domingo, 29 de julho de 2018

O veredito de Henri Mann - E A C Grayling, Pinker, etc I

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Há dois autores de que muito gosto. Pelo simples fato de nada terem dito de novo, mas por terem sintetizado alguns pensamentos brilhantes.

O primeiro Henri de Man, como alardeou seu adversário Vandervelde nada disse que já não tivesse sido mais ou menos insinuado por Andler, Menger, Jaurés e Benoit Malon; cujos pontos de vista assumiu e relacionou de modo brilhante.

O segundo é A C Grayling outro grande sintetizador e brilhante analista das místicas secularizadas. De fato Grayling, como John Gray, Isaiah Berlim, Robert Nisbet e outros parece não admitir qualquer coisa de comum que possa relacionar ou unir os seres humanos. Aqui tudo é multiforme, plural e relativo; afinal tudo é humano e nada transcende o homem, e o pago por negar-mos a transcendência é a fragmentação, a dispersão e o isolamento. De fato convivemos ou vivemos juntos, mas não como pessoas, senão como Ilhas... formando um imenso formigueiro humano, onde o diálogo e o acordo tornam-se impossíveis.

Bem a crítica de Man esta voltada para o marxismo, enquanto uma compreensão superficial da realidade.

Já a crítica de Grayling dirige-se a todas as escatologias secularizadas, a começar pelo iluminismo (com sua deidade, a razão), passando pelo positivismo (com sua divindade a ciência) até chegarmos ao comunismo (com sua divindade conflito ou produção), ao fascismo (com a divindade Estado) e ao nazismo (com a divindade raça pura); e os consequentes finais paradisíacos, que no fundo refletem a velha esperança Cristã fundamentada no Sagrado ou na divindade, a qual foi sucessivamente substituída pela razão, pela ciência, pela dialética, pelo estado ou pela etnia...

Segundo Grayling cada uma destas ideologias, após a negação da fé, adotou uma padrão universalista ou absoluto que corresponde a divindade negada, ao qual vinculou o antigo conceito religioso - Sorel concordaria com o diagnóstico - de Progresso, ao fim do qual acha-se algo completamente diferente de tudo quanto conhecemos hoje i é através do processo histórico.

Estamos diante de religiosidades profanas ou de um Cristianismo secularizado, cujo Deus crucificado foi removido, mas o paraíso mantido ao fim da História, como recompensa aos engajados. S Pinker por exemplo, ainda hoje falseia a História em nome dos velhos deuses da razão e da ciência, salientando o falacioso progresso técnico, descartando o que chamamos de ideal ético e julgando ver algum progresso humano, em que pesem o capitalismo e demais culturas de morte. Este autor, que mesmo sendo ateu, materialista e positivista ousa apresentar-se como amigo da razão ( a qual sordidamente atraiçoa poluindo inclusive a Psicologia) chegou, como aventamos, a afirmar que as guerras se tem diminuído de uns tempos pra cá... Não sei a que tempos prá cá este piolho behaviorista se refere, pois o que sei como Historiador é que segundo Quincy Wrigth 'Estudo sobre a guerra' U of Chicago, 1942, dois vols p 248 sgs Houve uma clara tendência, DURANTE OS ÚLTIMOS QUATRO SÉCULOS, para que a guerra se tornasse mais dominante na vida Ocidental. Basta dizer que o século passado conheceu as duas primeiras assim chamadas GUERRAS mundiais, que envolveram grande parte dos países de então, fato único em termos de História. Teria o Dr Wrigth falseado a História? Há boas razões para crer que não e a melhor delas é que Pitirin Sorokin, confirmou, vinte anos depois, o quanto fora registrado por Wrigth a respeito do aumento progressivo das guerras e conflitos após 1800. O que nos leva a perguntar sobre em que mundo vive esse psicólogo Norte americano... Acaso poderá ignorar da mesma maneira o quanto o poder das guerras tem se tornado mais e mais devastador??? Desde Hiroshima e Nagazaky... Até as chuvas de bombas no Afeganistão, no Iraque e agora na Síria...


