Assim a afinidade eletiva de Weber, assim a infraestrutura e superestrutura de Marx, assim o Ego e Id de Freud, assim a seleção natural de Darwin e Wallace, assim a lei dos três estados de Comte...
Lei de que podemos até discordar, mas que não é bom ignorar.
Elemento que é de nosso universo cultural.
Agora vamos a ele, pois nem é coisa difícil de se compreender.
Segundo Comte a marcha evolutiva das Sociedades humanas compreendia três sucessivos estados: Teológico, Metafísico e Positivo.
O teológico correspondendo ao primado da religião ou da fé. O Metafísico ao primado da razão ou do racionalismo afirmados pelo deísmo dos iluministas. O positivo ou científico inaugurado em meados do século XIX.
Que pensar a respeito?
Há quem diga e jure de pés justos que Comte errou feio.
Houve quem - como os positivistas - encarasse tal lei como a maior descoberta de todos os tempos.
O teológico correspondendo ao primado da religião ou da fé. O Metafísico ao primado da razão ou do racionalismo afirmados pelo deísmo dos iluministas. O positivo ou científico inaugurado em meados do século XIX.
Que pensar a respeito?
Há quem diga e jure de pés justos que Comte errou feio.
Houve quem - como os positivistas - encarasse tal lei como a maior descoberta de todos os tempos.
E há quem, evitando extremismos, diga: nem oito nem oitenta.
Dizem os críticos de Comte que sua visão era eurocêntrica e preconceituosa pois desconsiderou ou menosprezou as sociedades não europeias ou primitivas.
Como se pode perceber parte esta crítica do relativismo cultural, o qual em última analise não passa de um credo... ou de um voluntarismo bastante pretensioso. Acalentado por pessoas que não estão dispostas a abandonar a Europa ou os centros urbanos do Ocidente, por uma choça no meio da selva ou por uma tenda no meio dos desertos... Raros são aqueles que estão dispostos a viver seu relativismo cultural. Pelo que classifica-lo-ei como uma fé, uma crença, uma prevenção ou qualquer outra coisa.
Comte, inserido na Sociedade européia do século XIX foi absolutamente coerente em apresenta-la não como perfeita, mas como superior numa escala de valores com que identificava-se. A partir daí concluiu que as diversas sociedades primitivas fariam o mesmo caminho até chegar ao estado positivo.
Não ignorou de todo as demais sociedades nem poderia ignora-las como supõem a boçalidade reinante. Classificou-as como culturalmente inferiores ou menos desenvolvidas e pretendeu delinear o percurso evolutivo que fariam até se tornarem semelhantes a Europa de seu tempo.
Outra crítica, esta forjada pelos religiosos, dizia respeito as permanências.
No sentido de que a presença do padrão positivo de pensamento no contexto europeu não lograra eliminar por completo as formas que ele, Comte, encarava como primitivas e ultrapassadas como a Teológica e a Metafísica, convivendo as três lado a lado no decorrer do século XIX.
Julgo que a parcialidade desta crítica salte a vista. Primeiramente porque Comte jamais pretendeu negar as permanências, mas assinalar as rupturas. Enfim porque as Sociedades francesa e inglesa do século XVIII já não eram comandadas pelos líderes religiosos mas em maior medida pelos filósofos iluministas... Como a sociedade de seu tempo (1850) era já fortemente influenciada pelos cientistas e comandada já pelos industriais. Assim nem os religiosos retinham no século XVIII o imenso poder que haviam exercido no século XVI, como os deístas ou 'filósofos iluministas' não exerciam já tanta influência pelos idos de 1850.
Ao menos no que diz respeito a esfera do poder e a opinião pública Comte estava mais ou menos correto.
Outras eram as fontes inspiradoras da cultura.
Haviam mudado no mínimo três vezes, senão mais.
Agora em termos de nomenclatura somos levados a discordar de Comte.
