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terça-feira, 23 de maio de 2017

Observações sobre um Artigo - Apreciação sobre o artigo a respeito de T S Eliot publicado no Blog "Arcana coelestia universalia"


Resultado de imagem para T S Eliot


Ao contrário do articulista amigo - do 'Arcana coelestia...' - nós não apreciamos o estro poético de T S Eliot. Nossos canones, sendo clássicos, são mais rígidos.

Nos domínios da arte ou da estética, oh céus eternos, estamos de acordo com Hitler.

Personagem com que não estamos de acordo em qualquer outro domínio.

Em termos de poesia brasileira subscrevemos o Credo ou 'Símbolo' de Bilac. 

E de pronto concordamos com a apreciação de nosso doutro interlocutor: Ser revolucionário num plano não significa - Exceto para alguns revolucionários místicos ou metafísicos, sejam anarquistas ou comunistas - ser revolucionário em todos os setores da atividade ou da existência humana. Assim ser reacionário num ponto não significa se-lo de modo geral.

Sou reacionário (Não conservador porque a estética atual é predominantemente moderna ou pós moderna) quando a estética, e assim quanto a arte, a literatura, a poesia, etc E absolutamente adepto do formalismo estético... Objetivista/realista, não subjetivista ou psicologista.

Por outro lado quanto ao que chamam de moral (Práticas costumeiras ou costumes - Não confundam com a Ética, i é princípios e valores, domínio em que represento o essencialismo/objetivismo socrático) sou absolutamente Revolucionário (Ao menos quanto a apreciação predominante, profana, vulgar ou popular) quando na verdade, sou profundamente reacionário na medida em que meus referências estão postos na cultura clássica (Greco romana) e jamais no judaísmo.

Como os antigos pagãos sou infenso a qualquer tipo de controle externo, individual ou social, a respeito do quanto seja prioritariamente humano; assim a alimentação, o vestuário, a sexualidade, o gosto musical, etc Neste sentido sou personalista, atribuindo tais decisões ou opções a pessoa ou a esfera do privado e de modo algum a esfera comum do político.

Nem mesmo a assembléia dos cidadãos livres ou a Pólis tem o direito de invadir o setor pessoal ou provado de existência e legislar sobre ele -

Toda e qualquer tentativa no sentido contrário parte da mentalidade teocrática dos antigos sêmitas.

Alias como Cristão Católico - E portanto pautado não numa 'Bíblia' ou na cultura judaica, mas apenas e não somente no Evangelho ou nas palavras do Verno Encarnado Jesus Cristo - sinto-me perfeitamente livre para defender este ponto de vista. Pelo simples fato de Jesus jamais ter fixado leis, normas ou regulamentos de caráter dietético, sexual, musical, etc E ter sido suplicado e morto por pessoas que cultivavam este ponto de vista: Os fariseus. Estes sim cultivavam uma religião puramente externa, cujo objetivo era oprimir o ser humano, destituindo-lhe de sua liberdade pessoal.

Seja como for sou 'Revolucionário' quanto a moral, e certamente quanto a política (Na medida em que não encaro a democracia representativa como o fim da História ou um tabu, mas como mero estádio ou passagem para um modelo mais eficiente, a democracia direta segundo o modelo da Pólis grega), e ainda quanto a organização social, na medida em que oponho ao sistema vigente, o capitalismo.

Certamente sou anti conservador se se pretende conservar o que temos atualmente em 2017: Moralismo/puritanismo, democracia representativa, capitalismo, etc No máximo podemos tolerar a contragosto tais instituições, jamais aceita-las.

Sou assim revolucionário/reacionário.

Expressão antitética ou contraditória?

Não caso atribuamos a expressão Revolucionário, o sentido de querer DESTRUIR o que temos hoje e de substitui-lo por qualquer outra coisa. O que temos em 2017 e desde alguns séculos, não merece ser conservado.

Não caso consideremos que ao contrário dos anarquistas e parte dos comunistas, não aspiro substituir o que temos hoje por algo completamente novo e desconhecido, como se aqueles que tivessem vivido antes jamais tivessem existido ou pensado. Desejo substituir o que existe hoje por entidades que já existiram, colocando meus referenciais no passado (Daí o sentido reacionário) já na antiguidade clássica (Quanto a moral 'imoral', já quanto a Ética essencialista, já quanto ao ideal da policracia), já na antiguidade Cristã (Quanto a org social justicionista/socialista), já na Idade Média (Enquanto teologia escolástica), etc

Neste sentido sou revolucionário - reacionário, de um modo ou de outro sempre anti conservador.

