terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A nossos amigos e leitores






Vivemos tempos difíceis. Passamos por tempos difíceis. 'Tristia tempora' (R F Avieno). Como um barco que enfrenta uma terrível borrasca... Como um navio que passa por uma pavorosa tormenta... Qual pequenina embarcação face ao colossal Adamastor. Assim nossa Civilização (Não a Sifilização contemporânea ou americanizante - esta jamais foi ou será civilização verdadeira) passa por uma terrível crise de identidade, sentido e pertencimento...

Nos desencontramos - Religiosamente, metafisicamente, antropologicamente, eticamente, cientificamente, socialmente; ideologicamente enfim...

Centenas de autores nas mais diversas perspectivas analisaram e buscaram compreender este fato sem precedentes na História humana, devido a sua dimensão verdadeiramente global com suas decorrências ambientais ou ecológicas inclusive - Leiam Yuval HarariComo profetizou o 'gênio' mau de um Kierkegaard o processo informativo acelerou-se a ponto de não poder ser acompanhado pelo raciocínio ou pelo intelecto. No futuro dilúvio da informação, inundados por 'dados' que se nos apresentam por todos os lados, como diziam Broech e Huxley, não há tempo suficiente para refletir, ponderar, processar... Engolimos notícias como engolimos goles de chá ou café com leite e não digerimos. Mas a memória e a mente não vomitam, e todas estas informações ficam lá baralhadas e movimentando-se num turbilhão. O homem impaciente, como diz Marshal McLuhan lançou a razão de lado e mergulhou de cabeça no irracionalismo - Wallas e McDougall salientaram-no - e no tecnicismo, este - aqui Jacques Soustelle, Corção, Toynbee... - prenúncio inequívoco de decadência. Cientificismo, positivismo e tecnicismo são abordagens superficiais assumidas por uma cultura leviana, que renunciou atingir o mais profundo da realidade, as causas primárias, o ser, o sentido...

Quiçá se trate de uma cultura fatigada.

Fatigou-a esse abuso da razão ou delírio chamado idealismo?

Provavelmente.

E no entanto o abuso não tolhe o uso legítimo e nossa capacidade racional não se torna má, duvidosa ou impotente por ter sofrido abuso por parte de especuladores inescrupulosos.

Tornemos a razão sóbria. Tornemos a racionalidade. Tornemos a nós mesmos enquanto 'sapiens', seres que buscam saber ao menos algo.

Quanto ao saber ao menos um dado nos parece absolutamente certo e unívoco - A crise... Estamos em crise... Crise que para um Spengler, para um Berdiaeff e para um T S Elliot prenúncio do fim.

"Manes, tequel, feres.'

Nossa civilização esta com seus dias contados!

Há no entanto quem acredite que este trágico fim possa ser evitado ou quem creia que o fim comporte em si um novo começo e o começo de uum ciclo menos infeliz.

Há quem tenha esperança.

Freud ao escrever 'O futuro de uma ilusão' tinha alguma esperança. Perdeu-a totalmente nos últimos anos de sua vida, a ponto de classifica-la como um verme ou um delírio e clamar pela suprema paz do retorno ao matéria de onde saíra i é ao turbilhões dos átomos, espiritualmente falando, ao nada.

Então a pergunta que lhe faço meu amigo, minha amiga é se você tem esperança e o quanto a esperança é importante para você???

Tem esperança???

Eis aqui um Blog que não hesita em apontar-nos o mal estar da civilização contemporânea, a frustração, a 'quebra' da magia, a perda do sentido...  Mas que não deixa de ter e de infundir esperança!

Nossa mensagem, inda que realista quanto ao tempo presente é uma mensagem de esperança, por considerar a possibilidade de uma recuperação, desde que refaçamos ao inverso nossa rota e reconsideremos cada um de nossos passos até a reforma, a monarquia papal e o agostinianismo.

Então se você deseja não apenas estar bem informado, mas assumir uma postura crítica e ao mesmo tempo esperançosa face ao mundo, este é seu Blog, sinta-se em casa!

Seja bem vindo, bem acolhido e bem recebido...

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Ass - Redação

domingo, 28 de janeiro de 2018

Exigências filosóficas e educacionais em torno de um Catolicismo consciente e de qualidade -

"Penso alias que o Cristianismo do futuro virá a ser constituído por um agrupamento de elites. O HOMEM COMUM SERÁ SEMPRE INCAPAZ DE ASSIMILAR ESTA SUPREMA TOTALIZAÇÃO DO MUNDO." Rahner, Karl in 'Viagem aos centros da terra' Horia, Vintila - Verbo, 1972 p 107
 
 
 
O erro de Nina Rodrigues

           Nina Rodrigues - um afro descendente alias - errou gravemente ao declarar que o Catolicismo consciente - com sua alta teologia - era inacessível a nossos negros em função de serem negros i é da raça ou da etnia.
           Qualquer explicação ou teoria que apele a critérios raciais será sempre pífia, artificial e simplória. O racismo implica falta de imaginação e imensa miséria intelectual. Segundo G Santayana e Arnold J Toynbee os alemães, luteranos, forjaram essa xaropada a partir da crença dos judeus na eleição, transplantada ao Cristianismo pela reforma protestante - devido a sua predileção pelo antigo testamento face ao novo (Aqui Maurois - História da Inglaterra) - e mais tarde secularizada. A simples sugestão de terem, eles alemães, merecido a graça divina da reforma protestante bastou para engrandecer-lhes o ego. Eram o Novo israel ou povo eleito, superior a todo os outros.

Errou pois Nina Rodrigues seu alvo, mas não podemos dizer que errou feio. Talvez tivesse chegado a periferia da Verdade e quiçá acertado o alvo caso tivesse levado em conta a situação sócio cultural dos nossos negros, a qual era uma situação de miséria extrema e, consequentemente de falta de instrução. E podia ter dito o mesmo sobre nossos índios e nossos brancos pobres, que não faria qualquer diferença.

Se há uma coisa que o Catolicismo não é e não pode ser é religião de Massas isto pelo simples fato de que as massas incultas e grosseiras não podem assimilar-lhe a beleza dos mistérios e a profundidade da teologia (quanto ao 'Catolicismo' romano ou ocidental excluo as ridículas doutrinas da graça - graça/gracismo - e das penas eternas, que são absolutamente bárbaras e grosseiras, aqui a Ortodoxia e o alto anglicanismo levam franca vantagem!).

Por isso ao ser professado pelas massas incultas o Catolicismo torna-se logo popular ou folclórico assumindo uma feição totalmente diversa de sua feição original e divina. No passado, entre a gente simples do campo, sucedeu algo nesse sentido. Limitou-se porém a certas formas externas e simbólicas já presentes na cultura ancestral pagã, da qual o Catolicismo apossou-se com o objetivo de transmitir sua mensagem. A bem da verdade a gente do Campo em sua maior parte jamais ultrapassou os rudimentos da fé. Sempre alimentou-se de leite, jamais de alimento sólido ou consistente. E no entanto a dinâmica social do campo, que é lenta, conservadora e tradicional, assegurava a manutenção daquele padrão religioso... E enquanto assim foi os Catolicismos puderam sentir-se seguros.

O povo das cidades é mais irriquieto. Multidões de tontos para lá confluem e formam bolsões de massas... E essas fermentam, dando origem a versões degeneradas da fé, assim o Catolicismo popular.


O Catolicismo popular ou degenerado é um culto grosseiro e fetichista em torno de bonecos pintados... Floresce onde quer que hajam massas incultas, no campo ou na cidade. O do campo porém é por tradição submisso, o citadino pode se tornar mais resistente.

Seja como for, podemos definir o Catolicismo autêntico como uma reflexão em torno do Mistério da Encarnação de Deus e suas decorrências, o qual depende necessariamente de uma farta educação Filosófica, clássica e escolástica, sem a qual fica sempre embotado ou frustrado. Da mesma maneira como a formulação teológica dos elementos da fé, implicou por parte dos antigos padres, a assimilação do conteúdo filosófico oferecido pela antiguidade clássica, a apreciação de tais fórmulas ou de tal reflexão demanda certa afinidade com aquela tradição filosófica.

Para o Cristão Católico estudar a Filosofia perene, os clássicos, o pensamento antigo jamais será ocioso.

Ele passa e deve passar pelo vestíbulo ou pórtico da Filosofia. A um lado a compreensão do Catolicismo exige todo um arcabouço intelectual ou preparo. A outro nossa fé estimula e não pode deixar de estimular uma formação cuidadosa e integral em termos de educação. Formar homens para o Catolicismo é formar homens fartamente instruídos e integramente formados.

E esta necessidade de uma educação vigorosa em termos de Catolicismo, suscita e coloca diante de nós um terceiro problema -

Afinal um tal projeto educativo supõem uma sociedade muito bem estruturada, em que prevaleça qualidade de vida não a miséria.

Falemos em termos de tempo - Um tal projeto educativo formativo demanda tempo... Implica que as pessoas trabalhem menos ou que crianças e jovens não trabalhem de modo algum, aprendendo apenas. Uma educação de qualidade não pode ser feita as carreiras, educação feita as carreiras é esta educação formal, meramente tecnicista e acrítica feita para o Mercado. Este tipo de educação não esta de modo algum de acordo com o ideal Católico. Este homem sumariamente educado pelo Mercado e para o Mercado jamais logrará compreender os mistérios da Fé Católica. Por outro lado uma educação humanista e totalizante não poderá deixar de suscitar diversas críticas ao mercado.

Por isso nosso modelo educativo não passa da superfície. Por isso não desmassifica. Por isso jamais emancipa a pessoa humana. Letramos apenas... fornecemos um conteúdo básico ou sumário as pessoas e é o quanto bastará para encaminha-las, como veremos, ao sectarismo protestante ou ao pentecostalismo, que é um sistema irracionalista - i é imensamente pobre em termos de racionalidade - e voluntarista, pelo aspecto do fetichismo. Massas sumariamente instruídas ou letradas jamais poderão assimilar os mistérios do Catolicismo, mas, tampouco se conformarão em viver uma religiosidade demasiadamente determinada... Julgando-se livres e impulsionada por seus interesses precipitar-se-ão nos braços das seitas da prosperidade.

As condições sociais produzidas pelo liberalismo econômico em termos de miséria, injustiça, angústia, desespero, revolta, frustração, ignorância, etc constituem o meio ideal para a proliferação do pentecostalismo. Afinal trata-se de um sistema religioso do qual o mistério e os elementos da Filosofia foram completamente expurgados, e isto a ponto da razão ou da racionalidade ser formalmente repudiada e do pensamento clássico ser condenado como diabólico por sua conexão com o paganismo antigo. Em tais condições o Catolicismo, a menos que mutile a si mesmo, e se reduza, e assuma novas formas de compromisso sempre perigosas, estará sempre em desvantagem.

