segunda-feira, 12 de julho de 2021

Socialismos, o espelho do Cristianismo...

Acho curiosa a reação dos Neo Cristãos ao contemplarem as duas seitas em que está cindido o Socialismo contemporâneo. Digo duas porquanto anarquistas e comunistas apresentam-se como Revolucionários, em vária medida, adeptos da violência.

Temos assim, quanto os métodos, os de Marx, Engels, Lênin, Plelanov, Bukharin, Blanqui, Sorel, etc e os de Bernstein, Herr, Jaurés, Blum, Kropotkin, etc 

Revolucionários e Evolucionários ou Sedicionistas e Reformistas.

Claro que se considerarmos o modelo de organização futuro ou pós revolucionário teremos já três seitas ou grupos clássicos muito bem consolidados: Autoritários/totalitários - Devido ao dogma marxista clássico da "Ditadura do proletariado", ácratas e democráticos, estes últimos evolucionários ou reformistas.

Alias aqui as composições se tornam tanto mais complexas por haver ácratas com tendência etapista e insitucionalizante, como Kropotkin (Me refiro apenas ao anarquismo Russo ou oriental de caráter socialista, jamais aos anarquismos ocidentais individualistas!) ou etapista e pacifista, como Tolstoi. Assim por neo comunistas Gramscianos que sem abandonarem de todo o ideial sedicionista, admitem igualmente o insersionismo, o que era já visível em Rosa Luxemburgo e foi marcante em Lukacs, Althusser, adeptos da Escola de Franckfurt, e outros tantos sempre suspeitos a Ortodoxia Bolchevique de Moscow. Mesmo Bukharin, que discordava de Preobrajenski quanto a sangra o campesinado e preconizava a formação e o esclarecimento numa perspectiva de longo prazo, não pode deixar de despertar fortes suspeitas neste sentido...

O quanto quero dizer aqui, neste artigo, é que não cabe a Cristandade rir dos ideólogos socialistas naturalistas. Como se não houvessem correntes não menos fortes, cindido com maior gravidade o nosso Cristianismo, Cristalizando-se em torno de grupos e produzindo imensa confusão, escândalo e turbulência em favor da incredulidade e da apostasia. 

Claro que tão abomináveis e monstruosas divisões dizem respeito a uma organização Política, Econômica e Social (A qual deveria, numa perspectiva Cristã.) que afirmando-se sobre os princípios Éticos da  Liberdade, da Justiça e da Solidariedade - Num claro esquema de L para P, J para E e S para S - deveria produzir apenas e tão somente um plano ou modelo, um modelo Cristão de modo geral i é tão liberal quanto socialista e assim jamais autoritário (Comunista, fascista, nazista, etc) mas tampouco individualista e economicista (Materialista). Todavia tanta treva há nestes tempos que ao expor a proposta social Cristã e suas negações no seio do Cristianismo, temo não ser bem compreendido ou ser tachado de irracionalista e contraditório ao modo de um Nietzsche, de um Proudhon ou de um Sorel, quando parto de Aristóteles e do Cristianismo.

Não convém rir levianamente dos contrários, quando comandados pela divina Providência, estamos igualmente cindidos em correntes por pura e simples malignidade. 

E digo mais, para além de toda fidelidade, unidade e estabilidade doutrinária, tal estado de cisão quanto ao projeto Cristão - Autenticamente histórico, tradicional e legítimo. - de Sociedade significa apostasia. Estão fazendo seleção quanto os ensinamentos de nosso Mestre Jesus Cristo, e o fundo de toda esta operação herética é sempre o mesmo fundo a que pertence o integralismo 'cristão' - Arianismo, incredulidade, falta de fé na Providência, negação...

Acometerei aqui, como é meu dever, os pseudo Cristãos liberais economicistas fabricados lá nos EUA, nas forjas protestantes, e que ora inspiram o governo Brasileiro. 