Fossemos dado corrigi-lo apresentaríamos a famosa lei do seguinte modo:
Dizem os críticos de Comte que sua visão era eurocêntrica e preconceituosa pois desconsiderou ou menosprezou as sociedades não europeias ou primitivas.
Como se pode perceber parte esta crítica do relativismo cultural, o qual em última analise não passa de um credo... ou de um voluntarismo bastante pretensioso. Acalentado por pessoas que não estão dispostas a abandonar a Europa ou os centros urbanos do Ocidente, por uma choça no meio da selva ou por uma tenda no meio dos desertos... Raros são aqueles que estão dispostos a viver seu relativismo cultural. Pelo que classifica-lo-ei como uma fé, uma crença, uma prevenção ou qualquer outra coisa.
Comte, inserido na Sociedade européia do século XIX foi absolutamente coerente em apresenta-la não como perfeita, mas como superior numa escala de valores com que identificava-se. A partir daí concluiu que as diversas sociedades primitivas fariam o mesmo caminho até chegar ao estado positivo.
Não ignorou de todo as demais sociedades nem poderia ignora-las como supõem a boçalidade reinante. Classificou-as como culturalmente inferiores ou menos desenvolvidas e pretendeu delinear o percurso evolutivo que fariam até se tornarem semelhantes a Europa de seu tempo.
Outra crítica, esta forjada pelos religiosos, dizia respeito as permanências.
No sentido de que a presença do padrão positivo de pensamento no contexto europeu não lograra eliminar por completo as formas que ele, Comte, encarava como primitivas e ultrapassadas como a Teológica e a Metafísica, convivendo as três lado a lado no decorrer do século XIX.
Julgo que a parcialidade desta crítica salte a vista. Primeiramente porque Comte jamais pretendeu negar as permanências, mas assinalar as rupturas. Enfim porque as Sociedades francesa e inglesa do século XVIII já não eram comandadas pelos líderes religiosos mas em maior medida pelos filósofos iluministas... Como a sociedade de seu tempo (1850) era já fortemente influenciada pelos cientistas e comandada já pelos industriais. Assim nem os religiosos retinham no século XVIII o imenso poder que haviam exercido no século XVI, como os deístas ou 'filósofos iluministas' não exerciam já tanta influência pelos idos de 1850.
Ao menos no que diz respeito a esfera do poder e a opinião pública Comte estava mais ou menos correto.
Outras eram as fontes inspiradoras da cultura.
Haviam mudado no mínimo três vezes, senão mais.
Agora em termos de nomenclatura somos levados a discordar de Comte.
Fossemos dado corrigi-lo apresentaríamos a famosa lei do seguinte modo:
- Estado supersticioso ou fetichista: da Era primitiva ao advento do Cristianismo
- Estado religioso/ético: Do surgimento do Cristianismo ao século XVII
- Estado metafísico: séculos XVII e XVIII
- Estado materialista: séculos XIX e XX
Pelo que teríamos quatro e não três estados apenas.
O primeiro corresponderia ao padrão de pensamento mágico fetichista típico da cultura fetichista com contínuas intervenções de seres sobrenaturais no plano da natureza ou milagres. O qual equivale a um estado de total ignorância em termos de leis naturais ou mesmo a respeito da dimensão ética da vida.
O segundo inaugurado pelo advento do Cristianismo mas em certo sentido presente já na cultura Grega clássica, corresponde a iniciativa genial de dispor o veículo religioso para uma finalidade ética.
O terceiro é caracterizado pela ruptura com a fé ou a religião sobrenatural propriamente dita e por um retorno a teologia natural ou racional dos antigos gregos (Anaxágoras, Apolônio, Platão, Aristóteles...); enfim pela afirmação de uma metafísica deísta resumida em duas palavras: Deus e Imortalidade.
O quarto é representado pelo triunfo do materialismo economicista ou do capitalismo e consequentemente do tecnicismo, do consumismo, etc Aqui já não há vestígio de elemento verdadeiramente unificador ou coordenador da ação humana e estamos já diante da mais assombrosa contradição ou de um 'espírito materialista'.
