domingo, 25 de outubro de 2015

A miséria do neo catolicismo ou desencontros do tradicionalismo, do progressismo e da RCC

A miséria do neo Catolicismo


De todas as religiões e crenças nenhuma mais evoluída que o Cristianismo Católico, sobretudo sob as formas Ortodoxa e romana.

Nem é por acaso que certo número de incrédulos ilustres a exemplo de G Santayana, Whydan Lewis, O Wilde, Ch Maurras, A Comte, E Littré, S Weil,  B Russel, etc simpatizaram com ele e reconheceram-lhe as excelências. Fenômeno bastante comum até os anos 60.

Desde então, com a derrocada do papismo, deístas, agnósticos e ateus, adquiriram um argumento a mais e tomaram a dianteira.

Pelo simples fato da igreja romana ter se afastado a idealidade eterna constituída em torno do belo, do verdadeiro e do bom, mergulhando de cabeça no mundo da modernidade e associando-se as forças tenebrosas do biblismo ou melhor dizendo do protestantismo.

Abandonou sua magnífica liturgia e ritual elaborado a meio milênio. Aderiu a mentira do subjetivismo e do relativismo rompendo com o padrão Aristotélico incorporado por S João Damasceno e Tomas de Aquino e chegou ao fundo do poço perdendo por completo a noção de santidade concreta pautada no amor ao próximo e serviço fraterno até tombar no fideísmo luterânico e proclamar um novo modelo, fácil e falso, de redenção.

Aproximou-se além disto da superstição Biblista e repugnante doutrina na inspiração plenária do livro, retomou os mitos e fábulas do judaismo antigo, indispôs-se com a ciência e tombou no fetichismo crasso!

Esta infecção mística atingiu até mesmo aqueles que não se deixaram influenciar diretamente pelo protestantismo e pelo modernismo, como os tradicionalistas. Este no entanto aderiram ao neo marianismo aparicionista e estabeleceram compromisso não menos nefasto com o liberalismo econômico. De modo que parcela alguma da igreja romana ficou a salvo desta conflagração terrível e todas as suas partes apodreceram.

Quanto aos modernistas devo dizer que os progressistas adeptos da Teologia da Libertação aderiram em parte a heresia modernista ou a crítica iniciada pelos protestantes liberais em torno dos mistérios do Cristianismo, chegando a inclusive a repudiar o dogma da Encarnação ( i é ao padrão niceno atanasiano), a doutrina da presença real do Senhor no Sacramento, a fé na virgindade perpétua de Maria Santíssima, etc confinando com o materialismo e com o ateísmo; além de terem adotado um linguajar técnico de origem marxista a que os fiéis não estavam afeitos impossibilitando um diálogo verdadeiro. E também se mostraram partidários decididos da demolição litúrgica.

Não é para admirar, de que, apesar de seus objetivos precipuamente Cristãos, pautados inclusive na consciência da Igreja, no Evangelho da verdade e na tradição pura, tenha a Teologia da Libertação falhado miseravelmente devido a sua ruptura quase que total com o dogma eclesiástico e a linguagem comum ao Catolicismo. Grosso modo podemos afirmar que não precisamos de uma terminologia marxista ou técnica para denunciar as mazelas do liberalismo econômico, pois contamos com o testemunho eclesiástico dos antigos padres e com a palavra perfeita do Evangelho.

Longe de nós repudiar a crítica científica elaborada por Karl Marx em torno do modo de produção capitalista (Referi-mo-nos aqui não ao manifesto comunista mas ao 'Capital'), coisa que todo pastor de almas ou fiel instruído deveria conhecer. Nossa crítica aqui incide principalmente sobre o emprego de uma terminologia marxista 'empolada' ou de um vocabulário sociológico (sociologuês) com que o povo católico não estava afeito. Não precisamos falar como Marxistas mas exprimir as críticas justas elaboradas por Marx em termos Católicos fornecidos pela piedade.

Nem precisamos abjurar de nossa fé ancestral ou demolir as formas litúrgicas para denunciar as injustiças e clamar contra a exploração do homem pelo homem. É perfeitamente possível proclamar a libertação integral do homem, professar a fé imaculada, manter o brilho do culto litúrgico e manter-se nos limites da comunhão histórica. Neste sentido o progressivismo esquerdista assumiu posicionamentos iconoclásticos que drenou a fonte de suas forças e comprometeu suas bases. É para deplorar esta incompreensão...

Nem posso compreender como aqueles que porfiaram manter o brilho do culto e a imutabilidade dos dogmas foram seduzidos pelo delírio materialista economicista do liberalismo (capitalismo), enquanto que aqueles que aproximaram-se dum conceito elevado de justiça, abjuraram miseravelmente da fé ancestral, romperam com a verdade e sacrificaram a beleza simbólica da hierurgia. Após o Vaticano II consumaram-se tais rupturas e desacertos e instaurou-se o Caos da igreja latina.

Mas não o 'Caos' absoluto.

Não nos enganemos pois não havia a igreja romana, presa do fatimismo ou do marxismo, chegado ao fundo do abismo e miséria suprema; a qual converteu-a em espantalho face a intelectualidade universal!

Tal missão estava reservada ao que chamamos RCC.

