaridade e grosseria.
Não poder ser feito por exemplo com um estranho cujo grau de instrução e os sentimentos desconheçamos. Supõem sempre compreensão mútua, cortesia, polidez... confiança e afetividade como já disse. Assim não é coisa que se possa fazer de improviso. Nem seria sério...
No entanto é justamente este tipo de discussão opressora ou melhor de ataque as crenças, de provocação; que norteia a ação do fanático.
Seu complexo de messias ou ânsia de salvar a todos do erro - ainda que autoritariamente - é tanta, que mal conhece alguém e já começa a intrometer-se em assuntos de natureza religiosa.
Podeis ter plena certeza de estar diante de um fanático religioso, se em menos de cinco minutos ouvir a pergunta:
--- Qual é a sua religião???
Lamentavelmente não poucas pessoas, por educação, acabam respondendo ao inquérito do fanático e descrevendo suas crenças...
Apenas para serem profanadas, como as tais pérolas lançadas aos porcos!
Afinal o fanático não tem respeito por pessoa alguma e para ele toda crença oposta a sua é de origem diabólica ou infernal.
Basta você determinar suas crenças para o 'salvador' principiar a ataca-las. Não é diálogo que ele busca, tudo quanto espera é impor sua doutrinação e atrai-lo para sua seita de 'salvos'.
Para tanto armazena toneladas de versículos Bíblicos ou aiats do Corão e principia a bombardear todas as outras crenças, e se não se põem fim a este dilúvio de citações, as horas vão passando, e ele não se toca...
Importa persuadir ou converter o adversário. Pois enquanto você não aderir as crenças acalentadas por ele será sempre um adversário, opositor, inimigo, herético, sacrílego ou possesso...
No fundo todo fanático é uma pessoa insegura.
Caso cresce de fato em sua seita sequer se importaria com a opinião alheia.
Quem esta seguro em suas crenças não precisa provar nada, exceto é claro por meio de sua conduta ou de suas obras.
Quando aos outros ele não tem necessidade absoluta de converte-los a sua fé.
Claro que aspira por anuncia-la e assim beneficiar aos demais.
Este anúncio no entanto é feito antes de mais nada entre os familiares, amigos e colegas, de maneira civilizada e nas circunstâncias adequadas. Especialmente com já foi dito por meio da atitude pessoal, em seguida por meio da conversação respeitosa e amena em termos racionais.
Agora se o outro insiste em manter sua fé, nosso homem não se sente nem um pouco afetado.
Ele não depende da adesão alheia para crer ou continuar crendo.
Assim o homem seguro de suas crenças não manifesta esta compulsão proselitista típica do fanático, característica do sectário...
O anúncio que faz de seu deus ou de suas crenças esta inserido na vida como algo que brota do coração em forma de ações virtuosas e não algo que brota superficialmente dos lábios na forma de discurso.
Não é com citações que ele influência seu círculo social mas com ações...
O fanático no entanto busca converter as pessoas por meio de dissertações teóricas intermináveis e o fim disto é eliminar suas próprias dúvidas.
Não internamente, inconscientemente ele não esta seguro de suas crenças e por isso precisa buscar apoio na atitude das multidões.
Diante de um deles, caso você deseje manter sua paz de espírito, sua jovialidade e sobretudo uma pressão arterial equilibrada, evite a discussão cortando o mal pela raiz.
Sobretudo demonstre firmeza de caráter porque os fanáticos, dominadores como são, sabem tirar grande proveito das pessoas mais tímidas ou irresolutas buscando controla-las.
Portanto jamais abaixe a cabeça ou os olhos diante de um deles. Tampouco fale baixo ou permita que sua voz trema.
Conte internamente até dez. Mantenha a serenidade e com toda a calma deste mundo, mantendo a cabeça erguida e olhando para ele responda:
--- Não me ele a mal amigo, mas as minhas crenças (ou a minha religião) são um assunto de caráter pessoal que só dizem respeito a mim mesmo.
Geralmente é o quanto bastará para calar o interlocutor ou faze-lo mudar de assunto.
No entanto caso ele ouse insistir, atalhe e responda:
--- Penso que não compreendeu o que disse. Acabei de dizer que não estou disposto a abordar este tipo de assunto neste lugar com o senhor, portanto não seja indelicado.
Se ainda assim nosso homem (ou mulher) insistir, peça licença (com sua licença) vire de costas e deixe-o falando sozinho...
Ignorando qual seja sua orientação religiosa ele não terá como ataca-la, do que resultaria uma réplica amarga e um discussão em termos agressivos.
Não se esqueça de que tudo quanto o fanático deseja é molesta-lo ou incomoda-lo caso não consiga converte-lo! Evite esta mortificação recusando-se a discutir o assunto com ele ou abstendo-se de declarar sua fé seja ela qual for.
Quanto mais puder gritar, berrar, encenar, etc melhor se sentirá. Se puder apresentar-se como vítima ou como perseguido será um prato cheio ou fina iguaria para ele.
É tipo de pessoa azeda que aprecie discutir por discutir...
É gente que - levada pela baixa estima - aspira ser o foco das atenções, o centro das discussões, o astro do espetáculo...
Portanto não lhe de atenção, não lhe de confiança, não lhe dê entrada; ignore-o, evite-o, deixe-o falando sozinho, afaste-se!
Uma coisa é absolutamente certa: você jamais terá chances de vencer um contraditor fanático. Será tempo perdido discutir pois você será sempre incapaz de convence-lo e ele incapaz de persuadir-te.
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