domingo, 18 de julho de 2021

O Karma ou a roda do Comunismo, de Marx e de Sorel...

Sabido é que mantenho franco diálogo com representantes de pensamento, isto a ponto de ter assistido, como convidado de honra e observador, a todo tipo de reuniões ideológicas. Tenho os ouvidos abertos a todos pois gosto de conhecer ou de aprender e não apenas por meio dos livros, embora eles também ajudem muito, especialmente quando vamos as fontes primárias ou aos autores e suas obras. Alias só não atendi aos convites dos maçons e não as reuniões a que fui convidado porque não me interesso pelo que seja oculto, mas apenas pelo que é público. 

Por isso quando mais moço fui as reuniões dos comunistas, os quais alegavam - Alguns quiçá sinceramente, e outros por bravata. - se terem conciliado com o pensamento democrático e superado o paradigma da Revolução violenta. Observei tudo muito atentamente e não tardei a perceber a terrível contradição existente entre o pensamento de Lênin e o pensamento de Marx e Sorel, mesmo quando Lênin tenha tomado seu éthos revolucionário a Marx e seu método a Sorel. Sucede no entanto que por questões de princípios e coerência lógica Marx e Sorel eram etapistas, julgando que a Revolução seria acionada pelo máximo desenvolvimento do modo capitalista de produção, assim na Inglaterra, na Alemanha ou nos EUA, jamais na Rússia, quase feudal e eminentemente agrária do Czar. 

Posto está que numa Rússia agrária e feudal Lênin não esperou pelo kairós assinalado por seu guru mas ousou agir sem esperar pelo momento histórico e cuidou poder fazer avançar o processo histórico, e agindo assim inverteu e subverteu o marxismo, enquanto esquema dado e modelo pronto, antepondo a Revolução ao desenvolvimento das forças de produção que deveriam aciona-la e transplantando o desenvolvimento das forças de produção capitalistas para depois da Revolução soviética. 

É portanto, perfeitamente natural e compreensível, que a decisão de Lênin e o sucesso da Revolução tenham planteado aos revolucionários bolcheviques toda uma série de problemas jamais imaginados por Marx, Engels ou Sorel, o quais haviam imaginado outro esquema ou outra realidade. Tais problemas a seu tempo receberam distintas respostas por parte dos pensadores comunistas russos, do que resultou a fragmentação, o sectarismo, o conflito e a confusão - Até Trotzky, Preobrajenski, Bukharin, etc ninguém sabia ao certo como lidar com aquela realidade a parte do esquema.

Basta dizer que parte dos Comunistas, e começaremos a crônica da loucura por aqui, eram favoráveis a promover o desenvolvimento das forças de produção nos termos capitalistas ou liberais, enquanto outros propunham a industrialização forçada do campo quase que nos mesmos termos, e por ai adiante.

Claro que outros tantos comunistas ficavam chocados diante de tais propostas e no entanto eram elas coerentes e partiam do etapismo marxista. 

Faço agora uma pausa e torno a minha experiência com os comunistas.

Vez por outra tive ocasião de em alguns autores apostólicos romanos - Quem sequer pertenciam a teologia da libertação, sendo quase todos anteriores ao Vaticano II - (Alguns padres inclusive.) que apesar de seus vícios e erros possuía o comunismo uma vantagem face ao liberalismo econômico ou o capitalismo, e era esta vantagem um sincero desejo de resgatar o homem da opressão (Um certo humanismo), certa compaixão pelos oprimidos e um sentido de justiça social... Após ter convivido com os comunistas de hoje e buscado conhece-los não mais posso corroborar esta premissa humanista... Após ter lido as "Reflexões sobre a violência" de Sorel devo confessar que ao menos parte dos comunistas não partilham de tais princípios. Marque isto leitor amigo!

Todavia antes de tornar ao marxismo para confrontar os marxistas fortes e coerentes, devo dizer duas palavrinhas sobre o anarquismo e declarar que sua condição é muito pior, posto que ao veneno materialista mecanicista juntam um psicologismo mais forte, um iconoclasmo mais amplo e certa doze de individualismo (O que faz dele uma ideologia muito mais virulenta.) O Comunista coerente, após percorrido o caminho, aspira derrubar o modelo econômico atual que ajudou a desenvolver-se, certo de que a estrutura cairá por si mesma. Enquanto o anarquista tudo aspira derrubar e destruir junto com o modelo econômico sem aguardar qualquer transformação orgânica. 

Quando passei a conviver com os comunistas - Como convivi com os fascistas, com os anarquistas e até (Pasme leitor!) com os protestantes (Pois meu irmão e eu fomos observadores num curso de Teologia protestante.) - algo chamou de imediato minha atenção, o famoso grupo do 'Quanto pior melhor', amiguinhos do DEM ou do antigo PFL e do PSDB, que pretendem assistir impassíveis ou melhor complacentemente a marcha do capitalismo e seu fortalecimento no Brasil. Parte dos quais não apenas nutrem um ódio feroz contra aqueles que por meio de reformas procuram atenuar ou conter o capitalismo como chegam a unir-se frequentemente com os janízaros do capital contra os socialistas parlamentares ou sociais democratas.

Na primeira reunião deles que assisti chamei um desses srs a parte e pus-me a solicitar suas razões, motivos, etc Ele no entanto não soube ou não quis responder-me. Posteriormente outro deles, este leitor compulsivo dos teóricos (O que não é comum entre eles!) polemizou com meu irmão alegando que os socialistas parlamentares, sociais democratas e reformistas eram os inimigos por excelência, traidores e apostatas por haverem abdicado do ideal revolucionário e dos meios porque seria ele atingido: O livre desenvolvimento do Capitalismo ou do modo de produção burguês, o qual de modo algum deveriam ser atalhado ou combatido, já porque continha em si mesmo os germes de sua destruição. 

Contendo ou suavizando o capitalismo por meio de reformas políticas inspiradas por uma Ética humanista o quanto fazíamos era conter o fluxo da História e postergar a Revolução. 

Lembrava-me disto e sabia o sentido mas não havia aquilatado a malignidade intrínseca. 

Até o dia em que lí, e a leitura é recente, as "Reflexões sobre a violência" de G Sorel, o qual, quanto a isto, é marxista ortodoxo e mais exaltado que os próprios comunistas.

Pois nada equivale a testemunhar um teórico do Escola referendando com suas palavras tudo quanto havíamos já havíamos intuído sem no entanto querer acreditar, por ser o que é... Mas é.

Também meu irmão, que chegou a ser anarquista ao modo de Tolstoi e Kropotkin, tendo por isso convivido com os 'ocidentais' de Bakhunin e com os libertários dos EUA (Aos quais jamais poupou severas críticas, até desvincular-se do anarquismo por causa deles.), tem se perguntado a cada dia, durante os últimos seis anos, por que os mesmos anarquistas que moveram guerra atroz a ex presidente Dilma toleraram de muito bom grado não apenas o ultra liberal canalha do Temer mas até mesmo o Bolsonaro, esse fantoche da teocracia e títere da bancada evanjéguica?

Pois é questão que se planteia e grave questão.

Por que raios os comunistas aderiram a aliança liberal contra esse mesmo Vargas que de bom ou mau grado reconheceu os direitos dos trabalhadores? Por que na Espanha foram contra Franco, em Portugal contra Salazar, na Argentina contra Peron e na França contra De Gaulle quando todos estes eram combatidos pelos liberais economicistas? Por amor ao política liberal ou as instituições democráticas? Pera lá - Não são os comunistas inimigos inconciliáveis da democracia burguesa e da política parlamentar, partidários da Ditadura do proletariado e do liberalismo moral ou pessoal? Então por que raios se uniram a oposição capitalista em todos esses países? Qual o segredo de tostines?

