Mencionaram as batatas ou las papas.
Pois é manifesto que sejam bastante nutritivas.
Para quem não sabe é a batata de origem americana. Quer dizer isto que não fazia parte da dietas dos egípcios, mesopotâmicos (Sumérios, assírios, babilônicos, etc), persas, gregos, romanos, indianos, chineses, etc Não, para eles nada de batatas...
E temos diante de nós um tubérculo tão americano quanto o tomate, o milho, o cacau (Chocolate), o amendoim e a mandioca, os quais, a exceção da última tampouco são tubérculos.
Nada mais estranho terem o macarrão, da China; se unido a um molho feito com os tomates do Novo mundo, na Itália.
Geografia e cultura teem dessas...
No entanto o tomate, antes de virar molho, lá pelos idos do século XVIII, debutou como um fruto destinado apenas e tão somente a enfeitar o ambiente e não a ser consumido. O mesmo deu-se com as batatas, as quais por mais de século foram cultivadas por causa de suas flores. Isto porque tanto as folhas do tomateiro quanto as folhas da batata passam por venenosas, embora o sumo da batata, topicamente usado, sirva como anestésico.
Todavia quando a fome apertou tiveram os europeus de se servirem do tubérculo andino. O qual além de ter salvo milhares de irlandeses no começo do século XIX, incorporou-se muito rapidamente a cultura gastronômica de diversos países como a Suécia, a Dinamarca, a Inglaterra, França, Portugal, Espanha... a ponto de aqui ser consumida com arrenque e manteiga, ali compor o delicioso molho Rouille e mais além fazer parte da tradicional bacalhoada.
A impressão é que a batata faça parte do cardápio europeu há milênios, quando foi incorporada há apenas alguns poucos séculos, após ter atravessado o Atlântico.
Tal o roteiro da batata.
Comedores de batata são mais os peruanos que os irlandeses, posto que na Irlanda não há 3.200 variedades de batatas além do magnífico chuño, o qual não encontramos deste lado dos andes e menos ainda no velho mundo.
Enfim vamos as batatas, ao vencedor as batatas -
De fato as batatas pouca diferença sabem quanto os demais vegetais, embora sejam de fato mais saborosas que o comum. No entanto a maior parte das pessoas costumam aprimorar ainda mais o sabor desse tubérculo servindo-o frito ou em forma de purê - E em nossa cultura batata já é sinônimo de fritura ou purê.
O problema da fritura é simples: Rende pouco, saindo cara e é, caso seja consumida frequentemente, insalubre ou prejudicial a saúde, pelo que temos dois embaraços: Um econômico e outro dietético.
O purê de batatas, penso eu, é um dos grandes trunfos do vegetarianismo contra o veganismo. Pois essa combinação de batata, manteiga, leite e por vezes queijo ralado e cheiros, além de ser extremamente apetitosa e nutritiva, rende. Tornando-se um dos poucos pratos capazes de de fato concorrer com a carne e de substitui-la. Adicione alguns cogumelos ou pimentos refogados a um bom purê de batata, associe ao arroz e ao feijão e a refeição completa esta pronta, e sequer os frutos do mar fazem falta.
Os veganos no entanto não podem contar com ele por recusarem-se a consumir manteiga, leite e queijo, e ovos; pois o purê e eventualmente - Para quem tem condições medianas - a batata frita com uns ovos mexidos, estralados ou omeletados (sic), é outro prato completo e saboroso.
A batata se frita ou sob a forma de purê transcende a simples batata cozida.
Como o quilo da batata sai atualmente por uns cinco ou seis reais, fica pela metade caso comparada com os cortês de frango ou o franco processado.
Basta portanto reduzir o número da população e melhorar a condição social dos operários para então preconizar a substituição da carne vermelha pelo purê e pela batata frita.
Temos aqui, nas batatas, um princípio de realismo, não para o veganismo mas certamente para o vegetarianismo aberto ou suave e para a dieta ética.
Pois como disse esse tubérculo versátil sempre que combinado com ovos, queijo, natas ou leite surpreende.
Ponho minhas esperanças nas batatas. Ponto pacífico.
Outra a questão de quem insiste em consumir carne e sente dores na consciência, solicitando uma solução, tipo: Como comer carne sem cometer assassinato ou crime.
Após ter refletido por anos a fio sobre o problema e ter ouvido sucessivamente a carga da crítica, as vezes não tão respeitosa, creio estar a altura de responder a tão grave questão.
Quem deseja consumir a carne e pagar tributo ao sabor sem violar a consciência e sentir-se culpado - Pois é, insisto questão de Ética apenas e não de dieta! - que consuma a carne dos animais após terem morrido naturalmente, seja de doença ou de velhice.
É a única solução mas é uma solução e satisfaz rigorosamente uma demanda que procede da consciência sem jamais molestar a saúde.
Disse sem molestar a saúde porque a primeira e costumeira objeção que ouvimos ao propor aos carnívoros o consumo de animais não assassinados é que faria mal a nossa saúde.
Portanto para que se saiba que podemos ser carnívoros e éticos, o que por muitos é tido como utópico ou ilusório, vou impugnar essa objeção falaciosa.
Para facilitar o entendimento do leitor vamos dividir a matéria e abordar parte por parte.
01) Imaginemos um mundo em que criemos as galinhas apenas para produzir ovos.
02) Mesmo que não nos quiséssemos, por medo, servir-nos da carne de animais que tenham morrido por qualquer tipo de moléstia ou enfermidade, animais há que morrem naturalmente, de velhice ou por sincope cardíaca e animais que sofrem acidentes. Ora as carnes destes últimos, em tese, não oferecem risco algum ao consumidor humano.
03) Já quanto aos animais que tenham morrido vitimados por qualquer enfermidade - Ao menos quanto a maior parte delas! - também suas carnes poderiam ser consumidas bastando para tanto que não fossem comidas cruas, ou mal passadas mas muito bem cozidas.
Não, não estou contando lorota. Mesmo as carnes de animais vitimados pela ampla maioria das doenças conhecidas poderiam ser aproveitadas caso estivessem de fato mortas i é muito bem assadas ou cozidas. Porquanto, e tornamos a questão já posta pelo vegetarianismo e pelo veganismo, não é a carne absolutamente venenosa ou prejudicial mas apenas relativamente prejudicial, quando preparada erradamente. E vegetais há que não transcendem a regra: Jamais coma mandioca brava, folhas de mandioca (Maniçoba), folhas de tomate, caruru, etc sem aferventar diversas vezes ou cozer, pois crus são nefastos, mas cozidos tornam-se nutritivos. Conclusão: O problema da carne é o preparo e o consumo da carne crua ou mal passado sempre arriscado. Já o consumo da carne bem assada ou cozida é sempre seguro ou inócuo, mesmo quando os animais tenham sido vitimados por algum tipo de enfermidade.
- Devo porém, quanto a este assunto fazer uma séria advertência.
O quanto acima escrevi vale para as aves e suínos de modo geral - Caso alguém deseje adquirir para consumo o cadáver de algum desses animais com um produtor. Pois aves e suínos não desenvolvem a fatídica doença da Vaca louca ou de Creutzfeldt Jakob. Outro o caso dos ovinos e caprinos, cujo consumo da carne oriunda de um animal vitimado pela enfermidade ou pela velhice só seria seguro em condições orgânicas, uma vez que o trato intensivo em que porventura entrasse ração contaminada por prions sempre poderia contamina-los.
É por isso que não se pode consumir a carne bovina mesmo bem cozida ou bem assada, pois os príons são indissolúveis e inumes mesmo a altas temperaturas.
O que queremos dizer é que a carne bovina apenas não deveria ser consumida de qualquer forma, seja de animais abatidos ou vitimados por alguma doença, seja crua, mal passada, assada ou bem cozida. Pois a doença da vaca louca continua sendo sempre transmissível, sem que haja qualquer maneira de evita-la, exceto é claro a recusa em consumir esse determinado tipo de carne, tendo em conta o risco, que os grandes produtores classificam como uma espécie de loteria invertida. De fato aqueles que desenvolverão, por quaisquer vias, a doença da vaca louca em nosso pais não passaram de algumas centenas ao cabo de alguns anos. O que para muitos é reconfortante, pois podem consumir confortavelmente seu bife sem maiores problemas. No entanto tanto a loteria da sorte quanto a do azar tem seus contemplados e tenho certeza que a maior parte das pessoas, se bem informadas sobre essa terrível moléstia, prefeririam não correr o risco.
Repito e pontuo, caso a doença de Creutzfeldt Jacob fosse melhor conhecida em todos os sentidos esse grande e lucrativo setor do agro negócio, representado pela produção da carne bovina, sofreria um grande baque.
A maior parte de nós sabe que a doença da Vaca Louca existe e que é transmitida pelo consumo de carne bovina, sem que haja qualquer meio seguro com que evita-la. É uma doença latente, que fica latente no animal por muito tempo. Bem podendo ser ele abatido e consumido antes de manifestar os sintomas - Simples assim.