Esta mais do que o tradicionalismo incoerente amancebado com o liberalismo e mais do que a teologia da libertação amancebada com o comunismo, manchou a reputação desta igreja até então e sob certos aspectos venerável. Com a RCC pomos nosso dedo no fundo da chaga, da ferida ou do câncer que devora insidiosamente a consciência das massas católicas.

Nada de mais alienígena, nada de mais espúrio, nada de mais alheio, nada de mais oposto ao espírito do Catolicismo do que a alienação ou a abominação Carismática.

Epifenômeno do pentecostalismo introduzido no papismo por um grupo de 'fiéis' americanizados ou americanizantes... cujas almas certamente eram já protestantes e que haviam bebido nesta cultura denunciada não só por Ch Maurras mas por Vailant, Dandier, Aron e outros tantos. Nem podemos deixar de concluir que esta conjuração capaz de corroer a consciência Católica e destruir sua cultura até os fundamentos foi ali forjada e arquitetada com fins claramente políticos, a saber, fazer frente a teologia da libertação e se possível obscurecer o sentido da doutrina social da Igreja!

Antes de romper com a igreja romana -  a qual havia passado após abandonar o protestantismo em que fora criado - e fazer-me Católico Ortodoxo, tive a ocasião e oportunidade de conhecer de perto a RCC e de conviver com seus adeptos. Posso dizer com pleno conhecimento de causa que jamais conheci um deles sequer que estivesse familiarizado com a doutrina social da Igreja... Nem se trata de crítica-la superficialmente como fazem os tradicionalistas, mas de ignora-la por completo. Parte considerável dos fregueses carismáticos sequer sabe que existe uma doutrina social elaborada por sua igreja.

Uma condição assustadora.

Devo dizer todavia que ainda não tocamos ao fundo do abismo!

Antes do vaticano II ou do advento da RCC tinhamos padres cientistas. Sacerdotes familiarizados com as diversas escolas e correntes da alta filosofia, com os estudos psicológicos, com os intrincados arcanos da sociologia, com a experiencialidade pedagógica, etc, etc, etc Basta-me citar um G Mendel, um G Le Maitre, um Teilhard de Chardin...

Hoje que temos???

Padres saltadores, malabaristas, feiticeiros, xamãs, pajés, charlatães, animadores de auditório, 'cantores' (sic)... cópia suja e mal lavada de mediocridade protestante. Um bando de alarves repetidores de versículos e contadores de 'estórias' sem graça tomadas ao antigo testamento. Adversários do conhecimento científico! Supersticiosos! Toscos! Beócios! Criacionistas! Puritanos!

Pela RCC plagiou o romanismo o que há de mais abjeto no pentecostalismo! Reproduziu o que há de mais viciado, corrompido e nocivo no protestantismo! Copiou o que há de mais vulgar e grosseiro na espiritualidade norte americana! Abjurou de seus ideais, inverteu seu caráter, minou as bases de sua cultura e tornou-se desprezível!

A RCC converteu a igreja romana numa ruína desoladora, numa assolação!

Que os protestantes tenham chegado a tal ponto levando adiante os princípios e enunciados por seus pioneiros, os reformadores é perfeitamente compreensível e até desculpável. Que a igreja romana tenha incorporado a si uma série de elementos opostos a sua consciência, a sua tradição e sua cultura é o cúmulo do absurdo!

Basta dizer que ao genial Pe Leonel Franca, a um Bastos Dávila, a um Julio Maria (do Rio de Janeiro), a um Senna Freitas... sucederam o Jonas Abib e o Marcelo Rossi, elementos notáveis pela imperícia e falta de conhecimentos no campo da sagrada teologia para não falarmos no campo das ciência humanas.

Diante disto como admirar-se de que a intelectualidade, antes atraída por esta igreja, torne-se mais incrédula, azeda e indiferente dia após dia e que avolumem-se os contingentes do deísmo e do agnosticismo???

Que esperar duma igreja que perdeu seu rumo, rompeu com suas fontes e raízes e desamparou seus filhos e admiradores mais ilustres?

Se a igreja romana chegou aos confins do fetichismo e da magia renovando a falsa crença nos milagres e convertendo-se numa espécie de 'bazar', que esperança podemos ter?

Não ousem portanto os neo papistas a ministrar-nos qualquer tipo de lição!

Não receberemos calados qualquer lição ou reprimenda de quem recusa-se a levar as últimas consequências os princípios e valores afirmados por sua religião.

Não pouparemos de modo algum a esses neo romanistas que creem poder viver a moda protestante, assimilando princípios e valores de origem luterânica ou calvinista.

Não levaremos a sério estes homens estúpidos que não levam a sério suas próprias crenças.

Admiramos em espírito o espírito do Catolicismo e portanto do romanismo ANTERIOR A REVOLUÇÃO do vaticano II. Período em que os papistas estavam ainda unidos em torno dos três princípios: o Belo, o Verdadeiro e o Bom.

Quanto a este neo papismo fatimista/liberal, comunista ou pentecostal só nos resta deplorar sua infinita miséria!

Nós no entanto mantemos não só nossa autonomia mas franca oposição a todos estes venenos modernos: da economia de mercado ao bolchevismo passando pelo neo marianismo aparicionista, pelo misticismo desbragado e pela heresia protestante; de todas estas ideologias nos afastamos e mantemos prudente distância como de uma infecção.

Oxalá os Católicos de boa fé investigassem suas tradições e valorizassem o que é seu.

Nenhum comentário: