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quarta-feira, 30 de junho de 2021

Refletindo sobre o carnivorismo e suas causas...

Impossível amar a Deus sem amar o que dele procede.

Impossível amar verdadeiramente a Deus sem amar os seres que chamou a existência.

Impossível amar autenticamente a Deus nosso Pai sem amar igualmente a mãe natureza.

Pois é a mãe natureza uma manifestação da mente divina.

E nosso lar expressão de sua sabedoria eterna.

Apesar disto há teístas, há religiosos e Cristãos há que odeiam a natureza, e que profanando-a cometem o mais nefando de todos os sacrilégios.

Odeiam-na porque fazem dela objeto de intensa e irracional explotação. A ponto de nós últimos milênios terem conduzido a extinção milhares de espécies de animais e vegetais, cada uma delas única.

Conduzir uma espécie a extinção outra coisa não é que aniquilar um projeto do Espírito Sagrado ou destruir um pensamento divino - Repito: Profanação e Sacrilégio.

Como pode o homem amar o Criador que não vê e odiar as criaturas que vê. Contraditório e impossível.

É pelo amor que dedicamos as obras de Deus que se mede o amor que dedicamos a Deus.

Quem diz amar a Deus que demonstre amar as obras de Deus, a primeira das quais é a natureza, a fauna e a flora, os animais e as plantas.

E no entanto temos de nos alimentar deles dirás tu.

De fato a natureza estabeleceu um laço de dependência entre nós e os demais seres vivos, os quais devemos consumir.

Todavia por sermos seres racionais e livres bem podemos escolher os seres de que nos havemos de alimentar ou selecionar, dentre muitos, os que melhor nos convém.

Não somos obrigados a consumir tudo, digo todos os tipos de animais e vegetais. 

Portanto se algum deles apresentam sensibilidade e auto consciência sempre nos podemos abster de consumi-los. E é exatamente o que devemos fazer.

Por consumir camarões, mariscos, siris, berbigões, etc os quais acredito não serem dotados de conexões neuronais elaborados - E portanto de sensibilidade a dor - não sou obrigado, por qualquer via, a consumir cães, gatos, bois, ovelhas, cabra e outros animais cuja sensibilidade e auto consciência está suficientemente demonstrada. Há portanto que ser criterioso e selecionar: Nem consumir tudo, como os que são movidos apenas pela sensibilidade do paladar, pela gula ou pela vontade, e tampouco tudo rejeitar a exemplo dos veganos, embora o veganismo - Verdade seja dita - a ninguém prejudique e corresponda a um ideal nobre quando livremente assumido por pessoas humildes (Outro o caso dos veganos ensimesmados e arrogantes!).

Aos que me perguntam por que costumo a bater repetidamente na tecla do vegetarianismo ou da dieta ética respondo que o ser racional não pode tomar suas decisões por base no gosto ou no paladar assim na vontade. Ao 'Como porque tenho vontade' ou 'Como porque quero' qualquer um poderia opor 'Mato porque tenho vontade' ou 'Roubo porque quero'... Sem que pudéssemos condenar os assassinos e ladrões... Para não falarmos nos canibais!

E, no entanto, quando colocamos qualquer consumidor de carne contra a parede tal é a resposta que obtemos.

Como carne porque a carne é saborosa ou porque meu paladar exige.

E assim fica decidida a questão.

Comemos porque gostamos, porque queremos e porque podemos.

Diante disto como poderíamos condenar um Hanibal Lecter ou um Andrei Chikatilo?

Canibais acham-se no direito de consumir a muito saborosa carne humana, japoneses se acham no direito de caçar baleias porque são gostosas, coreanos comem cães e vietnamitas comem gatos pelo mesmíssimo motivo!!!

Nós condenamos os canibais, os indígenas, os coreanos e os japoneses enquanto mastigamos bife de 'vaca'.