O homem dos campos, por tosco que fosse ainda podia sentar-se a porta da choupana ao cair da noite, contemplar o céu azulado, fixar seu olhar nas estrelas distantes e refletir a seu modo sobre Deus e a alma... O homem que vive na cidade moderna, sob a sombra dos arranha céus, tem o firmamento sobre si sempre cinza. Chega semi morto a casa e busca dormir, apenas para despertar e tornar a trabalhar no dia seguinte. Nascer, crescer, casar, procriar, trabalhar, descansar, tornar a trabalhar, descansar, tornar a trabalhar... é tudo quanto sabe fazer. Este homem não tem muito tempo para pensar e refletir. E quando lhe sobra algum tempo é natural que busque anestesiar a si mesmo por meio de alguma distração ou diversão. Natural que se dirija a uma taberna, a um baile, a um circo, etc e não a uma Igreja Católica cujo ritual sóbrio e simbólico não foi concebido para 'alivia-lo'. Então onde irá este homem desencontrado do século XXI??? Irá a pseudo Igrejas que reproduziram a mesma atmosfera irracionalista ou emocionalista da taberna, do bar, do baile, do show - Irá a um culto pentecostal onde pessoas repetem palavras de ordem, gritam saltam e fazem piruetas, saindo de lá aliviado, por ter exteriorizado toda sua revolta! Mas, como disse o culto divino Católico não serve para nada pelo simples fato de ser um culto divino e não uma forma de terapia. Ele não foi feito para que o homem esmagado pelas forças impessoais do Mercado exteriorize sua revolta... Não é o culto feito para este ambiente desumano.

O Catolicismo, ao contrário do que dizem muitos apologistas ineptos, seja dito para sua honra, não foi feito para ambientes desumanos. Para sua glória neste ambiente naturalista, economicista e materialista, que não é o seu, agonizará e morrerá. AQUI O SUPREMO PARADOXO DO CATOLICISMO, OU FIEL AO SENTIDO DAS OBRAS, TRANSFORMARÁ O AMBIENTE EM QUE VIVE OU SERÁ DESTRUÍDO POR ELE.

Conviver e viver num ambiente de ignorância e miséria produzido não pela natureza mas pela maldade humana, alias de pessoas que se dizem Cristãs, não poderá. Enganam-se assim os milhões de 'meio' Católicos ou de pseudo católicos que acreditam poder nossa fé conviver pacificamente com o novo mundo produzido e governado pelo Capital ou pelo Mercado. Este mundo foi produzido com o apoio do protestantismo para deleite e desfrute do protestantismo, o qual corresponde a uma forma muito menos imanente ou encarnada de Cristianismo. A uma forma solifideista, descarnada e neo platônica... Irracionalista... Imediatista... Emocionalista. Todos estes elementos encontram-se na Sociedade do capital e na nova forma de 'cristianismo' produzida na Alemanha.

A ideia segundo a qual o Catolicismo possa ou deva conviver socialmente ao lado da miséria e da ignorância é uma ilusão, uma triste ilusão a mais insidiosa de todas as falácias... Elas degenerarão a fé Católica e corroe-la-ão a semelhança de um câncer. Eis porque as massas se protestantizam/pentecostalizam e como venham talvez a islamizar-se. Perdendo nossa cultura toda sua vitalidade. Não a cultura do capital, mas a autêntica cultura Católica, da totalidade, do espírito, do sentido, da vitalidade... a qual morre não morre, desde o século XVI.

De fato nossas massas alienadas pelo mercado, incultas e barbaras, e exasperadas e revoltadas não estão no acesso do Catolicismo (exceto deste Catolicismo modernista e degenerado que assimilou elementos protestantes e sua 'espiritualidade' irracionalista) e sequer no acesso de formas religiosas mais evoluídas como o espiritismo ou o budismo - As massas são feitas e estão postas antes de tudo para o pentecostalismo com sua imensa pobreza. Querem um show, não uma liturgia. Querem milagres, não uma doutrina social. Querem gritar chavões, não assimilar uma ética. Querem vestir camisas com frases bíblicas, não viver o compromisso da fé. Querem bailar, dançar e cantar, não compreender. Querem fugir, não transformar... Recuam decididamente para o céu ou o além túmulo. Aspiram por catástrofes apocalípticas... Assumem um derrotismo instintivo e esperam que este mundo seja consumido pelas chamas!

Não creem, como Lutero não acreditava, numa graça vitoriosa, capacitante ou triunfal, mas numa graça fraca sob o judo do pecado e num homem sempre curvado e fragilizado. Sua soteriologia é pessimista... sua antropologia é pessimista... sua escatologia é pessimista, pois não creem na recuperação do mundo ou no triunfo final do Evangelho. Elas não acreditam que a encarnação de Cristo esteja em fase de ampliação ou expansão na Igreja. Creem no recuo ou refluir da apostasia. Tal a fé ou a cultura dos protestantes assumida por uma multidão de Católicos incoerentes. Os quais aprenderam a conformar-se com o mundo, ao invés de lutarem heroicamente contra ele e conquista-lo e cristianiza-lo.

Nem mesmo a altura dos cultos africanos - nos quais a presença intelectual é igualmente mínima - estão nossas massas produzidas e alimentadas pelo capital. também os cultos afro não tem grande chance de expansão devido a seu elevado conteúdo ritual e simbólico que este homem vulgar de 2018 já não pode assimilar. O simbólico causa mal estar a este homem, pelo simples fato de não poder compreende-lo (Kenneth Clark)

O homem massificado sequer consegue compreender a linguagem estética da arte numa perspectiva clássica, com desenhos e adornos que ele, filho de um século utilitário, julga ociosos. Eis porque o modernismo assumindo a este utilitarismo imposto pelo mercado ou de origem economicista empobreceu a própria arte. Desde então nossas casas e móveis deixaram de ser arte ou de conter algo de artístico, prevalecendo o critério funcional das linhas... Tudo é linha e apenas linha. Tudo é forma geométrica e nada mais, pois a única coisa que importa é a função do objeto. No entanto como disse Theóphilo Gautier - "Se tem utilidade ou uso não é arte.". Por isso nossas joias são obras de arte, porque não tem utilidade alguma... O nível de barbaria é tanto que para este homem desumanizado a própria existência da arte tornou-se supérflua. Jamais tivemos tantos doentes mentais como nos dias de hoje, apesar de termos superado o maniqueísmo e o puritanismo do século XIX... Neste caso porque continuamos enfermos? Talvez porque trabalhemos em demasia... Talvez porque a insegurança em termos de trabalho e estabilidade econômica nos encha de angústia... Talvez porque negando a existência de Deus tenhamos perdido o sentido... Talvez porque já não contemos com o 'conforto' da contemplação estética do belo através da arte... Certamente graças a cada um desses fatores.

Insisto, sequer o islã xiita esta a altura deste homem desumanizado e despersonalizado, e profanado pelo liberalismo econômico. A miséria dos corpos contaminou e atingiu a alma abandonada a suas próprias forças, este homem que é apenas vontade numa perspectiva fetichista alimentada pelo desespero será pentecostal...

A Igreja não esta apta, e jamais estará, para concorrer com o pentecostalismo em seu ambiente. Mudará o ambiente segundo sua ética, conforme seus princípios e valores, a luz do Evangelho e da tradição dos padres ou ficando frustrada, esvaziar-se-a. Os Católicos sinceros, inda que mal orientados, esperam algo de concreto do Catolicismo, teem a intuição de que ao contrário do protestantismo nossa fé e mais do que uma fé... Intuitivamente ainda identificam o Catolicismo como uma Lei, a lei de Jesus Cristo, e portanto como um elemento que inspira e comanda todos os setores da existência e da atividade humanas. O Catolicismo certamente nos abre as portas do céu, mas desde que mantenhamos nossos pés sobre este mundo, em conexão com o próximo, com o semelhante, com o irmão, buscando servi-lo concretamente e minorar seus sofrimentos. Ser Católico sempre será, em última análise, saber identificar-se e compadecer-se. Não se tratá aqui duma mera teoria, mas como disse, de uma postura vital! Bem se vê que é algo totalmente distinto do protestantismo, com sua união direta com deus na perspectiva individual ou egoísta, e do liberalismo econômico, com seu ensinamento de que o outro é sempre nossos concorrente ou rival na luta insana pela vida.

O que nos preocupa sobremodo não é o recuo dos Catolicismos pois em outras conjunturas culturais recuperar-se-iam. A perspectiva de uma sociedade pluralista, tal como foi descrita por Karl Rahner a Vintila Horia (1972) não nos assusta. Ter de conviver com budistas, hinduístas, judeus, neo pagãos, deístas, agnósticos e ateus, numa perspectiva de respeito e tolerância civil não nos exaspera. Caso nosso Cristianismo recobre sua consciência e dignidade, caso nosso Catolicismo se torne mais profundo e comprometido, até teremos lucrado.

O que nos assusta e preocupa sobremodo é a expansão, a afirmação e o predomínio, entre nós, do pentecostalismo ou das formas protestantes Norte americanas... Não estaríamos nem um pouco preocupados caso o romanismo estivesse a ser substituído pelo espiritismo ou pelo budismo. Afinal toda crença trás em seu bojo elementos culturais... E o bojo cultural dos calvinistas e judaizantes de século a século tem sido o sonho de uma Sociedade teocrática em moldes muito semelhantes ao do islã sunita ou salafita com sua sharia. A sharia aqui, para nossos fanáticos, é a torá. E já conhecemos o fim trágico de tudo isto na Alemanha nazista, no Oeste Norte americano... No apartheid...

Aqui negros, indígenas, brancos e mestiços, igualmente tocados e transtornados pela miséria e pela idiotice haverão de ser presas fáceis de uma religiosidade que prima pela miséria em todo os sentidos... Pois não estão, como disse Nina Rodrigues a mais de cem anos, no acesso de uma religião tão elaborada quanto o Catolicismo, como sua alta teologia, com sua escolástica, com sua doutrina social, com seu sentido estético, com seu ritual simbólico, etc Quando a RCC não passa de uma descatolicização do próprio catolicismo ou de sua degeneração interna... é uma protestantização e portanto uma negação e esvaziamento do próprio Catolicismo cujo espírito, na perspectiva do princípío de contradição, é afirmação face a tudo quanto o protestantismo obstinadamente nega. O conflito, mesmo dentro da igreja continua dando-se em termos de espírito entre o principio Católico, positivo e na dependência da Encarnação, e o princípio protestante, negativo e na dependência do judaísmo e do neo platonismo.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Conceito de revolução em Marx, Lênin, Trotsky, Staline e a doutrina do 'Quanto pior melhor'


"V H - Pensa portanto que o Comunismo perdeu sua oportunidade. Por que e quando precisamente?

