domingo, 29 de julho de 2018

O veredito de Henri Mann - E A C Grayling, Pinker, etc II

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Aqui chegamos a De Mann, e o deixamos para o fim apenas por ter concentrado sua crítica numa destas culturas de morte, o comunismo ou marxismo ortodoxo. Grosso modo De Man não nega o Marxismo, aprofunda-o. Parte dele e ultrapassa-o dialeticamente. Não toma Marx e Engels como escrituras canônicas e inspiradas, dialoga com eles, buscando isolar-lhes dos defeitos, para consolidar-lhes os méritos.

Os marxistas não levam isto a bem. Pois animados por uma mística secular ou por uma religiosidade inconfessável não podem admitir que Marx ou Engels, como seres humanos que eram, se tenham equivocado. Para eles criticas Marx ou Engels equivaleria a criticar o Evangelho para um Cristão, a criticar a Torá para um judeu ou a criticar o Corão para um muçulmano, equivaleria enfim a uma heresia... Do contrário os marxistas dialogariam com Marx tal e quam dialogamos com Platão, Cícero ou Agostinho... Entre eles no entanto Marx é citado como autoridade, em termos de 'Magister dixit' tendo inclusive sucessão apostólica, ao menos para os leninistas... Lembrem-se das carinhas e do culto a personalidade tão característico entre eles como a devoção aos santos entre os Cristãos. É todo um Vaticano em miniatura, digo o partido comunista russo, com seu CC, politburo, etc i é Rota romana, santo ofício, papa, cardeais... No entanto, como os 'católicos' integralistas estão acostumados a saber rsrsrsrsrs tomar soluções políticas a modelos religiosos não é nem um pouco recomendável...

A primeira dentre as conclusões sacadas por Man é que o marxismo só é válido enquanto teoria econômica, o que sabe a Herr, Jaurés, Andler, Bauer e toda escola de Franckfurt...

Outra constatação sua, que sabe a Grayling e que chega a ser obvia é que o Marxismo corresponde a ética ou ao ideal Católico secularizado. Tornou-se - o socialismo antes do comunismo - vingador de um ideal Cristão que a igreja, em determinado momento havia abandonado. Como fora também, em certos casos, herdeiro de um ideal tanto mais apurado de democracia (popular, direta, semi direta) sacrificado pela burguesia vitoriosa. Dito isto De Man recorrer ao argumento clássico e irretorquível segundo qual o socialismo realizou-se apenas nas velhas sociedades cuja cultura era Cristã, e digo mais Católica. Pois como salienta Sombart pais protestante algum - até a Escandinávia já descristianizada dos anos 30 - assumiu esta pauta, especialmente os EUA, que a ela se mostraram refratários, passando a comandar a resistência anti socialista (cf Sombart 'Por que o socialismo não floresce nos Estados Unidos'?)

De Man responde com simplicidade declarando que: É do Cristianismo que procede este sentimento de igualdade acalentado pelas massas; da época feudal, com o equilíbrio entre direitos e deveres... De fato fora este Cristianismo e não o arreio dos cavalos, como quer o Dr Noel, que havia convertido o escravo ja em homem livre ou em servo, mesmo quanto limitara-se em afirmar a plena igualdade religiosa entre os homens, verdade jamais admitida pelo paganismo antigo, para o qual os escravos eram escravos ou seres inferiores mesmo face aos deuses e em tudo quando concernia a vida religiosa. Pois este homem não pode ser igual face aos deuses sem que se torne igual a todos os homens! Ademais os escravos sempre se poderia atribuir outras funções aos escravos, e nada implicava a necessidade absolutas de liberta-los!

"Os móveis da convicção socialista não são criação do tempo presente, tem seu ponto do partido num passado remoto."Tão remoto quando chega a um Urukagina de Lasgash ou, numa perspectiva Cristã, a Orígenes, Cipriano, Justino... ou ao tempo em que os Cristãos tendo vida em comum tudo partilhavam uns com os outros; ideal assumido perpetuamente pela instituição modelar dos mosteiros. Em que os heróis da fé vivem vida sóbria ou regular, servindo de exemplo a toda comunidade, com o objetivo de lembra-la de que estamos de passagem neste mundo, e de que acumular corresponde a um objetivo sórdido e egoísta, a avareza.


O socialismo já existia antes de qualquer movimento operário e antes mesmo do surgimento da classe operária. E mesmo Henry Beer, autor insuspeito, teve de dedicar uma sessão em sua 'História do socialismo' ao Catolicismo antigo, chegando a citar Jerônimo de Stridon e Ambrósio cuja condenação a acúmulo é mais severa do que a condenação lavrada pelo comunismo. Assim Benoit Malôn no 'Socialismo integral' (1891) vol I, decida um capítulo inteiro ao Catolicismo antigo e seu conteúdo social. E mais recentemente o erudito Luiz Francisco F. de Souza em sua obra monumental "Socialismo uma utopia Cristã". Assim o florilégio patrístico intitulado 'Por que a igreja condena os ricos' editado pela casa Paulinas...


Já Tasso da Silveira, o crítico literário Católico ventilará a hipótese de que os russos haviam abraçado equivocadamente o comunismo devido a um marcado sentimento de justiça, introduzido pelo Cristianismo tradicional ou Católico Ortodoxo. E salienta que tal fora a fonte do jovem Maxim Gorki cuja pregação socialista, tão benéfica ao comunismo, jamais deixou de ter acentos Cristãos e profundamente humanos. Lembremos ainda que esse mesmo Gorki não hesitará em reprochar a Lênin seus métodos desumanos e maquiavélicos...


"Não foi por mero acaso, que os primeiros militantes do movimento NÃO HAVIAM SIDO OS OPERÁRIOS DAS FÁBRICAS, mas os obreiros semi artesãos da pequena indústria tradicional ameaçada: tipógrafos, gravadores, marceneiros, chapeleiros, relojoeiros, etc" continua o Dr De Man acrescentando o apoio dado pelos intelectuais ou funcionários públicos. Marx e Engels, como Bakunin e Kropotkin, Caffiero e Kautsky, Ruskin e Owen, etc, etc, etc Noventa por cento dos ideólogos socialistas pertenciam a classe alta, a nobreza ou a média burguesia e não a classe predestinada do proletariado. Daí ser já no princípio e se ter tornado um socialismo cada vez mais reformista ou pequeno burguês, como dizia Marx e cujo ideal era sempre parar a História ou faze-la recuar, o que Marx, progressista entusiasta, de modo algum admitia. O choque foi inevitável e para Marx o socialismo pequeno burguês converteu-se no mais odioso inimigo, por não compreender que o capitalismo devia seguir em sua marcha proletarizadora... No entanto aqueles homens queiram defender suas posições, e nem eram eles que oprimiam os proletários. Curiosamente Marx, postou-se ao lado daqueles que oprimiam os proletários e ameaçam os ofícios tradicionais, sendo, a seu tempo, encarado como traidor por eles.


O que a ideologia Marxista jamais logrou explicar foi como a consciência social dos proletários, apareceu primeiramente no setor médio ou pequeno burguês, e por que este setor não reproduziu a ideologia capitalista imposta pela ordem dominante??? Talvez como hoje, tenha havido mais adeptos da ideologia capitalista entre operários idiotas do que entre os odiosos pequeno burgueses, dos quais partiu a primeira reação ou esclarecimento.


Max Nordau, nas mentiras convencionais já aludia a esta maior sensibilidade do homem instruído e culto face as condições de injustiça, opressão e miséria. Constatando ser mais fácil o homem iletrado e ignorante suportar uma carga maior de exploração e que o funcionário publico ou o intelectual exasperava-se facilmente ao testemunhar a prosperidade do homem vulgar ou medíocre. Assim a indignação que levou a tona o velho ideal socialista não parte de proletários narcotizados mas da angústia interna ou moral de que é vítima o trabalhador intelectual, via de regra pequeno funcionário público mal remunerado. Nietzsche inclusive não pode deixar de perceber a inveja que corroía este homem desde que observava o capitalista emborcar uma garrafa de vinho do porto. O que Nietzsche não aquilatou foi que aquela inveja era justa, justa pelo simples fato de no mais da vezes aquele capitalista não passar de um charlatão fraudulento ou de um vil bajulador, enquanto que aquele, intelectual era honesto, virtuoso e capaz; enfim superior. O que nos leva a duvidar de que a atividade econômica guiada pelos movimentos do mercado favoreça a excelência e não a vulgaridade ou a mediocridade. Pareto também parece não ter levado em conta este problema e verificado se suas elites superiores eram verdadeiramente competentes em máximo grau ou as mais merecedoras.


Não adiante tentar fugir a esta verdade intuida por Platão e considerada por Gramsci:

"Os intelectuais estão na gênese da civilização. No mundo atual desempenham um papel bastante importante já que teem posse de parte do estado ao menos. Não são nem proletários nem capitalistas e me parece até que sejam mais hostis a burguesia do que os proletários, já que estão menos dominados por necessidades aquisitivas imediatistas." Lefranc 349


"Assim se para criar uma nova cultura, apenas os operários poderiam obter sucesso, apenas os intelectuais poderiam concebe-la." id ibd
O que nos leva ao dia posterior a revolução i é a tomada de poder, e a resolução dos problemas administrativos. Tão presentes no pensamento de um Bauer, de um Herr, de um Andler ou de um Blum... quanto relegados ao acaso por nossos anarcotiticas ou anarcotontos espontaneístas e irracionalistas. De fato suas conjurações ou revoluções mais celebradas foram pro vinagre como a de Paris e a Espanhola, uma e outra devido a defeitos de coordenação interna; e caso saíssem vitoriosas não podemos ter certeza de que disto não adviessem ainda piores males para a população, devido a falta de planejamento i é a leviandade.

A obra de Man segue elencando os vícios, que não são poucos, do Comunismo e como Sorel ele não pode deixar de apontar para o dogma materialista mecanicista. Que conduziu o grosso dos epígonos e diadocos de Marx a social democracia.

Ainda aqui a abordagem de De Man é significativa.

Quanto aos trabalhadores rebelados identifica ele um complexo de inferioridade face a realidade econômica e não um ódio essencial. Tudo quanto parte dos trabalhadores aspira ou deseja são compensações afirmativas por meio de leis. Identificam-se com o reformismo ou com um capitalismo limitado pelo poder político (Social democracia), com um socialismo de mercado ou estado de bem estar, que segundo creem permitirá que cada qual ascenda segundo o mérito. Sentem-se desfavorecidos pelo regime de herança, pela educação desigual, pela democracia representativa, etc e por isso aspiram por uma igualdade de oportunidade ou ponto de partida, a partir da qual a desigualdade relativa se torne justa. O que nos lembra a doutrina de Bakunin.

Ao que parece o grosso do proletariado não aspira por uma igualdade absoluta que nivele a todos ou pelo paraíso marxista sem classes. Contenta-se com o assim chamado socialismo pequeno burguês satanizado por Marx, aspira que do lado de cá a proletarização seja revertida e que tudo desemboque numa ampla classe média, não mais média é claro. Sonham com o oposto a proletarização e a expressão concreta deste sonho seriam as leis trabalhistas, a educação pública para todos, uma democracia mais participativa. Querem condições iguais para seguirem adiante, algo que não seja nem comunismo nem capitalismo ao menos o capitalismo do Laissez faire.

Destarte quanto mais reformas são implementadas e quanto mais o capitalismo é limitado ou contido, tanto mais os trabalhadores contentam-se com a situação. Tanto mais o bolo é levado a partilha por força da lei e os trabalhadores inserem-se no sistema tanto mais conformam-se com sua condição. Tanto mais é o capitalismo freado e sua marcha contida, a reação trabalhista vai perdendo sua força. E fica sendo o socialismo reformista ou trabalhista o principal 'obex' no sentido de se atingir o paraíso comunista por meio do inferno capitalista, os trabalhadores e o povo de modo geral, se não querem ver o Capitalismo desenvolver-se - exceto nos EUA e nas sociedade infectadas pelo americanismo - tampouco aspiram destrui-lo por completo. Inclinam-se como já foi dito a uma terceira via entre Comunismo e Capitalismo ou a algum tipo de socialismo ameno.

Aos marxistas restou apenas a atitude especiosa de fazer causa comum com os Capitalistas, lutando sempre pelo 'quanto pior melhor'. Devem destruir todas as situações de equilíbrio e produzir situações de conflito com o objetivo de chegar ao paraíso prometido. Caso declarem abertamente que é necessário deixar livre o curso do Capitalismo para que se desenvolva ao máximo e produza as condições históricas necessárias a revolução, se converterão em chacota. Caso assumam sua 'simpatia' pelo capitalismo selvagem chegarão ao ridículo... Tudo quanto nos resta fazer é escolher entre as duas tradições: A social democrata, que nos levará ao reformismo e a uma estabilidade que os marxistas no fundo execram ou o Leninismo, cujo idealismo implica adiantar o impossível i é a revolução, desconsiderando, do mesmo modo, o ulterior desenvolvimento do Capitalismo. Poucos são os que desejam assumir o ritmo de Marx ou caminhar com ele, e uns apostam na contenção do capitalismo enquanto outros apostam no adiantamento da revolução; e tratam-se ambas as partes por heréticas, como os protestantes que discutem sobre o que sucederá antes, durante e após a segunda vinda de Jesus... A situação é parecida.

O veredito de Henri Mann - E A C Grayling, Pinker, etc I

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Há dois autores de que muito gosto. Pelo simples fato de nada terem dito de novo, mas por terem sintetizado alguns pensamentos brilhantes.

O primeiro Henri de Man, como alardeou seu adversário Vandervelde nada disse que já não tivesse sido mais ou menos insinuado por Andler, Menger, Jaurés e Benoit Malon; cujos pontos de vista assumiu e relacionou de modo brilhante.

O segundo é A C Grayling outro grande sintetizador e brilhante analista das místicas secularizadas. De fato Grayling, como John Gray, Isaiah Berlim, Robert Nisbet e outros parece não admitir qualquer coisa de comum que possa relacionar ou unir os seres humanos. Aqui tudo é multiforme, plural e relativo; afinal tudo é humano e nada transcende o homem, e o pago por negar-mos a transcendência é a fragmentação, a dispersão e o isolamento. De fato convivemos ou vivemos juntos, mas não como pessoas, senão como Ilhas... formando um imenso formigueiro humano, onde o diálogo e o acordo tornam-se impossíveis.

Bem a crítica de Man esta voltada para o marxismo, enquanto uma compreensão superficial da realidade.

Já a crítica de Grayling dirige-se a todas as escatologias secularizadas, a começar pelo iluminismo (com sua deidade, a razão), passando pelo positivismo (com sua divindade a ciência) até chegarmos ao comunismo (com sua divindade conflito ou produção), ao fascismo (com a divindade Estado) e ao nazismo (com a divindade raça pura); e os consequentes finais paradisíacos, que no fundo refletem a velha esperança Cristã fundamentada no Sagrado ou na divindade, a qual foi sucessivamente substituída pela razão, pela ciência, pela dialética, pelo estado ou pela etnia...

Segundo Grayling cada uma destas ideologias, após a negação da fé, adotou uma padrão universalista ou absoluto que corresponde a divindade negada, ao qual vinculou o antigo conceito religioso - Sorel concordaria com o diagnóstico - de Progresso, ao fim do qual acha-se algo completamente diferente de tudo quanto conhecemos hoje i é através do processo histórico.

Estamos diante de religiosidades profanas ou de um Cristianismo secularizado, cujo Deus crucificado foi removido, mas o paraíso mantido ao fim da História, como recompensa aos engajados. S Pinker por exemplo, ainda hoje falseia a História em nome dos velhos deuses da razão e da ciência, salientando o falacioso progresso técnico, descartando o que chamamos de ideal ético e julgando ver algum progresso humano, em que pesem o capitalismo e demais culturas de morte. Este autor, que mesmo sendo ateu, materialista e positivista ousa apresentar-se como amigo da razão ( a qual sordidamente atraiçoa poluindo inclusive a Psicologia) chegou, como aventamos, a afirmar que as guerras se tem diminuído de uns tempos pra cá... Não sei a que tempos prá cá este piolho behaviorista se refere, pois o que sei como Historiador é que segundo Quincy Wrigth 'Estudo sobre a guerra' U of Chicago, 1942, dois vols p 248 sgs Houve uma clara tendência, DURANTE OS ÚLTIMOS QUATRO SÉCULOS, para que a guerra se tornasse mais dominante na vida Ocidental. Basta dizer que o século passado conheceu as duas primeiras assim chamadas GUERRAS mundiais, que envolveram grande parte dos países de então, fato único em termos de História. Teria o Dr Wrigth falseado a História? Há boas razões para crer que não e a melhor delas é que Pitirin Sorokin, confirmou, vinte anos depois, o quanto fora registrado por Wrigth a respeito do aumento progressivo das guerras e conflitos após 1800. O que nos leva a perguntar sobre em que mundo vive esse psicólogo Norte americano... Acaso poderá ignorar da mesma maneira o quanto o poder das guerras tem se tornado mais e mais devastador??? Desde Hiroshima e Nagazaky... Até as chuvas de bombas no Afeganistão, no Iraque e agora na Síria...


Temo que o romântico psicólogo yankee não tenha tido tempo para ler a magistral obra de seu conterrâneo Huntington sobre o Crash ou colpaso das civilizações... Nas quais ele vaticina o surgimento de outros tantos conflitos em torno dos recursos naturais não renováveis, que a ciência toda poderosa do sr Pinker não lograr produzir e cuja perspectiva capitalista ou progressivista sua filosofia sem Ética não logra conter, apesar das advertências de Malthus. É fato que a água esta por acabar e assim os demais recursos, que a continuarem sendo explorados como são, não durarão até 2.700... E no entanto intelectuais irresponsáveis e oportunistas como este Pinker folgam dizer que tudo esta bem e que estamos no melhor dos mundos possíveis. Apensar da extinção animal e vegetal descrita com propriedade pelo dr Urval Harari... Outro alucinado??? Isto se falarmos na miséria propriamente dita, na miséria produzida pelo sistema, a qual disseminando a ignorância e a massificação social, dissemina, no fim da linha, o fundamentalismo religioso, que o Dr Pinker quer combater com uma ciência, que por defeitos de propriedade ou uso, jamais contempla as multidões de miseráveis que quais vermes rastejam sobre a terra.
 

Gostoso falar sobre o poder redentor da ciência nos EUA, Inglaterra ou quaisquer sociedades civilizadas em que ao menos uma parcela da população tem acesso aos bens por ela propiciados. Temo que semelhante discurso não seja lá muito bem vindo nas Guianas, na Guatemala, no Gabão, no Myamar ou mesmo na Índia ou no Iraque... Para os quais a política Yankee apenas tem levado guerras, tendo em vista a obtenção de petróleo ou alguma outra riqueza natural.
 

Segundo o Dr Huntington este cenário sombrio em que a falta de água e carvão conjuga-se com o fanatismo religioso e as rivalidades étnicas - que sua ciência, Dr Pinker, não pode conter - é potencialmente explosivo e resultará, em algumas gerações, no recrudescimento da guerra.

De modo que as promessas do iluminismo e sobretudo do positivismo, reeditadas com atraso se um século por Bunge e Pinker, mostram-se completamente falaciosas. O iluminismo, traindo o ideal racional que alardea-la descambou no irracionalismo jacobinista, sendo a educação, como acentua Nisbet, substituída pelo terror! O Positivismo, sem ocupar-se com a Ética ou com os fins de uma ciência aplicada pelos homens, jamais questionou o controle de sua produção pelos donos do dinheiro e do poder, resultando disto a pavorosa primeira grande guerra...  O comunismo, o anarquismo, o fascismo e o nazismo FORAM MAIS HONESTOS, pois jamais acenaram com a paz a curto prazo, mas com a espada, aumentando ainda mais a confusão. Desde então a criatura humana pena entre as garras de tais culturas...

A solução radical apontada por Gray, Nisbet, Berlim e outros resume-se no nihilismo ôntico. Fomos enganados desde o princípio pelo ideal grego ou melhor dizendo socrático/platônico e aristotélico, fundamentado na busca por um elemento comum ou unificador que não existe. A cultura clássica ou socrática envenenou as fontes da civilização. O Cristianismo antigo ou Católico, cujo nome por si só é revelador, abraçou, assumiu e manteve este ideal unificador, agora voltado sobretudo para a ética e a fé. Devastado o Cristianismo pela reforma protestante e seu ethos subjetivista e relativo, assomou o iluminismo com os ideais de racionalidade, lei natural e deísmo. Após ele foi a vez dos agnósticos e materialistas, embarcadiços de Kant ou de Helvetius e Holbach, substituírem a razão e o Deus da natureza pela ciência ou pelo progresso... Os comunistas, fascistas e nazistas fizeram outras tantas substituições, mas mantiveram essa busca metafísica por um elemento unificador ou comum que inexiste. Portanto, segundo os autores acima citados, o melhor que temos a fazer é admitir que esse elemento comum ou unificador inexiste e admitir que a fé, a razão, a ética, a experiência... tudo enfim é subjetivo ou relativo, é a solução pós modernista, para a qual não há verdade que transcenda o homem.

De nossa parte, acreditamos que o que deva ser questionado são as sucessivas substituições arbitrárias. Assim a raça, o estado, a dialética, o lucro... e de certo modo a ciência sem ética. Temos de retornar, creio eu, a este elemento universal e presente em nosso aparelho cognitivo que é a razão, e pela razão analisar os fundamentos da fé, e enfim verificar que padrão de ética esta fé nos apresenta. Sucessivamente, após esta cabala de substituições acabamos sem nada ou no nada. Tiraram-nos a fé e disseram compensar esta perca com a razão. Tiraram-nos a razão e disseram compensar esta perca com a ciência; mas a ciência sem ética mostrou-se manipulável e nada fez por nós, no sentido de evitar duas grandes guerras mundiais... Cumpre-nos fazer o roteiro contrário e retornar já a razão, já a uma ética natural, no mínimo... Sem uma epistemologia saudável ou realista não conseguiremos restabelecer a ética essencial, voltada para a dignidade da pessoa humana. E sempre tornaremos a dar com Jano, senhor da guerra! E com as portas de seu templo abertas, para a maior miséria da humanidade.

Digo mais, uma falsa ciência, convertida em metafísica disfarçada tende inclusive a alimentar as disposições agressivas e belicosas introduzidas pela educação. Refiro-me a perspectiva assumida pelo próprio Pinker e seus apoiantes como Hamilton, Wilson, Morris, etc ou seja ao darwinismo social, pseudo ciência que ignorando o quanto seja especificamente humano, social, histórico e educativo, apresenta nossa evolução nos termos de luta pela sobrevivência e sobrevivência dos mais aptos ou fortes, perspectiva face a qual a guerra torna-se não apenas necessária mais proveitosa no sentido de eliminar os mais fracos e selecionar os mais fortes. A seleção natural da humanidade seria a guerra - Os nazistas melhor do que ninguém compreenderam a mensagem e após eles os capitalistas com seu sistema voltado para a exploração do homem pelo homem... Produto da época é o super homem de Nietzsche superproduto deste processo e não sabe que seja empatia ou alteridade. Falsificada ou falseada a ciência converte-se não em deus mas em diabo, monstro ou vampiro, destinada a sangrar a humanidade. Afinal ela nada sabe em termos de fim e seus fins são determinados por homens, de cuja educação Ética descuidou-se por completo.