Todos somos a um tempo progressivos e regressivos... Pois muitas vezes progredir é regredir, no sentido de que as vezes progredir social ou eticamente poderá ser regredir temporalmente e reassumir um modelo vigente no passado.

Por isso já me adianto e declaro encarar a psicanalise e sobretudo a obra freudiana de modo geral (E não os abusos e distorções de que tem sido alvo sistemático) como essencialmente positiva, humanista e civilizatória. Não que seja freudiano no sentido ortodoxo ou estanque (Só sou ortodoxo quanto a religião porque divina e revelada, quanto ao mais 'assistemático' e heterodoxo), mas sim no sentido lato que considera e acolhe as contribuições de Reich, Jung, Rank, Stekwel, Adler, Kleine, Horney, etc Sem nem por isto desprezar as de um Skinner e menos ainda as de um Kohler, de um Kofka ou mesmo as críticas atrabiliárias de um Eysenk. 

Quanto ao 'materialismo' marxista, evidentemente que o materialismo é, sob quaisquer pretextos inaceitável e indefensável. Compreendido como metafísica fechada ou como sistema ortodoxo o marxismo - Em que pesem suas decantadas petições de cientificidade (Alias tomadas ao velho positivismo) - é pífio. Quanto projeção do futuro, quanto a seu objeto e sua linha de ação, há que se dar razão ao liberal K Popper, o marxismo nada tem de científico. O que para os positivistas cientificistas equivale a uma condenação a morte... Não para nós, pois o marxismo pode conter além de uma parcela objetiva e científica, um forte sentido ético (Alias tomado ao Cristianismo Católico).

Quanto a parcela objetiva e científica, apontamos a análise da estrutura do Capitalismo, o qual define-se a si mesmo como naturalista e na prática como materialista. Qualquer outro tipo de análise imaterial ou psicológica e portanto mais aprofundada do fenômeno capitalista, seria considerada inviável pelos positivistas e rechaçada por eles. O naturalismo é algo que já esta ali presente no capitalismo e no positivismo e que é legado a Marx e a seus colaboradores. De certo modo tinha ele de adequar-se a este clima mesquinho e reducionista até oferecer-lhe uma análise até certo ponto aceitável.

De modo que se compreendemos o capitalismo como entidade materialista, a análise materialista de Marx, em que pese sua superficialidade e limitação (É sem dúvida uma análise parcial) não deixa de ter certo valor. Aqui o materialismo é usado como simples ferramenta metodológica, como o ceticismo havia sido usado pelo grande Católico Descartes, jamais assumido em seu sentido absoluto ou metafísico. Ainda hoje, num cenário que não se desprendeu por completo do positivismo com seu materialismo não marxista, a análise marxista não deixa de ser interessante ou produtiva, cabendo no entanto ao pensador realista ou Católico aprofunda-la examinando as fontes da personalidade (Freud) e da cultura (Weber).

Há portanto que se repudiar o materialismo metafisico do marxismo, mas não a colaboração marxista ou a contribuição dos marxismos heterodoxos (Aqui Tragtenberg) para a compreensão de tão complexo problema quanto o capitalismo e sua gênese formativa.

Quanto a Nietzsche temos uma compreensão mais aproximada.

Quero ressaltar no entanto que não faltava razão ao iconoclasta alemão para fulminar o moralismo pseudo Cristão e conformista tomado por Paulo aos rabinos estúpidos. A moral maniqueísta ou farisaica nada tem de Cristã, é no máximo paulinista (Cf Benthan "Yes Jesus, not Paul") e neste sentido contra revolucionária por opor-se a grande revolução moral e ética posta em movimento pelo Verbo divino e pelos santos Evangelhos.

Por outro lado não temos como deixar de concordar quanto ao papel negativo exercido por este pensador na medida em que denuncia igualmente o socratismo - Repudiando a doutrina do essencialismo/objetivismo ético - e apresenta cada individuo como lei suprema para si mesmo, lançando as bases do atual relativismo, um dos fatores responsável pela crise porque passamos no momento presente. Ademais o pensador de Silz Marei também é cético e o ceticismo outro fator responsável pela agonia da civilização.