E no entanto o boi (Ou a vaca), a ovelha, a cabra e especialmente o porco não são menos inteligentes do que nossos cães e gatos, golfinhos e baleias... Alias os porcos, cabras e ovelhas não nos dariam animais de estimação inferiores. Mata-mo-los e come-mo-los apenas porque não convivemos com eles, tomando-os por animais de estimação. Pois como disse nossos cães e gatos nada tem de superiores 
se comparados com eles... Nós é que estabelecemos, hipocritamente, uma distinção que não existe entre cães, gatos, porcos, coelhos, cabras e ovelhas. Do ponto de vista da natureza são praticamente iguais, e todos auto conscientes e sensíveis. Uma ovelha sabe que é uma ovelha e que vive enquanto que um porco pode dar-nos tanto carinho quanto um cão - Nós no entanto queremos assassinar ovelhas e porcos por exigência de nosso paladar. Quem nos pode assegurar no entanto que um gato ou um cão não sejam tão saborosos quanto?

Difícil entender como o mesmo homem que se recusa a consumir carne de cão, de gato ou de qualquer outro humano tome o paladar por critério na hora de consumir a carne de um porco ou de um boi. 

Afinal se não consumimos carne humana ou praticamos canibalismo é por saber que os outros seres humanos são tão sensíveis e auto conscientes quanto nós mesmos.

E se não consumimos nossos pets é por saber quem tem sentimentos e nos dão carinho.

Quanto a tal 'ciência positiva' ou os testes, está já fartamente demonstrado que elefantes, golfinhos, macacos, cavalos, camelos, porcos, bois, etc não são apenas sensíveis e auto conscientes mas inteligentes.

Já quanto aos cães e aos gatos todos o sabemos igualmente e há muito por obra e graça do convívio.

Portanto a velha desculpa segundo a qual tais seres não pensam, são desprovidos de inteligência, não sentem, etc não é de hoje que mostrou-se falaciosa - Pelo simples fato de ter sua origem na crença dos antigos hebreus, os quais nada sabiam sobre espírito ou alma; bem como nas suposições absurdas do Estagirita, excelente lógico e Filósofo, péssimo ou raso psicólogo. De fato, verdade seja dita, a psicologia Aristotélica - Se é que podemos por a coisa em tais termos. - é tão grosseira quanto as crenças dos primitivos israelitas. Avaliar a condição dos animais partindo de tais fontes chega a ser aberrante...

De quantas distinções estabelecemos por puro preconceito nenhuma é mais frívola e tola do que esta, segundo a qual os grandes mamíferos de que nos alimentamos sejam desprovidos de auto consciência, sentimentos e inteligência...

E no entanto usa-mo-la ou usam-na com objetivos puramente econômicos, culturais, sociais e políticos. Com o objetivo de dar suporte ao carnivorismo, e justificar nossas consciências.

É pelo churrasco, pela kafta, pelo Steak tartar ou pelo molho a bolonhesa que nos apegamos seja as baboseiras religiosas do Oriente ou as lucubrações ineptas do Perípato.

Pois admitir que os animais de que nos alimentamos após termos matado tem espírito vivo como nós ou a simples capacidade para sentir e amar equivale a assestar o mais duro golpe na prática carnivorista com os decorrentes reflexos na deusa economia.

Não nos iludamos ou busquemos enganar nossas consciências! - Afinal matar criaturas que sabem que existem, que temem a morte, que sentem dor, que pensam e criam laços de afeto não pode deixar de ser o que é: Puro e simples assassinato.

Lamento dize-lo assim tão sem cerimônia querido leitor, porém, não nos limitamos a matar bois como quem mata pulgas ou baratas, assassina-mo-los como nossos ancestrais, os índios, assassinavam seus contrários para degustar-lhes a carne. Nem mais nem menos...

Nada mais estranhos que admirar-se dos festins canibalescos descritos por Staden, Thevet, Lery, e outros, enquanto se degusta uma bife mal passado respingando sangue...

Agora me diga, qual a diferença entre você e um caribal?

A única diferença é que contra todas as evidências e contra o testemunho da ciência, você consome a carne de seres que conhecem, sentem e são capazes de corresponder ao afeto que porventura lhes dedicamos - Enquanto que os indígenas nada sabiam em termos de pesquisa e ciência... Acreditando inclusive que os outros povos fossem resultados de criações a parte. Quando sabemos nós que todos somos aparentados e que os mamíferos são nossos irmãos: Mesma carne, mesmo sangue, mesma estrutura óssea e as mesmas capacidades cognitivas ainda que num grau inferior.

No entanto, tirar a vida de seres conscientes, sensíveis, inteligentes e afetivos será sempre assassinar.