Toynbee - Perdeu-se no exato instante em que Stalin esmagou Trotsky... Stalin bonapartizou, ou como se diz, o desvirtuou, e confundiu-o com o nacionalismo russo, matando na fonte o ideal Católico ou universalizante que era a força do comunismo." (O que esta de acordo com a análise de Crane Brinton na 'Anatomia das Revoluções' onde expõem a russificação do Comunismo durante a segunda grande guerra) 'Viagem aos centros da terra' por Ventilia Horia, ensaísta anti comunista. P 225

Claro que uma Revolução dramática, nos termos de Lênin, só poderia dar-se nos termos totais e universalizantes de Trotsky. Stalin matou o revolucionarismo bolchevista, literalmente e em termos de sentido ao associal o comunismo a cultura eslava ou russa. Comunismo e Anarquismo devem impor-se a nível internacional ou global, não nacional ou regional, pelo simples fato do Capitalismo ser internacional. Serão fenômenos globais, ou não serão.

Acompanhemos portanto os desvios porque passou o conceito de Revolução dentro do Comunismo.



Marx quando jovem definiu a organização 'partidária' - se é que assim podemos dizer! - como formadora da consciência proletária ou seja como instância educacional.

Mas eu percebo que cada vez mais inseriu-se na consciência marxista, envenenando-a, a tese soreliana segundo a qual alguns quadros intelectuais  fariam ou comandariam uma revolução. Alias, sem depender do tempo ou das circunstâncias externas a que Marx havia aludido (realismo etapista) e assimilando o conceito de Revolução hecatômbica ou de conflito entre esta elite minoritária e as massas alienadas comandadas pela burguesia. A bem da verdade a noção de quadros ou de uma aristocracia educadora não podia deixar de estar presente num teórico de classe média como Marx, ou ainda em Engels e Kautsky, o qual amiúde refere-se a sem papel em termos bastante próximo do padrão de pensamento positivista.

A ideia de um núcleo dirigente, de quadros ou de um partido ali já estava e não podia deixar de estar, a finalidade no entanto não era pelejar ou fomentar sedições, mas infundir a consciência proletária ou social nas massas.

Vejamos então o que Marx havia ensinado sobre o tal processo Revolucionário -

Marx havia ensinado algo totalmente diverso - caso tomemos por padrão o modelo Sorel/Lênin. Pois acreditava que a própria dinâmica do capitalismo produziria uma imensa massa e horda colossal de proletários a um lado e a outro uma diminuta e insignificante burocracia de capitalistas, a qual seria derrotada por aquela sem drástica efusão de sangue ou abalos cósmicos na medida em que tivesse sua consciência despertada pelo 'partido' ou pelos quadros intelectuais os quais, como já dissemos, na visão de Marx, fariam mais o papel de professores - cujo objetivo é levar consciência as massas convertendo-as em povo agente de sua História -  do que de guerrilheiros.

Para K Marx a realidade econômica era condição 'sine qua nom' os proletários não poderiam agir ou fazer a Revolução. A qual se daria necessariamente por etapas, acompanhando o desenvolvimento da produção. Era portanto absolutamente necessário, que no contexto em que viesse a dar-se a futura Revolução, o Capitalismo não apenas aflorasse sem que houvessem objeções, mas que evoluísse, progredisse, se desenvolve-se e atingi-se, livremente sua forma final. Disto dependia a oportunidade ou a necessidade da Revolução Comunista, a qual não passava sempre de uma resposta aos últimos estádios porque passará o Capitalismo. Compreende-se, segundo esta visão, que a Revolução teria de dar-se, necessariamente, numa Sociedade Capitalista que tivesse feito já todo este percurso, e ao fim do século XIX, apenas Inglaterra e Alemanha, pareciam apresentar tais condições.
Marx
jamais compreenderia uma Revolução na Rússia ou na China de sua época i é em Sociedades que ainda não haviam assimilado em larga escala o modo de produção Capitalista, encontrando-se um estádio agrário, campesino, feudal, primitivo, tradicional, etc que ele, Marx, - filho do iluminismo e coevo do positivismo - não podia compreender e cuja cultura deplorava. Segundo o esquema etapista de Marx seria de todo inútil fomentar a consciência proletária em tais conjunturas. A teoria de Sorel no entanto possibilitou um adiantamento, absolutamente controverso, em termos de História. A consciência proletária foi estimulada nos grande centros urbanos tradicionalmente associados ao poder, até que, aproveitando-se de um nicho aberto pelos liberais, veio a assumi-lo; mas em oposição ao campo e ao campesinato (o qual aspirava apenas pela Reforma agrária i é pela distribuição da terra). Foi uma Revolução tipicamente urbana, que renovou a clássica oposição - Cidade X Campo. Para parte dos campesinos, que tiveram sua mentalidade e padrão cultural depreciados, esta Revolução foi sinônimo de opressão.

Digam o que quiserem do autêntico marxismo, a ordem de pensamento presente no velho Marx parece sensata, coerente e realista; diria sóbria. Afinal nela cooperam tanto elementos externos ao homem quanto elementos humanos conscientes de suas possibilidades. Sucede no entanto que esta ordem de pensamento foi danosamente turbada por correntes exógenas advindas do anarquismo idealista. Claro que a revolução elitista e ingênua proposta por Sorel e abraçada pelos sucessores de Engels só podería dar-se nos termos totais ou globais propostos por Trotsky, jamais em termos nacionais ou regionais. Deveria ser universal ou não ser. Os anarquistas que são péssimos lógicos e pensadores - creem que a lógica formal, a coerência, o raciocínio são sempre sufocantes ou opressores - erraram desde o princípio. E as massas até hoje permanecem sem espírito e manipuláveis. Talvez a hora tenha passado porque as massas não foram devidamente preparadas para a hora nos termos propostos lucidamente por K Marx.Você converte as massas em povo i é desmassifica-as e prepara-as para a cidadania (por meio de uma educação integral) ou as mantém escravizavas e submissas i é sob estrito controle. Não há terceira vias aqui. Ou vamos pelo caminho de uma democracia cada vez mais direta, popular ou cidadã ou vamos pelo caminho do totalitarismo, do despotismo ou da ditadura. Uma, coisa é absolutamente certa - como salientaram Ortega Y Gasset e MacLuhan dentre outros - massas e liberdade é coisa que não combina. É como receita de pólvora. É algo explosivo. Apenas os anarquistas a partir de sua antropologia romântica ou ingênua, construída a partir de J J Rousseau, puderam mesmo conceber a ideia monstruosa de emancipar 'massas' e é claro que as massas emancipadas, dando largas a impulsos, instintos e outras forças irracionais, levariam a cabo o ideal sangrento ou hecatombico de Revolução total... Resta saber o que acionaria o furor das massas levando-as ao paroxismo.

Antes de prosseguir quero dizer que este ideal de massas irracionais inconscientemente movidas ainda povoa o pensamento anarquista - se é que assim podemos chama-lo. Do que tivemos e temos exemplo nos Hippies, Punks e outras tribos formadas por rebeldes sem causa. Há aqui uma revolta cega, que não é necessariamente produzida por situações de injustiça, miséria ou indignidade humanas - como no caso dos socialistas e de parte dos comunistas - e que jamais se define, permanecendo sempre difusa... Essa revolta amorfa a um tempo e multiforme a outro não nos parece saudável. Ela sempre poderá conduzir a civilização a tal guerra de todos contra todos... e converter nosso homem em lobo do outro, dando certa força as reflexões emitidas por Hobbes há tantos séculos. Ao menos quanto a essas massas suas considerações parecem justas. A democracia direta pressupõem homens educados segundo os princípios da racionalidade e da ética; demanda um projeto construtivo de caráter humanista. Democracia, mesmo representativa, e formalismo ou estruturalismo, é outra mistura funesta... Sócrates, Platão e Aristóteles elaboraram suas críticas há mais de dois mil anos e nos parecem válidas. 



Vejamos agora como exasperar e acionar essas massas incultas de modo a que executem o programa da Revolução -
Comecemos pelo velho dilema - Na mesma medida em que o capitalismo, diante dos perigos e ameaças, apara suas arestas ou garras (quando não as tem aparadas) as pessoas mais simples passam a ter esperanças ou até a suportarem-no. Aqui todo e qualquer alívio conduz a certo comodismo e é justamente isto que nos explica porque a Revolução não ocorreu na Inglaterra do século XIX.


Para tanto devemos ter em conta aquela reação Cristã (Católica e anglo Católica) e humanitária cuja melhor expressão é a Sociedade Fabiana, criada pelo casal Webster, matriz das 'Trade unions'. De fato aquelas condições cruéis e desumanas que vigoraram durante o auge do liberalismo econômico inglês (Idade de ouro dos capitalistas e patrões) - 1830 a 1880 - e que foram tão vivamente descritas pela pena de um Charles Dickens (o qual nada tinha de comunista ou bolchevista) foram lentamente alteradas no domínio da institucionalidade pelas assim chamadas reformas trabalhistas, das quais emergiu em meados do século passado um estado de bem estar social e de qualidade de vida que perdurou até a Era Tatcher i é por quase oitenta anos. Foram tais reformas que conjuraram o perigo da Revolução comunista prevista por Marx. Não é que o Capitalismo se tenha reelaborado ou reprogramado, como sugerem alguns. O fato é que passou a sofrer restrições por parte do poder político. Na expressão consagrada de Keynes, a fera foi posta numa jaula.
A conclusão salta a vista - Caso as pessoas tenha acesso a certo nível de qualidade de vida, bem estar ou esperança não estarão dispostas a apoiar uma Revolução cósmica nos termos de Sorel ou Lênin. Afinal de constas sabem muito bem que Revolução não é sinônimo de brincadeira e a imagem das  Revs Inglesa e francesa ainda esta mais ou menos fresca em suas memórias. Ainda há certa consciência quanto ao fato das Revoluções terem sido eventos traumáticos nas vidas das sociedades que as conheceram de perto.

Que preço as pessoas estão disposta a pagar por sua libertação?

Não deverão ser bem escravas, na plena acepção da palavra, para estarem dispostas a pagar um preço demasiado alto?

Que condições concretas as fazem com que as massas aspirarem por revoluções totais e incontroláveis?

Enquanto a situação social for suportável e tiverem esperança não apostarão neste padrão de revolução sanguinolenta. Afinal não temos registros de que os escravos, nesta ou naquela Sociedade, tenha cometido suicídio em massa - E a religiosidade pagã ou greco romana nem condenava a prática nem conhecia penas eternas ou inferno. Neste caso por que os escravos não recorreram sistematicamente ao suicídio?