Já foi dito liberalismo e espera-se que toda mentalidade acrítica receba o liberalismo como um todo, nada mais falacioso. Pois querem, a fina flor da força, que seja o liberalismo economicista rebocado pelo Liberalismo Político, quando demonstra a História que o primeiro sempre pelejou com o objetivo de reduzir o espaço e a qualidade do segundo, quando não chegou a suprimi-lo e a flertar com a Hidra do autoritarismo. Xipófago do Positivismo o liberal economicismo, com seu esquema materialista mecanicista, é sempre irredutível a qualquer comando Ético exterior a si (E aqui se encontram o totalitarismo político ou tirania, o cientificismo, o economicismo, etc em oposição ao Cristianismo e a Filosofia Perene!) 

Cumpre decompor e dizer liberalismo, distinguindo bem cada um deles, de modo que as luzes sejam separadas do breu.

É erro cabal, do ponto de vista religioso, dar todos os liberalismos por anti Cristãos, já o disse e reconheceu honestamente o grande papa romano Leão XIII, autor da Rerum Novarum por sinal. Desde Leão XIII, as Encíclicas dos papas romanos já não pugnaram inútil e fatuamente contra o liberalismo político ou a ordem democrática em ascensão, como seria dever seu caso tal fosse parte efetiva ou essencial da instituição Cristã (Jamais foi e não o é!). Não cessaram todavia de denunciar, um após o outro e em maior ou menor medida, as mazelas sociais e econômicas, localizando-as em seu devido lugar: O modelo de produção e distribuição vigentes. Funcionassem eles mecanicamente segundo o esquema Liberal economicista, ociosas seriam as advertências sucessivas dos papas romanos... Como se vê, ao contrário do que alegam os neo 'romanos' (Católicos...) liberais economicistas, temos aqui um sistema muito imperfeito e precário. Impossível ler com atenção e honestidade tais documentos sem percebe-lo... Por isso a postura desse neo romanos americanizados ou protestantizados me parece bem pouco reverente.

Alias direi aos liberais economicistas de Roma o que já tive ocasião de dizer aos nossos liberais economicistas ortodoxos a propósito da doutrina muito positivista (No fundo materialista) da auto regulação (Até as demonstrações puramente matemáticas e objetivas de Pareto) face as exigências categóricas da nossa tradição multi secular. Inútil seria aos papas romanos bem como a nossos Patriarcas, Bispos e clérigos discorrer sobre o tema caso aceitassem servilmente os falsos dogmas do positivismo mecanicista, assim a auto regulação e o caráter a parte, objetivo ou fechado da economia. Em que pese os erros periféricos cometidos pelo clero ou pela Cristandade, aqui presta ela imenso serviço a toda humanidade, pelo simples fato de apresentar a econômica como atividade humana que é.

É o liberalismo econômico, por todas as suas injunções filosóficas e metafísicas tão anti Cristão quanto o Comunismo, o Nazismo, o Fascismo ou o Anarquismo, de não há como atenua-lo. Antes dos Socialismos foi e é naturalista e impenetrável a qualquer sentido espiritual ou divino que reporte a Ética. Antes dos demais foi materialista e matriz de todos os materialismos, acima de tudo foi e é cria do protestantismo com o qual forma uma unidade cultural em termos de solidariedade doutrinária.

Esse é o primeiro grupo que temos enquistado em nosso Cristianismo e que nos obriga a encarar os socialismos com a devida humildade. Desde que há Cristãos economicistas ou capitalistas no organismo Cristão temos de fato um câncer ou uma chaga putrefata. E até que expurguemos essa chaga do corpo de Cristo estamos todos mais ou menos em pecado. Enquanto fazemos vistas grossas ou toleramos essa apostasia pecamos contra o Evangelho. Pois não se pode conectar o materialismo ou o positivismo a pura palavra de Cristo sem profana-la.

Desde que acolhemos esta Hidra ou serpe venenosa entre nós tornamos nosso Cristianismo detestável a toda gente boa e verdadeiramente nobre. 

Pois Jesus jamais nos mandou amar e suportar inimigos sociais numa sociedade Cristã por serem inimigos da Sociedade Cristãs.

De fato coisa horrenda é o que temos já há tanto tempo e que tentamos ocultar falseando o mandamento de Deus.

Essa situação a que chamamos 'Luta de classes' a qual os descrentes desejam alimentar e aprofundar enquanto que os cristãos hipócritas e fingidos tentam negar ou dissimular.

Tal era a situação, por exemplo, da Sociedade grega, cindida entre oligarcas e demagogos; assim da romana. O que por sinal chocava já os filósofos mais excelentes, adeptos do humanismo.

Agora como tolerar que um tal estado de coisas se reproduza na instituição Cristã contando o apoio ou a omissão daqueles que os Atos dos Apóstolos descrevem como formando uma só família e cuidando uns dos outro?

Fica muito mais fácil e confortável negar os fatos ou distorcer a Lei de Jesus Cristo.

E distorce-se a Lei de Jesus Cristo ensinando que uma tal situação deve ser tolerada ou desejada (O que de algum modo implica na ímpia doutrina da Graça fraca de Lutero ou de Agostinho!). Que o pobre deva tolerar e respeitar o rico. Que o dominado deva estimar seu dominador. Que o oprimido deva ter afeto para com seu opressor... Mas quem teve a iniciativa de colocar uma doutrina tão ímpia e sacrílega nos lábios do divino Mestre Jesus?

Quer dizer então que deve o Cristão odiar os Ricos?

Quer dizer que não deve a Igreja tolerar os ricos. Que não deve permitir que hajam milionários egoístas em seu seio. Que não deve santificar por quaisquer vias o acúmulo exagerado de bens materiais. Que não pode fazer vista grossa as grandes fortunas.

Deve a Igreja cumprir com seu grave dever, primeiro advertindo e exortando todos os fiéis a levarem vida sóbria e equilibrada segundo o padrão da fraternidade. Não ouvidas as advertências daquela que é mãe devem os milionários, os poderosos e os ideólogos seus defensores ser denunciados nos púlpitos e em seguida excomungados. É isto que a autoridade eclesiástica, é isto que os Bispos, sucessores dos apóstolos, e guardiães da Tradição imaculada, deveriam fazer e tal é seu dever: Por fora da Igreja e desassociar todos os opressores, exploradores, avarentos, etc recusar-lhes o acesso aos divinos mistérios, negar o Batismo a sua descendência, colocar suas esposas sob vigilância ou Penitência, etc Pois isto é cumprir com o dever, acabando com essa vergonhosa divisão de classes entre os batizados

Absurdo solicitar o Cristianismo a seus filhos que se deixem tosquiar pacificamente pelos lobos, ficando alias tributários de seus tosquiadores quanto o amor. 

Amar os inimigos aqui só pode ser compreendido quanto a nossos inimigos ou desafetos pessoais - Que vivem sob a lei de Cristo ou ignoram-nos. De modo algum os falsos Cristãos que odiando e oprimindo o conjunto do povo fogem a norma e regra do Evangelho. E a Lei do Evangelho é clara: Rico algum entrará no Reino de Deus, tal e qual corda que não passa por fundo de agulha. Portanto não podem os avarentos e exploradores ter espaço e menos palavra na Igreja. Nem deve a Igreja executar os propósitos deles ou servi-los.

Cristão segundo o Evangelho, é sinônimo de obediente ou submisso. 

É portanto tarefa e missão histórica da Igreja por fim a esse estado de coisas digno apenas de gentios e materialistas, assim do conflito social. E por fim na questão aqui significa cortar o lado mais forte da corda, condenando, denunciando, excomungando e anatematizando os incrédulos, egoístas e injustos que oprimem seus irmãos ou ignoram-nos ao invés de beneficia-los acumulando tesouros espirituais no Reino Celestial de Jesus Cristo.