E as falsas místicas transformam-se em cultos de morte. E as religiões secularizadas e ateísticas convertem-se em santuários do odinismo. E é o homem sacrificado a seus deuses técnicos, econômicos, étnicos ou políticos; tão iracundos e vingativos como assur, jave ou ala... Porque virou as costas ao grande martir de Atenas ou ao profeta nazareno do amor. Tais os homens que, a exemplos de Buda e Confúcio, souberam ser superiores aos deuses espirituais e materiais, mostrando-se divinos pela fé no amor, no perdão e na misericórdia. O pobre homem escandalizou-se de um Deus que morrer assassinado sobre a cruz, mas não dos deuses que mandaram matar... Desconfiemos das místicas e das religiões secularizadas apontadas por Grayling, Eliade, Arendt, etc e tornemos a religião da fé, da fé que nos dispõem a ética do amor!!! Restauremos todas as coisas pela base e soergamos os fundamentos de nossa civilização ameaçada. Não a de Pinker ou do americanismo ou deste Ocidente traído pela reforma protestante e por todas as culturas de morte e ideologias monstruosas que a sucederam, mas a civilização de Sócrates, Platão e Aristóteles vivificada pela sombra da cruz! A civilização de Justino, Clemente, Eusébio, Ambrósio, Basílio e a tantos homens excelente que sucederam aos antigos filósofos em seu magistério! Retomemos nossos autênticos valores, nossos valores tradicionais, nassa herança ancestral, assume-mo-la e leve-mo-la adiante!!!




Pitirin Sorokin - por Tony Pedroza (copiado)

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 Cultura em Crise: As Teorias visionárias de Pitirim Sorokin






Pitrim Sorokin, um grande sociólogo do século 20, é alguém que você precisa conhecer. Considere essa citação:
O organismo da sociedade e a cultural ocidental parece estar passando por uma das mais profundas e significativas crises de sua vida. A crise é muito maior que uma normal; sua profundidade é insondável, seu fim ainda não está à vista, e toda sociedade ocidental está envolvida nela. É a crise de uma cultura Sensível, em sua fase madura, a cultura que dominou o mundo ocidental durante os últimos cinco séculos... 
Devemos pensar, portanto, que, se muitos ainda não apreenderam claramente o que está acontecendo, eles pelo menos tem uma vaga sensação de que o problema não é apenas de "prosperidade", ou "democracia", ou "capitalismo", ou algo semelhante, mas envolve toda a cultura contemporânea, a sociedade e o homem?... 
Devemos pensar também na multidão incessante de crises maiores e menores que rolam sobre nós, como ondas do mar, durante as últimas décadas? Hoje, em uma forma, amanhã, em outra. Ora aqui, ora ali. Crises políticas, agrícolas, comerciais e industriais! Crises de produção e distribuição. Crises morais, jurídicas, religiosas, científicas e artísticas. Crises de propriedade, do Estado, da família, das industrias...
Cada uma dessas crises golpearam nossos nervos e mentes, cada uma tem abalado os alicerces de nossa cultura e sociedade, e cada uma deixou para trás uma legião de delinquentes e vítimas. E infelizmente! O fim não está à vista. Cada uma dessas crises tem sido, por assim dizer, um movimento de uma grande sinfonia aterrorizante, e cada uma tem sido notável por usa magnitude e intensidade. (P. Sorokin, SCD, pp. 622-623) 


Antecedentes


Pitirim Alexandrovich Sorokin (1889-1968) nasceu na Rússia, filho de pai russo e de mãe indígena (Komi, um grupo étnico relacionado com os finlandeses). Como outros intelectuais de sua idade, foi arrastado pela revolta contra o governo czarista. Ele ocupava um posto no gabinete de curta duração do Governo Provisório Russo (1917), e teve a distinção de ser preso sucessivamente por ambas as facções bolcheviques e czaristas. Eventualmente, condenado à morte, foi perdoado por Lenin, emigrou, e foi para os EUA. Lá ele teve uma longa e distinta carreira acadêmica, grande parte na Universidade de Harvard, onde atuou como chefe do departamento de sociologia.


Sua experiências e observações da política russa deixou-o unicamente adequado para a compreensão das forças transformadoras do século 20. Em 1937, publicou os três primeiros volumes de sua obra-prima, Social and Cultural Dynamics, mas continuou a refinar suas teorias por quase três décadas.
Com base em um estudo cuidadoso da história mundial - incluindo análises estatísticas das fases da arte, arquitetura, literatura, economia, filosofia, ciência e guerra - ele identificou três fenômenos notavelmente consistentes:
1. Existem dois padrões culturais elementares opostos, o materialista (Sensorial) e espiritual (Ideacional), juntamente com alguns padrões intermediários ou mistos. Um padrão misto, chamado Idealista, que integra o Sensível e de orientações Ideacional, é extremamente importante.
2. Toda sociedade tende a alternar entre períodos materialistas e espirituais, às vezes com períodos de transição, mistos, de forma regular e previsível.
3. Tempos de transição de uma orientação para outra são caracterizadas por uma acentuada alta prevalência de guerras e outras crises.
Cultura Sensorial (Materialista)
O primeiro padrão, que Sorokin chama de cultura Sensorial, tem as seguintes características:
  • O princípio de definição cultural é que a verdadeira realidade é sensorial - apenas o mundo material é real. Não há outra realidade ou fonte de valores.
  • Isso se torna o princípio organizador da sociedade. Ele permeia todos aspectos da cultura e define a mentalidade básica. As pessoas são incapazes de pensar em quaisquer outros termos.
  • A cultura sensorial busca pela ciência e tecnologia, mas dedica pouca atenção ao pensamento criativo para espiritualidade ou religião.
  • Valores dominantes são a riqueza, saúde, conforto físico, prazeres sensuais, poder e fama. 
  • Ética, política e a economia são utilitaristas e hedonistas. Todos os preceitos éticos e legais são considerados meras convenções artificiais, relativos e mutáveis. 
  • As artes e os entretenimentos enfatizam a estimulação sensorial. Nos estágios decadentes da cultura sensorial há uma ênfase frenética sobre o novo e o chocante (literalmente, o sensacionalismo). 
  • As instituições religiosas são meras relíquias de épocas passadas, despojadas de sua substância original, e tendendo para o fundamentalismo e fideísmo exagerado (o ponto de vista de que a fé não é compatível com razão). 
Cultura Ideacional (Espiritual) 


O segundo padrão, que Sorokin chama de cultura Ideacional, tem as seguintes características:

  • O princípio de definição é que a verdadeira realidade é supra-sensível, transcendente, espiritual. 
  • O mundo material é variado: uma ilusão (maya), temporário, desaparecendo ("estranho numa terra estranha", pecaminoso, ou uma mera sombra de uma realidade transcendente eterna. 
  • Religião muitas vezes tende a ascese e moralismo. 
  • Misticismo e a revelação são considerados fontes válidas de verdade e moralidade.
  • Ciência e a tecnologia são relativamentes desenfatizados. 
  • A economia está condicionada pelos mandamentos morais e religiosos (por exemplo, leis contra a usura). 
  • Inovação em teologia, metafísica e filosofias suprasensoriais.
  • Florescimento da arte religiosa e espiritual (por exemplo, as catedrais góticas). 
Cultura Integral (Idealista) 


A maioria das culturas correspondem a um dos dois padrãos báscios acima. Às vezes, no entanto, um padrão cultural misto ocorre. A multura mista mais importante Sorokin denominou cultura Integral (as vezes também chamado de cultura idealista - não deve ser confundida com uma cultura ideacional). Uma cultura Integral harmoniosamente equilibra as tendências sensoriais e ideacionais. Uma cultura Integral inclui o seguinte:

  • Seu princípio último é que a verdadeira realidade é ricamente variada, um tapete em que os fios do sensível, racional e o supra-sensível estão entrelaçados. 
  • Todos os compartimentos da sociedade e da pessoa expressam esse princípio.
  • Ciência, filosofia e teologia florescem juntos. 
  • As belas artes tratam tanto da realidade supra-sensível quanto os aspectos mais nobres da realidade sensorial. 
A história da cultura ocidental


Sorokin examina uma ampla gama de sociedades no mundo. Em cada uma ele acredita ter encontrado evidências da alternância regular entre as orientações sensoriais e ideacionais, às vezes um cultura Integral aparece. De acordo com Sorokin, a cultura ocidental agora está na terceira época Sensorial de sua história registrada. A tabela abaixo resume sua visão:


Com base em uma análise detalhada da arte, literatura, economia e outros indicadores culturais, Sorokin concluiu que a Grécia antiga mudou de uma cultura Sensorial para uma cultura Ideacional por volta do século 9 aC; durante esta fase Ideacional, temas religiosos dominaram a sociedade (Hesíodo, Homero, etc.).
Depois disso, na época clássica grega (cerca de 600 aC a 300 aC), uma cultura Integral reinou: o Partenon foi construído; a arte floresceu (as esculturas de Fídias, as peças de Ésquilo e Sófocles), assim como a filosofia (Platão, Aristóteles). Isto foi seguido por uma nova era Sensorial, associada primeiro com a cultura helenística (o império fundado por Alexandre, o Grande) e, em seguida, com o Império Romano.
Como a cultura sensorial de Roma decaiu, eventualmente acabou por ser substituída pela cultura Cristã Ideacional da Idade Média. A alta Idade Média e o Renascimento trouxeram uma nova cultura Integral, novamente associada com muitas inovações artísticas e culturais. Depois disso, a sociedade Ocidental entrou na sua era Sensorial atual, agora já em seu crepúsculo. Estamos, de acordo com Sorokin, a caminho para uma transição para nova cultura Ideacional, ou, de preferência, Integral.
Dinâmica Cultural 

Sorokin se interessava especialmente no processo pelo qual as sociedades mudam suas orientações culturais. Ele se opôs à opinião, sustentada pelos comunistas, que as mudanças sociais devem ser impostas externamente, como por uma revolução. Seu princípio de mudança imanente afirma que forças externas não são necessárias: as sociedades mudam porque está em sua natureza mudar. Embora tendências sensoriais ou ideacionais possam dominar, em determinado momento, cada cultura contém mentalidades em uma tensão de opostos. Quando uma mentalidade é levada ao extremo, ela põe em movimento forças transformadoras compensatórias.
O que ajuda a encaminhar a transformação é que os seres humanos são, eles mesmos, parte sensorial, parte racional e parte intuitivos. Sempre que uma cultura se torna exagerada em uma dessas direções, as forças dentro da psique humana, individualmente e coletivamente - trabalharão corretivamente.
Crises de Transição
Assim que a cultura Sensorial ou Ideacional atinge certo ponto de declínio, crises econômicas e sociais marcam o início de transição para uma nova mentalidade. Estas crises ocorrem em parte porque, como o paradigma dominante atinge sua fase decadente final, suas instituições tentam, sem sucesso, adaptar-se, tomando já medidas mais drásticas. No entanto, essas respostas às crises tendem a piorar as cosias, levando a novas crises. A expansão do controle do governo é um subproduto inevitável:
O principal efeito uniforme de calamidades sobre a estrutura política e social da sociedade é uma expansão da regulamentação governamental, arregimentação e controle das relações sociais. A expansão do controle governamental e regulamentação assume formas variadas, abraçando o totalitarismo socialista ou comunista, o totalitarismo fascista, a autocracia monárquica e a teocracia. Ora efetuado por um regime revolucionário, ora por um regime contra-revolucionário; ora por uma ditadura militar, ora por uma ditadura burocrática. Desde o ponto de vista quantitativo quanto qualitativo, tal expansão de controle governamental significa uma diminuição de liberdade, uma redução da autonomia dos indivíduos e grupos privados na regulação e gestão de seu comportamento individual e suas relações sociais, o declínio das instituições constitucionais e democráticas." (MSC p. 122)
Tendências dos nossos tempos

Sorokin identificou o que considerou três tendências fundamentais dos tempos modernos. A primeira é a tendência de desintegração da ordem Sensorial atual:

No século XX, a magnífica casa sensorial do homem ocidental começou a deteriorar-se rapidamente e, em seguida, a desmoronar. Há, entre outras coisas, uma desintegração de seus valores morais, legais e outros que, a partir de dentro, controlam e orientam o comportamento dos indivíduos e grupos. Quando seres humanos deixam de ser controlados por valores religiosos, éticos e estéticos profundamente interiorizados, os indivíduos e grupos se tornam vítimas de um poder bruto e de fraudes que se tornam forças de controle de seu comportamento, relacionamento e destino. Em tais circunstâncias, o homem se transforma em um animal humano impulsionado principalmente por seus impulsos biológicos, paixões e luxúria. O egoísmo irrestrito individual e coletivo inflama; uma luta pela existência se intensifica; força torna-se direito; e as guerras, revoluções sangrentas, crimes, e outras formas de conflitos inter-humanos e bestialidade explodem numa escala sem precedentes. Assim foi em todos grandes períodos transitórios. (BT, 1964, 24 p.)


