sábado, 26 de maio de 2018

Malthus e os Maias ou o que Toynbee teria vislumbrado...

Foi o Rev Malthus um destes gênios supremos que a humanidade só vê surgir de cem em cem anos e não temo compara-lo a Marx, Lamarck, Freud, Weber, Newton e alguns outros poucos...

Graças ao positivismo, ao tecnicismo e ao capitalismo nós acreditamos ter invalidado os prognósticos do homem.

Hoje é Malthus, ao menos para a maioria das pessoas ou para o homem comum, sinônimo de um homem ingênuo, que não contava com a marcha ou o progresso da tecnologia, cujo ritmo é bem mais acelerado que o ritmo da natureza.

E lemos em diversas publicações como Malthus foi desmentido pelos fatos e nos pudemos multiplicar para muito além do quanto ele preveu. Afinal os progressos no âmbito da agricultura, multiplicaram a produção de alimentos e asseguraram a subsistência de uma humanidade que acomodada não para de crescer e de explotar os recursos fornecidos pelo meio ambiente numa escala sem precedentes.

Tenho para mim que a vitória dos adversários do reverendo inglês foi nossa vitória de Pirro pelo simples fato de ter produzido uma fé. Uma fé propositalmente alimentada ou impulsionada pelos modelos positivista, tecnicista, capitalista, comunista... com o ideal comum de um progresso ascendente e ilimitado. Uma fé quimérica e um ideal irracionalista...

Como duzentos anos após Malthus ainda nos alimentamos e sobrevivemos, além de crescermos e multiplicarmos, arraigou-se a crença irresponsável e absurda segundo a qual podemos continuar não apenas crescendo e multiplicando num sistema finito como expandindo a exploração dos recursos existentes ou nos desenvolvendo economicamente.

Ao tempo de Malthus os religiosos, digo os religiosos fetichistas, não lhe deram a mínima atenção. Convencidos de que deus interviria em favor dos que cumprissem o sagrado mandamento de crescer e multiplicar, quiçá inflando a terra, continuaram a despejar suas crias sobre a face da terra... Tampouco os que acreditavam ser a poligamia uma instituição sagrada fizeram qualquer caso de suas opiniões. Outros, mais astutos, recusaram a aplica-lo devido a cálculos de natureza 'política'...

Seja como for, para grande parte dos religiosos, o planejamento familiar e o controle da natalidade humana continuaram sendo tabus...

Mas não apenas para eles! Façamos justiça! Pois também a produção econômica, a regulação dos salários... dependia da superpopulação para manter um Exército de reserva, sicut a conhecida lei da oferta e da procura. Nações e culturas também preocupavam-se em ocupar terras e manter exércitos... De modo que o controle populacional chocava-se com diversos interesses: Religiosos, econômicos, políticos e até mesmo culturais...

Os quais não foram totalmente resolvidos. Assim se a população esclarecida da Europa adota uma política de planejamento e declina, as populações islâmicas dos arredores multiplicam-se, inserem-se nas socs europeias e produzem um grave desiquilíbrio cultural que não pode ser ignorado. Não é nem um pouco normal assistir a islamização daquilo que foi o berço da ideologia democrática, bem como o cenário em que fermentaram um bom número de doutrinas socialistas ao cabo dos últimos séculos... Como não me parece natural assistir a inserção da teocracia, da murtad, da djazia, da jihad, etc numa sociedade secularizada... É apenas um aspecto do problema...

Seja como for ele deve ser abordado.

E não temo dizer, repetindo a J Stuart Mill, em termos de uma economia estacionária, a qual reconhece seus limites e a impossibilidade de expandir-se. E caso mais se expandir-se não poderia garantir sequer uma igualdade ou um equilíbrio econômico relativo, aumentando cada vez mais a desigualdade, a miséria, a violência e os estados de conflito e tensão...

De fato nos expandimos e permanecemos. Mas consideremos a extinção de diversas formas de vegetais e animais no decorrer dos últimos dois séculos. A diminuição de recursos essenciais quais sejam a água - o grande problema do futuro - e os combustíveis. A poluição do meio ambiente, inclusive do ar. E a ocupação dos espaços já com objetivos habitacionais, ja com objetivos produtivos...

Certamente nos conseguimos manter até agora, é fato. Mas a que custo ou a que preço... Em escala universal a terra se mostra exausta e da mostras de ter atingido seus limites. Temos causados danos irreversíveis ao ambiente... Estamos destruindo nosso habitat e comprometendo a qualidade de vida de nossos descendentes... O clima já se mostra exasperado e catástrofes e mais catástrofes de origem antrópica já se manifestam. Ir além seria desaconselhável... Mas continuamos a nos multiplicar por crer que a ciência, o novo deus, oferecerá alguma solução a curto prazo... Os vestígios do positivismo, estimulados pela Lei do capitalismo, iludem-nos ou vendam-nos os olhos a beira do abismo...

Mas o espectro de Malthus ressurge de sua fria cova e nos quer falar...

Nosso primeiro desafio é a produção sintética de alimentos ou de comida. E parece estarmos muito longe de consegui-lo. Ainda dependemos de animais e vegetais para sobreviver, tal e qual nossos mais remotos ancestrais. Ainda não nos desprendemos, mas, somos parte de um todo que pretendemos destruir...

Suponhamos no entanto que passemos fabricar alimentos em laboratórios da noite para o dia, de modo a poder aniquilar todos os animais e vegetais existentes, ocupando seu lugar - O que confirmaria nosso caráter de parasitas ou feras...

Teríamos de lidar ainda com inumeros outros problemas, assim:

--- O suprimento de água potável. A menos que também possamos fabricar água em larga escala.

--- O fim de recursos naturais como os combustíveis. Teríamos de descobrir  outros. Mas também precisamos de bauxita, madeira, borracha, etc

--- A eliminação de resíduos ou da poluição. Se a frota de automóveis continuar aumentando...

--- A administração do espaço. Quanto mais gente há aumenta a demanda por espaço. Assim as cidades teriam de crescer horizontalmente em detrimento das florestas e habitats naturais ou verticalmente, produzindo estruturas cada vez maiores ou colossais. Cidades teriam de cobrir e recobrir cidades... O que nos leva a problemas de planejamento, transportes, etc E enfim teriam de crescer horizontalmente caso não cessamos de crescer e controlassemos nossa população.

Nenhum destes problemas parece ser solúvel a curto prazo...

E no entanto nos multiplicamos como se não existissem ou fossem irrelevantes.

Simplesmente porque encaramos Malthus como a um tolo ou imbecil. E porque, se não acreditamos mais num deus interventor, continuamos acreditando na capacidade infinita da ciência e da tecnologia para resolverem o problema. Continuamos positivistas inveterados, e por isso nos recusamos a planejar racionalmente nosso futuro num sistema finito cujos recursos são limitados. O capitalismo declarara a todo instante que devemos nos desenvolver ou nos expandir, ou crescer, ou superar... E acreditamos ou queremos acreditar. Assim para muitos, a pauta conservadora da economia estacionária, proposta por J Stuart Mill, cheira a comunismo... E com tais palavras vão transtornando a razão e apavorando os tontos...

A bem da verdade, ao menos quanto a este ponto, a mentalidade comunista, jamais apartou-se da capitalista ou mostrou-se sensivelmente diversa - pelo simples fato de ser tecnicista e derivar do positivismo, com sua escatologia Cristã secularizada e sua esperança quimérica de produzir um paraíso na terra. Claro que podemos fazer deste mundo uma ante sala do paraíso ou um lugar melhor para viver. Todavia para tanto é necessário considerar as coisas racionalmente e sobretudo encarar a realidade do espaço em que vivemos - O qual é manifestamente finito ou limitado. Devendo comportar, necessariamente, um número limitado de pessoas e um fluxo finito de atividades humanas... O que nos conduz novamente a economia estacionária de Mill e antes de tudo ao planejamento familiar e ao controle populacional.

Nada mais urgente e qualquer projeto socialista pecará pela base caso, ao contrário de Aristóteles, não considere este aspecto. Pois antes de produzir, administrar e gerir as riquezas numa perspectiva ética, devemos estabilizar o crescimento de uma dada sociedade. Do contrário as desigualdades tornarão a surgir, tal e qual as cabeças da Hidra após terem sido cortadas... De modo que o planejamento das famílias é tão importante quanto a fruição das riquezas; estando na base do que chamamos bem comum ou justiça social. Quanto mais uma população crescer descontroladamente, mais dificil será promover o bem comum ou consolidar socialmente a justiça. Em tais condições os conflitos tenderão a generalizar-se e inclusive a despejar-se sobre outras comunidades (aqui a genesis do imperialismo). Numa escala mundial porém, será o fim... A exemplo do Império romano, o qual tendo atingido as fronteiras exequíveis em seu tempo, entrou em crise e desmantelou-se.

O atual processo de globalização fez com que nossas fronteiras atingissem os limites do mundo. A partir daí a posse de recursos que escasseiam ou de espaço, associada ao crescimento desmedido de uma determinada população poderá dar origens a um número cada vez maior de conflitos, alias estimulados pela religião ou pela cultura, e levar a guerra de todos contra todos numa escala mundial, como jamais foi vista. Este cenário já foi delineado por Huntingthon e nos parece provável...

De minha parte, após ter lido algumas publicações recentes sobre os Maias e o declínio de sua civilização, lembrei-me de Toynbee... cujo método e visão sempre admirei, bem mais que a Spengler.

Ao tempo em que Toynbee vivia, e ainda hoje, a maior parte dos historiadores ou pesquisadores. Partindo sempre o falso paradigma da monocausalidade, buscavam, cada qual deles, uma chave ou solução para o fim do império Maia, e construíam hipóteses mirabolantes. Quando rapaz, folheando uma publicação dos anos vinte, cheguei a ler um artigo, muito bem elaborado, sobre as febres - em especial a febre amarela - que teriam dizimado aquelas populações e posto fim aquele glorioso império com suas cidades magníficas. Afinal alguns arqueólogos, ao escavar junto as ruínas de Tikal, Palenque, Uxmal, Pedras negras e outras metrópoles daquela civilização haviam dado com algumas estelas ou painéis que representavam, o que parecia ser, um homem vomitando junto a uma jarro... Desde então, alguns foram levados a crer que aquele Império fora desmantelado pelas febres e, jamais pude deixar de crer que elas tinham algo a ver com aquilo, embora por si só, a hipótese das febres me parece insuficiente, para tudo explicar.

Parecia a peça de um quebra cabeças... As quais foram se adicionando outras tantas...

Afinal aquele tempo a linguagem ideográfica dos Maias ainda não havia sido perfeitamente compreendida e seus textos traduzidos. Hoje podemos ler suas inscrições, mas ainda não fomos capazes de ordena-las, o que levará séculos... pesar disto, lemos já alguma coisa. Para além disto nossos recursos tecnológicos são bem mais eficazes, permitindo que enxerguemos além da floresta...

Há além disto um imenso trabalho de pesquisa realizado em diversos campos, quais sejam: Antropologia, Geologia, botânica, Arquitetura... Os quais em seu conjunto nos dizem algo e parecem apontar para uma realidade bem mais complexa ou multi fatorial. Adianto todavia, que o elemento decisivo, quanto a eclipse da civilização Maia - pasmem - parece ter sido o desenvolvimento ou o crescimento populacional propiciado pela própria civilização... Tería a civilização se convertido numa maldição ou numa cilada para os antigos Maias???

Já o veremos.

Até bem pouco tempo tinhamos uma visão, por assim dizer 'clássica', da antiga cultura Maia e imaginávamos um cenário rural do qual as grandes praças cercadas por pirâmides descomunais, eram por assim dizer, o centro de diversas comunidades agrárias esparsas pelo entorno e por assim dizer, diminutos centros, cercados por algumas palhoças de barro e entremeados por campos de cultivo. Para mim este cenário sempre me pareceu estranho tendo em vista as dimensões de tais monumentos... E hoje, ao menos quanto a grande cidade de Tikal (E toda Peten guatemalteca) semelhante concepção esta prestes a ser revista graças a leituras aéreas realizadas pela National Geographic Explorer através do projeto LIDAR (Th Garrison).

O que encontraram foi simplesmente uma megalópole colossal que se estendia debaixo da floresta, com estradas pavimentadas, açudes, muralhas, casas de pedra e inclusive, é claro, outras tantas pirâmides descomunais... O mais interessante é que ao que parece Tikal não contava com 40 ou 50 mil habs como se conjecturava até então mas com cerca de 200 ou 250 mil, e toda região das terras baixas, ocupadas pelo antigo império Maia, não por um ou dois milhões de pessoas, mas por cerca de vinte milhões de pessoas, praticamente a metade da população europeia daquele tempo, num espaço sessenta vezes menor.

Resulta disto que uma tal população não podia sobreviver recorrendo a caça, a pesca ou a agricultura de subsistência. Felizmente o LIDAR, revelou igualmente, a existência de imensas terras de cultivo intensivo, ora ocupadas por pântanos... Assim os Maias drenavam, irrigavam e cultivavam em larga escala, tendo em vista a sobrevivência de uma população tão grande...

Até aqui problema algum...

O problema se nos apresenta quando consideramos que os Maias, muito provavelmente, não estavam preocupados com o planejamento familiar ou com o controle populacional. Estariam entusiasmados pela civilização? Levando em conta as enormes pirâmides que ergueram, os belos trabalhos feitos com o jade, a invenção de um elaborado sistema de escrita, o domínio da escultura e da pintura... não podemos deixar de supo-lo.

Os Maias no entanto empregavam o fogo em seus campos, o que demandava repouso por parte da terra e portanto um espaço efetivamente cultivado cada vez maior, tomado a floresta. Isto apenas para o cultivo. Mas os Maias dependiam da floresta para extrair madeira, já para seus móveis e utensílios, hora inexistentes, já para queimar pedra e produzir a cal necessária para construir as grande pirâmides, o que nos leva, necessariamente, a hipótese do desflorestamento. No auge de sua civilização, contando com vinte milhões de habitantes e centenas de cidades com dezenas de pirâmides, muitas em construção, os Maias praticamente deram fim ao entorno ou seja a floresta.

Richard Hansen da Universidade de Utah declara que para cobrir com gesso a grande pirâmide de El Mirador os Maias tiveram de abater 600 hectares de terra, e se tratava de um único edifício, haviam milhares e mais colossais inclusive. Chegaram a um estádio em que o reflorestamento, sem fora concebido, sequer era possível. Diante disto seguiram-se as secas, já que o ciclo da água e as chuvas dependiam das árvores e estas haviam sido cortadas...