Simples. Por que elas, as condições em que se dava a escravidão, se tornaram flexíveis a ponto de injetar alguma esperança de liberdade em suas consciências. Nem podemos descartar que tudo isto tenha sido previamente calculado com base na simples experiencialidade da vida... Podemos pensar assim na fuga, na alforria, na simples construção de laços de afeto com os proprietários e consequentemente numa melhoria significativa quanto ao trato, etc

Assim a condição dos operários em certas realidades sociais. Quando o sistema ameaçado abre mão de sua rigidez total e até certa medida possibilita a inserção e ascensão social - o que quando faz faz por cálculo - é absolutamente natural que a maior parte das pessoas se conformem com ele. É a obra Psicológica da esperança, a qual não se pode fugir. Apenas a total falta de esperança e a vigência de uma situação insuportável abrem as portas para a Revolução com que sonham anarquistas e comunistas... A matéria da Revolução é o sofrimento, a angústia e o desespero.

Por isso os neo marxistas sorelianos que levam sua escolástica medonha até o fim são sempre favoráveis a tese, imensamente discutível, do 'quanto pior melhor'.

Quero dizer que são favoráveis a afirmação radical do capitalismo em seus termos clássicos para que se produzam as condições ou circunstâncias apontadas não apenas por Marx mas até por Henry George, assim a proletarização total... circunstância que facilitaria ao máximo a Revolução por parte das massas conscientizadas.

Quero dizer que tais pessoas são as que preferem sempre o DEM, o PSDB, o PSC, o PMDB no controle da política, uma vez que tais partidos, de inspiração liberal , produziriam as condições ideais de miserabilidade e desigualdade social que deflagariam uma Revolução violenta inda que por parte de minorias comandadas por elites ainda menores dispostas a lavar a terra com ferro e fogo. O terror só poder ser produzido por circunstâncias excepcionais.

Mas a angústia humana tanto pode ser objeto de esclarecimento objetivo por parte dos estudiosos da sociedade ou dos trabalhistas como pode ser habilmente manipulada pelos fanáticos contra os interesses dos próprios manipulados elevando o grau de alienação a nivel máximo; assim na Sociedade islâmica, no Belt Bible e no Brasil de hoje. O tiro pode sempre sair pela culatra e o medo, o temor, o receio e a dor virem a cimentar. Marx jamais contou com isto, ele era otimista, evolucionista linear e como os positivistas acreditava que o fundamentalismo religioso, ao menos no Ocidente, estava com seus dias contados. Erro cabal, corrigido por Weber dentre outros.

Eis o motivo porque os marxistas/leninistas, ignorando os últimos trabalhos de Marx e as derradeiras cartas de Engels, condenam inexoravelmente a social democracia ou a inserção no plano da política institucional com o objetivo de obter reformas e conter cada vez mais a ferocidade do sistema. Eles não apreciam este caminho porque sabem que a amenização das condições produziriam a acomodação por parte dos dominados, alivio como já dissemos sempre se traduz em esperança e acomodação. A posição é ingênua porque ao menos a parte menos irracionalista do sistema saberá auto regular-se ou adaptar-se até certos limites caso sinta-se ameaçada por uma insurreição. Mas é assim mesmo e a possibilidade de um relativo e precário equilíbrio dentro da estrutura social existente basta para exasperar os radicais sorelianos ou jacobinos, os quais contam com o desconforto ou o incomodo para levantar as massas.
Não tenho nada contra a ideia de uma imensa maioria de oprimidos e injustiçados i é o povo, tomar um poder que alias já é seu.

O que não posso aprovar, em hipótese alguma, é uma ditadura de quadros elitistas, uma vez que estes jamais equivalem ao partido, quanto mais ao proletariado; proletariado é proletariado e ponto.

O que nos conduz diretamente a um governo democrático popular, exercido diretamente pelo povo e jamais por aristocracias de qualquer talhe. Isto porém é outra questão.

O que não posso aceitar é justamente a tese maquiavélica segundo a qual devemos assistir impassivelmente o desenvolvimento total das forças capitalistas de produção - senão até colaborar com ele e estigmatizar a social democracia - enquanto elas esmigalham e torturam impiedosamente seres humanos.

Essa espécie de quietismo que consiste em largar-se ou em entregar-se ao fluxo das forças históricas de caráter economicista sem sequer cogitar em resistir-lhes ou em amenizar-lhe os efeitos é que me parece anti ético, rudimentar, bárbaro, sórdido e grosseiro. Enfim a doutrina do 'quanto pior melhor', a única que me parece apta a fazer com que a maior parte dos seres humanos aspirem por uma revolução em termos catastróficos parece-me sem sombra de dúvida muito mais questionável do que qualquer tipo de reformismo. Afinal porque não conter a priori o desenvolvimento de forças contra as quais teríamos que lutar e combater a posteriori??? Não vos parece mais sensato combater as causas do que seus efeitos, assim a instalação e desenvolvimento das forças capitalistas de produção numa dada sociedade tradicional do que a ordem capitalista já instalada e consolidada. O fato é que Marx no capital, encara o capitalismo ou a fase capitalista como um benefício ou como uma fase progressista no quadro geral do desenvolvimento. Nada mais duvidoso em toda sua obra.




sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Adendo ao tema da crise - Bibliografia e sugestões de leitura



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I)Max Weber - 01 A ética protestante e o espírito do Capitalismo e 02 O Socialismo
II) Karl Marx -
03 O capital, 04 A ideologia alemã, 05 A pena capital e 06 a Criminalidade.
III) Frederic Le Play -07 A reforma social, 08 Monografias sobre as famílias e a 09 Constituição da Inglaterra
IV) Emilé Durkheim - 10 O Socialismo, 11 Divisão social do trabalho, 12 O suicídio e 13 O individualismo e os intelectuais
V) Enrico Ferri - 14 Socialismo e criminalidade e 15 Socialismo e ciência positiva
VI)Rafaelle Garofalo - 16 A superstição socialista
VII)Herbert Spencer - 17Sistema de Filosofia sintética (princípios), 18 O homem contra o estado e 19 Ensaios
VIII) John Stuart Mill - 20 Sujeição das mulheres, 21 O governo representativo, 22 Questão dos negros, 23 Utilitarismo, 24 A reforma parlamentar, 25 A liberdade, 26 Algumas palavras sobre a não intervenção, 27 Thornton ou os clamores do trabalho, 28 Ensaios sobre o governo,29 O espírito da Era, 30 Civilização, 31 Estado da Sociedade na América, 32 Princípios de economia política e sua aplicação a Filosofia social, 33 A questão da terra na irlanda e 34 Algumas questões incertas sobre economia política.
IX) Oscar Wilde - 35 A alma do homem sob o Socialismo.
X) Nitti - 36 O socialismo Católico, 37 População e sistema social, 38 Europa sem paz, 39 Naufrágio da Europa, 40 Decadência da Europa e 41Bolchevismo, fascismo e democracia.
XI) Brunnetière - 42 A ação social do Cristianismo
XII) Guyau - 43 O Catolicismo social
XIII) Leon Tolstoi - 44 O Reino de Deus esta em vós
XIV) Pierre Joseph Proudhon - 45 A propriedade é um roubo, 46 A justiça na Revolução e na Igreja, 47 A Filosofia da miséria, 48 Ideia geral de Revolução no século XIX, 49 A guerra e a paz, 50 O princípio federativo, 51 O princípio da arte, 52 Teoria constitucional, 53 A capacidade política das classes trabalhadoras e 54 Teoria da propriedade.
XV) Ed Bernstein - 55 Pre condições do socialismo e 56 Socialismo evolutivo
XVI) August Bebel - 57 Mulheres sob o socialismo e 58 Sindicatos e partidos políticos.
XVII) Rosa Luxemburg - 59A acumulação de capital, 60 Anti crítica, 61 A crise socialista, 62 Reforma ou revolução, 63 A questão nacional e 64 Em defesa da nacionalidade.
XVIII) Nicholas Berdiaeff - 65 A Nova Idade Meia, 66 A origem do comunismo russo, 67 Cristianismo e Revolução, 68 A confecção da História, 69 O espírito e a liberdade, 70 O destino do homem, 71 Solicitude e sociedade, 72 A mente burguesa, 73 Cristianismo e anti semitismo, 74 A realidade e o imaterial, 75 Reino do Espírito e reino de César, 76 O divino no humano, 77 O fim de nosso tempo e 78 A verdade da Ortodoxia
XIX) Jacques Maritain - 79 Humanisno integral, 80 Os três reformadores, 81O homem e o estado, 82 Religião e cultura, 83 Crepúsculo da Civilização, 84 O direito do homem e a lei natural, 85 A filosofia moral e 86 Cristianismo e democracia
XX) Leon Bloy - 87 O sangue do Pobre e 88 Exegese dos lugares comuns
XXI) Grabriel Marcel - 89 Ser e ter, 90 Os homens contra o humano, 91 Homo viator - Filosofia da esperança, 92 Dignidade humana - bases existenciais e 93 O homem problemático.
XXII) Karl Kautsky - 94 Marxismo e bolchevismo: democracia e ditadura, 95 Tomas Morus e sua Utopia, 96 Precursores do socialismo moderno, 97 A questão agrária, 98 Ética e concepção materialista da História, 99 O caminho para o poder, 100 a Ditadura do proletariado, 101 A revolução trabalhista, 102 Terrorismo e comunismo; e 103 Comunismo versus socialismo.
XXIII) Ortega Y Gasset - 104 A rebelião das massas, 105 A desumanização da arte, 106 O homem e a crise, 107 O homem e o povo, 108 Meditações do Quixote e 109 O tema do nosso tempo.
XXIV) Henri de Massis - 110 Defesa do Ocidente, 111 O ocidente e seu destino, 112 Os ditadores e nós, 113 A Europa em questão, 114 Maurras e nossos dias, 115 Debates, Ideias restantes e 116 Lutero - profeta do germanismo e Chefes
XXV) Ch Maurras - 117 O futuro da inteligência, 118 Política religiosa, 119 A descentralização, 120 Dicionário político crítico, 121 Minhas ideias políticas, 122 Ordem e desordem e 123 Verdade, justiça e pátria.
XXVI) Edward Gibbon - 124 Declínio e queda do Império romano
XXVII) Emmanuel Mounier - 125 O personalismo, 126 Os existencialismos, 127 A chama do Cristianismo, 128 O compromisso da fé, 129 Afrontamento Cristão e 130 Refazendo da Renascença.
XXVIII) Wladimiro Lênin - 131 Materialismo e empiro criticismo
XXIX) Ramiro Maeztu - 132 Liberalismo e socialismo, 133 Autoridade, liberdade e função e 134 O sentido do dinheiro
XXX) Christopher Dawson - 135 Progresso e religião, 136 A criação da Europa, 137 O julgamento das nações, 138 Religião e cultura, 139 Religião e ascensão da cultura Ocidental, 140 Movimento da Revolução mundial, 141 Dinâmica da História mundial, 142 Realidade História da cultura Cristã, 143 A formação da Cristandade, 144 A divisão da Cristandade, 145 O Cristianismo e a cultura européia e 146 Religião e História mundial.
XXXI) Herbert Butterfield - 147 As origens da História, 148 O homem e seu passado, 149 Cristianismo - diplomacia e guerra, 150 A liberdade no mundo moderno, 151 Origens da ciência moderna, 152 Cristianismo e História e o 153 Cristianismo na História da Europa.
XXXII) Gustav Schrenurer - 154 Influência social do Catolicismo na Idade Média
XXXIII) Bede Jarreth - 155 O socialismo medieval e 156 S Antonio e a economia medieval.
XXXIV) Ernest Troeltsch - 157 Ensinamentos sociais da Cristandade e 158 O protestantismo e o mundo moderno
XXXV) Julien Benda - 159 A traição dos clérigos, 160 Discurso a nação européia e 161 A provação das democracias
XXXVI) Guglielmo Ferrero - 162 Decadência e queda de Roma
XXXVII) Johann Huizinga - 163 O outono da Idade Média
XXXVIII) Oswaldo Spengler - 164 A decadência do Ocidente
XXXIX)Arnold Toynbee - 165 Um estudo em História e 166 A terra mãe
XL)Lewis Wyndhan - 167 Carlos V, 168 O homem sem arte, 169 A América e o homem cósmico, 170 Criaturas conservadores e criaturas progressistas e 171 O tempo e o homem ocidental.
XLI) Maurice Barrés - 172 A doutrina do nacionalismo.

XLII) Gustave Thibon - 173 O fato do homem, 174 Retorno a realidade e 175 Nietzsche e o declínio do espírito,
XLIII) Paul Luis Landsberg - 176 Estudos sobre Maquiavel, 177 O problema moral do suicídio, 178 A experiência da morte, 179 Concepção de pessoa e 180 A vocação de Pascal.

XLIV) Jacques Ellul - 181 A técnica e o desafio do século, 182 O homem e o dinheiro, 183 Anarquia e Cristianismo, 184 Mudar de Revolução, 185 Política de Deus e política do homem e 186 Propagandas: Uma análise estrutural.

XLV) Karl Jaspers - 187 Razão e irracionalismo em nosso tempo e 188 Esquerdas revolucionárias nos EUA.

XLVI) Vitor G Childe - 189 Aconteceu na História, 190 A Evolução social, 191 Mundo social do conhecimento, 192O homem se faz e 193 Aurora da civilização européia
XLVII) Wilfredo Pareto - 194 A transformação das democracias, 195 O uso da força na sociedade, 196 A mente e a sociedade e 197 Tratado de sociologia geral.
XLVIII) Guido de Rugiero - 198 História do liberalismo europeu
XLIX)Harold J Laski - 199 As origens do liberalismo, 200 Autoridade do estado moderno, 201 Democracia em crise, 202 Comunismo, 203 Perigo da obediência, A liberdade no estado moderno, 204 A democracia americana, 205 Fé, razão e civilização e 206 O problema da soberania.
L) T S Elliot - 207 Notas para a definição da cultura.
LI) Emile Chartier 'Alain' - 208 Os cidadãos contra os poderosos
LII) Henri George - 209 Progresso, 210 Problemas sociais, 211 A questão social, 212 O filósofo perplexo e 213 O crime da miséria.
LIII) Emmet Johnson - 214 Ascensão e decadência da burguesia e 215 A Igreja e a Sociedade liberal.
LIV) Paul Lafargue - 216 A crença em Deus, 217 o Direito a preguiça, 218 A questão feminina, 219 Origem da ideia do bem, 220 O socialismo e os intelectuais, 221 Socialismo e ciência social e 222 Idealismo e materialismo.
LV) Georges Sorel - 223 Reflexões sobre a violência, 224 A crise do pensamento Católico, 225 A ruína do mundo antigo - ou concepção materialista da História, 226 Perguntas sobre moral, 227 O futuro dos sindicatos, 228 A decomposição do marxismo, 229 A ilusão do progresso e 230 A utilidade do pragmatismo.
LVI) Mikhail Bakhunin - 231A revolução alemã, 232 Textos anarquistas, 233 Deus e o estado, 234 Estatismo e anarquia, 235 Federalismo, 236 Socialismo e antiteologia; e 237 A comuna de Paris e a noção de estado.
LVII) Kropotkin - 238 A conquista do pão,239  As prisões e sua influência social, 240 O apoio mútuo, 241 Negócios da América, 242 Os sindicatos, 243 A decomposição dos estados, 244 A comuna de Paris, 245 O governo representativo, 246 As eleições, 247 Espírito de revolta, 248 Todos somos socialistas, 249 Minorias revolucionárias, 250 A guerra, 251 Os direitos políticos, 252 Partido revolucionário, 253 O lugar do anarquismo na Revolução socialista, 254 Como se tornaram ricos, 255 A expropriação, 256 A guerra social, 257 Cidade industrial do futuro, 258 O assalariado, 259 O que é greve, 260 A moral anarquista, 261Movimento operário na Inglaterra, 262 Estudos sobre a Revolução, 263 Terrorismo, 264 Anarquismo e sua filosofia, 265 Comunismo e anarquia, 266 As necessidades éticas do presente, 267 Bakhunin, 268 Insurreição e Revolução, 269 Guerra, 270 Ideal e Revolução, 271 A ética: sua origem e evolução e 272 Lei e autoridade.
LVIII) Gabriel O brien - 273 Um ensaio econômico sobre os efeitos da reforma protestante.
LIX) Bretrand Russel - 274 Os crimes de guerra no Vietnam, 275 Tem o homem um futuro, 276 Porque não sou Cristão 277 Sociedade humana, Ética e ciência, 278 O impacto social da ciência, 279 Apologia ao ócio, 280 Ensaios impopulares, 281 A autoridade e o individuo, 282 Analise social do poder, 283 Princípios de reconstrução social, 284 As rotas da liberdade - Socialismo, anarquismo e sindicalismo, 285 O prospecto da Civilização industrial, 286 Icaro, ou o futuro da ciência, 287 Casamento e moral, 288 Educação e ordem social, 289 Religião e ciência, 290 Porque valorizar a paz, 291 Liberdade e organização e 292 A perspectiva científica
LX) John Gray - 293 A anatomia ou melhores artigos
LXI) Hillaire Belloc - 294 Heresias do nosso tempo, 295 O Católico e a guerra e 296 O estado servidor
LXII) S P Huntington - 297 O conflito entre as civilizações, 298 A crise da democracia... 299 Política Americana - promessas e desarmonia e, 300 A ordem política nas mudanças sociais
LXIII) Henri Bergson - 301 Considerações sobre a filosofia helênica.
LXIV) Henri Marrou - 302 Fundamentos de uma cultura Cristã, 303 S Agostinho e o fim da cultura antiga e 304 Patrística e humanismo

LXV) Werner Sombart - 305 O burguês, 306 Porque não há socialismo nos EUA, 307 A vida econômica na Era moderna, 308 O Capitalismo e o excesso, 309 Socialismo alemão, 310 Nova Filosofia social e 311 O Socialismo.
LXVI) Chesterton - 312 Ensaios sobre distributivismo
LXVII) João Ameal - 313 A Europa e seus fantasmas, 314 Revolução e ordem, 315 A falência da democracia, 316 No limiar de idade nova e 317 As ideias sociais e políticas de S Tomá de Aquino
LXVIII) A Dandieu - 318 O câncer americano
LXIX) Robert Aron - 319 Ditadura da liberdade, 320 Revolução necessária, Fronteiras do nada, 321 Armadilhas da História e  322 Socialismo francês versus marxismo.

LXX) Daniel Rops - 323 Cartas da Europa, 324 Rimbaud e o drama espiritual, 325 Peguy, 326 O mistério animal, 328 Os cristãos e o comunismo,329  Valor e 330 O futuro da Ciência
LXXI) Bretrand de Jouvenel - 331A economia dirigida, 334 A Crise do capitalismo Norte americano, 335 História natural do poder e seu crescimento, 336 Avaliando uma experiência - a Inglaterra socialista, 337 A ética da redistribuição, 338 O Capitalismo face aos intelectuais continentais, 339 As Origens do estado moderno, 340 A bancarrota do liberalismo europeu e 341 A civilização

LXXII) Gonzague Reynold - 342 O mundo russo
LXXIII) Alexis Carrel - 343 O homem esse desconhecido e 344 Reflexões sobre a conduta da vida.
LXXIV) Pierre Lecomte de Nouy - 345 Rotas da razão, 346 O destino humano e 347 A dignidade humana.
LXXV) Leo Moulin - 348 Nas raízes mais profundas da Europa, 349 Esquerda, direita e pecado original, 350 A nova traição dos clérigos, 351 A aventura européia, 352 A sociedade do amanhã na Europa de hoje e 353 O socialismo do ocidente

LXXVI) Celestin Bouglé - 354 As ideias igualitárias, 355 Antropologia e democracia, 356 Filosofia do anti semitismo,357 Diferenciação e progresso, 358 Solidariedade, 359 Solidariedade e liberalismo, 360 A sociologia da Proudhon, 361Socialismos franceses, 362 Democracias modernas e Humanismo e 363 Sociologia e Filosofia.
LXXVII) Manoel Garcia Morente - 364 Ensaio sobre o progresso e 365 Ensaio sobre a vida privada.