Adaptado e traduzido de Culture in Crisis: The Visionary Theories of Pitirim Sorokin (link)

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Editorial 01- 2018





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Desde que assumimos o gerenciamento deste Blog a proposta foi criar um ambiente destinado a compartilhar uma produção intelectual de qualidade, o que no Brasil não supõem um público muito amplo ou melhor, o que supõem um público restrito.

Assumimos este 'Diário' virtual contando com cerca de duzentos leitores mensais. Em alguns meses dobramos o número de leitores atingindo cerca de quinhentos por mês. Índice que foi mantido por alguns meses.

Devido a uma mudança de orientação - por parte do proprietário desta Folha, nosso amigo Félix, que converteu-se do agnosticismo ao Catolicismo Ortodoxo - em termos de princípios e valores, perdemos mais de 95% de nossos leitores e passamos a contar com dez ou cinco leitores mensais.

Não desanimamos ou tampouco mudamos para agradar ao público.

"Continuaremos a ser o que sempre fomos ou deixaremos de ser." é nosso lema.

De fato esta não é e jamais virá a ser uma Folha religiosa, confessional ou proselitista -  Nossas Folhas religiosas são 'O protesto' e 'Catolicismo Ortodoxo' Sem embargo disto, quanto a Ética - não confundimos Ética com moralidades ou costumes, os quais não nos interessam por serem relativos - no entanto, assumimos integralmente uma Ética Cristã e Católica voltada para a promoção integral da pessoa humana e expressa por valores como a liberdade, a justiça, a honestidade, a veracidade, a bondade, a tolerância, a sensibilidade, a alteridade, etc Tais nossos valores inegociáveis.

Pugnamos por uma Ética essencial e objetiva sucessora e continuadora do antigo ideal socrático platônico. Fanáticos pela justiça - inclusive em sua dimensão social - não abrimos mão da liberdade pessoal, sem a qual nos despersonalizamos e nos convertemos em escravos. Amigos da paz, não toleramos a injustiça.

Erguemos assim a bandeira do humanismo, pelo simples fato de, como Cristãos Católicos Ortodoxos, reconhecermos a 'capacidade' do ser humano, em comunhão com o sagrado, para praticar o bem no mais alto grau. Nós, como semi pelagianos assumimos a doutrina da Perfeição, da santidade, da impecabilidade... e não menos que os antigos gregos acreditamos que o homem foi feito para a virtude, a qual, por assim dizer, realizao-o e imprime sentido a sua existência. A Virtude sempre será prazerosa a consciência, mesmo quando nos incomode externamente...

Nós negamos que haja qualquer defeito metafísico no ser humano ou que seja mal por natureza. É o homem mau devido ao ambiente que o cerca, aos maus exemplos, a educação, a assimilação cultural. É algo que faz parte de sua condição, não de seu ser, e ele sempre será capaz de rever seus valores, de romper com o mal ou o pecado e de refazer-se a si mesmo. Nós adquirimos que quanto mais informado e culto é este homem tanto mais será livre. O mal nada mais é do que o desvio da vontade face a lei natural, o qual sempre poderá ser corrigido pela reeducação.

Claro que este homem é condicionado por diversos fatores e que quanto mais ignorante for e mais alienado, menos será a esfera de sua autonomia. Determinado no entanto este homem não é. Por isso nós não acreditamos no destino e tampouco no mecanicismo materialista.

Assumimos uma perspectiva evolucionista ou evolutiva mas não unilinear e se percebemos uma complexização ascendente em termos biológicos, sociais, técnicos e econômicos, temos sérios motivos para suspeitar quanto ao progresso humano ou ético. Não o constamos, quiçá porque nos concentramos no técnico e no econômico, na medida em que nossa civilização foi assumindo um caráter cada vez mais materialista ou, nos termos de P Sorokin, sensorial.

Desta substituição do ideal religioso - desfigurado pela reforma protestante - (Com seu viés solifideista ou não ético) - por um ideal materialista economicista, em seguida cientificista e por fim estatólatra /totalitário, resultou uma concepção relativista e subjetivista de existência que prevaleceu em todos os setores da vida: Na epistemologia, na ética, na arte... De modo que nada mais há de estável, de seguro ou de comum. Tudo foi substituído por hipóteses ou interpretações de caráter individual. Chegamos a um mundo em que não há verdade, ao menos em sentido transcendente. Tudo quanto existem são opiniões, e a própria ciência já foi classificada como descrição de fenômenos ou seja como algo aparente e em parte relativo a nós mesmos.

Para este homem contemporâneo, filho da reforma, da revolução francesa e do pós modernismo não há mais fé ou Cristo, nem Deus, conhecimento objetivo ou lei natural; e mesmo ciência. Todas as certezas acabaram-se e ele chegou ao nada absoluto. No entanto este homem não pode prescindir do transcendente ou do absoluto, cujo sentido íntimo transferiu ao estado, a raça ou mesmo o indivíduo e disto resultou a afirmação das místicas ou religiosidades seculares como o comunismo, o fascismo, nazismo e anarco individualismo; as quais afirmaram-se após o colapso do positivismo, cuja 'deidade' era o progresso ou a ciência. A própria razão, adorada pelos revolucionários franceses, não tardou a ser levada a guilhotina pelo irracionalista Kant, o filósofo de Lutero... Tais as culturas de morte contra as quais nos esbatemos nesta folha - faltando incluir apenas o liberalismo econômico ou capitalismo - e as quais juramos levar uma guerra sem tréguas.

Fiéis a nossa cultura greco romana ou a nossas raízes clássicas nós continuamos a defender o ponto de vista de Aristóteles ou de Antíoco de Askelon nos domínios do conhecimento humano. Nossas epistemologia e gnoseologia são objetivistas, realistas ou conceitualistas e nós afirmamos a existência de verdades universais que transcendam aos indivíduos com todas as suas implicações lógicas. Nós cremos no Bem, na Verdade e na Beleza como reflexos do absoluto.

Em nossa concepção integradora da existência há espaço para a religiosidade, a reflexão filosófica, a ciência... Mas o eixo coordenador de tudo é a Ética e a Ética humanista/personalista, voltada para a dignidade da pessoa humana.

Tais as fontes de inspiração deste Blog - A racionalidade, a vontade livre e os princípios do Bem, da verdade e da beleza; assim a tolerância, a justiça, a cordialidade, a honestidade, o amor, a estima pela paz, etc Valores dos quais fazemos praça e não ocultamos. Valores que não cremos serem ultrapassados, inviáveis ou relativos e que não julgamos pelas circunstância ou pela situação, pois de modo algum cremos que os fins justifiquem os meios, mas que os meios são sempre dispostos em conformidade com o fim.

Por isso, passado um ano, e tendo atingido a marca de mais de cem leitores por mês, agradecemos gentilmente a cada um dos senhores pela oportunidade de entrar em seus lares levando o pão do espírito e sólido alimento para a consciência. Certamente não concordamos com tudo ou a respeito de cada coisa, mas acreditamos na possibilidade do diálogo e sobretudo do entendimento mútuo enquanto fim último da liberdade. E assim a cada dia nos tornamos mais e mais racionais...

Neste Blog você continuara encontrando larga cópia de material tomado as áreas da Filosofia, da Psicologia, da Sociologia, das Ciências políticas, da Pedagogia, do Direito, da Literatura, da Arte, da Antropologia, da Biologia, da Teologia, etc Sempre permeado pelos valores enunciados. Esperamos contar com todos vocês e continuar sempre juntos, lutando por um mundo melhor, mais justo e fraterno.




"Nada do quanto seja humano me é indiferente." Terêncio

terça-feira, 24 de julho de 2018

O renegado, revisionista e traidor W Lênin

Já foi dito que o que Paulo fez pelo Cristianismo, separando, por assim dizer, essa pequena seita ou ramo do judaísmo e inserindo-o entre as sociedades pagãs, Lênin teria feito pelo marxismo, extraindo-o dos escritos herméticos de K Marx e conferindo-lhes vida própria.

Até certo ponto uma e outra afirmação correspondem a verdade, e paulinismo esta para Cristianismo como leninismo ou bolchevismo esta para Marxismo ou Comunismo. Avanço ainda mais, da mesma maneira como Paulo - pupilo de Gamaliel - falseou a Ética Cristã, Lênin falsificou certos conceitos marxistas como 'Ditadura do proletariado' (cf nosso artigo precedente sobre Rosa Luxemburgo) e 'Revolução'. Sob estes dois aspectos ao menos foi renegado, apóstata, traidor, revisionista... e hipócrita por ter atribuído tais defeitos da Kaustky.

Não é preciso ser um R Nisbet da vida para constatar que Marx vincula a ação individual a oportunidade oferecida pelo processo histórico, concebido em termos materialistas e economicistas. Deve o proletariado consciente acompanhar de perto o desenrolar da História para atuar apenas quando for possível i é no tempo certo. É dever da vanguarda socialista atuar em comunhão com a História para que a revolução seja bem sucedida.

O que implica acompanhar a implantação, o desenvolvimento e o declínio do sistema capitalista numa dada sociedade. Tendo em vista certos defeitos inerentes a sua estrutura o capitalismo devastará as classes médias e proletarizará a sociedade. O proletariado a seu tempo, tirando proveito deste processo e sabendo-se maioria, tomará o poder para si. Disto resultando a ditadura do proletariado. O proletariado servindo-se do poder político alterará radicalmente o regime de propriedade, socializado os meios de produção. Alterada esta relação desparecerá o que chamamos de sociedade classista e com ela o conflito. E como o conflito é o motor da História, chegamos ao fim do estado e do período socialista, para atingir ao que chamam de fase Comunista...

Tal o fim último da Revolução, da qual a ditadura do proletariado de faz meio.

Uma coisa porém é absolutamente certa. Antes da sonhada revolução o capitalismo deve gastar todas as suas forças e desenvolver-se plenamente, pelo simples fato de que a Revolução será - ao menos em parte - o produto final deste desenvolvimento. Ao desenvolver-se o Capitalismo produzirá a expansão da classe operária e da expansão desta classe advirá seu triunfo.

Antes que este ciclo se cumpra a Revolução fica sendo sempre impossível.

Por isso ela deveria acontecer ou ter acontecido, forçosamente, na Inglaterra ou na Alemanha, na medida em que o capitalismo daqueles países havia percorrido o roteiro traçado por Marx enquanto ele ainda vivia e isto a ponto de chamar-lhe a atenção as vésperas da morte. De alguma maneira Marx deve ter intuído o que foi constatado já por Lênin, já por Henri de Man, no século seguinte - Que a atividade político/parlamentar e o sindicalismo tinham o condão, de por meio de reformas, conter o máximo desenvolvimento do capitalismo e portanto de protelar a sonhada Revolução.

De fato os marxistas ortodoxos estão convencidos de que todas as sociedades humanas devam passar pelo mesmo processo. Assim as que se encontram sob qualquer forma primitiva ou pré capitalista, devem forçosamente adotar o modelo capitalista para, ao fim do processo de desagregação do capitalismo chegar a Revolução socialista e, após a ditadura do proletariado, atingir o paraíso comunista. Foi por uma questão de coerência que Marx aplaudiu de pé a conquista da Índia pelo Império Britânico, pois considerava um bem que a tradicional sociedade indiana fosse suplantada pelo modelo capitalista trazido do Ocidente, de modo a ulteriormente atingir o Comunismo... Os nayrodniya no entanto ousaram perguntar a seus apóstolos do porque seria necessário passar pelo inferno capitalista para chegar ao paraíso comunista?

Os comunistas limitaram-se a classifica-los como retrógrados ou reacionários. Enquanto eles redarguiam dizendo que já estavam em posse do socialismo...