O futuro é fácil de imaginar-se - As secas afetaram as colheitas e num cenário com dezenas de milhões de pessoas, o resultado foi a fome! Não apenas a destruição de espécies vegetais em larga escala tem sido demonstrada por Botânicos, e a seca demonstrada pelos geólogos como a fome e a desnutrição - nos séculos VIII e IX - tem sido igualmente verificadas pelos antropólogos e médicos a partir dos restos humanos encontrados.

É onde entra a peste ou as febres. Pessoas desnutridas e fracas embrenharam-se nas selvas e pântanos, cheios de mosquitos, em busca de alimentos... transportando as febres aos grandes centros urbanos. As pessoas devem ter começado a morrer, de fome ou febre, em larga escala; mas ainda havia um refúgio ou uma esperança, raramente posta a prova em escala social, e a qual nos explica perfeitamente, como, porque e donde, veio o golpe final sobre aquela antiga civilização.

Como todos os povos e culturas antigas eram os Maias fetichistas ou seja, tal e qual os nossos fundamentalistas, eles acreditavam que suas divindades deveriam interferiam concretamente no meio material ou físico por meio de milagres. Estavam convencidos de que seus deuses controlavam diretamente o mundo ou a ordem cósmica e a seu tempo que podiam controlar ou influenciar os deuses por meio de oferendas e sacrifícios. Os sacerdotes, muito provavelmente, haviam dito ao povo que a seca, a fome e a peste eram castigos enviados pelos deuses ofendidos, os quais deveriam ser aplacados...

Havia pois uma esperança: A religião, a magia, o milagre... Urgia alimentar os deuses famintos, sedentos e mau humorados com sangue, segundo o costume imemorial. O cenário que apresentou-se apenas se vislumbra nos painéis de Bonampak (792) - Cada rei ou comunidade pegou em armas e atacou a comunidade vizinha com o objetivo de obter prisioneiros e oferece-los aos deuses, de que resultou um conflito generalizado entre as antigas metrópoles.

A bem da verdade os Maias sempre conheceram batalhas religiosas em que os reis, nobres e sacerdotes das cidades vizinhas eram abatidos, sequestrados, torturados e mortos. Os antigos Maias acreditavam que os homens foram criados com o sangue dos deuses (daí os homens serem pintados com vermelho vivo) que por ele se sacrificaram. A contra partida é que os deuses controlavam os astros, o clima, a fertilidade dos seres, etc... assim o equilíbrio cósmico era mantido a preço de sangue, o alimento dos deuses.

O primitivo jogo de futebol revivia um evento cósmico em que os deuses do inframundo havia sido derrotados pelos gêmeos que se converteram no Sol e na Lua... Assim os que jogavam e eram derrotados eram oferecidos ao Sol e a Lua. O sangue era uma espécie de fluído sagrado que movia os deuses e através destes o cosmo...

Muralhas e fortalezas edificadas durante este período são um claro sinal de que as violências e agressões, instigadas pelo desespero aumentaram... Como nas Gálias do século III os habitantes de 'Dois pilares' demoliram seus templos e palácios e converteram sua cidade numa pequena fortaleza amuralhada.

E no entanto o fim ainda não havia chegado. Pois a gente das cidades, apinhava os templos, massacrava os prisioneiros, feria o próprio pênis ou a própria lingua, lançava seus filhos aos poços, sacrificava jaguares e joias... Sem que as chuvas se regularizassem e as colheitas tornassem a ser abundantes. Pelo contrário as campanhas expansionistas, que visavam obter recursos e prisioneiros, pioraram ainda mais a situação. Porque na medida em que executavam multidões de prisioneiros e empilhavam crânios nos centros cerimoniais faltavam braços para cultivar uma terra já estéril e seca... De modo que a fome, a subnutrição e as enfermidades aumentaram...

As próprias cidades, que com seus vistosos templos, tornaram-se alvos para as expedições guerreiras que obstinavam-se em obter vítimas para sacrifícios rituais. De modo que seus derradeiros habitantes acabaram internando-se nas poucas florestas que restavam, com a esperança de poder viver da caça, da pesca e da subsistência...

Enfim, como intuiu Soustelle, os Maias perderam toda esperança e cessaram de acreditar nos sacerdotes e reis que os haviam feito construir as antigas pirâmides. A ideologia fetichista, após ser socialmente testada, desabou e deu lugar ao ceticismo, e a outros tantos distúrbios... Os reis e sacerdotes -  guardiães da escrita, das artes e da cultura. - caso não tenham sido mortos por seus próprios concidadãos encolerizados, acabaram sendo capturados e mortos pelos invasores, até que a sociedade como um todo desabou e as grandes cidades arruinadas foram invadidas pela selva. Sumindo do cenaŕio, a velha civilização Maia após dois mil anos de existência e um fluxo de progresso contínuo e ascendente...

No entanto, tal e qual a antiga Roma, quando esta cultura chegou a seus máximos limites e explotou os recursos de que dispunha, seguiu-se o caos. E quando a ideologia fetichista ou religiosa, que servia como base a cultura, foi testada e falhou, seguiu-se o fim... Pois já não havia esperança.

O cenário esta posto. Restabelecido ou recuperado. Façam as comparações com o período em que estamos vivendo. Afinal deveríamos ser mais humildes e aprender com as lições do passado...

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Egiptologia e conservadorismo

Resultado de imagem para antigo egito painel templo carro farao



Costumamos ler e ouvir, amiúde, em diversos artigos, livros ou documentários a respeito do antigo Egito que esta Civilização manteve-se praticamente imutável e estática ao cabo de quase três mil e quinhentos anos a contar de Scorpion ou Narmer (Menés) a bela Cleópatra. Especialmente no campo da religião e da arte nada teria mudado... Recordo-me bem de que no quinto ano, quando contava com doze anos de idade, ao ficar ciente disto - i é da suposta imutabilidade egípcia - fui fortemente impactado.



Psicologicamente aspirava pela estabilidade. Foi o início de minha jornada conservadora, alias alimentada pela cultura tomada ao protestantismo e sua moralidade tosca. Desde então o Antigo Egito converteu-se na pupila de meus olhos e no foco de minhas atenções; e tudo quanto era livro didático corroborava a fábula ou mito do Egito imutável.

Para minha maior sorte, desde os vinte anos, comecei a pesquisar por mim mesmo e ler coisinhas mais sérias assim Lange, Pierre Montet, Vandier... até que cheguei a Etienne Drioton... E toda quimera se desfez. Cedendo lugar a uma compreensão mais objetiva e real. Um dia temos de tomar vergonha e folhear Moret ou de dar ouvidos a Dra Fletcher ou a Gunther Dreyer... Então os ídolos partem-se e caem todos por terra.

Não, o Egito não foi a Sociedade imutável dos idealistas e românticos. Foi uma cultura estável e resistente, mas, de modo alguma uma sociedade paralisada por três mil anos. Ademais uma tal visão seria tão utópica quanto o livre mercado dos liberais, o fim do estado dos anarquistas ou o futuro sonhado pelos comunistas. Nem mais nem menos.