No entanto, a par deste espírito materialista liberal, temos outros tantos espíritos materialistas cujas formas são bem distintas: assim o comunismo, o fascismo, o nazismo, o anarco individualismo, etc os quais nutrem-se de algumas ideologias específicas: assim o protestantismo e suas emanações: ceticismo, subjetivismo e relativismo...
Assim onde Comte via um Cosmos ou acreditava ser possível retomar facilmente o sentido do Cosmos por meio da unificação das fontes da cultura por meio de alguns princípios e valores básicos, podemos discernir apenas o Caos avassalador e a ameaça da anomia.
De fato, ao invés de ruptura, conflito e sucessão, devia o homem ter lançado os fundamentos de uma realidade orgânica capaz de integrar todos estes modelos de pensamento.
Começando por uma sólida base metafísica e naturalista (não religiosa) em torno da existência de Deus e da possibilidade de sobrevivência da alma; inspirada quiçá em Aristóteles. Não nos esqueçamos que Tredelembourg e F Brentano desenvolveram brilhantemente os pontos de vista do Filósofo.
A qual sobreporíamos um Cristianismo Católico semi deísta ( i é em oposição a doutrina sobre a existência de milagres no tempo presente) enquanto reforço a uma Ética humanista e socialista.
E regularíamos os fins da produção econômica e do progresso técnico colocando-os a serviço das necessidades humanas e não do lucro, do poder ou de qualquer outra coisa.
Ficando os demais elementos: fossem o exército, a comunidade, o partido, etc reduzidos a suas legítimas dimensões e incorporados por uma estrutura cultural bem mais ampla, a qual lhes imporia sentido.
Aqui haveria um centro unitário ou coordenador em termos de cultura. E uma relação orgânica entre os elementos e instituições mediada por esta consciência ou espírito comum.
Ficando Prometeu acorrentado!
Foi exatamente o que não aconteceu.
Pelo que os elementos se desagregaram e entraram em choque.
Chegar aos termos duma ciência sem consciência ou limites, aos termos duma negação radical e absurda da imaterialidade e aos termos de um repúdio a dimensão ética da vida... não vejo nisto sinais de uma verdadeira evolução.
Evoluímos em sentido material ou técnico mas e em sentido humano ou ético?
Será que em posse do mesmo aparato material ou técnico nossos ancestrais da antiguidade Cristã ou mesmo da idade média não fariam melhor do que nós, erradicando por exemplo a fome ou diminuindo sensivelmente a miséria?
O primeiro corresponderia ao padrão de pensamento mágico fetichista típico da cultura fetichista com contínuas intervenções de seres sobrenaturais no plano da natureza ou milagres. O qual equivale a um estado de total ignorância em termos de leis naturais ou mesmo a respeito da dimensão ética da vida.
O segundo inaugurado pelo advento do Cristianismo mas em certo sentido presente já na cultura Grega clássica, corresponde a iniciativa genial de dispor o veículo religioso para uma finalidade ética.
O terceiro é caracterizado pela ruptura com a fé ou a religião sobrenatural propriamente dita e por um retorno a teologia natural ou racional dos antigos gregos (Anaxágoras, Apolônio, Platão, Aristóteles...); enfim pela afirmação de uma metafísica deísta resumida em duas palavras: Deus e Imortalidade.
O quarto é representado pelo triunfo do materialismo economicista ou do capitalismo e consequentemente do tecnicismo, do consumismo, etc Aqui já não há vestígio de elemento verdadeiramente unificador ou coordenador da ação humana e estamos já diante da mais assombrosa contradição ou de um 'espírito materialista'.
No entanto, a par deste espírito materialista liberal, temos outros tantos espíritos materialistas cujas formas são bem distintas: assim o comunismo, o fascismo, o nazismo, o anarco individualismo, etc os quais nutrem-se de algumas ideologias específicas: assim o protestantismo e suas emanações: ceticismo, subjetivismo e relativismo...
Assim onde Comte via um Cosmos ou acreditava ser possível retomar facilmente o sentido do Cosmos por meio da unificação das fontes da cultura por meio de alguns princípios e valores básicos, podemos discernir apenas o Caos avassalador e a ameaça da anomia.
De fato, ao invés de ruptura, conflito e sucessão, devia o homem ter lançado os fundamentos de uma realidade orgânica capaz de integrar todos estes modelos de pensamento.
Começando por uma sólida base metafísica e naturalista (não religiosa) em torno da existência de Deus e da possibilidade de sobrevivência da alma; inspirada quiçá em Aristóteles. Não nos esqueçamos que Tredelembourg e F Brentano desenvolveram brilhantemente os pontos de vista do Filósofo.
A qual sobreporíamos um Cristianismo Católico semi deísta ( i é em oposição a doutrina sobre a existência de milagres no tempo presente) enquanto reforço a uma Ética humanista e socialista.
E regularíamos os fins da produção econômica e do progresso técnico colocando-os a serviço das necessidades humanas e não do lucro, do poder ou de qualquer outra coisa.
Ficando os demais elementos: fossem o exército, a comunidade, o partido, etc reduzidos a suas legítimas dimensões e incorporados por uma estrutura cultural bem mais ampla, a qual lhes imporia sentido.
Aqui haveria um centro unitário ou coordenador em termos de cultura. E uma relação orgânica entre os elementos e instituições mediada por esta consciência ou espírito comum.
Ficando Prometeu acorrentado!
Foi exatamente o que não aconteceu.
Pelo que os elementos se desagregaram e entraram em choque.
Chegar aos termos duma ciência sem consciência ou limites, aos termos duma negação radical e absurda da imaterialidade e aos termos de um repúdio a dimensão ética da vida... não vejo nisto sinais de uma verdadeira evolução.
Evoluímos em sentido material ou técnico mas e em sentido humano ou ético?
Será que em posse do mesmo aparato material ou técnico nossos ancestrais da antiguidade Cristã ou mesmo da idade média não fariam melhor do que nós, erradicando por exemplo a fome ou diminuindo sensivelmente a miséria?
Eis uma indagação sobre a qual muito devemos refletir antes de criticar nossos avoengos!
Por outro lado assistimos uma restauração do padrão fundamentalista sob os auspícios do Islã e do pentecostalismo...
O que nos coloca no meio de dois extremos igualmente perniciosos: fetichismo e materialismo/ateísmo. É como se a civilização estivesse sendo premida ou esmagada pelas pinças de uma tenaz... na medida em que os extremos sempre se tocam (Aristóteles).
Assim é necessário antes de tudo restabelecer um sadio meio termo, ou sob a forma da religião natural do deísmo ou sob a forma duma religiosidade ética e anti fetichista voltada para a promoção integral do ser humano e a justiça social. Pugnar por esse sentido de equilíbrio e por esse saudável meio termo pautado na condição humana é a tarefa a que nos propomos.
Superar este estado de tensão, esta crise de consciência, esta era de extremos e contrastes é o principal objetivo a ser atingido.
Por outro lado assistimos uma restauração do padrão fundamentalista sob os auspícios do Islã e do pentecostalismo...
O que nos coloca no meio de dois extremos igualmente perniciosos: fetichismo e materialismo/ateísmo. É como se a civilização estivesse sendo premida ou esmagada pelas pinças de uma tenaz... na medida em que os extremos sempre se tocam (Aristóteles).
Assim é necessário antes de tudo restabelecer um sadio meio termo, ou sob a forma da religião natural do deísmo ou sob a forma duma religiosidade ética e anti fetichista voltada para a promoção integral do ser humano e a justiça social. Pugnar por esse sentido de equilíbrio e por esse saudável meio termo pautado na condição humana é a tarefa a que nos propomos.
Superar este estado de tensão, esta crise de consciência, esta era de extremos e contrastes é o principal objetivo a ser atingido.
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