Sabido é que parte desses ditadores, tal e qual Hitler e Mussolini, foram alçados ao poder num cenário político formalmente democrático pelas massas lançadas numa situação de extrema penúria e angústia, pois haviam captado os anseios imediatos das massas e acenado com reformas destinadas a conter o espírito do capitalismo em ascensão. O que de modo algum havia ocorrido aos comunistas e anarquistas, os quais tentaram em vão conquistar os trabalhadores ( E de fato não pouparam e não poupam esforços para isso.) e mesmo camponeses com suas propostas abstratas e futurescas na direção de uma metafísica revolucionária, insistindo na preparação da Revolução futura. O bom povo no entanto, sejam funcionários públicos, camponeses ou mesmo a maior parte do que chamam de proletariado, jamais se interessou pela tal mudança cósmica futura. E mesmo na Rússia eles só conquistaram a adesão dos camponeses e obtiveram a vitória acenando com a Reforma Agrária.

Quanto aos países protestantes - Onde Marx e Sorel, péssimos conhecedores da cultura, imaginavam explodir a tal Revolução - um ideal funesto imposto pelos pastores tem resistido a todas as forças produtivas por mais de século e meio...

Os nossos no entanto, a suportar a indignidade imposta por um capitalismo plenamente consciente e imperioso, preferiram cair nas garras dos ditadores e demagogos que lhes acenavam com reformas.

Naturalmente que os janízaros do capital denunciaram-nos e combateram-nos desde o princípio, alegando motivações democráticas, quando as verdadeiras motivações eram econômicas: Manter a auto regulação ou as imunidades do capitalismo, e fugir as odiosas reformas. O quanto eles desejavam era manter o trabalhador como vil escravo e é de fato chocante que a proposta de uma emancipação sumária tenha partido de ditadores, porém tal se deu em todos os países citados. São fatos - Que fazer? Assim o é ou foi.

Agora por que raios os revolucionários comunistas fizeram pacto de aliança com os tais Capitalistas e burgueses se não comungavam do valor comum em torno da democracia formal? Alguém me pode dar uma resposta satisfatória? 

A partir de Sorel, interprete fiel do sr Marx posso da-la eu.

Justamente por que os tais ditadores odiosos eram tão reformistas quanto os socialistas parlamentares e a sra Dilma Roussef. E basta ser reformista ou pensar conter o capitalismo para exasperar todos os revolucionários sejam comunistas ou anarquistas. Pois foge a seu esquema etapista, segundo o qual cumpre ao capitalismo desenvolver ao máximo suas forças, aprofundar a luta ou conflito social, inspirar ódio mortal ao proletariado e acionar a desejada revolução, não havendo outra via de acesso, passagem ou caminho.

É o desenvolvimento modo de produção burguês que criará as condições para a Revolução comunista, é ele que nos conduzirá a ela, é ele que a deflagrará. 

Sociólogos humanitários, clérigos justicionistas, socialistas parlamentares, democratas reformistas, ditadores sagazes, sindicalistas imediatistas, etc são todos e efetivamente todos adversários da Revolução na medida em que tentam conter ou fazer recuar o poder do grande capital ou amenizar as mazelas produzidas por ele. Para que surja a revolução a tensão deve agravar-se e não diminuir. 

Perceba, para o comunista leal, para o marxista coerente e para o materialista compenetrado, tais grupos só podem ser vistos como perniciosos e odiosos em máximo grau, pois são os traidores que repudiam formalmente os ensinos de Marx e Engels e que fazem abortar o grande dia. O reacionário portanto, aquele que sonha com uma sociedade economicamente equilibrada ou com a extensão das classes médias, com a estabilidade e com a paz social, é o inimigo por excelência, o proscrito, o maldito.

Quem sabe por que os comunistas maravilhosos se opuseram a Vargas não tardará a intuir porque os anarquistas que combateram Dilma não se empenham em combater seus sucessores. Dilma era a inimiga, assim Lula, posto que uns e outros pretenderam conter a fúria capitalista ou liberal por meio de reformas, i é, porque eram reformistas. Dilma e Lula eram e são ameaças concretas ao destino da sociedade brasileira pelo simples fato de terem buscado a justiça social e aliviado a situação de milhões e milhões de criaturas humanas. No entanto se o preço pago pela promoção humana e pela justiça social é postergar a gloriosa ruptura chamada revolução é um preço demasiado caro - Ferre-se a justiça e vá as favas a promoção humana, pois o que importa é o 'ideal' ou projeto futuresco de Revolução.