A pirâmides por exemplo não foram uma constante... As primeiras foram supinamente ignoradas por Narmer, Aha, Djer, etc e assim até Djoser, que floresceu em 2.615 a C, durante a quarta dinastia. E já haviam caído em desuso durante o novo império, de modo que as últimas foram construídas para servir de tumbas aos construtores das tumbas reais do Vale dos Reis - que moravam em Deir el Medina - pelos idos de 1100... A bem da verdade outras tantas centenas de pirâmides foram erguidas do oitavo século a C aos primeiros séculos de nossa Era, mas pelos faraós ou melhor pelas faraonas negras (Candaces) de Meroé ou Khush, assim Amanitore, Amani Shesketo, Amanirenas, etc os quais desejavam ser mais egipcios do que os próprios egipcios... No Egito porém já haviam saído de moda há mais de milênio. Ademais os meroíticos, núbios ou etíopes nem sempre respeitaram a forma da pirâmide egipcia - cuja base era quadrangular - chegando a edificar pirâmides de base triangular ou perfeitamente triangulares.

As próprias múmias, que constituem para muitos uma constante na História daquele pais, remontam a Snefru, o construtor da primeira pirâmide em Dashur. Anteriormente as múmias eram produto natural do meio e não produto de intervenção humana. Por outro lado, embora a mumificação só tenha sido abandonada nos primeiros séculos desta Era, devido a influência da fé Cristã, com seu conteúdo judaico, a máscara com que buscavam reproduzir as feições do falecido não conservaram a mesma forma. Assim, alguns séculos antes desta Era, os fayumitas passaram a introduzir nas faixas da múmia umas tabuas ou painéis pintados conforme o gosto helênico ou romano ao invés das velhas máscaras de madeira ou metal que reproduziam o gosto estético dos egípcios. Ao que parece este novo estilo arraigou-se por todo Delta...

Mesmo a medula da religião egipcia, centrada na vida eterna, segundo Drioton, não deixou de passar por drásticas transformações no decorrer dos séculos. Trata-se de um histórico a ser melhor considerado e Drioton pode defini-lo como uma paulatina democratização. Pois a princípio apenas o Faraó tinha acesso a vida eterna, caso os ritos funerários fossem executados. Posteriormente no entanto, a guiza de recompensa, o faraó adotou o costume de conceder tumbas, rituais e consequentemente o acesso a vida eterna seus familiares e colaboradores, assim ao vizir e aos nomarcas; assumindo o além uma forma aristocrática. Com a generalização da mumificação, do jazigo e dos livros mortuários; no Novo Império, a maior parte dos egípcios passou a revindicar acesso a vida eterna, com o 'placet' de seus reis...

Além disto a própria concepção de vida eterna não cessou de transformar-se durante todo este tempo. Pois se é certo que os primeiros faraós, adeptos de uma simples dicotomia - acreditavam que passariam a eternidade ressuscitados em suas tumbas consumindo oferendas, os textos gravados na pirâmide de Unis ou Venis, dão já a entender que ao menos durante o dia o Faraó podia tomar carona na Barca de Rá ou ascender aos céus. Passados alguns séculos a adoção de um modelo tricotômico possibilitou que o espírito do Faraó ascendesse ao mundo divino enquanto que seu corpo ressuscitado (ou habitado pela alma) continuasse a viver em sua sepultura... Os próprios nobres e populares adotaram semelhante modelo, passando a crer que enquanto seus corpos ressuscitados tornariam a viver nas tumbas, o espírito migraria para um local bastante parecido com as margens do Nilo ao que passaram a chamar 'campos elíseos'.

Portanto sequer o cerne da religiosidade permaneceu estático ou fixo entre eles mas sujeito a constante alteração. O mesmo pode ser dito com relação aos deuses. Uma vez que o posto de deus supremo ou rei dos deuses sempre coube ao principal deus cultuado na capital do pais - O Rá da Heliopólis pré dinástica, Phtá de Mênfis durante o antigo Império e por fim o todo poderoso Amon de Tebas, durante o Novo Império. Daí o esperto Usirmaré Setepenre Ramsés II, fazer-se ladear por Rá, Phtá e Amon em seu templo de Abu Simbel. Assim a fama ou status da divindade acompanhou as mudanças administrativas porque o pais passou em seus três mil anos... Até chegarmos a Serapís, o grande deus do período helenístico, cujo principal centro foi Alexandria.

A própria concepção de divindade não deixou de conhecer significativa alteração. Uma vez que Akhenaton aspirou substituir o henoteísmo vigente pelo monoteísmo, da mesma maneira como o henoteísmo havia eclipsado o politeísmo vigente nas primeiras dinastias. Nem foi o culto popular ou folclórico aos animais tão marcante como após o século XII, chegando a predominar no período helenístico. Após ter sido incipiente após o antigo e o médio impérios.

Diga-se o mesmo a respeito de diversas técnicas ou modos de produção. Os quais apesar de sua repugnância os egipcios tiveram de adotar e alterar, tendo em vista a perpetuação de sua autonomia. Assim o emprego dos carros e cavalos, do arco duplo e da machadinha estreita tomados ao invasor Hicso ou Heka Shasut. E mais tarde, ao tempo dos Hititas, a adoção das armas de ferro, em detrimento as de bronze...

Mesmo no plano da arte não se puderam manter estáticos. E se a arte de Amarna apresenta sérias rupturas as estátuas de Senusret III, que remontam ao Império médio, denotam um realismo espantoso. Já ao tempo de Ramsés III, a arte minóica faz sua primeira aparição no Delta...

O próprio caráter ou significado mais íntimo dos faraós também apresentou significativa alteração. Assim nos impérios antigo e médio, o rei é encarado como divino enquanto sacerdote ou representante da divindade; mas só se torna um 'deus' efetivamente, após sua morte. É filho adotivo ou como querem alguns emanação do Sagrado, mas não uma divindade como Rá, Phtá ou Amon aos quais deveria servir. Mentuhotep e Senusret estavam, ao que parece, bastante conscientes de sua humanidade...

É ao correr do Novo Império que as coisas assumem nova configuração, em conexão com o culto do todo poderoso Amon, a esta altura hipostasiado com o velho Rá, o Sol. Hatchepsut, filha de Tutmósis I e esposa de Tutmósis II, buscando legitimar seu poder, em detrimento do enteado - o futuro Tutmés III - e com o decidido apoio de Hapuseneb, alto sacerdote de Amon, não hesitou em recorrer a patranha e recorrer a um mito em torno de sua concepção miraculosa. O deus Amon, assumindo forma humana, havia coabitado com sua mãe... sendo ela filha do próprio deus e portanto uma deusa ou deus encarnado... Desde então pode governar sossegada pelo espaço de uns quinze anos. O preço que pagou pelo poder no entanto foi bastante caro...

Pois cada Faraó deveria compor-se com o poderoso clero de Amon para manter tais fábulas. Não Tutmés III, o Napoleão do antigo Egito, que manteve sua reputação ímpar, devido a seu staus de guerreiro invencível. Seja como for ele não deixou de despejar toneladas e mais toneladas de ouro no Ipet Sut, e de fortalecer o sacerdócio... e assim seus fracos sucessores. Até que o grande sacerdote tornou-se tão poderoso quanto o Faraó, é uma ameaça a seu poderio... Foi quando Amenhotep III, sem romper com os sacerdotes de Amon, retomou, discreta, mas decididamente, a estratégia de Hatchepsut.