Temo que o romântico psicólogo yankee não tenha tido tempo para ler a magistral obra de seu conterrâneo Huntington sobre o Crash ou colpaso das civilizações... Nas quais ele vaticina o surgimento de outros tantos conflitos em torno dos recursos naturais não renováveis, que a ciência toda poderosa do sr Pinker não lograr produzir e cuja perspectiva capitalista ou progressivista sua filosofia sem Ética não logra conter, apesar das advertências de Malthus. É fato que a água esta por acabar e assim os demais recursos, que a continuarem sendo explorados como são, não durarão até 2.700... E no entanto intelectuais irresponsáveis e oportunistas como este Pinker folgam dizer que tudo esta bem e que estamos no melhor dos mundos possíveis. Apensar da extinção animal e vegetal descrita com propriedade pelo dr Urval Harari... Outro alucinado??? Isto se falarmos na miséria propriamente dita, na miséria produzida pelo sistema, a qual disseminando a ignorância e a massificação social, dissemina, no fim da linha, o fundamentalismo religioso, que o Dr Pinker quer combater com uma ciência, que por defeitos de propriedade ou uso, jamais contempla as multidões de miseráveis que quais vermes rastejam sobre a terra.
 

Gostoso falar sobre o poder redentor da ciência nos EUA, Inglaterra ou quaisquer sociedades civilizadas em que ao menos uma parcela da população tem acesso aos bens por ela propiciados. Temo que semelhante discurso não seja lá muito bem vindo nas Guianas, na Guatemala, no Gabão, no Myamar ou mesmo na Índia ou no Iraque... Para os quais a política Yankee apenas tem levado guerras, tendo em vista a obtenção de petróleo ou alguma outra riqueza natural.
 

Segundo o Dr Huntington este cenário sombrio em que a falta de água e carvão conjuga-se com o fanatismo religioso e as rivalidades étnicas - que sua ciência, Dr Pinker, não pode conter - é potencialmente explosivo e resultará, em algumas gerações, no recrudescimento da guerra.

De modo que as promessas do iluminismo e sobretudo do positivismo, reeditadas com atraso se um século por Bunge e Pinker, mostram-se completamente falaciosas. O iluminismo, traindo o ideal racional que alardea-la descambou no irracionalismo jacobinista, sendo a educação, como acentua Nisbet, substituída pelo terror! O Positivismo, sem ocupar-se com a Ética ou com os fins de uma ciência aplicada pelos homens, jamais questionou o controle de sua produção pelos donos do dinheiro e do poder, resultando disto a pavorosa primeira grande guerra...  O comunismo, o anarquismo, o fascismo e o nazismo FORAM MAIS HONESTOS, pois jamais acenaram com a paz a curto prazo, mas com a espada, aumentando ainda mais a confusão. Desde então a criatura humana pena entre as garras de tais culturas...

A solução radical apontada por Gray, Nisbet, Berlim e outros resume-se no nihilismo ôntico. Fomos enganados desde o princípio pelo ideal grego ou melhor dizendo socrático/platônico e aristotélico, fundamentado na busca por um elemento comum ou unificador que não existe. A cultura clássica ou socrática envenenou as fontes da civilização. O Cristianismo antigo ou Católico, cujo nome por si só é revelador, abraçou, assumiu e manteve este ideal unificador, agora voltado sobretudo para a ética e a fé. Devastado o Cristianismo pela reforma protestante e seu ethos subjetivista e relativo, assomou o iluminismo com os ideais de racionalidade, lei natural e deísmo. Após ele foi a vez dos agnósticos e materialistas, embarcadiços de Kant ou de Helvetius e Holbach, substituírem a razão e o Deus da natureza pela ciência ou pelo progresso... Os comunistas, fascistas e nazistas fizeram outras tantas substituições, mas mantiveram essa busca metafísica por um elemento unificador ou comum que inexiste. Portanto, segundo os autores acima citados, o melhor que temos a fazer é admitir que esse elemento comum ou unificador inexiste e admitir que a fé, a razão, a ética, a experiência... tudo enfim é subjetivo ou relativo, é a solução pós modernista, para a qual não há verdade que transcenda o homem.