Não é ao pobre, ao oprimido, ao injustiçado, ao aflito, ao angustiado, ao explorado, etc que deve a Cristandade pedir amor, tolerância, compreensão, paz, etc A missão da Igreja outra não é que condenar a opressão, a avareza, a injustiça, etc Advertindo aos ricos para que se emendem e convertam, ou punindo-os com todo rigor de sua lei. Punindo, castigando e erradicando a fonte do mal. Que se corte o mal pela raiz, aniquilando o pecado da avareza, tal e qual fez a seu tempo Antonio e Pádua e antes deles Basílio, Crisóstomo, Astério, etc

Caso solicitem eles justificação, lhes seja dada esta: "Não junteis tesouros neste mundo." e "Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro?" - Percebem que Deus opõem o dinheiro a si mesmo? Dais ou não dais crédito a Deus? 

Evidentemente que os liberais, os conservadores e demais lacaios do sistema não dão mínimo credo ao Evangelho, caindo na lenga lenga protestante das interpretações ou comentários... e indo pela senda da incredulidade ou da dúvida. 

Amar devemos amar nossos inimigos pessoais, apesar de suas imperfeições, vícios e defeitos. Não alias pelo que são, mas pela esperança do que possam vir a ser. Amamos os que buscam prejudicar-nos porque acreditamos que possam vir a mudar. Amamos os maus por sabermos que podem cessar de ser maus. 

Outro o caso dos inimigos do povo - Os quais buscam fazer mal a criança, ao idoso, ao deficiente, a mulher, ao negro, ao índio, etc - enquanto grupo, assim os ímpios e avarentos; aos quais é dever dar combate. 

Nem podem eles ter voz na assembléia de Cristo que é a Igreja, nem podem governar a sociedade democrática; mas ser denunciados e contidos pelos bons. 

Devem portanto os filhos mais leais da Igreja e pupilos do Evangelho, inspirados por princípios e valores humanitários, servir-se da estrutura democrática com o objetivo instaurar uma ordem social mais humana, justa e solidária, noutra palavra: Fraterna. 

Quanto mais for a sociedade autenticamente Cristã, fiel aos princípios da Igreja e tanto mais convirá a Sociedade dos homens um regime cada vez mais democrático até a democracia direta. De fato há muito que somos, não por esta democracia meramente formal e de origem burguesa, e sim pela democracia grega i é pela policracia. Já disse que vamos pelo caminho oposto ao autoritarismo dos totalitários sejam comunistas, nazistas ou fascistas, como vamos pelo caminho oposto ao dos anarquistas, pois acreditamos no insercionismo i é em reformas institucionais capazes de ampliar nossa democracia por dentro. Nem autoritarismo totalitário ou negação das liberdades, nem iconoclasmo radical e sectário. Nós acreditamos na conquista da Escola, do Parlamento, do Laboratório, do Sindicato por um protocolo ético preparado e reforçado pela educação i é pela tomada de consciência. Acreditamos portanto num processo evolutivo que sem negar o possível emprego circunstancial da violência e duma violência controlada, é impulsionado pela formação.

Tal a questão dos liberais infiltrados na Igreja de Cristo por obra e desgraça da cultura protestante com seu veneno individualista, assim da manobra ecumênica. 

Outro o caso dos Cristãos leais, honestos e conscientes que aspiram modificar a realidade social, e alterar a estrutura das coisas segundo o modelo estabelecido pelo Evangelho de Cristo, padrão das coisas eternas e celestiais - Infelizmente, como veremos, eles não estão de acordo a respeito do método ou de como tais transformações serão efetuadas, pois já o ideal revolucionário infiltrou-se também ele no corpo da Igreja e no seio da Cristandade.

Ora, como julgamos e condenamos o liberalismo econômico e toda ganga ideológica que o acompanha em nome do Evangelho e da Tradição, assim temos de julgar o que chamam de Revolucionismo. 

Continua.









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