Até então, o maior templo do pais estava situada na banda Leste do Nilo, em Tebas, a capital e era Karnak ou o Ipet Sut, com seus quase quarenta acres e oitenta mil servidores, um autêntico feudo sacerdotal... Amenhotep no entanto, optou por construir um templo ainda maior na outra banda, a banda Oeste do rio, a saber seu templo funerário ou necrópole, onde viria a ser adorado após a morte. Era este templo algo absolutamente soberbo e sem precedentes no pais e apenas Abu Simbel viria a faze-lhe sombra século e meio depois. Atualmente restam dele apenas os dois colossos, ditos de Mennon, cada qual com vinte e um metros de altura. Champollion e Rosellini chegaram a ver os pedaços de outros dezoito, alguns dos quais estão sendo desenterrados e restaurados enquanto escrevemos estas linhas. Quantos haviam na realidade não o sabemos... Compunham um verdadeiro exército de gigantes... Amenhotep faz-se apresentar tal e qual os deuses, em pé de igualdade... A mensagem é bastante clara: Ele mesmo é um deus vivo a ser cultuado sobre a terra e assim sua esposa Tyi. Mas não é certo que seu pai fosse Amon, quiçá fosse o velho Rá ou Aton, importava que ele era um deus vivo, concepção que seus sucessores - Horemheb, Seti e sobretudo Ramsés II, jamais abandonaram.

Também a forma do trabalho alterou-se significativamente no decorrer daqueles três mil anos. Devido a experiência porque passaram os antigos hapiru ou semitas, o modo grego de encarar o mundo e as películas de Cecil B de Mille fomos levados a crer que as pirâmides e a grande esfinge de Gise, haviam sido construídas por hostes ou multidões de escravos, conduzidos a ponta do chicote. Hoje, graças a descoberta da Vila em que viveram os construtores de tais monumentos, sabemos ser tal visão completamente falsa ou anacrônica. Tais trabalhadores eram livres e trabalhavam durante as cheias, sob corvéia; sendo além disto alimentados, vestidos e assistidos pelo estado. Acreditavam além disto que erguendo o túmulo do Faraó estavam colaborando em sua deificação e consequentemente colaborando para que a maat ou ordem das coisas fosse mantida.

Posteriormente no entanto foi o carater das coisas sendo paulatinamente modificado. Assim Senusret despeja no Egito milhares de escravos trazidos da Núbia. Tutmés III despeja outros tantos infelizes trazidos da Núbia e em seguida da Palestina após cada uma de suas campanhas e o Egito vai sendo atulhado por escravos estrangeiros cuja mão de obra deve ter sido ostensivamente empregada por Amenhotep III, Seti e Ramsés em suas obras colossais ou 'faraônicas'...

A conclusão a que buscamos chegar é bastante simples: A ideia segundo a qual o Egito se manteve imutável e estático durante todo este tempo é artificial e forçada e corresponde mais a nosso desejo de que as coisas não mudem ou de que o fluxo das mudanças torne-se menos intenso, do que a realidade e somos nós que projetamos nossas inseguranças e temores no passado formando uma imagem 'conservadora' do antigo Egito, uma imagem que é bastante cara para muitos, mas que jamais existiu... Enfim nossa imagem forçada daquele antigo país não passa de mais um álibi ideológico com que procuramos reforçar nossas aspirações e esperanças. Nada de Histórico, concreto ou real. Afinal nem o Egito antigo nem qualquer outra sociedade poderiam fugir aquele fluxo dinâmico que caracteriza tudo quanto é propriamente humano.



quarta-feira, 23 de maio de 2018

Como as pirâmides foram construídas (inglês) - Excelente artigo

The Great Pyramid and Transport of Heavy Stone Blocks

The Great Pyramid and a new approach for the construction

Transport of Heavy Stone Blocks with Human Power in Ancient Times
Copyright 2012 by Henk J. Koens
                                             
We have all ever wondered how the ancient Egyptians were able to transport the 2.5 million  limestone blocks to build the Great Pyramid. The handling of stone blocks with a weight from one to several tons in such a quantity is a gigantic operation, even in our days.   
Herodotus in “The Histories” (5th century B.C. ) talks about “… machines formed of short wooden planks” used for  pyramid building. [ Editor’s note: read this relevant post about it:  The Pyramid Tales  ]               
Here is author’s interpretation of  “machines formed of short wooden planks“:

HK_GP_wheel

What is not understood?

The general idea in the existing literature is that the Egyptians transported the stone blocks on wooden sledges. These sledges were dragged forward by a team of human workers.
However, the efficiency of a sledge transport is extremely low. It required an enormous effort and so many human workers that the working area and the road to the pyramid would be overcrowded. Probably in special situations sledges were used but it is difficult to believe that this was the case for the great majority of transportations.
The idea is that there must have been a more efficient transport system to meet the required building and time conditions.

Is there an alternative?    

About the same time Parry(1997) and Mladjov (1998) came up with a revolutionary idea that these stone blocks were transported by rolling . The use of a vehicle on wheels was not an option because the “wheel” was not known to the Egyptians and above all  not solid enough for these heavy loads. But the authors failed to give us a satisfying and practical solution. However, this idea was not new. Already in 1977 an english engineer John D. Bush (The rolling stones) suggested this method and it was earlier described by Vitruvius, an ancient roman architect, in his book “Architecture, vol. X, chapter 2/14”

Was there a simple and practical solution?                          

We know that the use of rollers for the transport of  heavy loads was an every day technique in ancient Egypt. Therefore upscaling of this proces for large items was a logical thought.
The Eyptians did their work with ropes and levers. Furthermore were copper, stone (dolerite) and wood the only available materials. But probably also bronze, a material 2 to 3 times as hard and strong as copper. A tool of bronze has been  found in the pyramid. So simplicity had to be the keyword.
A practical alternative might have been the rolling stone carrier : A device that carries a stone block, consisting of two wooden discs with a stone block inbetween, firmly tied together with a rope (see the next picture)
HK_GP_wheel2 and a practical solution for a load of 2500 kg (see the next picture):
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A disc made of local available materials

A disc could be made of a number of similar shaped wooden circle segments. If copper nails were not available, wedges, wooden pins or a rope could be used to connect the parts.  (see pictures below).
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Another tool, especially designed for not uniform big stone blocks, consisted of a disc system in which the stone block was supported by 4 wooden bars, fastened with wedges (see the next picture)
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How did it work?

The discs and stone as a whole is a rolling element. With a pair of shafts and holes in the center of the discs the carrier could be pushed and pulled forward by human power or by an animal. The long shafts made it easy to round sharp corners.
The effect of the heavy load is directly transferred to the bottom through the discs. So the center holes did not suffer the heavy load and served only as input for the light pulling force. But even without the shafts the workers could move the stone block by pushing up the discs on both sides (see pictures below)
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Transport of a 2.5 ton stone block

On a rigid and plain bottom (wood, stone or bricks) such a system with wooden discs has a friction factor against rolling of  about 0.025.
This value can be determined by model experiments and is known to transport companies that have the experience that large wooden cable reels start rolling down at a slope of slightly more than 2.5 % (1:40), which means that the friction factor is equal to the value of this slope or 0.025.
Therefore the transport of a stone block with a weight of 2.5 tons on a plain surface requires a pulling force of  0.025 x 2500 = 63 kgf (139 lbs). So a team of 6 human workers can easily pull this stone block forward.
In contrast, a wooden sledge with this load has a friction factor of 0.2 to 0.4 and requires a pulling force of at least 0.2 x 2500 = 500 kgf (1100 lbs) !

