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terça-feira, 18 de abril de 2017

Henry Thomas Buckle e a Civilização espanhola II



Resultado de imagem para origens da ciencia moderna




Após tecer tão eloquentes discursos sobre a influência determinante dos desertos e montanhas sobre o comportamento dos povos ibéricos, tudo explicando a partir daí, o teórico inglês continua, e refere que da religiosidade ou do misticismo espanhol resultou que este povo jamais deixou-se contagiar ou dominar pelo espírito científico.

Aqui a questão assume outro caráter, bem diverso do anterior. Pois toca a relação religião e espírito científico, que é, ao menos em parte, bastante complexa.

Para não baralhar ainda mais as coisas tentarei ser sucinto.

Alargarei a polêmica e me desviarei um pouco de Buckle pelo simples fato de que os protestantes costumam servir-se desonestamente dele com o intuito de declarar que sua religião é que deu origem ao espírito científico - Rematado absurdo - ou que esta mais próxima dele (Outro rematado absurdo).

Grosso modo podemos dizer que a relação aqui se põem em termos de:


  • Fanatismo/fundamentalismo/misticismo ou religiosidade mágico/fetichista - Religiosidade e espírito científico
  • Irreligiosidade e espírito científico
Das já citadas obras de Pogendorff resulta ser pífia a tese de uma antinomia essencial entre religiosidade e ciência.

Grande número de homens sábios conciliaram a pesquisa científica com a religiosidade sem maiores problemas fossem Ortodoxos como Medeleiev, Tesla ou Dobzhansky; romanos como Galileu, Mendel ou Lemaitre ou mesmo protestantes como Newton ou Faraday. 

Por outro lado, é perfeitamente compreensível que um homem integral ou genial divida suas atenções e ações. Vivenciando além da pesquisa científica, as dimensões religiosa, ético/reflexiva, política, social, artística, etc da existência. Aparentando até mesmo dispersar-se.

Uma personalidade integral não será cientificista, não substituíra a religião pela ciência, não permitira que a pesquisa absorva toda sua vida, sendo normal até que produza menos do que um cientificista obcecado que vive apenas e exclusivamente para a ciência. As custas de além de ser irreligioso ou ateu, se estúpido em matéria de Filosofia, alienado em política, insensível em termos de ética, impermeável a sensação estética, etc Este cientificista que tanto produz, é um ser mutilado e infeliz; e não poucas vezes um neurótico. E o culto a ciência um narcótico face a complexidade da vida e do ser...

Pode até produzir mais, porém jamais questionará por exemplo o uso ou o fim de sua produção científica. E fica sendo um tipo desprezível.

Uma coisa no entanto é certa: Cientificismo é uma coisa e espírito científico ou pesquisa outra. Valor reconhecemos apenas no espírito científico, enquanto parcela da atividade humana, esta muito mais abrangente,

O cultivo da ciência é possível tanto ao irreligioso e ateu quanto ao religioso.

Assim o verdadeiro problema no que toda a religião e a ciência toca ao modelo religioso assumido pelo crente.

Se a religiosidade é Ética ou semi - deísta (Assim aqueles que acreditam apenas nos milagres de Cristo e em nenhum outro milagre posterior, questionando a ideia de intervenção divina em seu sentido ontológico, admitindo que esgotaram sua FUNCIONALIDADE e foram 'cancelados'.) ou se é mágico fetichista (logo mistica e fundamentalista). A questão aqui é sobre o objeto ou fim da religiosidade: Se é educar e promover o homem ou obter milagres, graças, intervenções sobrenaturais, etc

Claro que a forma de religiosidade que melhor condiz com o espírito científico é a que negando a intervenção de forças sobrenaturais - de caráter arbitrário ou caprichoso - assume o mundo material em sua naturalidade.

Apenas a mente naturalista esta apta para captar a realidade do mundo. A mentalidade mágico fetichista, encarando cada evento 'inexplicável' como uma quebra das leis naturais ou intervenção divina e sobrenatural, só sabe distorce-la. Por isso uma religiosidade focada antes de tudo e acima de tudo em milagres ou no conceito de um deus interventor, que não cessa de consertar a natureza é de fato incompatível com o espírito científico.

Portanto a questão aqui não toca a Deus ou a imortalidade da alma e sequer ao conceito de uma revelação divina destinada a comunicar certas verdades, inacessíveis a percepção e a razão, aos seres humanos. O cerne da questão entre fé ou religiosidade e o espirito científico diz respeito ao sentido dos milagres e a sua perpetuação indefinida.

No Catolicismo a ideia de milagres relaciona-se antes de tudo com as figuras de Jesus Cristo e seus apóstolos, a promoção de sua pessoa e a afirmação de seus ensinamentos; sempre numa perspectiva externa e funcional, jamais numa perspectiva ontológica, de um deus consertador da natureza. Donde decorre a ideia, muito presente em certos autores patrísticos e canonizada pela teologia, segundo a qual os milagres perdendo sua razão de ser após a afirmação do Catolicismo, deixaram de existir para sempre.

Não poucos dentre os Católicos mais instruídos e mesmo dentre os protestantes considerados heterodoxos por seus colegas, abraçaram esta opinião e, consequentemente; acolheram sem maiores dificuldades o espírito cientifico.

Outra porém é a questão do Catolicismo vulgar, popular ou folclórico da gente rude e do misticismo. E outra a questão do protestantismo Ortodoxo ou bíblico - este que pretende fazer-se desonestamente em cima de Buckle - visceralmente anti científico.

Nem preciso insistir que esse padrão de fé é valhacouto de inúmeros mitos judaicos - Que arvora impudentemente em dogmas 'cristãos' ???!!! - que conflitam com diversas áreas da ciência, a exemplo do mais clamoroso que é o criacionismo, matriz e fonte do pensamento fetichista.

Nada mais oposto ao pensamento científico do que a fé Bíblica 'ortodoxa', para a cujos adeptos não só a perpetuação dos milagres, como sua banalização constitui o cerne da espiritualidade.

Nada mais oposto a ciência do que um padrão agostianiano/luterano/calvinista cujo dogma da corrupção total da natureza supõem que as capacidades perceptivas e racionais do ser humano, foram completamente distorcidas.

É perfeita e absolutamente normal que o sectário protestante ou bíblico, por uma inversão monstruosa, atribua - como Montaigne (Que apesar de papista era agostiniano) a fé ou a Bíblia a única fonte confiável de conhecimento, sendo absolutamente cético quanto ao mais.

Desconfiando da ciência o fanático não terá porque cultiva-la.

O protestantismo ortodoxo tal e qual o islã incute nos homens aquele tipo de fé cega no livro - no caso antigo testamento ou a Bíblia de capa a capa - que torna os homens imprestáveis a ciência.

Já o Catolicismo tende, se bem compreendido, a concentrar a religiosidade ou a fé no Evangelho ou nas palavras de Jesus e sabido é que o Divino Mestre jamais pretendeu ministrar aulas de ciência ou fornecer explicações sobre o mundo natural.

Absolutamente compreensível que o espírito científico tenha surgido e florescido entre as cidades e comunas e pequenos principados da Itália, onde havia muito mais liberdade em todos os sentidos. Podendo se dizer o mesmo sobre a França dos séculos XVI e XVII, devido a força e rivalidade do elemento feudal.

O elemento contensor do espirito científico foi em todo lugar, seja na Inglaterra Henriquina, na Espanha ou na França do 'rei sol', a tirania, o despotismo ou o absolutismo monárquico. Na Espanha como já foi dito vinculado ao tribunal da Inquisição e portanto sumamente eficaz.

Surgiu igualmente nos países protestantes quando após o fim das grandes convulsões sociais - Que terminaram pelos idos de 1648/1650 - as seitas tiveram de tolerar umas as outras e inclusive os incrédulos. Não foi a fé protestante ortodoxa ou bíblica que fomentou ou estimulou o espírito científico mas a divisão entre as seitas, a multiplicidade de interpretações bíblicas e a confusão doutrinal vigente, das quais resultaram a primeira crise da fé e repudio a religião. 

O protestantismo, por defeito de fabricação, produziu e ainda produz as condições necessárias a afirmação e triunfo da incredulidade e simultaneamente a necessidade de um acordo tácito entre os beligerantes e dissidentes bíblicos. Assim temos a um lado os indiferentes em matéria de religião, deístas, etc e a outro, no decorrer do século XVIII, uma situação de relativa tolerância, a qual evidentemente não deixou de beneficiar a ciência, FEITA VIA DE REGRA, pelos incrédulos ou irreligiosos, e não pelos protestantes ortodoxos ou bíblicos, os quais, vez por outra, acusavam-nos de impiedade. Do que resultou ter Nils Celsius abraçado o papista e ido para Roma e o laboratório de Priestley ter sido quebrado por uma multidão de fanáticos enfurecidos.

Agora o fato mais curioso é que vinte de dois anos após Buckle ter editado seu livro (1879) o materialista Jakob Moleschott não apenas instalava-se em Roma - coração do romanismo - como declarava, para a eterna vergonha dos protestantes, que se sentia muito mais livre entre os italianos papistas do que entre seus confrades protestantes ortodoxos. O que viria a ser repetido ainda pelos incrédulos Ingersol e Mencken nos EUA e pelos holandeses Van Paasen e Van Loon pelos idos de 1940!!!

Pois quem fez ciência nos países protestantes a partir de 1700 foram, em geral, os irreligiosos ou indiferentes, deístas, materialistas ou ateus, prevalecendo-se da liberdade. Liberdade que as diversas seitas beligerantes, tiveram, a contragosto de manter - Uma vez que não mais podiam viver guerreando e mantando-se como no século XVI - sem conseguir monopolizar.

Os países Católicos mostraram-se duplamente infensos ao espírito da liberdade, já pelo absolutismo monárquico, já devido a presença da Inquisição. Além de si o Catolicismo deixou-se levar pela alta confiança em sua unidade ou coesão interna, mostrando-se por vezes intransigente quando não deveria te-lo sido. Do que resultou um clima não muito propício para a ciência no decorrer do século XVIII. Foi um descompasso ou desencontro bastante pernicioso para a Igreja de modo geral.

Já no que diz respeito a especificidade da cultura ibérica podemos adicionar outro fator nada desprezível.

Os Jesuítas, dando continuidade a algumas tradições medievais difusas por toda Europa, e que remontavam a antiguidade - Refiro-me ao Trivium e Quadrivium - face a cultura científica, natural ou material, atribuíram mais valor ou deram mais atenção ao cultivo da Filosofia e da poesia ou seja das letras clássicas. O que por um lado foi bom, pois se não produziram ciência em larga escala como as repúblicas vizinhas e não poucas vezes uma ciência sem consciência - Questionada desde os tempos de Sócrates - acabaram por produzir o humanismo ou uma reflexão bastante ampla e vasta a respeito do homem que ainda não foi devidamente apreciada.

Muitos tem classificado essa cultura como superficial, aparente ou livresca; no entanto esta avaliação, que peca pelo materialismo e cientificismo, não é nem um pouco justa. De modo geral, esta reflexão, que remonta a neo escolástica, mas toca até o século XX, atingido um Julian Marias e um Garcia Morente, não deixou de beneficiar amplamente a Filosofia, o Direito, as Ciências políticas e mesmo as Ciências sociais, enfim as humanidades de modo geral. É uma face da moeda que costuma ser ignorada por muitos.

Seja como fora, apesar de sua deficiência em termos de empirismo, temos de admitir que esta Espanha não só pensou o homem, como tem problematizado com ousadia e coragem e torno dos Dogmas Kantianos, canonizados e santificados pelos pós modernos.

Por outro lado não podemos negar que houve, igualmente um gigantesco empenho dedicado as letras. O qual para nós tem também seu valor. Cabendo no entanto ao leitor amigo, julgar se foi ou não excessivo. E se Portugal e Espanha fazem jus as acusações que lhe são feitas no sentido de terem alimentado uma cultura aparente ou meramente literária.

Resta-nos dar resposta a segunda questão, sobre o declínio do Império espanhol.



quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Intelectualidade e ateísmo, uma resposta definitiva






Certos professores há que em seus cursos asseveram ensinam a repetem, entusiasticamente, que a maior parte da intelectualidade - em termos de cientistas e filósofos - teria professado o ateísmo ou sido ateia. É coisa que se ouve sair dos lábios de qualquer sectário ateísta... E que as custas de ser repetida pelos prosélitos - mal informados ou intencionados - acabo se convertendo numa das tão decantadas 'verdades do tempo'. Particularmente os pensadores mais eminentes e brilhantes teriam sido ateus em sua quase que totalidade.

É o que se ouve, o que se repete, o que se crê...

Tal a fé.

Como já tivemos ocasião de abordar o tema em nosso pequeno cenáculo, aqui em casa, limitar-nos-emos a publicar o que já foi exaustivamente estudado e discutido por nós e pelos comensais.

E para tanto principiamos pela Bibliografia: Manual biográfico literários sobre as ciências exatas e naturais. Johann Christian Poggendorff 1863

A respeito desta obra faz-se mister declarar que constitui uma verdadeira Enciclopédia destinada imortalizar tantos quantos dedicaram-se a pesquisa científica (com exclusão das ciências humanas) até meados de 1860, transcrevendo suas biografias e abordando diversos aspectos de sua vidas, inclusive os pensamentos religiosos. Daí sua relevância neste campo. E já adianto que seu trabalho foi continuado - por outros uma vez que J C P faleceu em 1877 - até cerca de 1900 (volume quarto). Enfim não há como abordar científica e honestamente o tema da religiosidade ou do suposto ateísmo dos cientistas sem se recorrer a esta fonte que é sob diversos aspectos primária e essencial.

Quanto aos filósofos e suas crenças há o livrinho de Huberto Rohden 'Tu és o Cristo filho do Deus vivo" Vozes 1918

Dito isto passemos ao 'problema'


Buscando uma definição para ateísmo


Cujo primeiro aspecto é a irredutibilidade em termos de definição.

Sócrates dissera certa vez: Se aspiras dialogar comigo define os teus conceitos.

Assim se vamos debater em torno do ateísmo a primeira exigência a ser feita é que haja acordo a respeito do que seja ateísmo. Do contrário estaremos a dialogar inutilmente a respeito de 'fenômenos' diferentes...

E no entanto quanto a este aspecto ateísmo e judaísmo caminham de mãos dadas uma vez quer também o judaísmo recusa-se a um definição clara e objetiva.

Perguntas a um judeu? Que é judaísmo? E ele te responde: Crença, fé, religião; excluindo os ateus, incrédulos, budistas, etc

Perguntas a outro judeu: Que é judaísmo? E ele te responde: Judaísmo é povo, é a nação composta pelos descendentes do patriarca Abraão, e arrola em seu número: Ateus, materialistas, irreligiosos, budistas, etc

Segundo a primeira definição Nordau, Marx, Einstein, Asimov, Sagan, etc não são judeus. Já segundo a outra definição continuam sendo contados como judeus. De modo que no fim das contas serão milhões de judeus a menos ou a mais...

E qualquer trânsfuga religioso, relativista e mal intencionado sempre poderá alegar que a religião ou a fé judaica produziu uma 'elite' de intelectuais!

Outra não é a postura - sinuosa - do protestantismo. Quando o protestantismo recebe críticas por parte da Ortodoxia, do papismo, do espiritismo e de quaisquer outras religiões no sentido de ter promovido a incredulidade na Europa contemporânea, seus defensores negam veementemente que os protestantes 'liberais' - inda que pastores como Collani - sejam protestantes. Como negam veementemente que os unitários ou arianos (Testemunhas de Jeová) sejam protestantes... No entanto quando os mesmos críticos ou os incrédulos alegam que o protestantismo (claro que estamos nos referindo ao protestantismo 'ortodoxo' seja batista ou calvinista, e essencialmente 'biblicista') foi bastante pobre em termos de ciência, os apologistas protestantes não exitam arrolar Sir Isaac Newton, - que era unitário ou ariano - ou Sabatier que era liberal, isto quando não têm o desplante de arrolar os Bispos (sic) da Igreja Episcopal.

Na ora de defender a fé os paladinos da reforma lançam tudo que é liberal ou incrédulo (ao menos com relação a totalidade da Bíblia) ou episcopal para fora da arca, o que por sinal é razoável. No entanto quanto se trata de compor 'Apologias' em defesa do protestantismo são quase sempre incluídos. É quando Hanack vira 'cristão piedoso'...

Tal o judaísmo, tal o protestantismo com suas divagações em torno de definição.

Tal o ateísmo.

Pois de modo geral na ora de cooptar prosélitos ou de fazer propaganda os ateus fogem a definição formal e objetiva de ateísmo enquanto 'Convicção a respeito da inexistência de Deus' ou ainda capacidade de demonstrar que Deus não existe, ou ainda como pura e simples negação de Deus, e põem-se a enfiar na 'igrejola' aqueles que apenas duvidam (tanto do ateísmo quanto do teísmo) ou consideram a questão inacessível ao conhecimento humano, assim os céticos, abstencionistas ou agnósticos de Comte. E como não param por ai, incluem ainda os agnósticos ingleses de Huxley os quais sequer - como Spencer e Stuart Mill cujas obras contém diversas alusões a um ser 'INCOGNOSCÍVEL' - ousam por em dúvida a existência de um Supremo Ser mas apenas sua definição ou cognoscibilidade a exemplo dos antigos gregos, e seguindo por este caminho 'largo e fácil' tantos quantos nas Sociedades mais avançadas do Planeta, como a Escandinávia, a Holanda, a Bélgica, a Suíça, os antigos países comunistas, etc simplesmente não têm qualquer vínculo religioso ou fé. Ficando os incrédulos ou indiferentes e matéria de religião alistados como 'ateus' mesmo quando as mesmas pesquisas explicitam, logo na linha abaixo, que essas pessoas admitem a existência de uma energia ou forma de consciência supranatural ou mesmo a existência de um Deus (!!!)

Diante desta manobra ou melhor farra, assiste-nos o pleno direito de perguntar onde é que está a honestidade ou melhor ainda, onde esta a maravilhosa Ética ateística que os leva inclusive a denunciar tudo quando seja religioso como desonesto ou falsificador???

Cade a seriedade, o espírito científico, a probidade, a moral, a Ética dos nossos apóstolos ateísticos???

Sim porque nesta mistura heteróclita e esdrúxula de conceitos que se opõem e excluem mutuamente como:
  • Deísmo
  • Agnosticismo
  • Indiferentismo religioso
  • Espiritualidade não institucional

Tudo quanto posso ver é safadeza mesmo.

No entanto como alguns ateus são mesmo tão fanáticos e obstinados quanto seus desafetos religiosos vou soletrar:

Os agnósticos ingleses - ou ao menos parte deles - que admitem a existência do Incognoscível, bem como aquelas populações das 'repúblicas' ateísticas que admitem a existência de um Deus não revelado ou de uma energia ou ainda de algo sagrado, merecem, ser classificados como deístas.