LXXVIII) Georg Simmel - 366 Psicologia do dinheiro
LXXIX) Julian Marias - 367 A estrutura social, 368 A perspectiva Cristã e 369 Problemas de Cristianismo

LXXX) Wilhelm Reich - 370 Psicologia do fascismo e 371 Escuta Zé ninguém
LXXXI) Michelle Federico Sciacca - 372 Igreja a civilização moderna e 373 Filosofia e anti filosofia
LXXXII) Regis Jolivet - 374 As doutrinas existencialistas
LXXXIII)Jasques Soustelle - 375 A vida dos Lacandones
LXXXIV) Batista Mondin - 376 Que é o homem e 377 Uma nova cultura para uma nova sociedade.
LXXXV) Unamuno - 378 A agonia do Cristianismo, 379 Dignidade humana, 380 Civilização e cultura, 381 Intelectualidade e espiritualidade, 382 Naturais e espirituais, 383 Europeização, 384 Cientificismo, 385 Materialismo popular e 386 Política e cultura.
LXXXVI) Alfred Weber - 387 Ocidente mundial e 388 História da cultura como sociologia da cultura
LXXXVII) Erich Fromm - 389 Ser e ter, 390 Analise do homem, 391Revolução da esperança, 392 Espírito e liberdade, 393 Anatomia da destrutividade humana e 394 A sobrevivência da humanidade.
LXXXVIII)Pedro Dalle Nogare - 395 Humanismos e anti humanismos
LXXXIX) Karl Menninger -
396 Eros e Tânatos; o homem contra si mesmo.
LC) André Siegfried - 397 Inglaterra moderna e experiência social, 398 Técnica e cultura na civilização moderna, 399 Suíça: A democracia testemunha, 400 A crise da Europa, Civilização Ocidental, Ocidente e direção espiritual do mundo, Estados unidos e civilização americana, Sociologia eleitoral, A alma dos povos, Itinerários contagiosos... Progresso tecnico e progresso moral, Aspectos do século XX e Forças religiosas e Política - Catolicismo e protestantismo.
LCI) Gabriel Hanotaux - Democracia e trabalho
LCII) Lewis Munford - A cidade na História, O mito da máquina, A transformação do homem, Prospecto humano, Arte e técnica, Fé para viver, A condição humana, Valores para sobreviver, A cultura urbana, História das utopias, O dia dourado... e Civilização e técnica.
LCIII) Victor Frankl
LCIV) Ralph Linton - Um estudo sobre o homem e Memória sobre a aculturação
LCV) Ashley Montagu - A natureza da agressividade humana, O desenvolvimento humano, A cultura humana, O Homem em construção, A humanização do homem, A Revolução humana, O início da Cultura, Sexo, homem e sociedade, Observando o homem, O predomínio da estupidez, Ignorância e certeza, O homem elefante - Um estudo sobre a dignidade humana, Imortalidade, ética e religião, O mais perigoso mito - A falácia do racismo, O início da inteligência, A desumanização do homem e A superioridade da mulher.
LCVI) Louis Dimier - História e causa da nossa decadência e A igreja e a arte
LCVII) Renné Guénon- A crise do mundo moderno e Oriente e Ocidente

LCVIII) Alfred Kroeber - A natureza da cultura e Antropologia - padrões culturais e processos.

LCIX) Hanah Arendt - As origens do totalitarismo, Dignidade da política, Promessa da política, Avida do espírito, As crises da república, Sobre a violência, Da desobediência civil, Homens em tempos sombrios, A condição humana e Sobre a Revolução.
C) Remy de Gourmont - O telefone aumento tanto nossa felicidade? Promenades filosóficas, Promenades literárias, A cultura das ideias, Dissociações, Novas dissociações, Na tempestade, Ideias do dia, Pensamentos inéditos e últimos pensamentos.
CI) Albert Thibaudet - Panurgia da guerra, Horas na Acrópole, A república dos professores e As ideias políticas francesas.
CII) Leon Chestov - Tolstoi e Nietzsche, Dostoeffsky e Nietzsche, O que é o bolchevismo e Jerusalém e Atenas
CIII) Denis de Rougemont - A política da pessoa
CIV) Georges Izard - Onde esta o Comunismo? O pensamento de Charles Peguy, As classes medias e O homem é revolucionário

CV) Marshall McLuhan - A galáxia Guttenberg
CVI)Upton Beall Sinclair - Fim do mundo e A religião como fonte de lucro
CVII) Raymond Aron - O ópio dos intelectuais, O marxismo de Marx, A sociedade industrial, Três etapas do pensamento sociológico, Democracia e totalitarismo, Paz e guerra, A Sociologia germânica, Em defesa de uma Europa decadente, O século da Guerra total, Progresso de desilusão, História, verdade e liberdade e A revolução e a liberalização.
CVIII) Karl Popper - A sociedade aberta e seus inimigos
CIX) Thierry Maulnier - A crise dentro do homem, Nietzsche, Mitos socialistas, Violência e consciência e A Grécia ou como nascemos nós.

CX) Gustavo Corção - O século do Nada e o Ser e a Técnica
CXI) Eugenio Dors - Filosofia do homem que trabalha e brinca, A ciência da cultura e Grandeza e servidão da inteligência.
CXII) François Mauriac - Toda obra.
CXIII) George Orwell - A Revolução dos Bichos e 1984
CXIV) Aldoux Huxley - A situação humana, Satânicos e visionários, Céu e inferno, Admirável mundo novo e A arte de ver.
CXV) Agustin Cochin - A revolução e o livre pensamento, A influência subversiva dos filósofos e O espírito do jacobinismo
CXVI) Charles Peguy - O dinheiro e Cadernos
CXVII) Crane Brinton - A anatomia das revoluções e As ideias e os homens
CXVIII) Jean Paul Sartre -
CXIX) Arthur Koestler -
O homem e o universo e o Suicidio de uma nação
CXX) Norberto Elias - Processo civilizatório, A História e o futuro da humanidade,  Estudos sobre os alemães e A sociedade e os indivíduos.
CXXI) Sigmund Freud - O mal estar da civilização, O Destino de uma ilusão, Totem e Tabu e Reflexões sobre a guerra
CXXII) Alfred Adler - A ciência da natureza humana, Cooperação entre os sexos, Superioridade e interesse social e A ciência de viver.
CXXIII) Rollo May -
Psicologia e dilema humano, O homem em busca de si e Coragem para criar.
CXXIV) Konrad Von Lorenz - Civilização e pecado, A demolição do homem, Oito pecados mortais da civilização e A agressão
CXXV) George Lukács - O realismo europeu, O realismo contemporâneo, Marxismo e libertação humana, Ontologia do ser social, A destruição da razão, Processo de democratização e A cultura da democracia popular.
CXXVI) Karen Horney - A personalidade neurótica do nosso tempo e A condição humana e a neurose.
CXXVII) Herbert Marcuse -
Razão e Revolução, Eros e civilização, Ideologia da sociedade industrial, O fim da utopia, Ideias sobre uma teoria crítica de sociedade, Cultura e psicanalise e Contra revolução e revolta.
CXXVIII) Max Horkheimer - Materialismo e moral, Teoria tradicional e teoria crítica e A morte da razão.
CXXIX) Jurgen Harbermas - Tecnica e ciência como ideologias, A crise legitimada, A comunicação e a evolução da Sociedade, Modernidade projeto indefinido, Autonomia e solidariedade, O neo conservadorismo, A inclusão do outro, O direito e a democracia, Debate sobre a justiça na política, Entre o naturalismo e a religião, A dialética da secularização e Europa - O projeto defeituoso.
CXXX) Isaiah Berlin - Rotas do romantismo, Rotas da liberdade, Quatro ensaios sobre a liberdade, Contra a situação..., Os pensadores russos, Os magos do Norte, A mente soviética, Estudos sobre a humanidade, O sentido da realidade,  Os inimigos da liberdade... e O poder das ideias.
CXXXI) Cornelius Castoriadis - A sociedade burocratica, O conteúdo do socialismo, A instituição imaginária da sociedade, Capitalismo moderno e Revolução, Enfrentando a guerra, Domínios do homem, A cultura do egoísmo, Uma janela para o caos, Os domínios do homem, Escritos políticos e Sociedade a deriva
CXXXII) István Mészáros - Filosofia, ideologia e ciência social; A teoria da alienação em Marx, A produção destrutiva e o estado capitalista, Para além do capital, O poder da Ideologia, Socialismo ou barbarie, Estrutura social e formas de consciência e Atualidade histórica da ofensiva socialista.
CXXXIII) Nikos Poulantzas - As classes no capitalismo contemporâneo, Fascismo e ditadura, O Poder político - aulas sociais, A crise das ditaduras, Estado, poder e socialismo; e Marxismo direito e estado
CXXXIV) Roger Garaudy - Karl Marx e a evolução de seu pensamento, O marxismo no século XX, Um dialogo Cristão comunista, Do anátema do dialogo..., O ponto de viragem do socialismo, Perguntas não respondidas do socialismo, Deus, Marx e o futuro, Futuro alternativo, Perspectivas do homem, Deus esta morto, O humanismo marxista, A moral marxista, Projeto esperança, A alternativa, A palavra do homem, Os integrismos, O processo da liberdade, Os estados unidos a vanguarda da decadência e A crise do comunismo
CXXXV) Jean Ladriére - Ciência, mundo e fé; As apostas da racionalidade, A ética no universo da racionalidade e A esperança da razão.
CXXXVI) Pierre Bourdieu -  A era da televisão, O poder simbólico, A dominação masculina, A reprodução, A miséria do mundo, Sociologia da ciência e Os usos sociais da ciência.
CXXXVII) Jean Baudrillard - O sistema de objetos, A sociedade de consumo, Partidos comunistas - paraísos artificiais e Moralidades pos modernas.
CXXXVIII) Noberto Bobbio - O futuro da democracia, Liberalismo e democracia, Direita e esquerda; razões e significados..., A era dos direitos, Igualdade e liberdade, O problema da guerra, Estado; governo e sociedade, Jusnaturalismo e positivismo e Ideia de república.
CXXXIX) José Ferrater Mora - Encruzilhada do homem, A filosofia no mundo de hoje, O homem e seu meio, Da matéria a razão, Variações do Espírito e Quatro visões sobre a História universal.
CXL) Nicola Abagnano - O projeto humano, Pró e contra o homem, O problema da arte, O surgimento do pensamento irracional e Possibilidade e liberdade.
CXLI) Zigmund Baumann - A modernidade líquida, Amor líquido, Globalização e consequências humanas, A retroterapia e A vida para o consumo
CXLII) Roger Scruton - Como ser conservador, Pensadores da nova esquerda, A cultura moderna, A natureza humana, Os usos do pessimismo, A filosofia verde, Kant, O pensamento conservador, A face de Deus, A nossa Igreja, A arena da verdade, Notas sobre a cultura e A beleza.
CXLIII) Anthony Giddens - A política e as mudanças climáticas, As consequências da modernidade, O mundo em descontrole, A Europa na era global, A terceira via e seus críticos, A crítica contemporânea ao materialismo histórico, Entre a esquerda e a direita e Manifesto progressivo,
CXLIV) Yuval Harari - Homo sapiens
CXLV) Lorenz Von Stein - O Socialismo e o comunismo na Revolução francesa e História dos movimentos sociais franceses.
CXLVI) Pitirim Sorokin - Teorias sociológicas contemporâneas, Sociologia da Revolução, A crise de nosso tempo, A dinâmica social e cultural, Sociedade, cultura e personalidade; A fome como fator em assuntos humanos e Poder e ética - quem controlará os guardiões?
CXLVII) Jean François Revel - Como terminam as democracias, Nem Marx nem Jesus..., Ideias do nosso tempo, Conhecimento inutil, O grande desfile, O fim do século das sombras, A graça do estado e O monge e o Filósofo.
CXLVIII) Daniel Dennet - Quebrando o espelho e A religião como fenômeno natural
CXLIX) Sam Harris - O fim da fé.
CL - Christopher Hitchens - Deus não é grande
CLI - Grayling - O futuro dos valores, A democracia e suas crises, Rumo a luz, A forma das coisas, Contra os deuses, Ideias que importam, A liberdade na Era do terror, A liberdade de Prometeus, O desafio dos tempos, A Era do gênio, A guerra e O coração das coisas.
CLII) Tarduchy - Psicologia de um ditador




quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A raiz da Crise civilizacional 'contemporânea''

Os tópicos e linhas que serão editadas abaixo são produtos de uma reflexão bastante prolongada e alimentada no decurso de anos por diversas leituras. Já havíamos idealizado, o esquema ou o artigo mas protelávamos sua confecção até que num dos posts do Face, um bom amigo suscitou a pergunta e a partir dela desenvolvemos a argumentação. O projeto agora é amplia-la e converte-la num livro ou livreto -

Portanto não reparem o descuido:

A avaliação, a partir dos primeiros sintomas, remonta a cerca dois séculos, pouco mais. Talvez Ed Gibbon, ao publicar a "História do declínio e queda do império romano" em 1776 tenha percebido qualquer similitude. Todavia como câncer só se manifesta por meio de sintomas quando o corpo já está tomado e as probabilidades de recuperação são diminutas, podemos supor que as causas remontem há alguns séculos antes no mínimo.