Como sistema ou corrente, o nietzschismo representa, sem sombra de dúvida um componente bastante sinistro. Aqui estamos de acordo com T S Eliot. Caso analisemos a relação custo benefício não sei até que ponto as opiniões do bigodudo produziram mais males do que vantagens.

Impossível discordar do autor das 'Notas' quanto a crise de civilização porque passamos devido ao abandono daquilo que há de essencial e perene na Civilização e que nos foi legado já pelos antigos gregos, já pelo Catolicismo. Assim as noções de liberdade, justiça, caridade; bem como a sacralidade da vida humana. Mas também o conceito de verdade e beleza em termos objetivos ou essenciais.

A percepção da crise é comum a diversos pensadores, assim: Bloy, Ferrero, Belloc, Whyndan Lewis, Barres, Huizinga, Toynbee, Crocce, Christopher Dawson, Butterfield, Sciacca, Jollivet, etc

E a ideia de que a crise é antes de tudo cultural ou ideal em termos de certos princípios, de essencialidade, realidade, objetividade, ética, etc prevalece.

O materialismo metafísico implica mutilação do ser, ateísmo, relativismo e ceticismo um mergulho no nada absoluto. Evidentemente que a civilização não pode suportar-se sobre o vácuo...

Construída sobre realidades essenciais como o Bem, a Verdade e a Beleza, despojada de seus fundamentos ontológicos ou metafísicos a civilização tende a desabar fragosamente.

As relações em termos de natureza e produção material tendem a fragmenta-la cada vez mais e fomentar conflitos até a pulverização. Os homens e sociedades não devem esperar qualquer união a partir de estruturas econômicas ou da satisfação individual.

Embora, as vezes, tenhamos de considerar o pragmatismo ou cultivar um sentido prático da realidade, nem por isto podemos tomar este critério - Como queiram Mill e Bentham - por fundamento do edifício ético ou por seu fundamento mais remoto, de modo que exclua princípios e valores estáveis, objetivos e essenciais. Tal posicionamento conduz necessariamente ao relativismo, ao individualismo e por fim ao conflito de interesses e a guerra de todos contra todos.

Se cada homem é lei absoluta e superior para si mesmo nada resta de comum entre os homens. Leis se chocam contra leis e cada qual visa impor-se como lei suprema...

E por ai se chega ao inferno de Hobbes.

Não aprecio nem um pouco a palavra ascese, embora saiba que os poetas inclinem-se ao recurso da licença. Remete-me sempre a algo essencialmente semita, como mortificação do corpo, jejuns, etc e portanto ao veneno maniqueísta. Optaria por declarar que o homem precisa recuperar seu sentido ou sua dimensão espiritual, resgatando assim sua integralidade e fugindo a mutilação do ser.

O homem certamente acha-se vazio e entediado, atormentado pela angústia do nada que criou... Por isso precisa reconciliar-se com a transcendência, não no entanto com a transcendência descarnada e absoluta do judaísmo, do islã ou do protestantismo mas com a transcendência encarnada - e reconciliada com a imanência - do Catolicismo.

Em sentido diverso (enquanto base para uma espiritualidade autentica e intensa) temos de repetir com o velho Guizot: O mundo precisa de Catolicismo, de mais Catolicismo. E num momento em que a crise atingiu o próprio Catolicismo (o romano) fazendo-o abandonar a si mesmo! Implica dizer que o remédio esta em falta e que precisamos recuperar a fórmula e tornar a produzi-lo.

Precisamos tornar a fabricar a vacina e salvar o catolicismo em suma plenitude (inclusive litúrgica), purificando-o dos elementos protestantes, para salvar a civilização.

Talvez seja melhor buscar a solução noutro setor do Catolicismo como a Ortodoxia. No entanto ela também tem seus problemas como o palamismo que o 'agostinianismo' do oriente; TAIS AS DUAS CABEÇAS DO NEO PLATONISMO - Em Agostinho, em Palamas, em Zwinglio damos sempre com o mesmo veneno neo platônico, cujo fim a diluir o sentido da Encarnação até obscurece-lo por completo e converter o catolicismo numa seita judaizante ou saída de escape para o islã, o que já aconteceu com o protestantismo em especial sob a forma pentecostal.

Quanto a posição medievalista do autor, discordo marcadamente dela.

Há na Idade Média muita coisa de nobre, boa e excelente, particularmente quando a comparamos com o período subsequente, da modernidade, ao menos em parte envenenada pelo sentido protestante.

No  entanto do nosso ponto de vista ela mesma implica um afastamento o legítimo ideal Católico e um princípio de corrupção.

Assim o tribunal de inquisição, assim a ideia de ordens religiosas militares (Nada temos contra as Cruzadas, pelo contrário encara-mo-las como algo essencialmente positivo, ressaltando no entanto que os guerreiros devam ser sempre leigos jamais clérigos porque as sagradas Constituições Apostólicas, lei irrevogável da igreja, vedam aos clérigos a posse de armas), o apego supersticioso a monarquia (Tomado aos livros dos judeus), a ideia de um poder temporal atribuído aos clérigos (Aos quais cabe exclusivamente o poder espiritual e a autoridade ética, que é muito superior) e ao papa de roma, etc

Tais elementos para nós nada tem de Católicos mas de anti Católicos.

Nada no entanto se compara, nem mesmo de longe, a ideologia Agostiniana, a respeito da graça, enquanto negação do livre arbítrio. Da qual resultaram inúmeros conflitos teológicos desonrosos para a igreja latina: Agostino X Juliano de Aeclanum, Fulgêncio de Ruspa X Fausto de Riez, Próspero de Aquitânia X Vicente de Lerins, Gotheschalk X Himcmar de Reims, Bernardo de Clairvoux X Pedro Lombardo, Wicliff X Walden, Huss X Gerson e Pedro de Ailly... Até a afirmação do protestantismo que é a 'igreja' agostiniana por excelência e que canonizou-lhe e desenvolveu-lhe os princípios por meio de Lutero e Calvino. Isto sem falar nos Jansenistas, que eram romanistas agostinianos post tridentinos, e que também vieram a formar uma seita na Holanda.

Por estes e outros motivos tomamos por modelo de Igreja e Sociedade Cristãs a Era dos Padres, ou seja, o século IV desta Era, e de modo mais lato a porção oriental da Cristandade nos séculos subsequentes (V a X) i é o Império Bizantino, organização social muito pouco estudada e compreendida no Ocidente ainda hoje.

Em que pese os desenvolvimentos teológicos e mesmo filosóficos, relacionados com a Escolástica latina - Que tanto estimamos - num contexto mais geral e social, nossa preferencia decidida é pelo século IV a idade dos Padres ou da Patrística. Nada semelhante ou superior a Era dos grandes Bispos Ortodoxos como Atanásio, Hilário, Gregório de Nissa, Basílio, Teodoro, Crisóstomo, Ambrório, etc Os homens mais nobres e excelentes de que se tem notícia após a Atenas de Sócrates, Platão e Aristóteles. 
Quanto a possibilidade de reconstruir tais estruturas 'in totum', evidente que nada se reconstrói 'in totum' após a História ter feito seu giro e percurso. Concordo portanto com a ideia segundo a qual temos de restituir antes de tudo o Espírito, a consciência e a cultura, para em seguida tomar o que temos e adapta-lo até onde possível for, fazendo com que o espírito restaure e reforma as estruturas conformando-as com um ideal de Ética.

Neste sentido discordamos quanto a apreciação do socialismo fabiano, o qual encaramos como um retorno positivo a nossas raízes e ideal pretérito, em oposição aos avanços materialistas do liberalismo econômico.

A bem da verdade encaramos todos os socialismos materialistas como solução de improviso. Reconhecemos a precariedade não só de tudo quanto não esteja fundamentado nos conceitos de Deus e Imortalidade, como avançamos julgando precário tudo quanto prescinda do Evangelho e não seja inspirado por ele. De fato a base mais excelente para a justiça social e o bem comum só pode ser a fé Católica.

Nem por isso desprezamos, menosprezamos ou condenamos os esforços de tantos quantos, ainda que equivocadamente, abracem a causa da justiça social ou do trabalhismo. Sempre que há esforço sincero para identificar-se com o outro detectamos um valor.

Sobretudo quando a própria igreja ou parte dela, tendo mergulhado num comodismo já solifideista, já místico e sempre neo platônico, ainda não realizou sua tarefa social, fazendo com que a Cidade de Deus se realize e encarne neste mundo por meio da virtude. Uma vez que a Igreja, ainda não cumpriu com sua função social que é demolir implacavelmente o materialismo economicista, representado sobretudo e antes de tudo pelo capitalismo, não me sinto no direito de condenar os esforços materialistas e naturalistas neste sentido.

Creio porém que apenas o Catolicismo com sua força e poder espiritual será bem sucedido quanto a este fim.

Por isso que o Catolicismo precisa voltar-se para sua doutrina social, estuda-la, conhece-la, estima-la e mais ainda para o estudo dos grandes padres da Igreja com sua proposta social fundamentada numa Ética intransigente e cujas raízes mergulham na eternidade.

Quanto a imensa fealdade do Capitalismo, sua banalidade, sua vulgaridade... Quanto ao ter profanado a natureza, poluído o mundo, exterminado a beleza, produzido o desencanto... Quanto a abusar da fé, manipular a religiosidade, brincar com a ignorância, semear a miséria... Quanto a produzir angústia no mais alto grau, alimentar o desespero, encaminha a loucura... Quanto a ser sumamente detestável e odioso... Nós e os autores acima citados, estamos todos de acordo, e nem poderia ser doutra forma se somos Católicos honestos e conscientes.

Não apenas o Comunismo é pecado pecado maior é o pecado ancestral do Capitalismo, mormente se o compreendemos, não como a estrutura material definida por Marx ou como relações formais de produção, mas segundo a definição magistral de W Sombart ou seja como 'geist' como espírito, como forma de consciência, como AVAREZA.

Certamente Capitalismo - espiritualmente compreendido - é o grande pecado, o pecado supremo e nosso pecado original!

Fica a pergunta - Acompanharemos o nobre sociólogo e pensador em seu pessimismo face a possibilidade de recuperação desta Sociedade enferma e da restituição do espírito em termos de fé ancestral???

Decididamente não o acompanho, tenho firme fé e esperança.

Seja como for a restauração não se dará via a qualquer entente cordial, ecumênica, heterogênea, sincrética... de cariz Político/ Econômico...

Admitido conteúdos culturais do judaismo antigo, do islamismo, do neo platonismo e sobretudo do protestantismo essa mixórdia degenerará infalivelmente.

Apenas o Catolicismo restaurado e reposto em suas bases originais e patrísticas, e tradicionais dos primeiros séculos. Apenas um Catolicismo cem por cento coerente e consciente... Apenas aquele Catolicismo integral que serviu de base a civilização poderá salva-la; pois continha uma proposta social concreta para o mundo, proposta que ele mesmo deve resgatar. Do contrário nossa civilização continuará a esboroar-se e a converter-se em pó...






segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Progressistas, conservadores e reacionários - três pautas distintas

Para a maior parte do público brasileiro conservadorismo e reacionarismo são uma e mesma coisa face ao progressivismo.

Este pequeno ensaio tem por fim por os pingos nos is ou distinguir uma coisa da outra, demonstrando que entre conservadorismo e reacionarismo vai uma grande distância.

Para tanto principiemos a maneira de Mestre Sócrates, ou seja, pelas definições:

  • Progressismo ou progressivismo: doutrina segundo a qual a sociedade do futuro deve ser criada ou reinventada partindo do zero ou mantendo muito pouco do quanto já exista, sendo mais ou menos 'velho'. Encara com suma suspeição tudo quanto seja antigo, tendendo ao iconoclasmo ou a eliminação sistemática de tudo quanto seja tradicional. Toda uma mística é construída em torno do novo ou das novidades. Suspeita tanto da fórmula resgatar ou restaurar quanto da conservar. Podemos de algum modo relaciona-la com futuro ou futurismo.
  • Conservadorismo: doutrina segundo a qual a Sociedade Ocidental do tempo presente - constituída em torno das formas capitalistas de produção, da democracia meramente formal e do cientificismo - deva ser mantida ou conservada exatamente como é, pelo simples fato de corresponder a forma mais próxima da perfeição. Podemos de alguma maneira defini-la como um presentismo. 
  • Reacionarismo: O reacionarismo idealista, ingênuo ou romântico pretende restaurar as estruturas sociais do passado nos mínimos detalhes, tais quais eram. Pessoa alguma que tenha estudado a História em termos evolutivos seria capaz de endossar semelhante crença. As Sociedades fazem seus caminhos e fazendo seus caminhos ou percorrendo seus trajetos incorporam outros princípios ou valores formulando novas sínteses. Como dizia Berdiaeff, um retorno integral ao passado é sempre impossível e absurdo. Assim os reacionários críticos, tal como os progressistas reconhecem a crise do tempo presente e aspiram por demolir - e com não menos fúria - certas estruturas constituintes da sociedade do tempo presente. Seus, olhos no entanto (sem que desprezem totalmente o novo) estão voltadas para a riqueza experiencial do passado e estão persuadidos de que um reaproveitamento ou uma reciclagem de valores, um resgate ou uma restauração não só é perfeitamente possível como necessário. Trata-se portanto de reintegrar certos princípios e valores a sociedade do tempo presente visando reformula-la.