Como os deístas afirmam a existência de algo que transcende a vida e a matéria, é evidente que estão em oposição aos ateus que negam terminantemente a existência de qualquer coisa nesse sentido. Aqui a exclusão é manifesta uma vez que a afirmação e a negação incidem sobre o mesmo objeto - qualquer tipo de concepção que remeta a Deus.

Os agnósticos franceses ou positivistas da Escola de Comte e Litreé repetiram a exaustão que não eram ateus pelo simples fato de que o ateu - como o teísta - cuida saber a respeito de algo que ele agnóstico afirma nada saber. O agnóstico ao contrário do ateu e do teísta não assume posição a respeito do assunto, não afirma nem nega, abstém-se de formular qualquer juízo metafísico pois como I kant e D Hume não admite a validade desde tipo de conhecimento. Tanto que os agnósticos (aquele que não conhece) partindo de seu ceticismo inveterado classifica o ateísta como metafísico.

Filosoficamente, do ponto de vista da episteme, são posicionamentos inconciliáveis ou paradoxais e podemos asseverar que quando um Filósofo ou pensador define-se como agnóstico, esta querendo dizer em alto e bom som que não esta convencido a respeito da validade do ateísmo e que dele dúvida tanto quanto dúvida do teísmo.

Aos ateus, ainda aqui acompanhando as diatribes dos pastores - quando tentam explicar porque o pagador de dízimos não obteve o milagres alegando que não tinha fé, que é um pecador, etc - resta o péssimo recurso de apresentar os agnósticos como 'ateus fracos', 'ateus medrosos', 'ateus tímidos', 'ateus enrustidos', pois ignorando, como toscos que são, o problema das origens do conhecimento, da gnoseologia, da episteme, da metafisica, etc não podem mesmo admitir que hajam agnósticos sinceros. Daí embrenharem-se pela via do subjetivismo crasso elaborando juízos de valor tão miseráveis em torno da intencionalidade e da sinceridade alheia. Porque recusam-se a assinar a fórmula de fé ateística todo agnóstico fica sendo fracote, tímido, covarde, medroso, etc

Alias nestes tristes tempos em que ateísmo virou moda entre as cabecinhas sem conteúdo que sem contentam em repetir as abobrinhas cozidas ou fritadas pelo Bernacchi e temperadas pelo Oiced Mocam, o fato de boa parte dos intelectuais recusarem-se a referendar o novo credo parece-nos sintomático. Afinal vivemos em tempos de liberdade não é mesmo??? E não há duzentos anos, sob o jugo infame das Inquisições... Ou sob o controle dos déspotas e tiranos.

Medo do que? Receio do que? Que tipo de temor respirariam os intelectuais agnósticos ou 'ateus enrustidos' numa sociedade democrática ou liberal?

Acaso os comunistas não alardeavam seu ateísmo e seu materialismo há cem ou cinquenta anos passados sem que qualquer um deles fosse acusado de 'ateísmo', mas de sedição, pelo simples fato de aspirarem alterar a ordem política e econômica vigente???

Quantos processos ou autor de fé anti ateístas foram realizados no Ocidente ao cabo do século XX???

Pelo modo com que os ateus expressam-se diríamos estar em Meca, Medina, Riad, ou em qualquer uma dessas maravilhosas sociedades muçulmanas em que os ateus são pura e simplesmente executados ou decapitados em obediências as leis do Corão ou melhor aos ditames da Sharia. E eu nem observo qualquer esforço por parte do apostolado ateístico de enviar missionários aos países muçulmanos com o objetivo de conquista-los a esta fé machista, adultista, homofóbica, escravista, etc que tantos males tem causado a pobre humanidade!

Por que raios precisam os ateus esconder-se ou ocultarem-se - com a máscara do agnosticismo - numa Sociedade livre? Será que lhes falta coragem (a essa imensa multidão que os ateus classificam como medrosa ou fingida) para afrontar uma simples crítica ou cara feia??? Admitindo que todos os agnósticos seja mesmo ateus ocultos ou disfarçados seríamos obrigados a concluir pela incapacidade crônica do ateísmo em comunicar coragem ou em despertar compromisso entre seus profitentes... Imagina então se como os antigos Cristãos ou as minorias Cristãs nas sociedades islâmicas essa manada de ateus fracos corre-se perigo de vida??? Haveriam de enfrentar a morte e de morrer por sua fé uma vez que não são capazes de enfrentar as críticas de uma Sociedade liberal?

Ao que parece não é o ateísmo apto para despertar aquela mesma firmeza com que os mártires cristãos souberam enfrentar o jugo do império romano.

Portanto como esperam pode enfrentar e resistir heroicamente a jihad islâmica que já se alevanta nos confins da Europa e ameaça submergir e destruir o berço de nossa civilização (Grécia e Roma, não Inglaterra!)?

Diante da facilidade e rapidez com que os ateus mais atilados classificam seus 'irmãos' e correligionários como 'medrosos' em tempos de democracia só nos resta concluir com o Papa ateísta Richard Dawkins que apenas o Cristianismo ou um retorno decidido a fé ancestral poderá fazer frente a ameaça do islã e salvar a Europa. Não fui em quem o disse querido leitor mas o autor de "Deus, um delírio', os créditos são dele, e a reflexão fica por sua conta...

Continua 

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Religiões: Sintomas de vida e morte... A agonia do Cristianismo e o fim da civilização humanista - Conclusão

Há mais de século tem o liberalismo moral Católico pugnado heroicamente contra o moralismo puritano assumido pela igreja. Juntamente com o liberalismo moral protestante tem suportado o repuxo das seitas bíblico puritanas. Tem assistido inclusive a formação de um moralismo difuso de origem naturalista ou secular. Em termos de convergência o liberalismo moral Cristã tem enfrentando uma reação sem precedentes.

É todo um esforço consciente ou inconsciente no sentido de identificar o Cristianismo com o moralismo e apresenta-lo como um sistema repressor destinado a policiar a sociedade e manter a 'ordem' estabelecida em termos de costumes.

A todo instante o moralismo lança seus ataques contra aqueles que tiveram a audácia ou a coragem de rebelar-se buscando desacredita-los e apresenta-los como não cristãos. Neste sentido contam igualmente com a solidariedade dos neo ateus, materialistas e incrédulos, os quais não esforçam-se menos para apresentar os cristãos anti maniqueus ou anti puritanos como ingênuos e incoerentes.

O resultado desta campanha é um esvaziamento progressivo em termos de número por parte do liberalismo moral.

Especialmente em seus principais centros que são a Europa e o Norte dos Estados Unidos. Isto porque o liberalismo moral encontra-se na dependência de uma cultura teológica elevada e esta na dependência do grau de instrução vigente numa determinada sociedade, noutras palavras do refinamento cultural.

Em certo sentido o liberalismo moral tem sido reforçado por uma posse tradicional da cultura cristã e por uma reflexão levada a cabo por sucessivas gerações. Tira suas forças dum processo histórico e experiencial que demanda tempo. Não é algo que surge do nada ou de improviso.

Dai sua ocorrência e predominância em centros tradicionalmente nimbados pela cultura Cristã há séculos ou milênios.

No entanto como após o abandono das formas litúrgicas e a deterioração da teologia a passagem dessas populações - pressionadas pelo moralismo 'Cristão' - para a incredulidade e para o materialismo tem sido cada vez mair rápida podemos observar uma defasagem cada vez maior do liberalismo Católico face as aspirações puritanas.

O que estamos assistindo no dealbar do século XXI é justamente a afirmação de um 'romanismo' ou papismo cada vez mais conservador, maniqueísta, moralista, puritano e intragável; ao menos para as populações esclarecidas do Norte.

De minha parte não desespero quanto a reconquista das populações do hemisfério Norte pela cultura Católica, desde que sejam satisfeitos os seguintes requisitos:

  • A restauração das antigas formas de culto (como expressão de contra cultura anti americanista) pré tridentinas, tridentinas, etc 
  • A adoção de uma teologia objetiva, sóbria, refinada, etc sob o influxo direto dos padres da igreja, especialmente dos padres gregos, e a consequente revisão de certos pontos quais sejam:
  1. O infernismo ou a doutrina das penas eternas
  2. O agostinianismo ou doutrina do pecado original e depravação total com todas as suas decorrências
  3. A monarquia papal ou infalibilismo
  • A superação do padrão maniqueista/puritano

Este último item é de importância capital tendo em vista suas ilações práticas.

Os ocidentais mais instruídos sempre serão capazes de assumir a ética do Evangelho e sua moral sumária em torno do Decálogo ou do Sermão do Monte.

No entanto jamais virão a abraçar, ao menos enquanto Sociedade, os modos de vida de um Moisés ou de um Calvino mesmo quando apresentados e impostos em nome do Cristo. O Cristo será sucessivamente repudiado e combatido porquanto estes fardos esmagadores não pertencem a ele.

Foi a imposição deste padrão estreito e irracional que tornou o nome de Cristo odiado por parte da população Ocidental determinando o esvaziamento paulatino da religião Cristã.

Assim o ponto de partida para a recristianização da Europa contemporânea deverá ser a revisão daquilo que chamamos moral Cristã.

Diria que é chegada a hora. Pois enquanto há vida (espiritual inclusive) há esperança, de abandonarmos os fundamentos primitivos e ultrapassados da moral judaica - enquanto puro e simples resíduo cultural - e elaborar uma moral 100% Cristã fundamentada no Evangelho ou seja nas palavras e ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o único caminho viável para a Cristandade futura mas implicará romper com o padrão maniqueísta ou puritano pelo simples fato de não esta fundamentado no Evangelho.