Podemos então localiza-las?

Partindo das culturas de morte> Nazismo, Fascismo e Comunismo ou marxismo ortodoxo, que são sistemas absolutamente materialistas, naturalistas e próximos do ateísmo, além é claro de autocrático, julgo que seja possível chegar as causas mais remotas da degeneração e quiçá, após o diagnóstico, sugerir algum tipo de tratamento.

Em primeiro lugar notamos que o nazismo é uma forma peculiar de fascismo caracterizada pelo racismo ou um desenvolvimento (os fascistas sinceros dirão degeneração) seu. Já o fascismo contou em sua gênese com elementos de origem comunista e, como o próprio comunismo/leninismo bebeu fartamente de Georges Sorel. Chegamos assim ao anarquismo e ao marxismo/comunismo. Examinemos pois as origens de ambos.

Como o próprio Papa Leão XIII sugeriu na Rerum Novarum (1891) - aludindo a ganância e ambição insaciável dos patrões (1893 p 233) - e o articualista de 'La croix' M Vicent, postulou com bastante clareza - na 'Questão social' Vozes, 1938, p 81 e 82 - foi o liberalismo econômico ou capitalismo que criou as condições necessárias para a afirmação do comunismo ao 'Criar uma situação social em que o mais forte esmaga o mais fraco' . Marx, crio ter lido esta tese pela primeira vez no Pe Charboneau, e depois conjecturas parecidas em Guerry, Welty, Maritain, Bass, Henri Chambre e outros, não inventou o materialismo, - como costuma ser acusado pelos apologistas desonestos - e tampouco Feuerbach. Detectaram-no, descreveram-no e reproduziram-no; pois lá já estava bem presente e arraigado na tradição economicista criada pelo liberalismo econômico ou capitalismo. Vide Karl Polanyi, 'A grande transformação'

Por estas três vias - Comunismo, Fascismo e Nazismo chegamos ao Capitalismo pelos idos de 1800. Cada uma destas vias reflete uma decepção face ao homem. São ambas negativas mesmo quando prescindem de uma antropologia. Chegam a conclusão de que o homem ou parte de sua atividade deva ser controlada autoritativamente, chegam aos confins do Leviatã de Hobbes.

Vejamos agora a gênese do anarquismo.
O anarquismo deriva de uma série de fontes heteróclitas, no entanto suas fontes principais são:

1) O alemão Max Stirner
2) O Yankee R W Emerson
3) O franco suíço J J Rousseau.

Vamos ver se podemos ir mais longe nesta arqueologia das ideias:

- O teórico do egoísmo Max Stirner era de origem luterana ou protestante.

- R W Emerson era unitarista, protestante, seita cuja antropologia positiva, foi tomada aos anabatistas do século XVI. Os anabatistas do século XVI são os primeiros teóricos do PELAGIANISMO ou o naturalismo crasso em antropologia com seu otimismo invencível segundo o qual o homem é um anjo de bondade. Jamais houve pelagianismo ou naturalismo antes disto. Os agostinianos, especialmente após o advento da reforma é que conceberam essa possibilidade (para eles monstruosa) e atribuiram-na anacronicamente a Pelágio, monge Bretão (semi pelagiano e portanto perfeitamente Ortodoxo), adversário de Agostinho e de sua doutrina maniqueista, mágica e fetichista a respeito da graça.

- J J Rousseau, suíço de origem protestante, retoma e desenvolve essa antropologia otimista ou pelagiana, em oposição ao calvinismo, o qual como sabemos é outra manifestação do agostinianismo, tal e qual o luteranismo.


Há certamente quem encare o fato dos três personagens acima serem protestantes como mera coincidência, nós no entanto preferimos adotar o conceito weberiano de 'afinidades eletivas' ou de afinidades intrinsecas.



Tornemos agora ao Capitalismo -


Enquanto Rosa Luxemburgo e F Engels da parte do Comunismo apresentarão o protestantismo como a 'religião burguesa por excelência' - E portanto identificada culturalmente com a produção capitalista - Max Weber, Husley, Tawney, O brien, Fanfani, Maritain (noutra perspectiva) apontarão o protestantismo como ideologia responsável pela afirmação estrutural do Capitalismo - até então contido pela Ética da igreja velha - no contexto moderno. Claro que os 'católicos' contaminados pelo solifideismo e de coração protestante contestam a afirmação acima, mas gratuitamente...  Afinal se o protestantismo produziu essa 'coisa maravilhosa de deus' chamada Capitalismo enquanto que a Igreja ou melhor a ordem medieval, conteve-a ou reprimiu-a, que é que esses palhaços estão fazendo que ainda não se tornaram luteranos, calvinistas ou anabatistas??? Coerência manda abraços!

Importa saber que no domínio concreto dos fatos por ambos os lados chegamos a rebelião protestante.

Quanto a afirmação do Capitalismo porque segundo Maritain (apud Pe Mellawace ) o Cristianismo protestante, luterano ou anabatista, sendo derrotista (como o Agostinianismo) e negando-se as obras, abandonou a arena do mundo natural ou material, reconhecendo-se como inepto para transforma-lo e entregou-o a suas forças naturais, abrindo caminho para o naturalismo crasso. A própria igreja romana teve de abandonar seu projeto integral de sociedade Cristã, inspirada na ética do Evangelho, para dar combate ao protestantismo, concentrado-se mais sobre a fé e a doutrina do que sobre as obras, como havia sido até então. Direta ou indiretamente o protestantismo drenou as energias da Cristandade e lançou-as para além deste mundo, concentrando-se no além túmulo ou no céu e desviando o próprio papismo de sua rota milenar.

Foi uma tragédia de amplitude cósmica a ponto de alguns sugerirem atividade demoníaca ou diabólica. Afinal um projeto social com mais de mil anos de existência, pautado na Lei de Jesus Cristo ou no Evangelho, no Sermão do monte ou nas bem aventuranças, foi subitamente abortado, abrindo espaço para um naturalismo economicista que se ampliava na mesma medida em que a Sociedade protestante dividida pelo sectarismo e confusão doutrinal ia desertando o da fé e concentrado suas forças no Mercado, a nova mística ou divindade. Na linha de Weber a mesma crítica de Arendt e Eliade fizeram ao Comunismo, ao Fascismo e ao Nazismo - e que John Gray estende ao ateísmo proselitista de hoje - cabe perfeitamente ao capitalismo emergente nos séculos XVIII e XIX enquanto poderoso sucedâneo da religião.

Importa que as raízes do Capitalismo tocam a reforma protestante, e as do anarquismo também.


O mal epistemológico ou metafísico -

Abandonando agora a esfera da economia e da organização sócio política, abordo outro aspecto significativo da crise contemporânea e que esta situado no âmbito da Filosofia, mais precisamente nos campos da Metafísica e da Epistemologia, os quais também pressupõem uma antropologia não naturalista (diferente da greco romana e da Renascentista) como alardeia G George Santayana em "O Eu na filosofia germânica"

Refiro-me ao positivismo, ao agnosticismo, ao subjetivismo, ao relativismo, ao irracionalismo, ao voluntarismo, ao idealismo, ao criticismo; enfim a Kant primeiro e a Hume depois, pois este era cético.

Kant como alertaram os jesuítas de Salamanca em diversas de suas publicações, ao invés de ser impermeável a influência da fé Luterana tomou explicitamente o propósito de vindica-la, abatendo a capacidade racional do ser humano. Foi ele o Filósofo portátil de Martinho Lutero como Heiddeger fora o Filósofo portátil de Adolph Hitler. Poluiu a Filosofia transplantando para seu terreno uma antropologia negativa ou pessimista que serviu de fundamento a sua metafísica anti metafísica. No livro 'Kant e a teologia' damos com a notícia de que Kant jamais deixou de ser um bom Luterano e que nem sempre soube manter-se fiel ao nobre propósito de manter a fé e a reflexão filosófica separadas uma da outra.

I Kant como Lutero e Agostinho acreditava que o homem havia sido essencialmente transtornado pelo pecado ancestral e portanto que a sensação nos enganasse, que a razão fosse demasiado fraca e que a vontade caprichosa e a imaginação tudo comandassem. Claro que em nada disto há Filosofia. A Filosofia é naturalista a exemplo do pensamento clássico greco romano, a exceção de Pirro de Elis, o qual também fez petição anti filosófica a um sistema de crenças religiosas, a saber ao budismo e seu nirvana. O ceticismo não menos que o criticismo reporta sempre a uma antropologia negativa ou pessimista tomada a fé religiosa, e Hume tomou-a ele próprio ao Calvinismo, irmão do luteranismo e filho do agostinianismo.

Embora um grande número de expositores esforcem-se heroicamente com o objetivo de limpar a barra de seus gurus, apresentando suas teorias em conexão com teorias ou tendência anteriores, buscando apresenta-las como um desenvolvimento interno da própria filosofia há elementos suficientes para classificar a obra de Hobbes, Hume e sobretudo a de Kant, como uma intromissão religiosa no campo da Filosofia. Não nos parece que tais homens foram superiores aos escolásticos, com os escolásticos temos uma Filosofia Católica muito próxima das correntes inauguradas por Platão e Aristóteles. Com os modernistas temos uma Filosofia protestante que confina com Pirro de Elis e também, ao menos externa e imperfeitamente com a sofística de Górgias de Leontinum e Protágoras, o abderita.

Toda Filosofia contemporânea, sem exceção tem seus fundamentos mais remotos neste mancebia carunchosa, derivando sempre da cultura protestante.



A terceira fonte do mal estar -

Chegamos por fim a terceira fonte do mal estar e a ponta do Iceberg, aos sectarismos atuais.