É exatamente por isso que temos o desplante de permanecer voluntariamente nos domínios da ignorância, quando como geocentristas e terraplanistas não ousamos negar, pura e simplesmente, o testemunho da ciência para apelas a crenças obscuras ou a psicologias isentas de fundamento. 

Tudo isto é puro voluntarismo.

Queríamos ter escravos - Justificávamos o racismo. Queríamos explorar o trabalho feminino - Justificávamos o machismo. Queríamos aniquilar os judeus - Compusemos imensos volumes com dissertações sociológicas, econômicas, etc Queremos continuar comendo carne vermelha - Assim, numa época em que a ciência não mais pode ser manipulada só nos resta nega-la... Para refugiar-nos na caverna, na caverna do mito ou dos fundamentalismos. O Churras bem vale um mito!!!

Podendo ou tendo força matamos e matando em tais circunstância pomos em prática a lei do mais forte.

Matamos os bois porque aspiramos come-los e porque somos mais fortes.

Matamos os bois porque os bois não se podem defender.

Matamos os porcos porque os porcos não fabricam rifles.

Matamos porque queremos, porque nos agrada, porque somos mais fortes...

Fugindo assim ao conceito racional e ideal de justiça - Justiça que sacrificamos ao gosto ou ao paladar.

Afinal desde quando pode um boi ou um porco clamar por justiça?













segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os animais e sua inteligência




Já escrevi e pus vídeos sobre a inteligência animal: A inteligência dos animais e Analfabetismo científico, pois são assuntos que muito me interessam. Visto que nós humanos somos parentes de todos os animais (e plantas e demais seres vivos).

Hoje penso que o homem só poderá se conhecer melhor se conhecer o comportamento dos outros animais, pois guardamos ainda que de modo tênue nossas forças atávicas.

No último domingo enquanto eu ia à São Paulo para assistir a missa ortodoxa da Igreja Copta, e antes que alguém me pergunte, respondo antecipadamente, eu sou cristão ortodoxo sim, Dobzhansky também era e nem por isso deixou de ser menos darwinista. Mas como eu estava dizendo, enquanto estava na van que se dirigia à São Paulo, aproveitei o tempo para ler um artigo da revista National Geographic Brasil de março de 2008. (Eu gosto de ler revistas antigas e dai?)

E a revista forneceu-me dados interessantes que comprovam que os animais são sem sombra de dúvida inteligentes, como já postulava Charles Darwin em meados do século XIX.

O senso comum há muito sabe que os animais tem inteligência e sentimentos conforme a revista: "Bem, qualquer pessoa que já teve ou tem algum animal de estimação discordaria. Reconhecemos o amor no olhar de nossos cães e, é óbvio para nós, que eles tem pensamentos e emoções" (pág 36).

Mas o senso comum não basta para que um fato seja reconhecido como científico, se bem que o senso comum pode ser um caminho para a ciência.

Falemos um pouco desses animais fantásticos. O papagaio-cinza-africano Alex contava distinguia cores, formas e tamanhos; tinha entendimento básico do conceito abstrato de zero.

O Bonobo - O jovem Kanzi começou a desenvolver sua habilidade lingüística por conta própria - enquanto observava os cientistas que treinavam sua mãe. Hoje com 27 anos, o bonobo "conversa" usando mais de 360 símbolos em seu tabuleiro e entende milhares de palavras faladas. Ele forma sentenças e produz ferramentas de pedra - modificando sua técnica de acordo com a dureza da rocha. E toca piano (já fez improvisações com o músico Peter Gabriel). "Se convivermos com os bonobos por 15 gerações", diz William Fields, "os bonobos vão ficar menos bonobos, e os seres humanos, menos seres humanos. No fim das contas, não há tanta diferença assim entre nós." Fields está analisando as vocalizações de Kanzi: "É possível que esteja falando em inglês, só que num ritmo rápido e num tom agudo demais para que possamos entender".

O Golfinho - Imitadores magistrais, dotados de excelente memória e boa compreensão de vocabulário e sintaxe, os golfinhos são ágeis em termos cognitivos e comportamentais. De acordo com Louis Herman, "eles possuem grande cérebro generalista, como o nosso. E podem manipular seu mundo para obter o que querem."