Quanto mais os líderes Cristãos insistirem em afirmar e impor os elementos da cultura proto israelítica e das tradições rabínicas ao povo de Jesus Cristo mais fortalecida saíra a incredulidade na medida em que a instrução avançar.

No entanto o cenário que estende-se diante dos papistas não é nada bom.

Uma vez que suas hostes avançam cada vez mais na África e na Ásia, além de conservarem-se ainda na América. Culturalmente falando a África é um celeiro de conservadorismo moral pelo simples fato de que a maior parte de suas sociedades, em maior ou menor grau, sofreu certa influência por parte do islã. Os africanos que aderem já crescidos ou adultos a fé Católica trazem para dentro da igreja sua moralidade e esta moralidade é quase sempre uma moralidade maniqueísta e puritana que ao menos em parte toca ao islã. Quando o Cristianismo atinge as tribos mais afastadas a moralidade livre e natural dos ancestrais extinguiu-se já devido a pressão social externamente exercida pelos povos arabizados.

A vida do islã e seus ideais de estrita moralidade alastram-se com mais rapidez do que a fé muçulmana e ao cabo deste roteiro vem desaguar na Igreja romana, islamizando-a a partir das igrejas locais existentes na África. Disto resulta a posição ultra conservadora assumida pelos cleros africanos (alto e baixo) em torno dos temas familiares e sexuais. Em tais tradições particulares de origem recente machismo, adultismo e homofobia são como que palavras de ordem.

Esta visão é completada entre eles pela teologia calvinista do Corão Cristão. Para as Cristandades do terceiro mundo a abordagem da cultura parece não fazer qualquer sentido... E seus Bispos e Padres continuam citando Paulo ou o que é pior a Torá como se fossem palavras de Jesus. Para eles a moralidade protestante ou muçulmana equivale a palavra de Deus! Não, eles não estão a altura do centralismo evangélico ou da soberania Evangélica, por simples questão de educação. A cultura em que estão inseridos não lhes permite compreender a realidade cultural da 'Escritura' em termos de variedade e complexidade. Ali tudo se resolve em termos de inspiração plenária ou linear e duma moralidade puritana, de que os africanos fazem-se campeões.

Outra não é a realidade de certas Sociedades asiáticas tradicionais como a chinesa e a nipônica com suas tradições igualmente patriarcais, machistas, adultistas, etc Que eles folgam ver reproduzidas na Tanak dos judeus e buscam reforçar quando aderem aos padrões católicos reforçando a reação moralista. Tal a perspectiva dos Cristãos indianos, que por rancor ou ódio, criaram uma moral de oposição marcada ao hinduísmo e portanto fortemente maniqueista, puritana e repressora.

Tal a situação alarmante em que se acham as freguesias 'Católicas' orientais, que a partir de tais posicionamentos, não podem deixar de encarar os diversos graus de liberalismo moral presentes nos Catolicismos ocidentais como uma 'heresia' formulada por homens brancos contaminados ao menos em parte pelo materialismo e o ateísmo. Entre as Cristandades niponizadas e islamizadas o liberalismo moral parece ser sempre índice de incredulidade.

Na medida em que o romanismo cresce em tais regiões sou levado a temer que se torne mais e mais conservador em termos de moral, interrompendo sua evolução e vindo a somar forças com o fundamentalismo protestante e o islamismo tendo em vista a afirmação de uma moral maniqueísta e autoritária. Ele tem diante dos olhos o luminoso exemplo do anglicanismo, do espiritismo, do budismo, etc No sentido de reconciliar-se com o corpo, a sexualidade, a vida, a ciência, etc E o triste exemplo das massas cooptadas e escravizadas pelo pentecostalismo e o islamismo...

Qual direção haverá de tomar???

Fica difícil calcular...

No entanto seja qual for ela não poderá deixar de influir poderosamente sobre diversas Sociedades.

Por isso esperamos que a igreja romana afaste-se cada vez mais do moralismo e do puritanismo, assumindo posicionamentos cada vez mais humanos, ditados pelo Evangelho de Cristo e pela rica experiencialidade presente em sua consciência histórica.

Expulsar o moralismo farisaico do corpo físico e visível da igreja histórica, tal o exorcismo que precisamos!

Que vá de retro o espírito essencialmente maligno do maniqueismo, pelo simples fato de apresentar como mau aquilo que esta em Deus porque Deus quis chamar a existência. 

domingo, 25 de outubro de 2015

A miséria do neo catolicismo ou desencontros do tradicionalismo, do progressismo e da RCC

A miséria do neo Catolicismo


De todas as religiões e crenças nenhuma mais evoluída que o Cristianismo Católico, sobretudo sob as formas Ortodoxa e romana.

Nem é por acaso que certo número de incrédulos ilustres a exemplo de G Santayana, Whydan Lewis, O Wilde, Ch Maurras, A Comte, E Littré, S Weil,  B Russel, etc simpatizaram com ele e reconheceram-lhe as excelências. Fenômeno bastante comum até os anos 60.

Desde então, com a derrocada do papismo, deístas, agnósticos e ateus, adquiriram um argumento a mais e tomaram a dianteira.

Pelo simples fato da igreja romana ter se afastado a idealidade eterna constituída em torno do belo, do verdadeiro e do bom, mergulhando de cabeça no mundo da modernidade e associando-se as forças tenebrosas do biblismo ou melhor dizendo do protestantismo.

Abandonou sua magnífica liturgia e ritual elaborado a meio milênio. Aderiu a mentira do subjetivismo e do relativismo rompendo com o padrão Aristotélico incorporado por S João Damasceno e Tomas de Aquino e chegou ao fundo do poço perdendo por completo a noção de santidade concreta pautada no amor ao próximo e serviço fraterno até tombar no fideísmo luterânico e proclamar um novo modelo, fácil e falso, de redenção.

Aproximou-se além disto da superstição Biblista e repugnante doutrina na inspiração plenária do livro, retomou os mitos e fábulas do judaismo antigo, indispôs-se com a ciência e tombou no fetichismo crasso!

Esta infecção mística atingiu até mesmo aqueles que não se deixaram influenciar diretamente pelo protestantismo e pelo modernismo, como os tradicionalistas. Este no entanto aderiram ao neo marianismo aparicionista e estabeleceram compromisso não menos nefasto com o liberalismo econômico. De modo que parcela alguma da igreja romana ficou a salvo desta conflagração terrível e todas as suas partes apodreceram.

Quanto aos modernistas devo dizer que os progressistas adeptos da Teologia da Libertação aderiram em parte a heresia modernista ou a crítica iniciada pelos protestantes liberais em torno dos mistérios do Cristianismo, chegando a inclusive a repudiar o dogma da Encarnação ( i é ao padrão niceno atanasiano), a doutrina da presença real do Senhor no Sacramento, a fé na virgindade perpétua de Maria Santíssima, etc confinando com o materialismo e com o ateísmo; além de terem adotado um linguajar técnico de origem marxista a que os fiéis não estavam afeitos impossibilitando um diálogo verdadeiro. E também se mostraram partidários decididos da demolição litúrgica.

Não é para admirar, de que, apesar de seus objetivos precipuamente Cristãos, pautados inclusive na consciência da Igreja, no Evangelho da verdade e na tradição pura, tenha a Teologia da Libertação falhado miseravelmente devido a sua ruptura quase que total com o dogma eclesiástico e a linguagem comum ao Catolicismo. Grosso modo podemos afirmar que não precisamos de uma terminologia marxista ou técnica para denunciar as mazelas do liberalismo econômico, pois contamos com o testemunho eclesiástico dos antigos padres e com a palavra perfeita do Evangelho.

Longe de nós repudiar a crítica científica elaborada por Karl Marx em torno do modo de produção capitalista (Referi-mo-nos aqui não ao manifesto comunista mas ao 'Capital'), coisa que todo pastor de almas ou fiel instruído deveria conhecer. Nossa crítica aqui incide principalmente sobre o emprego de uma terminologia marxista 'empolada' ou de um vocabulário sociológico (sociologuês) com que o povo católico não estava afeito. Não precisamos falar como Marxistas mas exprimir as críticas justas elaboradas por Marx em termos Católicos fornecidos pela piedade.

Nem precisamos abjurar de nossa fé ancestral ou demolir as formas litúrgicas para denunciar as injustiças e clamar contra a exploração do homem pelo homem. É perfeitamente possível proclamar a libertação integral do homem, professar a fé imaculada, manter o brilho do culto litúrgico e manter-se nos limites da comunhão histórica. Neste sentido o progressivismo esquerdista assumiu posicionamentos iconoclásticos que drenou a fonte de suas forças e comprometeu suas bases. É para deplorar esta incompreensão...

Nem posso compreender como aqueles que porfiaram manter o brilho do culto e a imutabilidade dos dogmas foram seduzidos pelo delírio materialista economicista do liberalismo (capitalismo), enquanto que aqueles que aproximaram-se dum conceito elevado de justiça, abjuraram miseravelmente da fé ancestral, romperam com a verdade e sacrificaram a beleza simbólica da hierurgia. Após o Vaticano II consumaram-se tais rupturas e desacertos e instaurou-se o Caos da igreja latina.

Mas não o 'Caos' absoluto.

Não nos enganemos pois não havia a igreja romana, presa do fatimismo ou do marxismo, chegado ao fundo do abismo e miséria suprema; a qual converteu-a em espantalho face a intelectualidade universal!