How many workers were needed to transport this load uphill?

To reach the construction platform of the pyramid there existed a ramp or a spiral road around the pyramid with a slope of about  5% (1:20).
To overcome the gravity component of the load, an additional pulling force was necessary of  5% of  2.5 ton or 0.05 x 2500 = 125 kgf (275 lbs), which makes the total effort 63 + 125 = 188 kgf (414 lbs).
Therefore at the foot of the pyramid 10 workers with a rope were added to obtain the required extra power. With an effort of 188 / 16 or about 12 kgf (26 lbs) per worker, a team of in total of 16 human workers could transport this load uphill (see the next picture).
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The transportation and how it was arranged    

Most authors believe that the Egyptians had to quarry and to transport daily 40 stone blocks per hour to meet the required construction period of 20 years.
This means a delivery to the construction platform of one stone block every 1.5 minute. In this time and with an assumed speed of 1.5 km per hour, a transport team could cover a distance of 1.5 / 60 x 1500 = 37.5m. With this transport system it was possible to create  a continuous flow of stone blocks to the construction platform with a distance of 37.5 m between two successive transport teams (see next picture).
It took roughly one hour to transport a stone block over a road (slope 5%) with a length of 1400m from the foot of the pyramid to an altitude of 70m (halfway to the top).
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How many carriers were needed?

The distance from the pyramid to the nearby quarries was about 700m, so that the total length of the transport line from the quarry to a construction platform halfway to the top was 1400 + 700 = 2100m. So with an average distance of 37.5 m between two transport teams, a number of 2100 / 37.5 or 56 disc systems were on the road. This means that together with the same number of returning carriers, in this situation a total of 112 were daily in use.

How many transport workers were involved ?

The uphill transportations to a construction platform halfway to the top, required 1400 / 37.5 or 37 teams of  16 workers and the horizontal transportations
700 / 37.5 or 19 teams of 6 workers, so in total
37 x 16 + 19 x 6 = 706 workers. The same number of workers was always on the way back. The returning workers had time enough to do additional jobs on the construction platform and in the quarries. One can conclude that in this case roughly 1412 workers were daily on the road.                                            

How was the carrier loaded in the quarry?

When the quarry workers with their stone or bronze tools were ready with removing the material on both sides of the stone block and underneath, two beams and rollers were placed under the stone block. Then they made a carve on the top backside of the stone block and placed wedges to split it. After splitting it rested on the rollers. Now it could be rolled away from the stone wall and in this position it was possible to give the stone block its final size in accordance with the internal dimensions of the disc.  Both sides of the stone block were accessible now for mounting the discs. (see the next picture)

HK_GP_wheel8 How many people worked in the quarries?

The “NOVA-experiment” showed us that with a correction for the primitive tools in the early days,
2 workers could carve a stone block in 2 days.
So a production of 40 stone blocks per hour or 320 per day, required a daily manpower of 320 x 4 = 1280 workers.

Delivery and positioning of the stone block

To prevent differences in height in a new to build layer, it was very important that all the stone blocs of that layer had the same thickness (Petrie).
However, the dimensions of the center area of the carrier dictaded exactly the thickness of the stone block.  So this requirement was always met when  the same size of carrier was used.
Unloading the stone block took place with rollers and slanted beams. Afterwards the empty discs were returned to the quarry for the next transport.
If necessary, adjustments could be made. Large fragments were not returned but as much as possible transformed into reusable building elements. Debris was used as filling material. The final positioning of the stone block took place with heavy rams.

General conclusions for this transport system

  • The rolling stone carrier was a simple design and made of local available materials. This tool made it possible to transport heavy stone blocks in an efficient way and with human power.
  • The carrier was very compact, easy to handle and it could easily round sharp corners.
  • With this tool the activities in the quarry can be fully   explained and this tool made it possible to deliver stone blocks with a constant thickness.
  • Calculations about the transport capacity and the use of manpower lead to reasonable values.
  • This tool could also be used as temporary storage and was an optimal solution for long distance transportations by ship. 

Critical comments

The rolling stone carrier is a rolling object and differs  considerably from a vehicle with wheels. A vehicle with weels (unknown to the Egyptians) has always a shaft with bearings which is not rigid enough to withstand the heavy load of a stone block. The rolling stone carrier had no bearings but only simple discs and was strong enough to transport these loads.
So far no carrier system has been found during excavations, other than some wooden circle segments found by Petrie. However, wood was a valuable material for building and firing, so it is understandable  that not much of this material can nowadays be found. Nevertheless we know that the Egyptians were good craftsmen who could build ships and certainly also carrier systems.

OTHER MYSTERIES

The above mentioned transportations with the rolling stone carrier, only apply for the bulk of the building materials.
There is also the question how the Egyptians transported the extreme heavy granite stone blocks needed for the construction of the king’s chamber and  how they lifted these stone blocks to an altitude of about 60m. There were about 50 items, each with a weight between 50 to 70 tons.
In literature there is also discussion about the type of ramp or upward road that was used by the Egyptians.
What is the answer to these questions?

How were stone blocks of 50 tons and more raised to a high level?

The answer is simple. These heavy objects were placed on one of the first layers of the working platform at the start of the construction of the pyramid. After every new layer they were lifted to the next higher layer until the required level was reached. On the working platform there was place enough for special tools and  extra workers.

How were these stone blocks transported?

These enormous granite stone blocks arrived by ship from Aswan, 1000km to the south of Gizeh. If further transportation took place with a wooden sledge, a number of at least 400 workers would  have been needed. Even with lubrication and a very low friction factor of 0.2 , the pulling force was already as high as 0.2 x 50,000 = 10,000kgf or 22,000lbs !
A disc system of a large dimension (e.g. discs with a diameter of 4m or 13ft) was a far better solution. Because of the higher transport efficiency the labor force could be reduced to 15% and less. This disc system could also be used for the stone lifting proces on the platform and for temporary storage (see pictures below). HK_GP_wheel9
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How were these heavy stone blocks placed in the transport discs ?

This process required a special wooden tool, consisting of two circle segments connected by wooden bars.  
When the stone block in the quarry was splitted by using wedges, it rested on this tool. Then the workers rolled the stone block away a from the stone wall with levers and ropes. Now it was possible to mount the discs on both ends of the stone block. (see pictures below)
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What type of ramp was used?

The step by step method of lifting heavy stone blocks on the working platform of the pyramid, had a great advantage. Because of the low level at the start of the construction of the pyramid, a voluminous and labor intensive ramp was not necessary. Only a short ramp was needed to place these enormous stone blocks on the first layers of the pyramid. 

sábado, 12 de maio de 2018

Progressos do imbecilismo contemporâneo

Como não sou partidário de um evolucionismo linear como Marx, Spencer, Comte, etc mas do um evolucionismo em 'aspiral' formulado por V G Childe, o qual considera a possibilidade de crises, recuos civilizacionais, declínios provisórios, etc não me assusto face a atual crise nem perco a esperança. Também o homem evolui ou progride enquanto tal, embora hajam crises, como a da adolescência, analisada com propriedade por Erickson. Homens e Sociedades, e Civilizações conhecem crises, mas as crises podem ser superadas, dentro de um quadro geral positivo.