É Sorel quem o diz e em alto e bom som: O Verdadeiro revolucionário seja comunista ou anarquista não cogita em Justiça, conceito subjetivo e embaralhado sem maior conteúdo ou valor (Aqui Litreé, Ayer e outros positivistas concordam.). Tampouco (Sendo ateísta.) considera ele algo a semelhança de uma lei natural ou em termos de essencialidade, o que serve unicamente aos poderosos (Aqui mostra ele imensa ignorância em termos de História já quanto o socratismo grego, já quanto o Cristianismo antigo.). Ademais o Revolucionário nada busca de imediato, nem mesmo aliviar os sofrimentos, dores, e angústia dos trabalhadores, mas apenas a Revolução futura, a qual absorve todos os seus cuidados...

Portanto o que dizem alguns Cristãos e padres sobre a busca dos comunistas pela justiça social e dos anarquistas quanto aliviar o sofrimento humano, pode até ser válido por parte de alguns deles - Mormente quanto aos que procedem do papismo, da ortodoxia, do espiritismo, do judaísmo ortodoxo, do budismo, etc e que mantém os valores recebidos ou a cultura (Mesmo caso dos ateus não marxistas ou anarquistas.) - mas não quanto a totalidade deles, especialmente quanto a parcela que nasceu e foi educada no sistema, estando familiarizada com os ensinamentos de Marx e chegado a introjeta-los. Caso sejam coerentes eles chegarão a doutrina do 'Quanto pior melhor'.

Posso pensar ou imaginar algo semelhante a tal padrão de pensamento, materialista, evolucionista, linear e mecanicista?

Sim posso e de fato existe um sistema religioso bastante parecido nos confins do Oriente.

Compreendo que parte do espiritismo kardecista tenha se esforçado, a luz do Evangelho a separar o veículo instrumental da reencarnação da doutrina metafísica do Karma. Por isso parte majoritária dos espíritas preconizam a prática fervorosa das boas obras. Ocorre-me no entanto, ao folhear certo livro doutrinário de origem espírita, em que o autor atribui esse zelo pelas 'imoderado' por boas obras a cultura 'católica' ou melhor apostólica romana, prevalecente no Brasil. Advertindo que a doutrina do Karma considera que é sempre melhor não beneficiar o outro, pois o benefício aparente equivale na verdade a um estorvo.

Advirto mais uma vez que a maior parte dos espíritas não compactuam com tal juízo extremado, buscando manter a doutrina da reencarnação, sem no entanto apresentar a doutrina do Karma como uma roda inexorável ou samsara. Por isso mesmo os espiritas que de algum modo referem ao Karma e buscam exercer a caridade são frequentemente apresentados como incoerentes não apenas pelos papistas e ortodoxos mas até mesmo pelos protestantes. Situação delicada.

Outro o caso do hinduísmo. O qual não se tendo deixado influenciar pelo Evangelho ou pelo Cristianismo, além de carregar o conceito de Karma ou samsara aduziu uma série de postulados éticos ou morais que consideraríamos aberrantes.

Se no marxismo temos uma metafísica materialista e determinista mecanicista no hinduísmo temos uma metafísica espiritualista ou espiritual igualmente determinista mecanicista, a qual face a dor e ao sofrimento leva as mesmas e exatas conclusões: A inação, a não interferência ou a omissão, enfim a uma insensibilidade monstruosa.

Não, não exageramos ao comparar a metafísica marxista com a metafísica hindu, posto que são ambas deterministas, mecanicistas e etapistas.

O princípio do Marxismo já expusemos tanto neste artigo como no anterior, sobre as correntes sociológicas. O princípio do hinduísmo ou da samsara fundamenta-se na crença de que todo e qualquer sofrimento porque passe o homem no curso desta vida é resultado de algum crime ou pecado cometido da vida precedente. Afinal reencarna o homem para fazer penitência ou pagar pelos pecados cometidos durante a existência anterior. Algo tipo a pena de Talião: Pé por pé, mão por mão, cabeça por cabeça. A conclusão é obvia: Cada sofrimento neste vida é uma oportunidade para pagar uma maldade cometida na outra e purificar-se. É o sofrimento físico o modo porque nos purificamos e nos aproximamos da perfeição. Daí a necessidade de aceitar resignadamente os sofrimentos... Tal no entanto não basta, pois na medida em que por compaixão interferimos no processo, com o objetivo de aliviar ou eliminar o sofrimento alheio estamos privando aquela pessoa de uma oportunidade para purificar-se. Portanto ao conceder-lhe um benefício imediato ou material estamos na verdade a prejudicando-a, tipo fazendo-lhe mau quanto ao plano mais elevado ou espiritual.