    Assim aqueles homens que se depararam com as ruínas dos antigos templos pagãos, como o de Diana ou o de Juno moneta, tomaram parte daquelas pedras, colunas, esculturas, lages, etc e com as mesmas pedras ou elementos produziram novas estruturas quais fossem igrejas, muralhas, palácios, residências... a forma escolhida foi distinta, eles não puderam nem quiseram reproduzir as formas antigas, mas os elementos empregados, devido a qualidade ou valor, foram os mesmos. Assim os reacionários críticos acreditam que podem mudar, alterar esta sociedade e produzir algo de novo a partir do antigo, ou de elementos que fazem parte da cultura ancestral. Neste sentido a plataforma do reacionarismo esta mais próxima da plataforma progressista do que da plataforma conservadora. De fato muito pouco da Sociedade do tempo presente, em termos de cultura dominante, ou de americanismo, merece ser conservado e podemos sem deixar de ser reacionários proclamar a necessidade de uma demolição mais ou menos radical. 
          Nossa divergência face aos imperativos do progressismo esta mais relacionada com o que se 
          deve fazer após a demolição e limpeza, do que com qualquer outra coisa. É a respeito da recons
          trução ou do futuro que divergimos e não do presente.



          Importa saber que os conservadores, relacionados com o mundo do capital, buscam desmoralizar ambas as frentes inimigas, a reacionária e a conservadora, empregando os mesmos meios ou as mesmas estratégias imorais. Grosso modo todo liberal é perito em publicas e denunciar os vícios do Comunismo, do Anarquismo e dos Catolicismos, e em ocultar seus próprios vícios e crimes.

          Assim sua linguagem conhece certas senhas ou lugares comuns quais sejam: absolutismo, inquisição, ignorância, miséria, expurgos, censura, partido... No entanto com quanto esforço e sacrifício seus teóricos contratados buscam desvincular as duas grandes guerras mundiais, com o saldo de quase cem milhões de mortos, da dinâmica imposta pelo mercado. Das matérias primas, dos consumidores... e precisam de fato fazer muita ginástica mental para mistificar em torno de algo tão claro ou manifesto quanto as fontes ou raízes financeiras de ambos os conflitos.

          Outro empenho dos paladinos e advogados da 'ordem' liberal consiste em ocultar, disfarçar ou esconder as desastrosas consequências sociais criadas pela adoção da plataforma liberal na Inglaterra vitoriana e bastante divulgadas no tal 'Livro negro do capitalismo', obra em que os fatos sobejam e as máscaras caem.

          Excepcionalmente bem pagos, os apologistas do liberalismo canalha procedem como certos promotores da 'causa dos santos' em Roma, escondendo todos os crimes, males ou vícios do cliente e atribuindo-lhe toda casta imaginável de bens. Para eles a Revolução francesa não cometeu excessos! Agora se cometeu-os foram os proto socialistas, com certeza! Nem houveram carbonários e outros revolucionários - todos liberais - tão sanhudos quanto nossos comunistas! E se o liberalismo jamais fez correr sangue aos borbotões é porque jamais teria matado alguém... como se não houvessem outras tantas formas sutis de abreviar a vida humana descritas com absoluta propriedade por M Nordau...

          Ainda aqui podemos estabelecer um paralelo entre o Cristianismo e as ideologias que o sucederam: Pois enquanto as igrejas romana e anglicana reconhecem os crimes do passado e pedem perdão a pobre humanidade... as seitas protestantes de modo geral, seguem negando seus crimes, 'protestando' inocência e alegando estar sofrendo perseguição por parte do diabo, do mundo, do inferno... ou seja tem o desplante de apresentarem-se como vítimas! Da mesma forma enquanto os comunistas e monárquicos principiam a reconhecer os abusos, excessos e crimes, dispondo-se talvez a pedir perdão, os liberais com a presumida arrogância de sempre continuam a apresentar o liberalismo como santo, imaculado, impecável e responsável por tudo quanto haja de bom na sociedade contemporânea.