Destinados a princípio a combater os preconceitos e a afirmar os justos direitos de determinadas minorias, tais 'clubes' tem desgraçadamente, numa proporção cada vez maior, perdido de vista sua inspiração ético humanista e por incrível que pareça reproduzido ou invertido os mesmos vícios a que pretendiam dar combate, o que nos faz vislumbrar uma situação dramática num futuro bastante próximo.

Gostaria de acrescentar uma breve análise do problema. A princípio todos estes programas de oposição ao preconceito tinham certa vinculação com o Cristianismo ou melhor com os Catolicismos, anglicano e romano, e mesmo com o metodismo e o quackerismo, sendo arejado por uma saudável consciência humanista. No decorrer do processo histórico, na medida em que o Cristianismo foi se tornando cada vez mais conservador e distanciando-se dos problemas sociais até assumir a feição anti humana, inumana e insensível que apresenta em nossos tristes dias, os batalhadores cristãos, sentido-se cada vez mais desamparados foram abdicando da fé ou da causa, sendo esta assumida a princípio por indiferentes, agnósticos, materialistas e enfim, cada vez mais por ateístas... E já dissemos em alto e bom tom que o ateísmo é inepto para produzir e manter uma Ética humanista empenhada em favor da dignidade da pessoa humana. Assim as melhores causas estão a degenerar-se nas mãos deles...


Repassemos agora alguns deses movimentos:
O das feminazis, radifens ou feministas radicais - as amazonas da modernidade rsrsrsrs - para as quais todo homem é um estuprador em potencial ou no mínimo um opressor, de modo que o sexo masculino acaba servindo para rotular e coisificar pessoas. Devemos distinguir essas moças amarguradas das verdadeiras feministas que lutam pela justiça na perspectiva da igualdade.

A certas parcelas de militantes negros ou indígenas para os quais todo europeu, branco ou caucasiano, é um inimigo, um opressor, um canalha, um monstro... e o fenótipo aqui sempre permite um julgamento coletivo, monolítico e injusto que mais uma vez ignora por completo a dimensão pessoal do ser humano.

Os assim chamados e auto proclamados devassos e imoralistas que enxergam, como o marques de Sade, no exercício da sexualidade o único ou supremo sentido da vida.

A certos naturalistas e veganos para os quais todo e qualquer ser humano é uma espécie de parasita sádico e cruel.

Os sectários ateístas ou irreligiosos que reproduzem o fanatismo dos religiosos como reconhece Michel Onfray.

 
Agora qual o ponto de partida desta revolução ou destas seitas?

Todas elas foram edificadas em diálogo com o maniqueísmo, o puritanismo ou o moralismo judaico cristão, mais judaico do que Cristão e até digo muito pouco Cristão. 


Esse moralismo, que é sempre um sinal de declínio religioso, foi cada vez mais assimilado ao protestantismo - sua matriz, - pelo Catolicismo a partir do século XVII, chegando a seu ápice no século XIX ou no período vitoriano; sociedade de aparências, convenções e neurose. Haja visto que o Catolicismo da 'malfadada' Idade Média fora muito mais liberal, moralmente falando, a ponto de ser classificado pelos reformadores protestantes - a exceção de Lutero promotores desta consciência moralista ou puritana legada pelo farisaísmo judaico - como pagão e devasso.

O fato é que apesar disto o papismo foi assimilando paulatinamente o caráter rancoroso, mesquinho e bisonho da reforma protestante, até tornar-se tão obscurantista quanto ela, ao cabo do seculo XIX. Período em, que a Cristandade ocidental tornou-se marcadamente: Machista, adultista, odinista, racista, homofóbica... segundo podemos observar nas seitas bíblicas e judaizantes ainda hoje.

Foi este excesso a um lado que provocou a reação e os excessos do outro lado. O sectarismo em formação no tempo presente é tributário dos preconceitos de outrora em sua maior parte tomados a Bíblia, a Paulo, ao antigo testamento... e postos em circulação pelos reformadores, a começar por Calvino. Ainda aqui pela derradeira vez damos com a mão do protestantismo! Pois ele produziu o clima que suscitou a reação desmedida do tempo presente.

Não há portanto aspecto da crise porque passamos - a exceção do perigo externo do Islã - que não chegue a reforma protestante e portanto a 1521 ou ao século XVI, ocasião em que desintegrou-se o éthos ou ideal unitário e totalizante de vida e civilização Cristãs inspirado no Evangelho e na tradição da Igreja antiga.

Claro que poderíamos estender e levar nossa crítica até Agostinho de Hipona e o Agostinianismo, como já fizemos noutro ensaio. Chegaríamos a raiz do mal, e mil anos antes. Poderíamos inclusive recuar a fonte inspiradora de Agostinho i é até o Maniqueísmo e o século III na Pérsia de Varano. Importa saber que o Agostinianismo, durante toda a Idade Média, esteve em conflito com a crença tradicional semi pelagiana, afirmada ainda em 1539 pelo teólogo holandês Alberto Pighius contra Calvino


A igreja romana mostrou-se leviana e irresponsável por não combater e condenar o Agostinianismo em suas fontes, mas... eram tempos de barbárie.

Seja como for ela ou parte dela resistiram-lhe bravamente e engalfinharam-se com ele até as vésperas da reforma, quando enfim foi canonizado por Martinho Lutero, um ex monge agostiniano. É por meio da reforma que o Agostinianismo ao cabo de um milênio impoẽm-se dogmaticamente. Por meio da reforma protestante é que ele triunfa, ainda em parte, no seio da igreja romana com o Concílio de Trento e com o jansenismo enfim. Todas as variantes e vertentes de nossa crise civilizacional remetem de algum modo a antropologia pessimista de Agostinho, concretamente assumida pela reforma protestante e ao solifideismo que é a contribuição especifica de Lutero.

Eis onde chegamos pondo o dedo no fundo de cada uma de nossas chagas e feridas.
 

Conclusão - A Perda do sentido...


Sim, nós sofremos desde que nos desligamos 'ex abrupto' da Idade Média. Porque ela possuia um plano mal acabado e jamais retomado de Civilização cristã ou Católica inspirada naquele mesmo Evangelho que inspirou a um Francisco de Assis ou a um Francisco Vitória, e as fontes deste plano eram transcendentes.

O problema não foi a ruptura, a Idade Média tinha graves vícios e defeitos que tinham de ser corrigidos, e a Renascença despontou apontando o caminho. A Renascença apontou para o homem e desafiou o agostinianismo. A reforma surgiu como reação ou resposta ao Renascentismo e a afirmação Cristã do homem e da sua liberdade e da sua racionalidade...

A ruptura com a idade média por meio da reforma foi brusca, dramática e descontinua; foi turbulenta, foi iconoclástica. Todos os valores antigos foram deitados ao lixo... Deveríamos ter optado por uma ruptura crítica ou orgânica. Por uma superação que não descarta alguma continuidade. A reforma foi como um tufão, uma avalanche ou um dilúvio que passou pelo velho mundo enchendo-o de ruínas, as quais Nietzsche pode contemplar.

Mas é do tufão perder rapidamente sua força, de modo que em cem anos a reforma, que pretendia substituir a igreja antiga, estava já em parte desmoralizada e principiando a desabar fragosamente.

Ela só logrou impor-se e florescer no terreno virgem de cultura da América do Norte, onde não havia vestígio algum de paganismo ou de catolicismo - e portanto a falta de uma cultura superior e oponente - e apenas para dar origem as seitas bíblicas do belt bible (que são outro pesadelo assombroso), a uma pleiade imensa de preconceitos, ao destino manifesto, ao ambiente do capitalismo, ao imperialismo ao paraíso da arte degenerada; enfim a tudo quanto Aron e Dandieu chamaram ĉancer americano ou americanismo - a apoteose suprema da vulgaridade.

No velho mundo em comparação com as culturas anteriores Católica e clássica, a reforma falhou e logo teve de ceder lugar ao naturalismo economicista ou seja ao capitalismo, o qual deu origem a toda uma nova ordem, não apenas secular (o que é bom) mas absolutamente formalista e naturalista, o que é trágico. Não deu conta de sua missão auto atribuida, não satisfez a demanda, amarelou... abrindo acesso ao islã. Aos extremos problemáticos do islã e do ateísmo militante... Cila e Caribdes.

Ao menos até o Concilio do Vaticano II, em certo sentido o papado, juntamente com a coroa britânica - chega a ser paradoxal -  segurou as pontas da cultura.  Quanto ao povo e as massas no entanto, jamais recuperaram o vigor da fé e menos ainda um ideal de civilização católica enquanto programa de vida em sua puridade. Ficaram em maior ou menos grau contaminados e feridos pela chaga do solifideismo e pela doutrina da salvação fácil e sem compromisso até ignorarem por completo que a igreja possui uma doutrina social imensamente rica - eu como Ortodoxo grego o reconheço! - e conformarem-se por completo com as instituições do mundo capitalistas.

Os Católicos instruídos no entanto puderam contemplar os estragos do luteranismo no nosso campo e a sentir que desde o século XVI e especialmente após a ascensão do Capitalismo, faltava algo ou que algo estava incompleto. Eles perceberam a fragmentação de um sentido que já não mais alcançava, inspirava e arejava certos domínios da existência... Sentiram que as pessoas estavam vivendo um meio Catolicismo, que tocava apenas a fé e a salvação no além, como no caso do protestantismo. Acontece que até o advento da Reforma o Cristianismo jamais havia sido encarado como mera fé! Coisa que ele não é e jamais será. A fé não esgota o Catolicismo, é seu ponto de partida. O Catolicismo é uma vida, e quando esta vida não é ou não pode ser vivida apodrece como um cadáver. Apesar da doutrina social da Igreja os maiores vultos da Cristandade foram capazes de perceber que o nosso ideal havia sido barbaramente mutilado, na medida em que alguns transloucados negociaram e negociam com o liberalismo naturalista! Eles aspiram por uma fé somente, sua profissão é Católica, mas suas almas são luteranas e nelas não há heroísmo!

Ficou uma imensa frustração a dominar os legítimos Católicos, uma consciência pesada e um sentimento de culpa. T S Elliot jamais conseguiu supera-lo... Benson conjecturou sobre o fim do mundo, a besta, o anti Cristo e outras fábulas em 'O senhor do mundo'... Berdiaeff e outros clamavam aos céus pedindo que estes tempos fossem abreviados... Landsberg teve de analisar com cuidado o tema do suicídio... O agostinianismo, veneno que dera origem a todo o processo, recrudesceu com Ettiene Borne, Tasso da Silveira, Maritain em menor medida... O encanto havia se quebrado para sempre. Spengler deu toque de finados a nossa civilização, diversas monografias - como a de Ferrero - sobre a decadência e queda do Império romano foram editadas e Toynbee ficou a aguardar em vão por nova síntese religiosa a ser feita no ocidente
. Tal nosso estado de espírito no tempo presente!