A História conheceu já crises intensas - O primeiro período intermediário no Antigo Egito pós Fiops ou Pepi II, A destruição do império acadiano pelos gútios, A destruição da civilização minóica pela explosão de Santorini, a destruição da civilização Micenica pelos Dórios, O conflito entre epígonos e diádocos após a morte de Alexandre e por fim a queda do Império romano, a mais pavorosa de todas... e que pois fim a Idade Antiga.

Posteriormente repetiram-se novas e sucessivas crises, das quais a primeira foi a reforma protestante seguida pelas revoluções inglesa, francesa e russa, pela ascensão das diversas culturas de morte como o fascismo, o nazismo, o comunismo, o neo liberalismo, o anarco individualismo... pela afirmação de ideologias aberrantes como o ceticismo crasso, o relativismo, o subjetivismo, o positivismo... pelo assaque do islamismo, do pentecostalismo,do fetichismo, etc... pelo sucesso de diversas formas de alienação...

Eis onde chegamos...

A experiencialidade é contestada, o apanágio da razão ridicularizado, a Filosofia desmerecida (o ceticismo é a negação de toda Filosofia desde os tempos de Pirro de Elis cf 'Os céticos gregos' por Victor Brochard), o conhecimento científico endeusado por uns ou negado por outros, a religiosidade ética repudiada, a Ética natural ignorada, o humanismo vilipendiado, o estudo minimizado, as normas objetivas da produção artística postas de lado, o valor da vida humana relativizado, os direitos escarnecidos, a justiça apresentada como utópica, o quietismo louvado, a violência canonizada, o egoísmo promovido, o irracionalismo encarecido sob todas as formas, os preconceitos mais obscuros santificados, os extremos abraços com fervor, a cultura mal compreendida, todas as tradições desafiadas, toda mudança ou variação condenada... e por ai vai...

É como se todos os fundamentos da Civilização estalassem, ruíssem e viessem abaixo.

Diante disto, apenas para distrair-me, após ter assistido - como faço amiúde - mais um documentário arqueológico, desta vez sobre o antigo Egito, ou melhor, sobre a Esfinge, as pirâmides, os obeliscos e a origem de tais monumentos, fui, maroto que sou, espiar os Cocomentários...

Li algumas centenas, um mais medonho do que o outro e ouso reproduzir alguns:

Esse arqueólogo não sabe nada...

Um mistificador...

Charlatão...

Pirâmides são túmulos, onde já se viu???

Os antigos egípcios construíram as pirâmides, esse homem tá de brincadeira?

Como sempre ocultando os extraterrestres...

E a civilização Atlante, por que não disse nada sobre ela?

Alavancas e roldanas uma ova, aquilo só podia ser erguido mesmo com tecnologia de ponta vinda de outros planetas.

Quem não sabe que os egipcios ergueram tais pedras com o Mana ou com encantamentos?

Deveriam ter lido Sichtin.

Não me enganam porque li os deuses do Daniken

etc, etc, etc

99% dos cocomentários iram por este caminho ou linha de desracioncínio, chegando a vulgaridade e ao xingamento.

Pesquisadores de campo nada sabem... são imbecis, otários, idiotas, toscos, etc

Os comentaristas virtuais, muitos dos quais jamais puseram seus pés no Egito, na Suméria, na Grécia, na Itália ou na América central, sabem absolutamente tudo, porque leram a 'verdade' nas obras do Sichtin, do Daniken, do Churchward, do Braghine e de outros místicos e visionários que jamais provaram ou demonstraram suas opiniões ou crenças.

As pessoas repetem o que leram em livros escritos por charlatães, místicos, visionários, etc - os quais por sinal estão cheios de erros escabrosos - e negam-se peremptoriamente a aceitar pesquisas de campo ou estudos realizados seriamente profissionais!!! Para essa gente que vive repetindo baboseiras nada significa analisar a composição química de uma pedra, comparando-a com a composição química de outra, analisar a composição da terra, o fluxo das marés, o pólen, datar carbono 14, medir ossos, escavar tumbas e tempos, decifrar inscrições ou seja, realizar um trabalho verdadeiramente experimental. Elas simplesmente não compreendem o alcance disto tudo, dos materiais, dos fatos, da concretude... e dão preferência a suas crenças queridas...

E no entanto ciência história ou arqueológica não se faz com delírios, comunicações, visões, boatos, diz que me diz, etc mas com material coletado em campo e devidamente analisado.

É com fragmentos de restos de comida, pedaços de ossos, DNA, ruínas, cacos de cerâmica, etc que se faz a História real, quase sempre prosaicas para muitos...

É com fotos, gravações, satélites, etc que se faz a melhor geografia.

É com fósseis que se faz a melhor Biologia...

Não com bíblias, não com publicações sensacionalistas, não com afirmações gratuitas, não com suposições absurdas, etc

Ajuntem-se aos esotéricos ou místicos os criacionistas, os terraplanistas e os geocentristas e o 'samba do crioulo doido' estará completo!!!

Leram em seus livros sagrados, em seus almanaques, em seus manuais e esta lido; portanto não há qualquer necessidade de paleontólogos, arqueólogos, exploradores... enfim de pesquisa. Pois eles já foram, antecipadamente, informados sobre todas as coisas por meio de 'publicações'...

Talvez essas pessoas acreditem ou julguem que todo conhecimento foi ou é produzido por livros...

Quando é produzido por escavações, explorações, estudo de campo, analise de materiais, enfim de pesquisa ou de trabalho duro. Conhecimento não cai sobre a cabeça do historiador como chuva, não lhe entra nos miolos por osmose, não é produzido por mágica, mas, fruto do trabalho duro, perseverante e paciente... Tudo para que depois, um leigo arrogante e presunçoso venha questiona-lo, fundamentado não em evidências materiais, mas nas obras de Deniken, no antigo testamento ou mesmo numa comunicação espiritual ou psicografia... O cúmulo do absurdo.

O conhecimento do concreto é fruto da observação e da pesquisa de campo, os livros só servem para divulgar, jamais para produzir o conhecimento.

Ah mas o Daniken fundamentou sua interpretação em diversos monumentos. Monumentos que ele mesmo não encontrou ou escavou por não ser arqueólogo, mesmo amador como por exemplo Scheleimann ou Isidoro Falchi... Monumentos cuja autenticidade ou genuinidade ele não pode certificar por não ser arqueólogo... Por isso quando sua interpretação choca-se com a daqueles que escavaram tais monumentos ou estudaram-nos durante anos a fio, claro que fico com a interpretação destes... e não com a dele, uma vez que nada produziu de relevante ou nada encontrou. Tanto pior para um Sichtin ou para um Curchward, o qual declarou, como o fundador dos Mórmons, Joseph Smith, ter encontrado os arquivos de Shambala ou Lemúria, sem no entanto jamais os ter mostrado ou dado a público, exigindo fé...