Rato Inteligente - Não vá logo gritando que nojo. Os ratos são surpreendentemente inteligentes e, de fato, bem parecidos conosco. Eles dão risada quando alguém faz cócegas neles. São sociáveis, apreciam o sexo e até anseiam por ele. Também conhecem seus próprios limites intelectuais, o que se chama metacognição, um traço que, acreditava-se ser limitado aos primatas. Em testes de áudio em que ratos foram recompensados pelas respostas corretas, não ganharam nada pelas incorretas e receberam uma pequena recompensa por admitir "não sei", optaram pelas guloseimas mais certas (porém em menor quantidade) de "eu não sei" quando não estavam muito confiantes sobre sua resposta. Nada mal para as criaturas fétidas dos esgotos.

Saguis inteligentes - Quando jovens, os saguis-comuns aprendem o que comer observando os mais velhos e, como os grandes primatas, podem imitar as ações - uma das formas mais complexas de aprendizado. (Eles têm até uma noção de "permanência de objeto": sabem que algo que não enxergam continua existindo.) Mas, segundo Friederike Range, a dificuldade de manter a concentração por período longo talvez impeça os primatas de desenvolver comportamentos mais complexos.

O Polvo - Dotados de cérebro volumoso e tentáculos ágeis, os polvos são conhecidos por fechar suas tocas com pedras e se divertirem lançando jatos d'água em alvos de plástico (a primeira brincadeira de um invertebrado que se conhece) e nos pesquisadores. E podem também exprimir emoções básicas por meio de mudanças de cor, diz Roland Anderson, do aquário de Seattle.

Abelhas - As abelhas melíferas há muito surpreendem os cientistas com seus comportamentos sociais (fazer uma dança para dar indicações de como chegar a uma fonte de alimento, trabalhar em sintonia com milhares de companheiras de colméia, assumir tarefas especializadas tanto dentro quanto fora da colméia). Sua memória complexa também é notável: as abelhas são capazes de aprender e memorizar caminhos locais, pontos de referência e a época em que várias plantas diferentes florescem - permitindo assim que visitem o mesmo local no dia seguinte, na mesma hora, o que aprimora sua eficiência em juntar suprimentos.

Para Darwin o ser humano é produto da evolução não apenas o seu corpo mas também a sua inteligência. Por isso se o homem quiser compreender sua inteligência, seu comportamento terá que recorrer a Teoria da Evolução. A revista National Geographic Brasil edição de março de 2008 na página encontramos o texto que se segue: "O revolucionário Charles Darwin, que tentou explicar como se desenvolveu a inteligência humana, estendeu sua teoria da evolução ao cérebro humano: tal como o restante de nossa fisiologia, também também a inteligência deve ter evoluído de organismos mais simples, uma vez que todos animais enfrentam os mesmos desafios gerais associados à vida. Eles precisam acasalar-se, encontrar alimento, orientar-se na mata, no mar ou no céu - tarefas que, argumentou Darwin, dependem da capacidade de resolver problemas e pensar por meio de categorias".

Mas no início do século XX, os cientistas não mais levaram à sério essa proposição de Darwin, para eles os animais outra coisa não eram do que máquinas sem sentimentos e sem inteligência. Erro crasso! Mas a ciência caminha através de erros e acertos, ela não é dogmática como a religião que acha que não deve revisar nada. Mas voltando ao tema, sem a proposição de Darwin os cientistas não tinham como explicar o surgimento da inteligência humana, ficaram num dilema e tiveram que recorrer novamente à Darwin.

Não preciso dizer que essas descobertas sobre a inteligência e emoção nos animais desagradam aos fundamentalistas que acham que são "o último biscoito do pacote" né? Mas fatos são fatos e contra fatos - já diziam os positivistas - não há argumentos.

Sei que nesta postagem me estendi muito e não quero ser desagradável ao leitor sempre generoso que acompanha este blog, mas não posso deixar de compartilhar uma curiosidade, com o amigo leitor que aborda o sentimento nos animais, para ser mais preciso a depressão que levou muitos animais ao suicídio. O blog Arquivos do Insólito traz uma matéria feita pelo jornal O Globo realizada em agosto de 1979 sobre essa coisa inaudita que é o suicídio entre os animais, quem quiser ler o artigo, pode clicar aqui e depois julgar sobre a matéria.

Agora deixo o leitor na companhia de sua curiosidade epistemológica e das perguntas que surgiram durante a leitura deste texto. Eu vou mas que fique a minha mensagem de amor e respeito por nossos irmãos os animais.