Quanto ao Ocidente no entanto a questão era bem outra. Pois o capitalismo já se havia manifestado e desenvolvido. Diante disto, o que parte dos socialistas queria era paralisa-lo, conte-lo, enjaula-lo, limita-lo... ao invés de permitir que continuasse a desenvolver-se livremente no sentido previamente descrito por Marx. Conceberam portanto uma série de reformas politicas com o objetivo de travar a marcha do capitalismo e de manter a sociedade no nível em que se achava. Outros cogitavam em faze-lo retroceder, igualmente por meio de reformas políticas... Uma e outra solução receberam o nome de reformismo ou de socialismo reformista, em oposição ao socialismo revolucionário ou comunista. Os reformistas, chamados também - pelos marxistas - de socialistas pequeno burgueses despertaram a fúria dos marxistas ortodoxos, que encaravam o máximo desenvolvimento do capitalismo como uma necessidade. Afinal, sem ele, não haveria proletarização, revolução e paraíso comunista.

Cumpre dizer ainda que a social democracia jamais pode furtar-se a este 'desígnio ímpio' de regular o trabalho - até então livre ou ditado pelo 'laissez faire' - por meio de leis e de consequentemente melhorar a condição dos proletários, a qual tornou-se de fato suportável, quando não - ao menos por algum tempo - confortável, o que não podia deixar de atuar sob a marcha do capitalismo, retardando-a ou imprimindo-lhe outro sentido. Afinal ao invés minguar, em certas situações, a classe média - sempre identificada com a pequena burguesia - acabou expandindo-se, ficando o número de descontentes minoritário. Na medida em que o capitalismo foi sendo contido ou limitado - o que nos faz duvidar quanto a continuar sendo capitalismo! - mais e mais trabalhadores foram sendo absorvidos por ele, num movimento contrário ao que fora descrito por Marx. Mesmo o capitalismo não pode furtar-se a pressão feita pelas massas e a ação política dos reformistas tendo de adaptar-se a novas realidades para sobreviver...

Os marxistas ortodoxos perceberam-no de imediato e concluíram que o reformismo, limitando o Capitalismo, conferia-lhe vida e resistência. O reformismo foi que impediu o capitalismo de desagregar-se e perecer, frustrando os vaticínios de Marx. A social democracia, mesmo quando protestava não ser reformista, foi que tornou a Revolução inviável ou desnecessária, ao menos por algum tempo. Pois segundo Engels após suportar limitação após limitação, a burguesia ameaçada acabaria por violar as regras do jogo recorrendo ao que chamamos de golpe. Neste momento os socialistas, recorrendo a 'violência defensiva' passariam do exercício (Leon Blum) a posse do poder. No entanto, ao menos na América latina, os golpes de estado promovidos pela burguesia ameaçada, nem sempre suscitaram a merecida reação...

Lênin, por uma questão de lógica, não via diferenças muito significativas entre o reformismo e a social democracia. Tendo chegado a inferências bastante parecidas com as que acabamos de expor. Todavia, ao contrário dos mencheviques fiéis, como Martov, Plekanov e Axelrod, ele não estava nem um pouco disposto a aguardar pelo máximo desenvolvimento do capitalismo russo. Haja visto que os servos haviam sido emancipados em 1861 e que em 1905 ou 1914 o capitalismo russo ainda se achava num estado incipiente. Era a Rússia de Lênin uma sociedade majoritariamente agrária ou rural e Lênin, como Marx sabia que não era possível esperar qualquer Revolução de uma sociedade agrária e por definição tradicional.

Sendo assim Lênin teve de fazer algumas acomodações, repudiando o materialismo economicista do Mestre e opinando que não era necessário esperar pelo máximo desenvolvimento do capitalismo russo - processo que demandaria mais de um século. Era perfeitamente possível fazer a Revolução na Rússia agrária de então... Perceba o amigo leitor que o esquema ou roteiro de Marx não foi respeitado. Lênin de fato, acreditava ou fingia crer, na possibilidade de furtar-se ao processo Histórico e de alguns homens adiantarem os tempos ou a hora da Revolução. Passando as vistas por alto parece uma aposta inocente... Mas implica admitir uma solução idealista e mesmo romântica em termos de História. Na medida em que se admite que o homem prescinda da oportunidade oferecida pelo processo para ser bem sucedido. O homem pode furtar-se ao processo ou atuar por si só, nada menos materialista ou mesmo realista.

Os 'odiosos' mencheviques expuseram detidamente os erros de Lênin, limitando-se ele a declarar que seus críticos não passavam de fariseus, escravizados pela letra ou pelas palavras de Marx, das quais se serviam contra a Revolução... Foi tudo quanto ele pode dizer na 'Doença infantil do Comunismo', onde acusava os radicais i é os que de fato mantinham-se fiéis ao pensamento Marxista. Efetivamente estes estavam dispostos a permitir que o capitalismo russo se desenvolve-se sob a égide de uma democracia formal, e mesmo dispostos a colaborar com semelhante padrão de Sociedade, por estarem convencidos de que ao cabo de sua evolução ela viria a baixo ou desmoronaria, criando as condições necessárias a Revolução. Para eles esperar a ação das forças econômicas era absolutamente necessário, pois tal e qual Marx eram etapistas ou gradualistas. Lênin aspirava pelo poder e por isso não queria esperar, por crer que o poder era a Revolução ou que poderia substituir a ação das forças econômicas. Posteriormente, após o colapso da URSS, em 1990, os comunistas ortodoxos declararam que a Revolução não dera certo justamente porque furtara-se ao esquema estabelecido por Marx... tornando necessárias uma série de emendas ou adaptações, sem que qualquer uma delas pudesse salvar a obra de Lênin.

Para sermos justos temos que concordar com aqueles que viram na Revolução russa um aborto da natureza em termos de teoria marxista ou como um uma saída tão revisionista quanto o reformismo.


segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ravachol, Sante Casério... e a propaganda pelo fato.

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Qual o preço a ser pago por ser justo?

Não sei...

Vai de um 'deslike' no mundo contemporâneo ou a um xingamento a cicuta que o grande ateniense teve de tragar.

É que hoje já não nos podem fazer tragar cicuta ou ameaçar com a corda fazendo correr a Calcis ou ao país mais próximo.

De alguns dizem que foram queimados vivos, como Pitágoras ou Moídos vivos num pilão gigantesco como Zeno.

Quanto aquele que disse 'Ai de vós que juntais casa a casa e somais campo a campo' dizem ter sido serrado ao meio por ordem do ímpio Manassés.

Carneades teve a sorte de apenas ter sido expulso da cidade eterna por Catão. Epicteto teve a perna quebrada, antes de ser exilado por decreto imperial. Petrônio o 'árbitro da elegância' teve de suportar os 'grunhidos' de Nero e Sêneca de abrir as veias. Helvídio Prisco foi mandado matar por Vespasiano.

S João Crisóstomo teve de morrer no exílio, S Máximo teve a lingua e o braço cortados, S Atanásio, S Hilário e muitos outros amargaram o exílio em terra estrangeira.

Conecto foi lançado as chamas. Edeline e De Lure foram encarcerados. Vieira processado pela Inquisição.

St Just, Robespierre e o próprio Babeuf supliciados.

Uma multidão de Católicos sociais, os filhos mais esmerados da Igreja, insultados e descritos como comunistas pelos traidores. D Lefevre e o abbe Georger de Nantes perseguidos incansavelmente pelos pedreiros livres. Emmanuel Mounier e Jacques Maritain caluniados pela ralé.

Também Kropotkin e Tolstoi, Ghandi e Thoureau, Blum e Nearing, dentre muitos outros, tiveram de conhecer as privações do cárcere, assim Hérzen, assim Lavrov... Chaplin teve de abandonar o EUA, que dizem ser a terra da liberdade!!!

Vargas foi assassinado da mesma maneira como Gabriel Garcia Moreno.

E sucessivamente os justos tem sofrido nas mãos do paganismo, do judaísmo, do papismo, do protestantismo, do capitalismo, do absolutismo régio, do comunismo, do nazismo, do fascismo e de todas estas culturas de morte abomináveis. Socráticos, Católicos, Policratas, Anarco socialistas e outros tantos amigos do homem tem sido sucessivamente oprimidos e suprimidos por terem ousado alça a voz em defesa da verdade.

Aqueles que se postam intransigentemente, ao lado da justiça e sem consideração de ideologias tornam-se odiosos!

Aqueles que afrontam os preconceitos sancionados pelo senso comum tornam-se detestáveis.

Aqueles que levantam-se contra a mediocridade dominante atraem numerosos desafetos.

Diante disto que fazer?

Calar-se e compactuar face quanto esteja errado ou afrontar?

Seguidores daquele que morreu suspenso no alto do calvário temos por imperiosa e imperativa a segunda opção!

No entanto por uma questão de prudência e para não dar ocasião de escândalo aos mais débeis queremos deixar bem claro qual seja nosso pensamento sobre a 'propaganda pelo ato' ou pela 'propaganda pelo fato' levada a cabo pelos bakuninistas radicais no último quarto do século XIX.

Sabemos muito bem quem foi o patife Nechyaev e quais foram suas relações com Bakunin, intelectualmente falando o menos afortunado ou mesmo pigmeu dos anarquistas. Face a Proudhon e Kropotkin Bakunin é para lá de medíocre...

Para nós a 'propaganda pelo fato' corresponde a algo de monstruoso, abominável, grosseiro e inadmissível sob qualquer pretexto ou alegação. Coisa de gente bárbara, cruel, vil e desumana; quando sã.

Afinal nós não pertencemos ao grupo daqueles que colocam a verdade ou a ideologia, seja ela qual for, acima da vida humana. Nós situamos a vida humana acima da verdade. E por isso não acreditamos que matar seja uma forma ou uma maneira de lutar pela verdade. Admitimos que a violência e a morte sejam justificadas face a opressão, a dominação, a miséria, a injustiça... Acreditamos que os homens possam reagir face a situações sociais de injustiça. Acreditamos na violência defensiva ou na guerra justa, mas de modo algum que se deva matar pela verdade ou em nome da verdade. A verdade é algo que se decide por meio da persuasão ou seja através de evidência e argumentação e não através de bombas, fuzis ou baionetas.

A menos que alguém, capaz de defender-se, opte por morrer por seus ideais ou que se auto sacrifique, é a verdade manchada. Honorifica-a o verdadeiro martírio, dos fortes. Polui-a o assassinato, o derramamento de sangue, a carniçaria, a matança... Matar será sempre matar, jamais defender a verdade. Assassinar será sempre assassinar, jamais promover o conhecimento. Educar jamais será sinônimo de ensanguentar.

Por isso condenamos a propaganda pelo fato da mesma forma que condenamos o terrorismo promovido pelos adeptos do califado; e antes de condena-los despresa-mo-los como o substrato mais baixo da ralé. Como bárbaros, rudes, grosseiros e inimigos da civilização. Não compactuamos com nada disto, e quem ousar declarar-nos partidários de tais recursos seja tido em conta de vil caluniador e mentiroso.

No entanto uma coisa é condenarmos o método empregado por Ravachol e seus companheiros, assim Vaillant e Sante Casério e outra condenarmos a eles como se não passassem de vis criminosos, sádicos, cruéis, etc sem quaisquer conexão com a sociedade em que viviam. De fato adotaram meios inadequados, no entanto nem por isso deixam de ser produtos do tempo ou da sociedade em que viveram ou melhor homens que sentiram todo peso dessa sociedade e não foram capazes de suporta-lo.

Não adianta dizer que havia algo de errado com Emilé Henry ou com Meunier. É da-los como seres a parte da Sociedade, da Sociedade que eles arrenegavam. Então o que temos de analisar, caso queiramos ser justos é se, em que pesem os meios de ação inaceitáveis a que recorreram, tinham lá alguma razão no sentido de repudiar aquele tipo ou padrão de sociedade. Não se trata de absolver a eles, mas de condena-los e absolver aquela sociedade; isto é que nos parece problemático. Alias a ideia que se passa é que eram homens maus ou cruéis em luta contra uma sociedade paradisíaca ou no mínimo aceitável aos olhos da criatura racional.

E já começamos dizendo que aqueles homens, condenados por terem agido equivocadamente, eram filhos de uma Sociedade condenável, cujos métodos ou recursos condenáveis reproduziam. Apenas não eram hipócritas e dissimulados como aqueles que matavam em nome do poder, do dinheiro ou do que chamam de ordem e eram condecorados quando não homenageados com uma herma em alguma praça...