Tal missão estava reservada ao que chamamos RCC.

Esta mais do que o tradicionalismo incoerente amancebado com o liberalismo e mais do que a teologia da libertação amancebada com o comunismo, manchou a reputação desta igreja até então e sob certos aspectos venerável. Com a RCC pomos nosso dedo no fundo da chaga, da ferida ou do câncer que devora insidiosamente a consciência das massas católicas.

Nada de mais alienígena, nada de mais espúrio, nada de mais alheio, nada de mais oposto ao espírito do Catolicismo do que a alienação ou a abominação Carismática.

Epifenômeno do pentecostalismo introduzido no papismo por um grupo de 'fiéis' americanizados ou americanizantes... cujas almas certamente eram já protestantes e que haviam bebido nesta cultura denunciada não só por Ch Maurras mas por Vailant, Dandier, Aron e outros tantos. Nem podemos deixar de concluir que esta conjuração capaz de corroer a consciência Católica e destruir sua cultura até os fundamentos foi ali forjada e arquitetada com fins claramente políticos, a saber, fazer frente a teologia da libertação e se possível obscurecer o sentido da doutrina social da Igreja!

Antes de romper com a igreja romana -  a qual havia passado após abandonar o protestantismo em que fora criado - e fazer-me Católico Ortodoxo, tive a ocasião e oportunidade de conhecer de perto a RCC e de conviver com seus adeptos. Posso dizer com pleno conhecimento de causa que jamais conheci um deles sequer que estivesse familiarizado com a doutrina social da Igreja... Nem se trata de crítica-la superficialmente como fazem os tradicionalistas, mas de ignora-la por completo. Parte considerável dos fregueses carismáticos sequer sabe que existe uma doutrina social elaborada por sua igreja.

Uma condição assustadora.

Devo dizer todavia que ainda não tocamos ao fundo do abismo!

Antes do vaticano II ou do advento da RCC tinhamos padres cientistas. Sacerdotes familiarizados com as diversas escolas e correntes da alta filosofia, com os estudos psicológicos, com os intrincados arcanos da sociologia, com a experiencialidade pedagógica, etc, etc, etc Basta-me citar um G Mendel, um G Le Maitre, um Teilhard de Chardin...

Hoje que temos???

Padres saltadores, malabaristas, feiticeiros, xamãs, pajés, charlatães, animadores de auditório, 'cantores' (sic)... cópia suja e mal lavada de mediocridade protestante. Um bando de alarves repetidores de versículos e contadores de 'estórias' sem graça tomadas ao antigo testamento. Adversários do conhecimento científico! Supersticiosos! Toscos! Beócios! Criacionistas! Puritanos!

Pela RCC plagiou o romanismo o que há de mais abjeto no pentecostalismo! Reproduziu o que há de mais viciado, corrompido e nocivo no protestantismo! Copiou o que há de mais vulgar e grosseiro na espiritualidade norte americana! Abjurou de seus ideais, inverteu seu caráter, minou as bases de sua cultura e tornou-se desprezível!

A RCC converteu a igreja romana numa ruína desoladora, numa assolação!

Que os protestantes tenham chegado a tal ponto levando adiante os princípios e enunciados por seus pioneiros, os reformadores é perfeitamente compreensível e até desculpável. Que a igreja romana tenha incorporado a si uma série de elementos opostos a sua consciência, a sua tradição e sua cultura é o cúmulo do absurdo!

Basta dizer que ao genial Pe Leonel Franca, a um Bastos Dávila, a um Julio Maria (do Rio de Janeiro), a um Senna Freitas... sucederam o Jonas Abib e o Marcelo Rossi, elementos notáveis pela imperícia e falta de conhecimentos no campo da sagrada teologia para não falarmos no campo das ciência humanas.

Diante disto como admirar-se de que a intelectualidade, antes atraída por esta igreja, torne-se mais incrédula, azeda e indiferente dia após dia e que avolumem-se os contingentes do deísmo e do agnosticismo???

Que esperar duma igreja que perdeu seu rumo, rompeu com suas fontes e raízes e desamparou seus filhos e admiradores mais ilustres?

Se a igreja romana chegou aos confins do fetichismo e da magia renovando a falsa crença nos milagres e convertendo-se numa espécie de 'bazar', que esperança podemos ter?

Não ousem portanto os neo papistas a ministrar-nos qualquer tipo de lição!

Não receberemos calados qualquer lição ou reprimenda de quem recusa-se a levar as últimas consequências os princípios e valores afirmados por sua religião.

Não pouparemos de modo algum a esses neo romanistas que creem poder viver a moda protestante, assimilando princípios e valores de origem luterânica ou calvinista.

Não levaremos a sério estes homens estúpidos que não levam a sério suas próprias crenças.

Admiramos em espírito o espírito do Catolicismo e portanto do romanismo ANTERIOR A REVOLUÇÃO do vaticano II. Período em que os papistas estavam ainda unidos em torno dos três princípios: o Belo, o Verdadeiro e o Bom.

Quanto a este neo papismo fatimista/liberal, comunista ou pentecostal só nos resta deplorar sua infinita miséria!

Nós no entanto mantemos não só nossa autonomia mas franca oposição a todos estes venenos modernos: da economia de mercado ao bolchevismo passando pelo neo marianismo aparicionista, pelo misticismo desbragado e pela heresia protestante; de todas estas ideologias nos afastamos e mantemos prudente distância como de uma infecção.

Oxalá os Católicos de boa fé investigassem suas tradições e valorizassem o que é seu.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Mitos em torno da afirmação das liberdades da Sociedade Moderna

O objetivo deste artigo é analisar diversas hipóteses produzidas enquanto tentativas de compreender a afirmação ou ressurgimento das Liberdades no contesto das Sociedades moderna e contemporânea. A parte deste tema investigaremos também a gênese dos pensamentos irreligioso e laico.

Para tanto iniciaremos nossa abordagem apresentando as hipóteses ou teorias mais sugestivas:


  • Segundo diversos autores protestantes e liberais, os reformadores promoveram CONSCIENTEMENTE a retomada das liberdades merecendo serem tidos em conta de pioneiros nos campos dos liberalismos religioso, intelectual, político e pessoal.
  • Por outro lado, certo número de escritores papistas, tem atribuído aos mesmos reformadores o propósito CONSCIENTE de fragilizar a instituição Cristã e promover a incredulidade.
  • Outro grupo de teóricos tem buscado estabelecer relações mais amplas ou menos amplas entre a reforma protestante e as revoluções modernas. Alguns limitam-se a postular uma similaridade em termos de método, enquanto outros avançam sugerindo certas afinidades ideológicas.
  • Laurent, acompanhando Voltaire; sustenta que sem Reforma Protestante não haveria Revolução Francesa. Esclarece no entanto que esta jamais seria realizada pelos protestantes e sugere que o papel do protestantismo ou da disputa religiosa neste contesto foi produzir uma cultura religiosamente indiferente ou incrédula matriz da grande Revolução.
  • Van Loon e certo número de autores 'insuspeitos' sugerem que a Liberdade surgiu como um nicho ou espaço neutro devido a disputa travada entre a Igreja antiga e as novas facções, em torno do poder.
  • Inúmeras foram as ilações sugeridas em termos do livre exame, de sua secularização e da afirmação do relativismo, do subjetivismo e da incredulidade.

Cada uma dessas teses ou hipóteses é por si só muito interessante.

Estabelecer um estudo sistemático, minucioso e sobretudo comparativo auxiliara o estudioso a conhecer e reconhecer a complexidade do processo histórico e predisporá o mesmo a evitar tanto as generalizações infundadas quanto as fórmulas ocas usadas pelos panfletários com fins proselitistas.

1 - No que diz respeito as liberdades políticas é sempre bom frisar que cento e trinta anos antes da Reforma protestante o Bispo Genebrino, Adhemar Fabri publicou uma carta em que pela primeira vez, no contexto europeu, as liberdades políticas (forma republicana) são oficialmente reconhecidas.

Já a congregação da primeira assembléia cantonal ou landsgemeinde - de Uri - remonta a 1231. Quando não havia sombra de protestantismo na Europa. A bem da verdade os cantões papistas como Schwyz, Uri, Zug, Appenzell interior, Unterwalden é que conservaram as formas democráticas até o tempo do Sonderbund, quando foram atacados e  submetidos pelos cantões protestantes. Desde então, sob pressão dos cantões urbanos e protestantes, foram paulatinamente abrindo mão de suas liberdades democráticas, de suas tradições ancestrais e consequentemente as assembleias cantonais.

Segundo Van Paasen, João Calvino foi responsável por converter a República de Genebra no primeiro campo de concentração moderno. Stefan Zweig da-se por satisfeito com registrar que Calvino transformou a República dos genebrinos numa teocracia ou seja num regime totalitário de inspiração religiosa.

Donde concluímos que a na Suíça a reforma protestante foi responsável pela abolição das antigas liberdades políticas.

Quanto a Inglaterra, é sempre bom lembrar que a Carta Magna de direitos civis remonta igualmente a Idade Média papista, quando ainda não havia sombra de protestantismo e que o protestantismo foi implantado com o apoio do absolutismo sob Eduardo VI, o rei menino.

2 - A respeito da liberdade de consciência convém registrar jamais ter sido ela CONSCIENTEMENTE defendida por qualquer reformador!

Nem por Lutero, nem por Calvino, nem por Zwinglio ou por qualquer um outro.