         Eis o motivo porque os justos e os amantes da virtude vão se concentrando nos pólos do progressivismo ou do reacionarismo por terem se desesperado de conciliar os imperativos da ética e da justiça com os desmandos do Mercado. Separados pela visão do futuro, tendo em vista o que fazer, reacionários e progressistas parecem comungar em maior ou menor intensidade do mesmo sentido ético e imaterial, e transcendente, de justiça. Não eles não se contentam em ter aquilo que é ou lhes é dado, mas ousam cogitar no vir a ser ou no como deve ser, ou num ideal de virtude a ser concretizado.

        É todo um não conformar-se ou acomodar-se com o presente estado em que se acha o mundo ou a sociedade, um resistir um questionar. Uma recusa obstinada em conservar e manter aquilo que encaram como precário ou defeituoso. Uma reconhecida necessidade de mudar. As fontes podem ser distintas mas a aspiração idêntica.

        Por paradoxal que possa parecer a alguns progressivismo e reacionarismo estão mais próximos um do outro do que do conservadorismo. Pois quem deseja mudar é porque sente algum tipo de mal estar, enquanto aquele que deseja conservar nada sente, nada percebe, nada vê; enfim é um cego!

sábado, 26 de setembro de 2015

Nem reacionarismo nem iconoclasmo mas dialética e integração!

São as Revoluções de modo geral ferozmente iconoclásticas, encarando como nefasto tudo quanto esteja relacionado com o passado ou seja antigo. Talvez por isto contem com o apoio decidido de parte da juventude. Não de sua totalidade pois existe quase sempre um núcleo mais ou menos amplo de jovens reacionários, a par de um pequeno grupo de idosos revolucionário. Pelo que não se trata duma realidade simples mas bastante complexa!

Já as contra revoluções são essencialmente reacionárias, tendendo ao extremo oposto, ou seja, a encarar o novo como sinônimo de mau. E aspirando por a sociedade descarrilhada nos velhos trilhos!

Não poucos ainda hoje partilham do delírio revolucionário, inaugurado pelos jacobinos em 89. Assim os comunistas e grande parte dos anarquistas. Para uns e outros é a tal revolução uma espécie de panaceia destinada a extinguir todas as mazelas que afligem a pobre humanidade.

Nem por isso a arqueologia ideológica das Revoluções deixa de ser interessante. De fato o revolucionarismo surge inconsciente - apenas enquanto método violento e não como via de transformação social - com a reforma protestante, adquire certo grau de consciência com a Revolução inglesa, até tornar-se plenamente consciente em 89; a partir daí assume o caráter místico a que nos referimos e torna-se parte essencial de todos os credos iconoclásticos.

A par dos revolucionarismos outrora dominantes, temos hoje os revolucionarismos invertidos ou reacionarismos. Os quais buscam reproduzir um estádio histórico já superado ou restaurar nos mínimos detalhes as estruturas sociais já desgastadas. O método no entanto é sempre o mesmo: o golpe ou a violência. Ademais os reacionarismos do tempo presente, como o fascismo e o nazismo são tão anti humanos quanto os revolucionarismos e tributários da mesma cultura de morte.

Nem uns nem outros lograram compreender a dinâmica das sociedades e o processo histórico.

Os revolucionários por encararem as Revoluções como um começo ou ponto de partida, quando são na verdade o ponto final de uma civilização ou o colapso de uma cultura. De fato as revoluções são para o organismo social o que a decomposição é para um corpo morto. Quando o espírito ou a ideologia que inspirou a composição de uma dada sociedade deixa de existir, a estrutura social se desfaz juntamente com ele.

Assim, se por um lado não podemos aplaudir as Revoluções ou entusiasmar-nos por elas; também não podemos cogitar em evita-las e muito menos sataniza-las mas buscar compreender suas causas. Na maior parte das vezes são as Revoluções inevitáveis. Pois correspondem quase sempre a uma necessidade imposta pelo processo histórico. Para a maior parte dos teóricos sequer é possível humaniza-las ou suaviza-las; pois é da natureza das Revoluções fugir ao controle ou a um planejamento racional.