Ravachol e Vaillant, franceses, viveram nas décadas de 60, 70 e 80 do décimo nono século e eram ambos de famílias paupérrimas ou miseráveis. Na França, do século XIX, nem havia algo semelhante a 'poor law' inglesa, nem havia mais um S Vicente de Paulo. De fato a Revolução francesa foi mais imprevidente do que a Coroa Inglesa ao cabo do décimo sexto século. Pois se esta abandonou os pobre por meio século, a contar da extinção dos mosteiros em 1838 a aprovação da primeira 'poor law' em 1898, aquela deixou-os completamente abandonados até a criação das primeiras leis trabalhistas, criadas de 1892 a 1900 e consolidadas em 1938. Portanto o estado francês, marcadamente liberal,, após ter usurpado parte dos bens eclesiásticos - a exemplo da reforma protestante - e secularizado as abadias e mosteiros, abandonou os pobres por mais de século e eles ficaram completamente, totalmente desamparados... A igreja, a seu tempo, envenenada pelo incredulidade e assolada pelo terror, tornou-se absolutamente dócil, na França do décimo nono século. Apenas os Católicos sociais, como Ozanam, lutavam arduamente no sentido de mudar tal situação. Eram no entanto poucos... E as condições políticas inadequadas.

Desde a Revolução, em que pese o Catolicismo social, podemos falar de um significativo vácuo, quanto ao socorro aos pobres, a promoção humana e a proteção do trabalho. Não menos que na vizinha Inglaterra, vigorava um liberalismo sufocante. Mas os ingleses, ao menos durante algum tempo, contaram com a ação social metodista, responsável inclusive, segundo alguns teóricos, por ter espantado o espectro da Revolução... A França, cética e em parte secularizada não contava com algo semelhante. Sua situação era dramática, digo a situação dos pobres, dos trabalhadores, dos camponeses e das classes superiores, os quais levavam uma existência miserável.

Tanto Ravachol quanto Vaillant referem-se amiúde não apenas as situações de fome porque passaram, mas o que é ainda mais dramático, as situações de fome porque passaram seus pais ou irmãos mais jovens sem que tivessem uma mísera códea de pão duro com que forrar o estomago. Mas há quem ache tudo isto comum, aceitável ou até mesmo belo; enquanto a mesma época um único banquete oficial com que as autoridades constituídas recebiam uma autoridade estrangeira consumia uma soma capaz de manter dezenas de milhares de famílias pobres por anos a fio... Tais banquetes, aquele tempo constituíam a prioridade orçamentaria, juntamente com as armas e munições destinadas a reprimir e massacrar os possíveis insurretos, que não se conformassem com tão indigna situação. Eram umas reuniões idílicas e aprazíveis em que algumas centenas de fidalgos degustavam canapês de caviar, trufas, salmão, foie gras, faisão, vinho do porto, etc enquanto milhões passavam dias inteiros com as barrigas vazias, inclusive crianças! Um estado policial, cujo único fim era manter a força semelhante condição, a que chamavam ordem...

Ordem na França do século XIX significava que, segundo o nascimento, uns tinham de conformar-se com pão amanhecido - quando havia - enquanto outros podiam consumir toda sorte de iguarias finas e delicadas, cujo valor bastaria para matar a fome daqueles... E quando morriam eram os nababos sepultados com suas joias de ouro e pedrarias. Carcaças putrefatas eram enterradas com joias cujo valor seria capaz de matar a fome de um vilarejo inteiro por anos a fio. Um só daqueles anéis bastariam para levar pão as bicas de centenas de crianças famintas. Mas... preferiam encerra-lo com uma cadáver num caixão apenas para mostrar 'status'... Então avalie o que era semelhante sociedade! Banquete para uns e agonia para outros, segundo o nascimento, não segundo a inteligência ou o mérito, os quais pouco contavam, exceto quando ornavam uns bajuladores sem caráter.

Segundo Max Nordau - nas 'Mentiras convencionais' - (De man alude a isto) a grande diferença entre os banquetes oferecidos pela França republicana e os não menos faustosos banquetes oferecidos por um Calígula, um Nero ou um Domiciano - capazes de consumir as rendas anuais de uma única Província imperial! - era que estes não apareciam nas primeiras páginas de revistas ou jornais. De fato aquele tempo as comunicações eram bastante precárias, de modo que tais excessos apenas por ouvir dizer chegavam aos ouvidos das massas, jamais aos olhos e com viva cor. A partir de um determinado momento a imprensa pos-se a ostentar ou a por debaixo dos olhos desta plebe ignara o faustoso banquete degustado por nossas elites, tornando-os assaz conhecidos do grande público. E semelhante ostentação da fortuna ao lado da miśeria ou da fome tinha mesmo de despertar a indignação e a repulsa de muitos.

Não era apenas questão de gula ou fome, de excesso ou privação, de riqueza ou miséria, mas acima de tudo de ostentação. A sem cerimônia com que esses ricos esbanjavam o que facilmente ganhavam foi logo interpretada como um tapa na cara. Nós não apenas exploramos o pobre e o fazemos passar fome, não é suficiente - Humilha-mo-lo e tiramos sarro dele. Foi esse tipo de humor negro, já presente na fábula dos 'brioches' de M Antonieta, que exasperou os mais inteligentes e sensíveis dentre os pobres tornando sua miséria ainda mais dolorosa ou internalizando-a.

Além do mais, as pesquisas nos fazem saber que a fome enlouquece. Eu mesmo testemunhei como um de nossos assistidos - pessoa demasiado tímida para revindicar qualquer coisa - quase surtou durante o período em que ficamos doentes e não pudemos socorre-lo. Veja o senhor o que é a fome! Imagine então ter de dormir sabendo que sua mãe passa fome por ter dividido a única fatia de pão com os pequenos, que os pequemos talvez não tenham leite no dia seguinte ou que a sua irmã menos tenha de vender o que chamavam 'pureza' em troca de alguns pobres para ajudar nas despesas da casa... Tais as situações porque passaram Vaillant, Ravachol, bem como o italiano Casério.

Dickens nada inventou do quanto escreveu. Descreveu com fidelidade a crônica de seu tempo, a 'idade de ouro' do liberalismo econômico...

Mas perguntará nossa 'cinderela' ou nossa 'branca de neve': Por que tais homens não trabalhavam ou deixavam-se imolar, como outros tantos, pelo deus mercado??? Havia aquele tempo, mais do que hoje, um colossal exército de reserva composto por desempregados. De modo que conseguir emprego não era tão simples ou fácil quanto se pensa. Tanto pior nas Vilas espalhadas pelos campos em que o trabalho era sazonal. Havia com que viver durante o tempo da semeadura e da colheita, no entanto, durante o resto do ano... Sim, sempre se podia executar alguma coisa ou algum servicinho mas a remuneração era irrisória, ínfima... e o preço dos gêneros, elevadíssimo.

Parece inacreditável ao homem de hoje mas cenas como as que atualmente só se sucedem nos confins da Etiópia ou que ocorreram na Ucrânia do Holodomor, repetiam-se anualmente nos cantões da França caso a colheita sofresse alguma alteração imprevista e o valor dos alimentos subisse. Dezenas de pessoas morriam de inanição... Sem que o Estado fizesse qualquer coisa. O governo policial nada fazia além de recorrer as baionetas e reprimir os insurretos. Por que vocês acham que o anarquismo mais virulento fez sua primeira aparição na França, identificando o estado como o mal absoluto ou metafísico??? Por que durante quase um século, o estado francês inspirado por uma ideologia econômica liberal, omitiu-se por completo face ao problema da inanição, disto resultando a morte de muitos... Para não mencionarmos a fome, a miséria, o trabalho; que eram outros tantos problemas.

De fato viver naquela França 'doce' apenas para uns poucos privilegiados era literalmente enlouquecedor. De modo que Ravachol, Vaillant e outros tantos acabaram surtando e colocando em prática a solução inconsequente formulada por Nechyaev. Exasperados puzeram-se a estourar bombas aqui e ali julgando que exerciam vingança contra aquele estado imoral, insensível e cruel. E se bem que, via de regra, explodissem apenas espaços frequentados pela alta burguesia debochada, sabiam que corriam os risco de ferir ou matar os inocentes que por necessidade ali trabalhavam. Tampouco pararam para considerar a condição peculiar das crianças, dos alienados mentais ou dos idosos, para eles todos os que pertenciam ao 'meio burguês' eram igualmente culpados e como disse Emilé Henry não havia inocentes no seio da burguesia. O marxismo, visando ser mais humano, deu a entender que também o burguês ou ao menos alguns deles, podiam ser vítimas da alienação... Estes jovens aterrorizados no entanto, compreenderam que todos os burgueses eram insensíveis, sádicos, cruéis e culpados face ao calvário percorrido pela gente simples.

Seja como for fica difícil entender de que modo explodir um bebê burguês torna-se revolucionário. Me parece mais um ato irrefletido, face da revolta e da insanidade produzidas pela fome. Trata-se antes de tudo de um ato de sadismo, mas de um sadismo produzido no seio de uma sociedade sádica, por uma sociedade em que todos, inclusive os que protestam contra ela, acham-se anestesiados. Tal o sadismo dos que sepultam seus queridos com tesouros, bem como daqueles que devoram diariamente salmão, pernil, caviar... sabendo que seus irmãos não tem o que comer! De fato o sadismo assume diversas formas... Como cobrir-se com um vestido de seda, tafetá, chamalote, rendas, laços, fitas e pedrarias... com que se poderia saciar a fome de milhares de bocas. Não, não se trata numa insensibilidade ou duma frieza presentes apenas nos anarquistas ou terroristas, mas de uma insensibilidade difusa, socialmente partilhada e que num determinado momento voltou-se contra a própria sociedade.

Antes de julgar tais homens ou tais criminosos - que tenho em conta de mentalmente instáveis ou afetados e aos quais certamente absolveria - acho que devemos procurar conhecer melhor a Sociedade em que viveram e julga-la. Nem preciso dizer que tais homens eram vítimas da Sociedade. Que uma sociedade individualista e egoísta faça vítimas é uma obviedade...  Contento-me por dizer que faziam parte daquela sociedade e que eram expressão dela, não algo a parte... Eu tive honestidade suficiente para ler os depoimentos deixados por estes homens e sacar algumas conclusões. Diferentemente de Paul Adam não direi que tais homens fossem mártires ou santos - embora Ravachol tenha jurado jamais tornar a roubar galinhas de uns pobre camponeses magricelas para dar de comer a irmã menor - mas tampouco direi que eram uns alienígenas ou mesmo uns celerados sem coração. Tudo quando direi é que eram homens de seu tempo e de seu lugar, e que aquele tempo e aquele lugar certamente não eram muito bons.

Pronto falei ou melhor escrevi e aguardo já pelas pedradas, afinal o -

"Diga a verdade e saia correndo." ainda parece ser a regra vigente...

Enfim estamos diante de homens descristianizados, membro de uma sociedade descristianizada ou o que é ainda mais chocante, de uma Cristandade aparente. Pois como pode o Cristão, o Cristão Católico, permanecer acomodado e indiferente face ao irmão que passa por privação e fome??? Como pode o Católico encarar a fome, num ambiente em que a produção de alimentos é suficiente para saciar a todos, como algo aceitável ou comum??? Admitido isto, só posso dizer que há algo de muito estranho ou de muito errado com este Catolicismo e que não se parece nem um pouco com o Catolicismo dos Apóstolos, de Justino, Clemente, Ambrósio, Astério, Basílio, Crisóstomo, etc 

sábado, 21 de julho de 2018

A Igreja e o espantalho do anti abortismo II ou repisando velhos erros...


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QUANTAS VEZES VOCÊ FEZ ISTO???




Agora que fazem esses Católicos acomodados, superficiais e insensíveis matriculados na escola do farisaísmo???

Voltando as costas para seu dever social e buscando encontrar soluções concretas para o aborto - Capazes de impedir sua descriminalização - assume a fatuidade da ideologia protestante e (pasmem!) transplantam o anti abortismo e outros temas morais (o que é muito pior) para o terreno da política EM DETRIMENTO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, a qual, como levianos, menosprezam quando não ignoram. Tristia tempora! Tristia mores!

E põem-se a gritar como pegas ao cio: Não vote neste candidato porque é a favor do aborto!!!