Ora se você quer ter fé no Churchward ou no Sichtin, tenha fé, é um direito seu. Só não venha apresentar sua fé como ciência ou como algo concreto ou o que é pior ainda, exigir que tenhamos a mesma fé, negando assim o produto da experiência... Pois aqui sua atitude não se diferencia em nada da dos criacionistas com sua Torá ou seu Gênesis, da dos geocentristas ou da dos terraplanistas... Você apenas trocou de livro, mas o princípio é o mesmo: Livros, fé em livros, etc Nós temos um princípio mais seguro, o princípio concreto, da pesquisa de campo, da escavação, da análise de materiais, da tradução de inscrições deixadas pelos antigos, etc o que inspira uma confiança muito maior e induz a certeza absoluta.

Não creio na Batalha de Megiddo. Leio sua descrição nos painéis mandados gravrar por Tutmosis, o grande e estou a par das escavações realizadas no local... Não creio na Batalha de Kadesh, estou a par não apenas do relato mandado compor por Ramsés II, mas também do que fora redigido por ordem de Supililiuma, rei dos Hititas... Não se trata aqui de coisas sonhadas, ouvidas, escritas, etc mas de relatos de primeira mão confirmados por vestígios materiais.

Assim quando se diz que os antigos egipcios valeram-se de gruas, rodas, roldanas, rampas, fogo, talhadeiras de pedra e bronze, barcos, etc para extrair pedras, transplanta-las e grava-las; resultando de tais esforços as pirâmides ou a esfinge, temos elementos materiais ou vestígios que comprovam-no cabalmente; parte dos quais foram novamente testados, em nossa época, pelos arqueólogos, e com sucesso. Temos pinturas que representam tais esforços. Temos maquetes encontradas em túmulos de construtores. Temos ferramentas encontradas. Temos a análise de restos... Evidência de sobra!

Não há portanto qualquer necessidade de atribuir-se a construção de tais monumentos a atlantes ou Ets...

Basta aplicar a navalha de Ockam para deduzir que os Egípcios tudo fizeram e concluir pela genialidade de nossos ancestrais...

Fascinante é concluir que tais monumentos colossais foram feitos por homens como nós há cerca de cinquenta séculos.

Durante muito tempo acreditou-se que tais templos e túmulos haviam sido edificados a chibatadas por uma multidão de escravos. Hoje se sabe que foram edificados por uma multidão de trabalhadores livres, unidos pelo entusiasmo religioso ou pela fé... Coisa que hoje já não se sucede. Temos dificuldade para unir uma multidão colossal em nome de qualquer coisa... Portanto não podemos crer que os antigos tenham sido capazes de faze-lo, e nosso ceticismo falseia a realidade histórica e nos envenena.

A questão aqui não é encarar os incas ou os egipcios como incapazes, no sentido de que fossem culturas inferiores... É mais profunda e diz respeito a nós mesmos como espécie ou humanidade.

O homem contemporâneo, que parte de uma antropologia negativa, é cético, ao menos quanto a si mesmo e suas possibilidades. Ele não vê a si mesmo como capaz de erguer as pirâmides de Gizé ou de traçar as linhas de Nazca porque não vê a si mesmo como alguém capaz de conhecer por meio de seus sentidos, porque não encara a si mesmo como alguém capaz de raciocinar com propriedade e enfim porque não acredita em sua capacidade para atingir a perfeição ética ou moral...

Os antigos gregos, a exceção dos pirronianos, que importaram seu ceticismo ou pessimismo volitivo da antiga Índia (i é do Budismo), não tinham maiores dificuldades para admitir que os antigos egipcios haviam esculpido a grande esfinge ou construído as pirâmides e certamente encarariam as linhas de Nazca como produto natural da atividade humana. Nós no entanto fomos envenenados pela doutrina maniqueista ou agostiniana do pecado original i é da corrupção total da natureza e portanto de nossa fragilidade. Desde Agostinho a cristandade latina assentou a incapacidade ou a fragilidade humana como dogma inquestionável. E Lutero e Calvino manifestaram-se para reafirmar com mais intensidade ainda essa antropologia pessimista...

Via de regra a sociedade latina secularizou ou deixou de crer em tais tolices ou mitos desde o século XVIII. No entanto, a guize de repeti-los por mais de mil anos, lá ficaram seus resíduos envenenando a cultura... E fazendo-nos duvidar de nós mesmo, de nossa capacidade e da capacidade de nossos ancestrais. Nossos ancestrais no entanto, não duvidavam de si mesmos... E por isso, inspirados por outro tipo de antropologia - natural e positiva - construíram muralhas ciclópicas, pirâmides colossais, dolmens e menires, linhas e terraços de cultura... rivalizando uma com a outra.

Parte dessas construções atravessou os tempos e chegaram até nós. Do contrário negaríamos que tivessem sido feitas... Negar a existência dos terraços de cultura do Peru, da muralha da China ou da Esfinge não podemos. Neste caso fazer o que se estamos convencidos de nossa própria incapacidade??? Atribuí-las ou a supostos poderes sobrenaturais suscitados pela magia, como o mana... ou a civilizações imaginárias, como a Atlântida ou a Lemúria (cuja tecnologia era muito superior a nossa)... ou o que é ainda pior, a alienígenas ou extra terrestres, os quais teriam vindo de Órion ou das Pleíades e atravessado o universo com o propósito de amontoar pedras diante de nossos primitivos ancestrais, demonstrar um poder imenso e ser cultuados ou aplaudidos por eles...

Quem não vê que tais extra terrestres, supostamente tão evoluídos equivaleriam aqueles dentre nós que se embrenhassem no seio inóspito das mais distantes florestas com o objetivo de construir uns muros ou empilhas umas pedras para ser reverenciados pelos gorilas, chimpanzés ou orangotangos... Nós no entanto, mesmo sendo tão pouco evoluídos, não buscamos tão estranha glória. Neste caso por que seres tão evoluídos quanto os habitantes de Órion haveriam de busca-la, a saber, de buscar reverências e aplausos nesta nossa terra??? Chega a ser bizarro!

No entanto a humanidade prefere apegar-se a ideia absurda de um deus interventor nos moldes fetichistas, de Ets, de Atlantes, reptilianos, iluminatis, etc a admitir que nós seres humanos somos produtos de um lento processo evolutivo - certamente concebido por uma inteligência suprema - que a terra é esférica e gira em torno do Sol, que nossos ancestrais ergueram pirâmides e traçaram linhas tão colossais quando as de Nazca, etc

Talvez parte dessas pessoas acredite que uma História feita apenas por humanos numa terra esférica que gire em torno de um Sol inserido numa galáxia colossal - dentre as bilhões de galáxias que compõem este universo - seja demasiado enfadonha...

Todavia caso paremos um pouco para refletir talvez cheguemos a conclusão de que o fato da vida unicelular surgida neste planeta há alguns Bilhões de anos ter se desenvolvido a ponto de favorecer a manifestação de uma inteligência capaz de planejar e executar tão grandes projetos - Como as pirâmides, a grande muralha da China ou as linhas de Nazca (Em que pese a tecnologia disponível e o esforço necessário) seja uma dos acontecimentos mais significativos do universo. Será que negando nossa capacidade e nosso histórico evolutivo não estamos eliminando o mais fascinante de todos os mistérios, o mistério de nós mesmos??? Seja como for não acredito que os antigos egipcios ou peruanos acolheriam bem as nossas negações e o nosso ceticismo, fruto de uma mentalidade eurocêntrica ou melhor dizendo modernista, segundo a qual nossos ancestrais jamais poderiam ter feito algo melhor ou mais interessante do que nós mesmos, decadentes filhos do século XXI d C...