É uma fermentação que não pode ser contida.

Até que os excessos e abusos tenham sido purgados.

Caso alguém aspire por atalhar uma Revolução deverá atuar a longo prazo buscando sanear o corpo social, identificar suas patologias e preceituar-lhes os remédios que melhor convém. Neste sentido podemos dizer que as reformas sociais são os únicos medicamentos capazes de, a longo prazo, barrar uma Revolução. Impedir que o corpo social adoeça ou em caso de doença propiciar-lhe a melhor das terapias é o caminho mais acertado.

Implica admitir que alterações e mudanças devem ser institucionalmente viabilizadas. Na maioria das vezes é o conservadorismo beócio matriz de todas as Revoluções e aqueles que gostam de repetir que tudo esta bem são seus verdadeiros patrocinadores. Manter a todo custo uma ordem meramente formal  ou uma desordem institucionalizada e isenta de ética é alimentar o sentido da Revolução.

No entanto, é vezo do reacionarismo cego imaginar a revolução como capricho arbitrário da vontade humana ou algo produzido por forçar individuais. O máximo que o carisma pessoal é capaz de fazer, é reconhecer os 'sinais dos tempos' e evocar o espírito da Revolução. A Revolução só ocorrerá de fato se o discurso emitido por ele encontrar consonância no corpo social, então obterá apoio e a Revolução será feita. Não pode a pessoa ser bem sucedida em seus apelos revolucionários caso as devidas condições sociais estejam ausentes.

Revolução, como febre é sempre sinal de problema.

Agora implementada a Revolução, jamais a Sociedade será capaz de retornar as condições anteriores a ela. Daí a total inutilidade dos reacionarismos truculentos. Força ou poder algum será capaz de restabelecer por completo as estruturas demolidas.

Pecam os reacionários em quase sua totalidade por recusarem-se a ver algo de positivo nas revoluções.

O único tipo de reacionarismo viável aqui seria crítico, seletivo e essencialmente pacifico, porquanto fixado na ordem das ideias, buscando planejar um novo tipo de Sociedade, capaz de conciliar o que havia de bom no modelo antigo com a satisfação das novas demandas sociais. Para além disto é próprio do descontrole e dos abusos produzidos pela Revolução, despertarem uma certa reação, arrefecimento ou recuo. Já se disse que a Revolução, a semelhança de Cronos, devora seus próprios filhos... que degenera em lamentáveis abusos, que torna-se criminosa e contraproducente...

Trás assim, em seu bojo, os elementos teóricos ou ideológicos duma crítica contra revolucionária.

Esta será cega e odiosa caso desconsidere o sentido da Revolução e suas causas.

Lúcida e refletida caso incorpore a si a parte justa das demandas suscitadas e os anseios da população.

Do que resultará um novo tipo de sociedade a um tempo reacionária e a outro revolucionária, segundo a acomodação das necessidades e elementos.

Será reacionária por não ser iconoclástica e tomar ao passado ou a realidade anterior elementos que sejam atemporais, imperecíveis e saudáveis. Contemplando o passado sem ódio, mas igualmente sem qualquer servilismo tosco, quiçá como fonte de inspiração. Será revolucionária por incorporar todas as críticas que sejam justas ou eticamente fundamentadas. E sendo assim nãos será uma coisa nem outra...

Dialeticamente os extremismos tenderão as ser superados, dando espaço a uma saudável acomodação e a um padrão mais equilibrado de Sociedade.

Querem evitar o cataclismo das revoluções?

Neste caso não ignorem as demandas sociais permitindo que se acumulem.

Não permitam que a situação das massas torne-se desesperadora ou angustiosa. Pois s revolução alimenta-se justamente de angústia e desespero.

Neste sentido cabe ao poder político atuar como elemento regulador da atividade econômica impedindo que os mais ricos e poderosos oprimam o elemento produtor. A limitação das ambições econômicas individuais por um poder político cada vez mais independente, bem como a afirmação de garantias e direitos sociais, a contenção da miséria, a eliminação da ignorância, a promoção integral do ser humano, a ampliação das oportunidades, etc constituem o melhor caminho a ser tomado caso desejamos colher serenamente os frutos da paz e da concórdia.