Lutero amaldiçoou em diversas ocasiões aqueles que interpretavam as escrituras de maneira oposta a sua. Apelou repetidamente ao podre do braço secular com o intuito de intimidar os dissidentes, decretando que houvesse um só sermão apenas! Por fim, a semelhança de Maomé, mandou exterminar os desgraçados anabatistas.

"Além disso, os Anabatistas separam-se de igrejas e estabelecem um ministério e congregação próprios, que é também contrário à ordem de Deus. De tudo isso, se torna claro que as autoridades seculares estão compelidas a infligir punições corporais nos ofensores. Também quando é um caso de apenas defender alguns princípios espirituais, como o batismo de crianças, pecado original e separação desnecessária, e então, nós concluímos que os sectários teimosos devem ser postos à morte.  LUTERO in Janssen, X, 222-223; panfleto de 1536).

Melanchton, seu secretário, inclusive, assinou diversas sentenças de morte contra eles!

Lutero ficava satisfeito com a expulsão dos católicos. Melanchthon era favorável à imposição de penas corporais contra eles [. . .]" (Janssen, V, 290)

Calvino mandou supliciar Servet a fogo lento por ter cometido o 'crime' de negar que a doutrina da Trindade estivesse contida na Bíblia. Já seu púpilo Th Beza, descreveu a liberdade de consciência como sendo uma 'doutrina diabólica' e justificando exaustivamente a necessidade que exterminar todos os dissidentes religiosos.

A defesa mais habilidosa de perseguição durante o século 17 veio do presbiteriano escocês Samuel Rutherford (A Free Disputation Against Pretended Liberty Of Conscience, 1649).” (Chadwick, 403)

Outro inimigo declarado da liberdade de consciência foi o também calvinista Thomas Edwards, autor da Gangraena.

Já U Zwinglio decretou uma Fatwa contra todos os anabatistas de Zurich fazendo com que os infelizes fossem atirados aos rios com grades amarradas a seus corpos.Além disto “...chegou a declarar que o massacre dos bispos era necessário ao estabelecimento de um Evangelho puro. . . Em 4 de maio de 1528, ele escreveu: ‘Os bispos não desistirão de sua fraude... até um segundo Elias aparecer para fazer chover espadas sobre eles. . . É mais sábio arrancar for a um olho cego do que deixar o corpo todo corromper-se.’” (Janssen, V, 180; Zwingli's Works, VII, 174-184)

Além de a semelhança de um segundo Maomé morrer com a espada nas mãos no campo de batalha de Kappel, após ter invadido com suas hordas os cantões Católicos.

Se alguém ainda abriga o preconceito tradicional que os primeiros protestantes eram mais liberais, ele deve ser desenganado. Salvo por algumas palavras esplêndidas de Lutero, confinadas aos primeiros anos, quando ele era impotente, não há quase nada a ser encontrado entre os principais reformadores a favor da liberdade de consciência. Assim que eles detinham o poder de perseguir, eles perseguiam.” (Smith, Preserved (S), The Social Background of the Reformation, Pg. 177 - New York: Collier Books, 1962)

Por onde se concluí que jamais pretenderam sancionar a liberdade de consciência!

3 - Igualmente absurda a tese segundo a qual os reformadores protestantes fossem incrédulos ou pretendessem favorecer a incredulidade, quando - assinala com razão Laurent - colocavam a fé cega acima de tudo.

Ninguém mais crente do que aquele que é capaz de excluir a razão - Lutero - e apresenta-la como uma doida varrida.

Ninguém mais crente do que aqueles que excluem a liberdade e a colaboração humanas tudo atribuindo magicamente a graça (monergismo) a ponto de construírem dogmas monstruosos como a predestinação.

Nada mais crente do que acreditar na veracidade da Bíblia - digo antigo testamento - de capa a capa com todas as lendas e mitos judaicos.

Em tudo foi o protestantismo um excesso ou abuso: do livro, da graça, da fé... em tudo uma hipertrofia... uma apoteose da credulidade.

Neste sentido ousamos proclamar em alto e bom som a excelência do espírito Católico ou mesmo da igreja romana cuja teologia sempre reconheceu as capacidades da razão e da liberdade!

Buscando tudo atribuir diretamente a deus, o protestantismo estava mesmo destinado a converter-se em paladino do criacionismo.

Nem se pode imaginar nada mais oposto a incredulidade.



4 - Neste caso qual seria o elemento comum existente entre protestantismo, Revolução Francesa e por extensão a Revolução russa?

O único elemento comum entre a Revolução Protestante e as revoluções subsequentes encontra-se no nível da forma ou do método.

Uma vez que os reformadores foram os primeiros homens modernos a atacar violentamente - em termos físicos e materiais - seus adversários, no caso a igreja romana ou os Bispos Católicos, recorrendo a autoridade secular, as armas e a guerra aberta.

Historicamente a Reforma protestante constitui um marco. Pois foi nela que pela primeira vez uma categoria ou grupo de cidadãos (no caso os burgueses e citadinos) pegaram em armas com o objetivo de alterar as instituições sociais. Neste sentido, puramente externo ou formal, a Reforma é mãe de todas as revoluções modernas.


É por esse motivo que pastor algum tem o direito de condenar as Revoluções Francesa, Russa, Mexicana ou quaisquer outras manifestações sociais de violência porque sua querida reforma deu-se exatamente nos mesmos termos ou seja enquanto uma irrupção de violência sem precedentes!

Não foi ao redor de uma mesa apreciando finos licores e petiscos que a reforma foi decidida, mas em campos de batalha como Kappel... ao fragor das armas! 


E nem se pode negar que ainda no berço a maravilhosa reforma tombou no vício da igreja romana e no erro do islã, impondo o novo Evangelho a ferro e fogo!

Neste sentido negativo foi revolução e matriz de todas as revoluções subsequentes!

A filosofia ensinou-nos que todas as questões podiam e deviam ser resolvidas racionalmente. O Cristianismo antigo que quase todas as questões podiam e deviam ser resolvidas pacificamente.

A reforma além de ter sacrificado a razão e a liberdade, sacrificou também o dom da paz.



5 - Tudo quanto podemos dizer a respeito das liberdades modernas é que foram produto da rivalidade e luta travadas entre a igreja antiga e a igreja nova.

Assim o que Voltaire e Laurent declaram a respeito de Lutero e Calvino, dizendo que sem eles a Revolução Francesa teria sido impossível, podemos dizer igualmente a respeito do papado:

Caso o papado não tivesse resistido e feito oposição a reforma protestante revolução alguma teria sido possível.

A bem da verdade os nichos de incredulidade, laicismo e liberdade, surgiram apenas onde as forças das duas comunhões anularam-se uma a outra ou onde as diversas seitas protestantes estavam em luta pelo poder.

São dois os fatores que devemos levar em conta ao analisar a questão do surgimento das liberdades modernas:

  1. A fragilização da até então onipotente igreja romana
  2. A impossibilidade de qualquer seita protestante assumir seu lugar ou substituí-la numa dimensão continental

A bem da verdade o que os reformadores pretendiam não eram fragilizar a igreja romana, mas destruí-la por completo e ocupar seu espaço.

Concretizada tal aspiração teríamos a Bíblia no lugar o papa e uma inquisição bíblia implantada em larga escala a semelhança do que ocorreu na Genebra de Calvino, a nova Jerusalém dos reformados.

Eis o modelo de 'sociedade' ou república que os protestantes esperavam poder implantar na Europa como um todo, algo bem mais rigoroso e intransigente do que o modelo papista!

Em que pese o juízo de Laurent, tanto Montaigne quanto Rabelais não tardaram a perceber porque sendas pretendia a reforma guiar os povos, pelo que o último aproximou-se decididamente da igreja romana, cujos ensinamentos Montaigne jamais questionou.

Moralmente falando a reforma, com seu puritanismo de duvidoso talhe, tinha diante de si um modelo bem mais rígido, quase monacal ou ascético.

Cumpre indagar que espaço estaria reservado a liberdade num cenário destes???....

Não é da reforma que surgem nossas liberdades e sim da frustração do projeto social delineado pelos reformadores. Os quais não tiveram folego suficiente para ocupar como desejavam os espaços deixados pela igreja antiga.

Temiam sobremodo que as massas fizessem a eles o mesmo que eles haviam feito aos Bispos e rejeitassem de imediato qualquer tipo de instituição ou culto religioso. Pelo que tiveram de limitar ou nivelar suas pretensões.

Em suma a reforma jamais esteva altura da tarefa a que se propôs: substituir a igreja antiga ou por-se no lugar dela.

Assim em poucas gerações, aqueles que haviam trocado de religião, concluíram que bem podiam passar sem qualquer uma.

Ao fim de dois séculos ou século e meio parte dos protestantes chegou a conclusão de que a nova igreja era tão inutil quanto a antiga.

Já no plano político não tinha a igreja nova como suster suas pretensões autocráticas. Por mais que lhe sobrasse vontade não tinha poder para tanto.

A velha igreja como já dissemos saíra abalada desde o começo. Temia acima de tudo que qualquer rei ou príncipe imitasse os exemplos de Lutero ou Calvino... tendo de conter parte de suas exigências.
Este conflito entre as instituições religiosas modernas e a igreja antiga desgastou ambos os lados. Fazendo com que limitassem mais e mais suas pretensões.

Sem qualquer um dos lados não haveria Revolução Francesa.

A criação de uma sociedade 'Bíblica' em escala continental com a posse dum aparelho inquisitorial, bastaria para amedrontar príncipes e reis e atrasar por séculos a ulterior evolução política do Ocidente.