Que temos a dizer diante disto.

Certamente que todo humanista, quanto mais um Cristão, se oporá ao aborto e pronunciar-se-a em favor da vida e sua dignidade. Não em favor da vida intra uterina apenas - seria uma distorção da concepção Católica de existência - mas em favor da vida infantil, juvenil, adulta, madura, idosa e sob diversas outras circunstâncias que exigem uma proteção por parte da Sociedade. A Comunidade deve proteger integralmente a vida, do começo ao fim. A solidariedade impõem-se como algo continuo e não é possível ou coerente que o homem, oponha-se a imolação de fetos e apoie e imolação diária de crianças, jovens e adultos face a miséria e a ignorância.

No entanto quando dizemos que o Cristão se oporá ao aborto devo dizer que também se oporá a todas as condições sociais que favorecem-no, e assim a exploração econômica, a injustiça social, a pobreza extrema, ao analfabetismo, etc Somente dentro de um contesto mais amplo o anti abortismo faz algum sentido.

Além disto como já dissemos, buscará ele, a medida de suas posses, solidarizar-se com as pessoas vulneráveis a esta situação. Já adotando, apadrinhando, socorrendo ou mantendo orfanatos e abrigos. Então terá idoneidade para críticas ou poderá começar a falar. Após ter cumprido seu dever... ao invés de emitir discursos vãos!

Por fim este homem, acima de tudo, assumirá tantos quantos filhos tiver, os valorizará, assumirá e cuidará deles. Mesmo que desligado da mãe de seus filhos estará sempre disposto a ajuda-la financeiramente ou pessoalmente, pois de seu filho não se pode desligar. E saberá apoiar filhas, sobrinhas, afilhadas, etc ameaçadas por semelhante risco. Ele não favorecerá esta prática infame em sua família ou círculo de amizades. Não abortará sentido de jamais consentir que sua companheira aborte. Buscará dissuadir qualquer mulher disposta a faze-lo não apenas por meio de argumentos, mas concedendo-lhe proteção e apoio. Ele viverá o anti abortismo e o colocará em prática na própria vida.

Pois não é incomum entre políticos e palradores destes tempos, condenar publicamente este ou aquele vício e depois, po-lo em prática as ocultas. Assim demagogos que após terem denunciado o abortismo a cabo de anos seguidos, pressionaram a jovem amante a abortar!

Portanto ser Cristão não significa condenar mulheres pobres ou exigir que sema punidas e penalizadas sem que a condição delas seja levada em conta e menos ainda berrar contra a legalização do aborto, mas opor-se ao aborto com a vida. Abster-se de po-lo em prática ou de favorece-lo através de suas atitudes. Isto sim é ser anti abortista!

Porque o lugar da moralidade é a vida privada.

Enquanto que a política diz respeito a coisa pública.

Portanto se alguém aborta ou não ou se apoia o aborto ou não, isto não tem relação concreta com a coisa pública e comum.

Claro que a legalização ou o financiamento público do aborto são temos políticos, que no entanto derivam de situações sociais.

Opor-se a legalização ou descriminalização do aborto irrestrito não nos deve impedir de votar ou de apoiar um político simplesmente porque é a favor desta pauta. Uma análise deste tipo pode induzir-nos a erros fatais devido a sua tacanhice. O apoio a um político deve ter por base uma análise sobre o conjunto de seus propostas e não uma opção isolada, ainda que equivocada.

Teoricamente o Fuherer de S Paulo, Geraldo Alckmin, afetando um Catolicismo aparente, que folga opor-se a Doutrina social da Igreja, declara opor-se a legalização do aborto. Devemos portanto apoiar um tal sujeito ou votar nele? Observemos a situação tanto mais de perto. Este cidadão confuso e desorientado, não apenas pertence a um partido cujo programa é de inspiração neo liberal ou capitalista como assume esta pauta neo liberal, de modo algum conforme a Doutrina Social da Igreja. Em conformidade com seu ponto de vista, o citado candidato pretende aprovar a Reforma da Previdência assim que assumir a presidência do país.

O que quero que o leitor perceba é que este homem adota soluções incompatíveis face a tradição social do Catolicismo. Afeta ser anti abortista para granjear votos. Mas esta disposto a executar uma reforma,- dentre tantas e tantas outras - destinada a potencializar situações de miséria e indignidade, que na base acabarão favorecendo situações de aborto!!! Com um discurso hipócrita e um falso moralismo, declara opor-se ao aborto. Por meio de uma política neo liberal todavia, acabará estimulando este crime.

É antiga a constatação de que o Capitalismo ou liberalismo econômico - e não seu sucessor o Comunismo - destrói a família e a moral tradicional pena base. Todo conservador sabia-o por intuição desde os albores do décimo nono século. Verificou-o, o Católico Le Play, após exaustivas investigações, cerca de 1850. O Comunismo tem o mérito de ser sincero e de combater abertamente a organização familiar costumeira - que os anti abortistas alegam amar. O Capitalismo destrói-as sútil ou sorrateiramente, solapando toda a moralidade convencional ou como dizia Bernard de Mandaville vendendo, negociando e promovendo diversas formas de vícios. Foi a criação do modelo fabril pela Revolução industrial - apoiada pelos protestantes - que separou pai, mãe e filhos; assestando duro golpe nas famílias, além de afasta-las do convívio com o mundo natural.

Tudo isto é obra do liberalismo, ideologia que inspirou os programas de diversos partidos políticos nos quais prolifera um discurso anti abortista ou puritano - incoerente e inconsequente como tudo que é protestante. É um discurso falacioso e aparente, na medida em que o mesmo liberalismo implementa e tem implementado, cada vez mais situações de miséria, injustiça e alienação. Mas não são os Comunistas que dizem tais coisas??? Não, quem constatou semelhante situação foi o escritor Charles Dickens, e além dele St Simon, Fourier, Owen, Ruskin, Morris, Carlyle... além dos insuspeitos Chesterton e Belloc... E Hérzen, Lavrov, Sorel... O Bispo Von Keteller na Alemanha... Os Católicos sociais da França a partir de Villeneuve de Bargemont, Lammenais e Buchez... Henry George nos EUA... A miséria trazida e promovida pelo capitalismo foi uma constatação empírica geral, como a imoralidade potencializada por este novo mundo: Alcoolismo, consumo de drogas, prostituição... Tudo quando os neo Católicos moralistas afetam detestar foi estimulado pelo Capitalismo.

Portanto como combater o aborto e as demais formas de imoralidade apoiando um sistema materialista e economicista que solapa as bases e fundamentos da moral - É DAR UM TIRO NO PÉ!!! Admitem-no os conservadores ou meio reacionários ingleses como Russel Kirk e Scruton, além de John Gray. O capitalismo destrói as redes tradicionais de solidariedade ou apoio, nas quais nossos ancestrais encontravam acolhida, e lança-o isolado e só num torvelinho de forças econômicas. E assim se vão todos os sonhos, dirá T S Elliot. E também toda moralidade antiga... A qual desaba e vem abaixo, porque lhe falta o necessário substrato real ou material. Não se fala de Deus ou de religião a quem tem a barriga vazia, já dizia o Escolástico!

A moralidade Católica depende de bases concretas ou materiais da qual a pessoa fica privada desde que posta a merce do Capitalismo e o resultado disto é uma sociedade abortista... E ao apoiar um candidato liberal ou neo liberal você, Cristão, ajudou a edifica-la, inda que ludibriado por um falso discurso!!!

Diante disto que solução buscar???

Soluções políticas para problemas comuns. Soluções sociais para problemas sociais.

E temos um excelente guia, temos um padrão, temos um critério, na doutrina social da igreja, que é um desenvolvimento da nossa tradição social e da nossa consciência Ética.

É a doutrina social da igreja e não a qualquer elemento isolado de moralidade que devemos reportar nossa análise política, examinando a proposta de cada candidato em seu conjunto, no que tem de propriamente política ou social. É a doutrina social da Igreja que o Católico deve tomar por base ao analisar qualquer programa partidário ou proposta pessoal.

Claro e evidente que no Brasil não daremos com uma absorção integral desta doutrina por parte de qualquer candidato e menos ainda de qualquer partido. Agora quem são os responsáveis por semelhante estado de coisas senão estes neo Católicos filiados a partidos liberais ou neo liberais??? Esses elementos superficiais e levianos que ignoram os ensinamentos sociais da igreja??? E que ousam posar como Católicos nos palanques...

Diante de tal fato deve o Católico guiar-se por aproximação. Votará em candidatos cujas propostas melhor contemplem as exigências da doutrina social da igreja. Grosso modo elegerá candidatos que defendam os direitos do trabalhador, que deem respaldo a promoção humana e que estejam comprometidos com a justiça em sua dimensão social.

Diante disto apoiará partidos socialistas ou compactuará com o socialismo?

De fato, temos de dizer que nem tudo no socialismo é mau e que ele não é mau em seu conjunto ou totalidade - Ao contrário da avareza, principal 'virtude' encarnada pelo capitalismo, a qual é um pecado. - mas apenas quanto a certos aspectos filosóficos, como o naturalismo, ou (Em certos casos) o materialismo, o ateísmo, a negação da propriedade pessoal, etc Aos quais o Católico obviamente não aderirá. No mais não se trata de filiar-se a tais partidos ou mesmo de filiar-se a ele, mas de reconhecer que a plataforma deles esta infinitamente mais próxima da doutrina social da igreja do que a doutrina liberal ou neo liberal. Esta é condenada em sua base mesma e fulminada em seus princípios. Aquela apenas quanto a certos aspectos.

Portanto não pode nem deve o bom Católico furtar-se de apoiar uma política trabalhista ou justicionista, sob a alegação - especiosa e vã - de que os socialistas ou mesmo os comunistas apoiam-na. A estupidez aqui seria tanta como opor-se a um projeto destinado a coibir a pedofilia ou a disciplinar a entrada de muçulmanos na República pelo simples fato de ser ele apoiado pelos socialistas. A partir deste tipo acrítico e imbecil de oposição chegamos aos mais monstruosos absurdos.

Toda e qualquer proposta fundamentada na Doutrina social da Igreja merece total apoio dos Cristãos Católicos inda que parta de seus adversários. Não pode o Católico, desamparar o direitos dos trabalhadores ou os serviços de assistência social, sob a alegação de que os socialistas ou comunistas são favoráveis a eles porque a doutrina da igreja também o é, e terminantemente! Os fanáticos cooptados pelo protestantismo e poluídos pelo liberalismo economicista podem não gostar, mesmo assim há pontos comuns, e diversos, entre a doutrina social da Igreja e o socialismo naturalista ou mesmo o comunismo. Assim a necessidade da intervenção por parte do estado ou da sociedade nos domínios da produção econômica, visando proteger os operários, campesinos, etc De fato a igreja jamais engoliu os paradigmas do liberalismo clássico.

Pode e deve portanto o Católico, com a consciência pura diante de Jesus Cristo e firmado na tradição dos Santos Padres e dos escolásticos votar em candidatos que pertençam a partidos socialistas moderados, mesmo quando sejam abortistas ou estejam em oposição a moralidade comum. Isto não os torna apoiantes do aborto ou da dita imoralidade. Não os torna naturalistas e não faz deles comunistas. Apenas estão buscando a melhor saída política para problemas políticos e conforme o espírito da igreja. Que até 1937, na Alemanha, apoiou o nazismo sem tornar-se por assim dizer nazista.


O melhor e mais seguro critério, em termos Católicos, para analisar o conjunto de qualquer discurso político, é e sempre será a doutrina social da Igreja e jamais qualquer elemento isolado em termos de moralidade. Não podem os Católicos por em prática o aborto ou se abortistas. Votar em políticos abortistas, desde que haja razão suficiente para tanto, podem faze-lo tranquilamente.


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OLHA AI QUEM PODE LEVANTAR O DEDO E CRITICAR!!!





quinta-feira, 19 de julho de 2018

Rosa Luxemburgo X Lênin - Uma marxista não leninista

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Esta eu respeito e aplaudo de pé!