Por isso o hindu consciente e devoto tenderá ser indiferente aos sofrimentos humanos, já que sofrimento equivale a purificação.

A doutrina ou a teoria pode até ser bela, as consequências no entanto são monstruosas.

Perceberam como o Comunismo, sacrificando uma situação imediata, concreta ou atual de dor, tendo em vista o desenvolvimento desse sistema cruel chamado capitalismo e seu ideal metafísico e futuresco de revolução é análogo hinduísmo, posto que seu etapismo social corresponde a uma espécie de karma material ou materialista?

Os odiados e execrados reformistas ou socialistas parlamentares é que de fato se preocupam com o problema imediato, atual e concreto da injustiça social, da dominação, da exploração e do sofrimento humano. Eles é que se mostram sensíveis e comprometidos quanto a eliminar tais males agora, i é no momento presente, ao invés de recomendar aos sofredores que se conformem (Até que a Revolução estoure!) ou que tenham paciência; ou ainda que saiam lançando bombas em meio a população civil. 

Enquanto os revolucionários inumanos limitam-se a condenar qualquer tentativa no sentido de minorar as situações sociais de vulnerabilidade e angústia. 

A bem da verdade - E o leitor ficará com essa pérola ao termo deste artigo. - os meigos revolucionários (Ou Psicopatas) contam com tais situações de dor, angústia e sofrimento para exasperar ou enlouquecer (E o sofrimento de fato enlouquece.) o povo e lança-los nos braços da Revolução. Sabendo que parte das pessoas são amantes da paz ou acomodadas, por uma questão de cultura, contam esses ideólogos com o sofrimento para torna-las agressivas ou move-las a violência. É como os boiadeiros que para lançar um pobre boi num rio cheio de piranhas (O Araguaia) picam-no sem dó até que entre e seja devorado... Os anarquistas e comunistas encaram os trabalhadores como um boi de piranha, o qual deve ser picado pelo sistema capitalista até entrar no bojo da revolução...

E depois de tudo isso esses demagogos sem consciência ainda tem o desplante de virem a baila para censurar os trabalhadores e camponeses preocupados apenas com si mesmos i é com a condição dos trabalhos que realizam face a Lei ou que lutem por melhorias imediatas, ao invés de focarem na tal Revolução. 

Por isso nada é mais comum em suas reuniões e assembleias eles reclamarem que o povo ou mesmo o proletário é insensível a causa, de modo que as reuniões são formadas majoritariamente por intelectuais, professores e funcionários públicos... Quase todos oriundos das 'classes médias' que censuram e dizem odiar... - Não por proletários, pobres e muito menos camponeses. Diante disto eles se perguntam repetidamente: Por que? Por que? Que devemos fazer para atrair os trabalhadores, por quem lutamos. 

Minha Santa Simone Weill, essa boa gente jamais se colocou no lugar dum proletário ou trabalhou como um... Ideólogos lindinhos eles trabalharam quase sempre instalados em confortáveis poltronas, com ar condicionado, merenda, lanchinho, aguinha gelada (Oh odioso paraíso burguês!)... Assim o é. Agora que lhes tem a oferecer além de um roteiro metafísico cristalizado na palavra (Mágica) revolução? Nada, absolutamente nada. 

Negam que a alma sobreviva a morte do corpo ou que haja uma outra viva e ainda esperam que o trabalhador sofrido abdique do presente e viva em função do futuro.

Contam que os operários, camponeses e pobres sejam uns estúpidos ou idiotas, mas não são e a demonstração cabal é que essa mística materialista que assume a forma monstruosa de uma samsara não penetra eles. 


 

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