Assim se devemos a reforma a anulação do poder papal, devemos a igreja romana a anulação do novo poder que pretendia afirmar-se: o poder bíblico.

É a Sociedade moderna produto de duas forças religiosas que anularam-se mutuamente.


6 - E quanto a afirmação da incredulidade, deísmo, materialismo e ateísmo; colaboraram as duas comunhões: romana e protestante na mesma proporção?

Se em termos políticos e sociais podemos analisar com segurança o rumo das coisas e perseguir seus caminhos, o mesmo não se dá a nível de pensamentos e crenças. Aqui estamos diante de um fenômeno tanto mais complexo.

Pois nem todos os que aderiram aos pressupostos laicistas ou secularizantes, do século XVI ao século XX eram necessariamente irreligiosos. Assim se haviam anti clericais virulentos nos países 'católicos' também havia um grupo igualmente forte de 'católicos' modernistas, ou seja, em maior ou menos grau favoráveis a liberdade de consciência e a democracia. Alias este grupo só veio a ser penalizado em meados do século XIX, por Pio IX, o papa reacionário, inspirador do ideário integralista.

Até Pio IX os católicos democráticos, laicistas e ou socialistas sempre haviam feito parte da vida de igreja. A par dos anti clericais virulentos e dos legitimistas, uns e outros faziam parte de um cenário social bastante variado. Isto já nos séculos XVIII e XIX.

Pio IX foi o primeiro papa moderno a romper a barreira estabelecida desde os séculos XVI/XVII e a aspirar por um poder semelhante a dos grande papas da Idade Média. Antes dele os papas e mais ainda os Bispos estavam muito mais preocupados com a pureza da fé. De certo modo ele intensificou ainda mais o conflito existente entre a Igreja e o principado secular, na medida em que nutria pretensões aparentemente teocráticas.

Uma coisa porém é certa: tendo em vista a existência de dogmas muito bem definidos, a igreja romana jamais cogitou em negociar sua fé com quem quer que fosse. Impôs os limites de sua ortodoxia e lanço fora os que não se conformavam com eles. Tal a origem do partido anti clerical!

Implica admitir que a incredulidade jamais foi capaz de infiltrar-se profundamente na corpo da igreja antiga.

Já o mesmo não se dá com o protestantismo.

Em função do princípio do livre exame.

Santificado o princípio do livre exame, que é um princípio meramente formal e portanto vazio, fica impugnada a pretensão de uma verdade objetiva que transcenda os indivíduos.

É verdade que o protestantismo nascente associou ao método do livre exame, a doutrina mágico fetichista da inspiração direta do espírito santo, ainda hoje sustentada pelos pentecostais.

Bastante cedo porém, a diversidade de interpretações e seitas, fez com que os protestantes da Europa substituíssem a tal inspiração mágica do espírito santo pelo princípio natural da razão humana. Desde então ficou o livre examinismo naturalizado...

Convertendo-se a fé cristã em opinião individual.

Ou melhor em inúmeras opiniões uma vez que cada qual tem a sua...

Por volta do século XVIII era tal o número de interpretações que pouquíssimos protestantes cogitavam estar em posse da verdade.

Assim enquanto uns convencionaram que não havia verdade alguma outros convencionaram que todas as opiniões ou interpretações eram verdadeiras e; nem por isso, tais pessoas; sem fé, cogitavam em não ser protestantes. Transformando-se, ao cabo de três ou quatro séculos a igreja do fideísta Lutero num clube de incrédulos, deístas, materialista e até mesmo ateus.

Chegamos forçosamente a conclusão de que o princípio formal do protestantismo ou melhor sua naturalização culminou em tornar a comunidade protestante num repositório de incredulidade e irreligião. Sem que houvesse qualquer ruptura brusca ou mesmo negação do protestantismo devido a continuidade do método. Assim a instituição protestante, ao contrário da papista, não só acomodou-se as novas ideologias irreligiosas como chegou a promove-las ativamente. A ponto de seus teólogos conceberem a teologia da 'morte de Deus'. Nem preciso dizer que Nietszche foi filho de um dos principais doutores do luteranismo.

Além disto a própria proposta de exerce fé na Bíblia toda de capa a capa - ao menos após o século XVIII e a afirmação do padrão científico de pensamento - com seus mitos, fábulas e dogmas absurdos (antigo testamento) agravou ainda mais a situação, aumentando a crise da fé. Neste sentido a igreja romana e demais igrejas Católicas com seus trinta e poucos dogmas objetivamente definidos e por consequência limitados saiu-se e ainda hoje se sai muito melhor.

Eis a razão porque certo número de ateus e materialistas fanáticos nutrem franca simpatia pelo sistema protestante - em que pese o pentecostalismo e o criacionismo - e assestam suas baterias contra a igreja antiga, quiçá por esta ser ainda hoje mais resistente. 

sábado, 19 de setembro de 2015

O agostinianismo e a não realização do Cristianismo III - A expansão do agostinianismo e o conflito teológico no Ocidente medieval

 III - A expansão do agostinianismo e o conflito teológico no Ocidente medieval


No momento em que Agostinho enunciou sua teoria gracista e maniquéia muitos poucos dentre os ocidentais, mesmo elderes, foram capazes de aquilatar o impacto daquilo que estava sendo anunciado e como tais doutrinas viriam subverter por completo o sentido da vida cristã. Apenas uns poucos como o já citado Juliano, o diácono Anianus e o monge Celestius foram capazes de antever o futuro tenebroso da Cristandade.

Combalida em parte pelo abandono do ideal heroico da santidade e da perfeição e em seguida pela conversão aparente dos últimos pagãos, alias os mais obstinados, tornou-se a instituição Cristã meramente teórica, tombou no fideísmo e ficou irrelevante em termos de imanência.

A cidade de Cristo foi substituída pelo céu, o paraíso ou o além túmulo e este mundo abandonado as forças tenebrosas do mal e do pecado. Satanaz tornou-se de fato o 'deus' deste mundo, mundo que deveria te-lo banido em nome de Cristo e entrado numa nova ordem, a ordem ética do Evangelho. No entanto esta ordem deixou de ser instaurada e transferida para além dos umbrais da eternidade. Considero esta postergação uma tragédia, a suprema tragédia porque passou a humanidade.

O Oriente mais do que o Ocidente, por uma questão de cisão cultural e a precariedade dos meios de transporte e comunicação, tardou a dar-se conta do que estava acontecendo. No entanto quando veio a informar-se melhor não tardou a descortinar suas origens, caráter e suas decorrências. S Fócio, que é considerado um dos grandes esteios da Ortodoxia Cristã, apesar de ter Agostinho em conta de homem santo não deixou de precaver seus colegas a respeito de sua teologia equivocada. Em seu 'Mirabiblion' encontramos um fragmento de uma obra já perdida composta por Teodoro de Mopsuestes um dos maiores expoentes da teologia grega.

Neste fragmento Teodoro classifica o Bispo de Hipona como professor maniqueísta. Mesmo sem apreciar o gênio de Teodoro, S Fócio foi obrigado a concordar com ele e a declarar que os ensinamentos de Agostinho sobre o impacto do pecado ancestral eram incompatíveis com a tradição Cristã. Apesar disto até um russo como Berdiaeff acabou assimilando seus ensinamentos pessimistas.

Pessimistas porque Agostinho em sua teologia concede mais espaço ao pecado do que a graça, apresentando como Lutero, uma graça frágil e insipiente, sempre incapaz de consertar a essência do homem e de torna-lo Bom como Deus é Bom. Concede portanto mais espaço ao mal que transtorna o Bem do que ao Bem que jamais acontece neste mundo e concede mais espaço ao diabo ou anti Cristo a quem atribui o poder ou a capacidade de alterar radicalmente a ordem divina e de impossibilitar a concretização do plano divino no mundo material. Não posso ver otimismo nisto...

Foi com Agostinho que o neo Cristianismo aprendeu a anunciar mais o pecado, o diabo, o mal, o inferno, etc do que a verdadeira 'Boa Nova' centrada na virtude, em Cristo, no bem, no paraíso, etc. Desde então converteu-se o Cristianismo numa nova má e indesejável. A ponto de enunciar a rejeição por parte do próprio Deus, da maior parte de suas criaturas racionais predestinadas ao inferno... Por fim esse anuncio do abandono havia de engendrar mesmo a descrença, o materialismo, o ateísmo, o capitalismo, o comunismo, o fascismo e preparar os caminhos do pentecostalismo e do islã...

Seja como for menos de um século após a morte de Agostinho (529) e um período ainda mais amargo em termos de controvérsias, quando o SINODO (assim classificado com toda razão pelo teólogo protestante R Olson) de Orange - presidido pelo fanático Cesário de Arles discípulo de Próspero, cognominado 'o segundo Agostinho' - pretendeu impor aos latinos uma visão ainda mais estreita e rigorista do que a do Bispo de Hipona e já bastante próxima do calvinismo.

Todavia, graças a instalação do monge grego João Cassiano na cidade de Marselha, recebeu o agostinianismo as merecidas críticas. João Cassiano era discípulo de S João Crisóstomo e paladino da legítima teologia Cristã, semi pelagiana. Foram discípulos seus o Dr Faustino de Riez e S Vicente de Lerins 'pai' de todos os tradicionalistas ocidentais.

Alias, o 'Commonitorio' com sua ênfase a respeito do princípio da tradição e sua condenação feroz ao espírito da inovação no terreno da teologia, teve por escopo denunciar o agostinianismo como uma invenção desprovida de qualquer fundamento histórico. O que de certo modo reporta a S João Crisóstomo e seu sentido da tradição.