De nossa parte, acreditamos que o que deva ser questionado são as sucessivas substituições arbitrárias. Assim a raça, o estado, a dialética, o lucro... e de certo modo a ciência sem ética. Temos de retornar, creio eu, a este elemento universal e presente em nosso aparelho cognitivo que é a razão, e pela razão analisar os fundamentos da fé, e enfim verificar que padrão de ética esta fé nos apresenta. Sucessivamente, após esta cabala de substituições acabamos sem nada ou no nada. Tiraram-nos a fé e disseram compensar esta perca com a razão. Tiraram-nos a razão e disseram compensar esta perca com a ciência; mas a ciência sem ética mostrou-se manipulável e nada fez por nós, no sentido de evitar duas grandes guerras mundiais... Cumpre-nos fazer o roteiro contrário e retornar já a razão, já a uma ética natural, no mínimo... Sem uma epistemologia saudável ou realista não conseguiremos restabelecer a ética essencial, voltada para a dignidade da pessoa humana. E sempre tornaremos a dar com Jano, senhor da guerra! E com as portas de seu templo abertas, para a maior miséria da humanidade.

Digo mais, uma falsa ciência, convertida em metafísica disfarçada tende inclusive a alimentar as disposições agressivas e belicosas introduzidas pela educação. Refiro-me a perspectiva assumida pelo próprio Pinker e seus apoiantes como Hamilton, Wilson, Morris, etc ou seja ao darwinismo social, pseudo ciência que ignorando o quanto seja especificamente humano, social, histórico e educativo, apresenta nossa evolução nos termos de luta pela sobrevivência e sobrevivência dos mais aptos ou fortes, perspectiva face a qual a guerra torna-se não apenas necessária mais proveitosa no sentido de eliminar os mais fracos e selecionar os mais fortes. A seleção natural da humanidade seria a guerra - Os nazistas melhor do que ninguém compreenderam a mensagem e após eles os capitalistas com seu sistema voltado para a exploração do homem pelo homem... Produto da época é o super homem de Nietzsche superproduto deste processo e não sabe que seja empatia ou alteridade. Falsificada ou falseada a ciência converte-se não em deus mas em diabo, monstro ou vampiro, destinada a sangrar a humanidade. Afinal ela nada sabe em termos de fim e seus fins são determinados por homens, de cuja educação Ética descuidou-se por completo.

E as falsas místicas transformam-se em cultos de morte. E as religiões secularizadas e ateísticas convertem-se em santuários do odinismo. E é o homem sacrificado a seus deuses técnicos, econômicos, étnicos ou políticos; tão iracundos e vingativos como assur, jave ou ala... Porque virou as costas ao grande martir de Atenas ou ao profeta nazareno do amor. Tais os homens que, a exemplos de Buda e Confúcio, souberam ser superiores aos deuses espirituais e materiais, mostrando-se divinos pela fé no amor, no perdão e na misericórdia. O pobre homem escandalizou-se de um Deus que morrer assassinado sobre a cruz, mas não dos deuses que mandaram matar... Desconfiemos das místicas e das religiões secularizadas apontadas por Grayling, Eliade, Arendt, etc e tornemos a religião da fé, da fé que nos dispõem a ética do amor!!! Restauremos todas as coisas pela base e soergamos os fundamentos de nossa civilização ameaçada. Não a de Pinker ou do americanismo ou deste Ocidente traído pela reforma protestante e por todas as culturas de morte e ideologias monstruosas que a sucederam, mas a civilização de Sócrates, Platão e Aristóteles vivificada pela sombra da cruz! A civilização de Justino, Clemente, Eusébio, Ambrósio, Basílio e a tantos homens excelente que sucederam aos antigos filósofos em seu magistério! Retomemos nossos autênticos valores, nossos valores tradicionais, nassa herança ancestral, assume-mo-la e leve-mo-la adiante!!!




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