Ao contrário do que dizem, as diversas tradições europeias - Francesa, Inglesa, Austríaca, Lassalliana, etc - muito concorreram para tornar o marxismo em parte palatável e aceitável, tendo em visto a metafísica medíocre de Marx (É Leon Blum que assim se exprimi nas notas sobre o Congresso de Japy - Revue blanché, Janeiro de 1900).

Referi-mo-nos, é claro, ao Marx Filósofo, não ao Marx Sociólogo - ainda quando não concordemos inteiramente com ele - e menos ainda ao precioso Marx economista. Não foi pouco serviço separar a crítica econômica feita por ele de toda a ganga metafísica agregada, que o bolchevismo converteu em dogma sacrossanto nas terras da URSS...

Assim seu tímido e comedido ateísmo, assim o materialismo dialético, assim o blanquismo da juventude, assim a ditadura do proletariado, as divagações sobre o futuro... Enfim tanta, tanta coisa. Tanto peso morto... De que o bolchevismo fez 'questão de honra' travando a emancipação dos trabalhadores, ainda segundo Leon Blum - Le populaire 05/02 de 1927.

Justamente por adotar o já descrito padrão de terrorismo maquiavélico, jacobinista e inspirado na Revolução francesa, na carbonária, no babovismo e no blanquismo. Insistindo doentiamente na efusão de sangue - sem maiores comedimentos - bem como no truque, na fraude, na traição, na mentira, na corda, no veneno, no assassinato, na tortura, na execução... de Lênin a Stalin o bolchevismo patrocinou toda sorte de reações lançando as massas nos braços da burguesia. Como os anarquista já haviam feito no final do século XIX, quando recorreram a propaganda pelo fato, com motivacionais completamente diferentes no entanto.

Curiosamente, temos de Nisbet, uma observação que nós mesmos havíamos constatado ao perfilhar as obras de Marx e Engels - A falta (Pasmem leitores!) de definições objetivas quanto aos conceitos fundamentais ou apresentados como fundamentais. Nisbet  p 291 fala em 'Ambiguidades, lacunas e incongruências' Poderíamos falar em assombrosas descontinuidades: A ditadura do proletariado, após ter sido delineada no Manifesto de 1848, é citada expressamente (pela primeira vez) em 1852, para ser engavetada durante mais de vinte anos, e reaproveitada apenas após a derrota da Comuna de Paris, quando só então Marx sugerirá que a causa da derrota da comuna anarquista foi não ter empregado a 'Ditadura do proletariado'...

É em vão que buscamos em Marx a definição do conceito de 'classe'. Nada de mais concreto em termos de política ou de fruição do poder e menos ainda em termos de administração. E a sensação terrível que nos apreende ao ler seus escritos é que Marx identificou a Revolução com a tomada ou posse do poder - não importa como ela venha a ser obtida - e a tomada do poder com a transformação social. Pergunte-mo-lhe sobre a futura sociedade comunista. Silêncio total 'Não haverá opressão, exploração, etc'. Bravo! Mas como será??? Não sabemos... Embora Engels, não Marx, deixe bem claro que o trabalho continuaria a ser desenvolvido nos moldes fabris do capitalismo. E quando Axelrod objeta a Lênin que a estrutura partidária idealizada por ele recorda a estrutura hierárquica e nada democrática - Jaures foi quem postulou a democratização as fábricas juntamente com Otto Bauer - de uma fábrica, este limita-se a dizer: É assim mesmo, pois foi essa estrutura maravilhosa, idealizada pela burguesia que treinou nosso proletariado... mas é claro que o PC russo também tem um pouquinho de Vaticano ou de igreja.

O mais surpreendente disto tudo é que as indefinições de Marx convertem-se justamente nos dogmas fundamentais ou basilares do leninismo... E se Marx fala algumas poucas vezes em 'ditadura do proletariado' sem jamais precisa-la concretamente e portanto deixando-a em aberto, Lênin fará dezenas ou centenas de menções a ela precisando-a com máxima exatidão. E isto será o bolchevismo russo, algo bem distinto de Marxismo ou do antigo Comunismo, ou do Socialismo revolucionário. De fato o bolchevismo é já uma outra coisa e sabe a algo russo e propriamente russo.

Rosa Luxemburgo, que passa por marxista ortodoxa, mas que os leninistas costumam infamar, encara a ditadura do proletariado e a própria revolução em termos bastante distintos a respeito dos quais tornaremos a falar mais adiante.

Para Marx o partido, neto do clube e filho da liga, não passa de uma organização, antes de tudo educativa/formativa, tal e qual Leon Blum, diria a respeito do exercício do poder em 1926, no Congresso de Bellevilloise. Lassalle, dirá Engels, é que tomando a ferramenta do 'sufrágio universal - e nisto seguindo o Manifesto - delineia um partido voltado para ação parlamentar, o que é acordado em Gotha e do que resulta a eleição de A Bebel. Não passa disto. Lênin no entanto - que segundo Lefranc (1964) vivera por mais de uma década afastado da Rússia e longe das massas (Adotando, com seus companheiros, métodos carbonários.) - conceberá a ditadura do proletariado em termos de Partido comunista e o Partido comunista em termos do seleto COMITÊ CENTRAL. Como a Revolução jacobinista, que alegou ter removido o rei e a nobreza para estabelecer uma ordem democrático/popular e estabeleceu uma ditadura em torno do Comitê de Salvação e depois do Diretório, Lênin, num passe de mágica, transforma a ditadura do proletariado em ditadura do Comitê central do partido comunista.

Agora como o Comitê funcionará apenas duas vezes ano ano por quatro dias, quem legislará em seu nome será o Politburo cujos membros eram vinte e dois!!! Estes vinte e dois homens ou no caso do CC, algumas centenas deles, eram por assim dizer o proletariado. E comandavam dezenas de milhões de pessoas!!! Embora por quase vinte e cinco anos Stalin tenha comandado o politburo e o CC, exercendo um poder com que nem mesmo o Todo poderoso Czar havia sonhado um século antes. De fato por um quarto de século Stalin governo a URSS como um Faraó ou como um Xá da Pérsia, tendo mais poderes do que Calígula, Nero ou Domiciano. E tudo isto graças ao termo 'Ditadura do proletariado' a que Marx, sejamos justos e, jamais havia atribuído semelhante significado.

Assim enquanto o russo Lênin forjava semelhante monstruosidade ou monumento de tirania, Rosa Luxemburgo, uma escriba marxista tão hábil como K Kaustky, buscava penetrar honestamente o pensamento de Marx e definir corretamente que fosse ditadura do proletariado. E temos que ela, como Leon Blum mais tarde, discordou categoricamente de Lênin, identificando o povo - ao fim da marcha capitalista - com uma extensa massa de proletariados (resultado da proletarização acenada por Marx) a ser detidamente trabalhada pelo partido e conscientizada. Seria essa massa imensa de proletários que exerceria, o quanto fosse possível direta, semi direta ou democraticamente a política, exercendo ela mesma a tal ditadura do proletariado, sem que tal exercício fosse delegado a quem quer que fosse. Vemos assim como Rosa ultrapassa a falaciosa democracia burguesa na direção de uma democracia direta, popular ou proletária. Em Lênin a extensão é mínima, chegando ao despotismo de meia dúzia, em Rosa é máxima - E a ditadura do proletariado assume uma face ou aspecto democrático i é não autoritário, como temiam com justeza os anarquistas críticos de Marx.

"Nossa organização não se baseia na obediência cega ou na submissão mecânica dos militantes do partido a UM PODER CENTRAL ONIPOTENTE. O centralismo democrático É ESSENCIALMENTE DISTINTO DO BLANQUISMO e pode ser definido como íntima conjunção entre a vontade da vanguarda consciente e da classe operária como povo organizado." Assim a ditadura do proletariado só é legítima e aceitável apenas se propõem-se a estabelece a democracia; assim se a exerce a própria classe operária em sua totalidade com o apoio do povo, JAMAIS QUANDO EXERCIDA POR QUALQUER MINORIA. Lefranc 1964 p 302

Destarte se Lênin se achava no direito de dissolver a Constituinte, mesmo Locke lhe serviria por embasamento. Mas ele certamente devia ter convocado outra em seu lugar. Do contrário recorresse a plebiscitos e referendos como fizeram os bolivariamos na Venezuela, apoiando-se sobre o poder popular. Creio que Rosa não faria qualquer objeção a este recurso.

Rosa vai ainda mais além, adianta-se e como A Kollontai deplora a extinção dos Soviets, forma democrática operária que Lênin não tinha o direito de suprimir:

"Assim se sufoca a vida política de todo país, caso se paralise esta vida que há no interior dos soviets."
Passados nove anos repetirá Leon Blum: "Queremos que uma ditadura provisória seja exercida NÃO POR UMA CASTA ou em proveito dela... MAS EM NOME E INTERESSE DA COLETIVIDADE HUMANA. Le populaire Id ibd
Sete anos antes já havia dito no Congresso de Tours, 1920:


"Ditadura exercida por um partido, mas, baseando-se na vontade e liberdade populares, por vontade do povo e portanto ditadura impessoal do proletariado. NÃO UMA DITADURA EXERCIDA POR UM PARTIDO CENTRALISTA EM QUE TODA AUTORIDADE DESCE VERTICALMENTE OU DE CIMA A BAIXO... Ditadura de um ou alguns indivíduos jamais!"
Os bolcheviques no entanto, sempre fiéis a mentalidade maquiavélica de seu líder, Lênin, vão espalhando suas fatwas ou decretos de heresia e excomunhão pelo mundo afora. Uma vez que o partido converteu-se em igreja, os escritos de Marx e Engels em Evangelhos e as interpretações autorizadas em dogmas ou receitas de bolo ou ainda em bulas de remédio, tendo em vista como fazer a verdadeira revolução. O Bolchevismo ou comunismo russo apresenta-se a si mesmo como roteiro a ser seguido e exportado para todas as realidades e culturas não menos que o budismo, o cristianismo ou o islã. E as obras de Lênin constituem os manuais autorizados no sentido de atingir este fim último.

Claro que os comunistas ou marxistas europeus não podem aceitar semelhante monstruosidade. Já porque Marx era alemão, assim como Engels e porquanto escreveram em alemão, inglês ou francês deixando colaboradores e uma tradição! Da qual Lênin faz muito pouco caso... A ponto de apresentar-se como intérprete ou apóstolo, mesmo quando modifica, altera e falsifica. Destarte franceses, austríacos, italianos (com poucas exceções, sempre minoritárias) e mesmo alemães não o tomarão a sério. O resultado disto será patético: Como os marxistas europeus o ocidentais permanecerão no controle dos partidos socialistas ou social democráticos históricos, os Leninistas se separarão deles e fundarão os diversos partidos comunistas, segundo o modelo russo, oriental ou bolchevista. Desde então, em cada país, acusam-se ambos, uma ao outro de traição.

Seja como for, diante da indefinição de Marx em torno de como se fará a Revolução ou de como será a Ditadura do proletariado, os grupos socialistas históricos tem se mostrado bem mais abertos e admitido uma séria de interpretações distintas que não desde Engels e Blum com a violência e o defensiva associado a certeza de uma futura ruptura revolucionária que não pode ser previamente descrita as soluções revolucionárias cumulativas de Jaures, Bauer, Tomás e Deat, para além das quais damos com a evolução mais ou menos orgânica e imperceptível de Bernstein e a nova social democracia. É todo um calidoscópio imensamente colorido e rico, ideologicamente falando, que leva em conta problemas administrativos jamais levados em conta por Babeuf, Blanqui, Marx, Lênin ou Bakunin...

Diga-se o mesmo quanto a ditadura do proletariado, que Kautsky, já velho, compreendeu como tomada ou posse do Parlamento pelos representantes do proletariado, ao menos enquanto inicio ou ponto de partida não necessariamente sangrento. Haja visto o ponto de vista de Rosa, e outros tantos... Aqui a mesma diversidade em termos de apreciações, o que no mínimo deveria conduzir os comunistas a posições mais cautelosas.

Tal a seara deslumbrante daqueles marxismos, que desde a revolução bolchevista, passaram a ser classificados como heterodoxos pela autocracia soviética. Em nome do apostolado ou da infalibilidade de W Lênin, o novo papa, da nova religião...


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A CRIA DE MAQUIAVEL!!!