No entanto a maior parte dos que sabem algo sobre a doença priônica não sabem tudo ou não sabem o que deveriam saber, e é está uma ignorância que não apenas mata mas que faz sofre intensamente. Não é o caso do infarte que te fulmina, não, nada disto, aqui o buraco é bem mais embaixo. Portanto informem-se.
Todavia para que cheguemos ao fundo do abismo devemos dizer que mesmo os relativamente bem informados sobre a existência e características da doença da vaca louca, acreditam erroneamente (Por isso se sentem seguros e continuam consumindo a carne bovina!) no quanto disse eu ser válido para a maior parte das doenças que porventura vitimem um animal i é que basta assar ou cozinhar muito bem a carne para impedir a contaminação pelos príons.
Afinal não é assim com a solitária e a cisticercose?
Sim, mas não com a doença da Vaca louca.
Daí repetir eu o que acima já registrei: Os príons são indissolúveis e invulneráveis as mais altas temperaturas. Portanto não há como evitar essa doença ou considerar-se seguro enquanto se consome a carne bovina. Por mais que você a cozinhe permanecerá contaminada e nefasta.
Portanto o consumo da carne bovina - E não da carne vermelha - é sempre inseguro e arriscado.
Claro que correr ou não o risco ou expor-se é sempre consideração de ordem pessoal.
São no entanto decisões que devem ser avaliadas a luz dos fatos.
Resta dizer que não há evidência alguma de que o leite e seus derivados transmitam a horrenda moléstia.
É portanto questão que circunscreve-se a carne bovina cozida ou não.
04) No caso das demais carnes ou das carnes seguras, equina, suína, ovina, caprina e aviária além do cozimento tornar seguro o consumo dos animais vitimados pela idade, por moléstia ou por possíveis acidentes, caso as pessoas sintam-se porventura amedrontadas sempre poderiam demandar dos cientistas uma solução para o problema e não é para duvidar que a Ciência lograsse desenvolver técnicas ou insumos capazes de tornar essa carne absolutamente segura. Basta que a ConsCIÊNCIA das pessoas o demanda-se de forma peremptória a CIÊNCIA. Basta que a Sociedade o exigisse, como uma espécie de meta. Nada que a Ciência não poderia fazer caso quisesse e se não o faz é apenas porque nós humanos, continuamos a assassinar os demais mamíferos e a justifica-lo miseravelmente por meio de sofismas. Nada faz a ciência porque nos conformamos em matar, porque negamos o crime. Tudo, como já tivemos ocasião de observar, porque podemos e queremos, devido a nossa insensibilidade.
Daí a ciência, que jamais nos dará pingo de consciência, continuar servindo, como lacaia, o carnivorismo assassino.
Claro que toda essa questão em torno do consumo de animais mortos por obra da enfermidade ou da velhice, como era comumente praticado pelos pobres da Idade Média no caso das vacas leiteiras ou das galinhas poedeiras, continuam girando - Como paliativo que é - em torno de outros problemas e pautas como a contenção da natalidade e do crescimento populacional, a implementação da justiça social (Com a atribuição de uma pedaço de terra a cada pessoa ou família.) e a produção de vegetais e animais saudáveis, ou seja, orgânicos, para consumo próprio; assim a instrução e as técnicas de preparo. Por isso temos diante de nós todo um mundo a ser considerado.
Porém quanto a este problema - Que para mim pouco significa mas que para muitos é crucial. - da justiça, da compaixão, da consciência e da vontade de consumir a carne vermelha ou a carne das aves, oferecemos uma solução bastante realista: A exceção da carne bovina, cujo consumo deve ser urgentemente abandonado devido a doença da Vaca louca! - os que possuam um sitiozinho lá com seus animais criados num ambiente saudável sempre poderão consumi-los depois de terem morrido, bastando para tanto prepara-los com o devido rigor, i é cozinhando-os ou assando-os muito bem. Aos que não se sentem seguros e continuam a comer a carne bovino considerem o perigo da doença priônica, e pressionem a ciência para que seus dignos representantes empenhem-se em descontaminar tais carnes, tornando-as inócuas e seguras. Julgo que tal solução corresponda ao único caminho possível para um carnivorismo ético. Afinal não adianta ficar batendo doentiamente na tecla da Ética e sem seguida trai-la de modo tão leviano, adotando o padrão da força e minimizando nossas ações criminosas ou irrefletidas. Deve a Ética ser integral e direcionada a todos os seres de modo a contagiar a humanidade como um todo e restaura-la em seus fundamentos.
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