Por dois ou três séculos ainda, graças a atuação dos monges de Lerins, avançou esta controvérsia. Atalhando os passos do Agostinianismo e dos orangistas, que no século IX encontraram um campeão no monge Gottschalk, uma espécie de Agostinho redivivo ou de Lutero, Calvino ou Jansenio antecipado. Desda vez no entanto as coisas não foram assim tão bem para os adeptos do gracismo, pois apesar de apresentar-se como mero repetidor de tudo quanto dissera o hiponense, Gottschalk foi encerrado num mosteiro por ordem do metropolita S Himcmar. O qual classificou sua teoria a respeito da dupla predestinação como essencialmente ímpia e blasfema.

Passados mais alguns séculos no entanto já era o tal sínodo de Orange apresentado como Concílio Ecumênico e imposto a todos os fiéis pela igreja barbarizada de Roma. Sabemos no entanto que este sínodo provincial jamais recebera a aprovação de todos os Bispos gauleses, quanto mais de todos os Bispos latinos e que jamais fora conhecido, quanto mais aprovado pela parte Oriental ou grega da Igreja Católica. E no entanto foi graças a sua apresentação como Concílio ecumênico, e logo infalível e inquestionável, que o agostinianismo conseguiu quebrar todas as resistências e impor-se como a única teologia autorizada. Tudo graças a uma confusão ou farsa que subsistia ainda por ocasião do 'Concílio' Tridentino.

Forçoso é reconhecer, no entanto, que mesmo após a imposição do falso Concílio pelo papa romano e os esforços feitos por Bernardo de Clairvoux o agostinianismo não granjeou o status de teologia majoritária e muito menos de teologia única.

Apesar de estarem constrangidos a receber formal, mecânica e externamente decretos de Orange, parte dos teólogos latinos buscou elaborar soluções de compromisso ou de meio termo entre o agostinianismo e a teologia Ortodoxa. Esta busca por soluções de compromisso prolongou-se de Tomas de Aquino a Alberto Pighius em 1530. Muito papel e tinta foram gastos e surgiram tantos sistemas quanto cabeças, uns mais próximos do orangismo como o Tomismo e outros do semi pelagianismo como o de Cajetanus. Foi um esforço tão inutil quanto titânico mas que não foi capaz de impedir a reversão luterana de 1521.

Mesmo após o Concilio Tridentino, que limitou-se a fixar alguns decretos igualmente vagos e conciliatórios, jesuítas e dominicanos não exitaram e classificar uns aos outros como heréticos, tal e qual os franciscanos e dominicanos haviam se tratado alguns séculos antes pelo mesmíssimo motivo. Afinal a teologia jesuíta concedia amplo espaço a natureza enquanto que a dominicana, sem ser rigorosamente orangista, pendia para o agostinianismo (um agostinianismo suavizado).

O próprio Concílio Tridentino fora vago, superficial e conciliatório - se bem que simpático ao Orangismo - porque a par dos jesuítas chefiados por Lainez tomaram parte nele os dominicanos, os franciscanos e os carmelitas além é claro dos agostinianos. Os franciscanos inclusive é que assumiram o legado espiritual do Bispo de Hipona antes mesmo que a ordem agostiniana fosse fundada, formando uma frente com os agostinianos e os carmelitas em Trento. Os dominicanos ficaram no centro e os jesuítas, adversários jurados do luteranismo e da reforma protestante, no extremo oposto, vindicando os pressupostos do semi pelagianismo só que com uma terminologia distinta tomada a Filosofia.

Levado a cabo somente pelos jesuítas é possível que o Concilio de Trento tivesse de fato estabelecido uma verdadeira contra reforma anto agostiniana ou humanista. Todavia a presença dos 'orangistas' resultou em definições demasiado vagas e genéricas ou numa indefinição em torno da questão da graça. A qual não pode tornar a ressurgir alguns anos depois.

Tendo em vista acabar com tais discussões o papa declarou a questão insolúvel e proibiu os latinos de abordarem-na. A bem da verdade a igreja romana não fora capaz de sacrificar a doutrina daquele que encarava como uma espécie de super padre ou padre por excelência. E tampouco de prestar contas a razão, que revindicava os direitos da natureza... Diante disto ficou posta entre Cila e Caribdes ou como a sogra de pedro suspensa entre os céus e a terra.

Tal não se deu no entanto no espaço em que os orangistas - fossem franciscanos, agostinianos ou carmelitas - haviam conseguido vindicar por completo a reputação de seu mestre e impor sua malsinada teologia. Vindo este espaço a ser ocupado pela reforma protestante.

Por meio da reforma protestante as opiniões do Bispo de Hipona não são apenas retomadas mas desenvolvidas e impostas como dogma. Trata-se dum retorno completo, não ao Evangelho de Cristo mas ao agostinianismo, que é formalmente assumido. No caso do luteranismo por sinal, o triunfo foi completo e podemos defini-lo, sem medo de errar, como um sistema mais agostiniano do que cristão.

Outro é o caso do Calvinismo, que jamais veio a assumi-lo por completo até conhecer uma  significativa reversão levada a cabo por Tiago Ariminius. Tiago Arminius representa a busca por uma solução de compromisso por parte das consciências mais nobres que haviam aderido a revolução protestante. O agostinianismo nu e cru de Lutero conseguiu fixar-se apenas na Alemanha e Escandinávia e não deixa de ser assaz curioso o fato de que os povos do estremo Norte da Europa tenham pautado suas crenças nos ensinamentos de um padre africano. Prova de que as ideias circulam!

Mesmo após o concílio de Trento ainda houve na igreja romana um partido agostiniano ortodoxo chefiado pelo Dr Berti e pelo cardeal Henri Noris os quais sustentavam a condenação de eterna de todas as criancinhas não batizadas e com um pouco mais de sutileza e prudência a dupla predestinação, escudando-se quase sempre nas palavras do próprio Agostinho e apresentando-as como mera opinião teológica...

A este partido pertencia o teólogo Belga Jansenius. Após ter estudado exaustivamente a obra do Bispo de Hipona Jansenius ressuscitou os erros de Próspero, Cesário, Gotteschalk, Lutero e Calvino enunciando formalmente e como artigo de fé a doutrina da dupla predestinação. Disto resultou uma corrente ou grupo que chegou a conquistar certo número de adeptos na França de Luis XIV, até constituir-se formar uma seita cismática em Utrech na Holanda.

Uma após a outra, de Tomás de Aquino a Nicole e Duvergier foram tais discussões semeando dúvidas nos corações dos Cristãos mais simples e de boa vontade. Por fim, a reforma protestante e o jansenismo com suas disputas intermináveis em torno de Agostinho, da graça e da vontade, do monergismo e do sinergismo, do solifideismo e da virtude... saturaram a consciência Cristã e lançaram os fundamentos da incredulidade reinante. Pois enquanto o protestantismo assumia sua irracionalidade a igreja romana oferecia mais um mistério desnecessário a sua clientela.

Resta-nos esclarecer uma dúvida.

Se da divulgação e progressos do Agostinianismo na antiguidade, como sustentamos, resultou uma abandono do ideal heroico e dum estilo de vida rigorosamente Cristão por que tanto o calvinismo quanto o jansenismo constituíram sistemas excessivamente moralistas ou rigoristas?

Tal anomalia se deu por que tanto os Calvinistas quanto o Jansenistas - ao contrário dos Luteranos - recusaram-se a seguir Agostinho até o fim, professando na verdade um meio agostinianismo marcadamente no que diz respeito ao estado do homem antes de sua conversão ou da predestinação positiva para o inferno (dupla predestinação). Quanto a condição do convertido ambos os partidos admitiam que havia uma recuperação parcial (não total como ensinavam os semi pelagianos) por parte da natureza. Eis porque calvinistas e jansenista adotavam uma disciplina extremamente austera; tendo em vista a consolidação desta recuperação ou cura parcial. Eles acreditavam que uma disciplina rigorosa era capaz de restringir as ocasiões de queda ou pecado.

Eles bem podiam ter reproduzido o são equilíbrio da igreja episcopal. Não fosse a doutrina da dupla predestinação, a ignorância a respeito do próprio estado e o estado de angústia que disto decorre. Foi esta angústia ou pânico que introduziu calvinistas e jansenistas nas vias de um ascetismo monacal, o qual secularizado, após a perda da fé, serviu de impulso a ordem capitalista. Era todo um evitar os momentos de ócio e tranquilidade tendo em vista evitar qualquer pensamento mórbido em termos de predestinação e vida futura, e; consequentemente todo um dispersar-se, primeiramente nos exercícios religiosos e, em seguida no trabalho. Era um trabalhar para não refletir, um trabalhar para esquecer o drama da salvação, um trabalhar para não raciocinar... para fugir de si mesmo.

Um trabalhar que perdeu consciência de seus fins por ter se convertido em fuga...

Um fugir do pensamento!

Já os luteranos - pelo contrário - soltaram a corda... e degeneraram por completo. Até perderem a fé...

A igreja romana, curiosamente, foi pendendo mais e mais para o lado do luteranismo. Até tombar completamente nele e perder mais uma parcela de sua consciência Católica.

Hoje para a maior parte dos neos cristãos falar em Cristianismo como Lei, regra, norma ou REGIME DE VIDA não faz mais qualquer sentido. Eles só sabem fé Cristã, nada sabem em termos de vida Cristã ou de Cristianismo integral.