terça-feira, 17 de julho de 2018

A Igreja e o espantalho do anti abortismo I - A hipocrisia dos anti abortistas

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A véspera das eleições 2018 estamos assistindo a mais uma manipulação do discurso anti abortista pelos pseudo católicos liberais e protestantizados, ou melhor dizendo pelos neo católicos ou tridento modernistas.

Já me referi no artigo anterior ao imenso perigo que consiste nos Católicos assumirem slogans protestantes ou causas que não são suas, como a pregação ou cruzada anti comunista. O protestantismo, aliado incondicional do capitalismo, em sua imensa miséria pode, definir-se a si mesmo como uma religiosidade anti Comunista. Ele sequer possui uma doutrina social normativa.

O Catolicismo não. Não é comunista, mas tampouco seu ponto de vista pode ser definido nos termos bisonhos e simplórios de um anti Comunismo. Por mais aterrorizante que a Revolução russa ou bolchevique tenha sido. E foi. A Igreja tem uma doutrina social, que não é nem comunista nem liberal. Isto quer dizer que ela não tem parceiros ou aliados, justamente por ter uma proposta própria. E que não pode fazer o jogo do liberalismo ou do imperialismo cultural Norte americano, que em termos de ideal Católico é uma anti civilização.

Mas o protestantismo, desde Trento, esforça-se por empenhar o papismo e por manipular seus membros, já em favor do agostinianismo, já em favor do germinismo de Bismarck, já em favor do nazismo, do liberalismo... E os Católicos tontos e superficiais, como verdadeiros patos, vão se deixando enlear pela parlenga protestante. Em temos de relativismo ecumênico não podia ser diferente. Os protestantes lançam suas iscas ideológicas ou puritanas, e os Católicos vão se deixando fisgar.

Qual a principal consequência de tudo isto?

O ideal Católico e Cristão de sociedade, legado por nossa tradição antiga e medieval vai ser cada vez mais pondo de lado e o ideal protestante ou Norte americana, em torno de uma sociedade liberal economicista ou capitalista se vai afirmando entre nós. Graças aos 'senões' destas almas timoratas...

Nada diferente durante estas eleições presidenciais 2018. Em que os protestantes e sua sinistra bancada teocrática, tem buscado favorecer seus candidatos, Marina e Bolsonaro - um e outro mancomunados com o liberalismo econômico - e prejudicar o candidato rival, Ciro Gomes, do PDT, apelando ao anti abortismo, a que os Católicos são bastante sensíveis e transformando-o em argumento político. Tudo isto sai dos fornos protestantes... e o resultado é justamente o afastamento drástico de nossas tradições - sempre respeitadas pelo Dr Enéas Carneiro- em benefício do capitalismo e da cultura yanke.

Comecemos portanto a deslindar esta trama, principiando pelo tema ou pela questão do aborto.

Lembro-me de ter lido, na Didaké e em S Atenágoras de Atenas, alguma coisa contra o aborto. De fato este ponto de vista faz parte da tradição humanista Cristã desde seus primórdios mais remotos.

Os antigos tinha uma postura distinta. E não poucos recorriam a poções com o objetivo de interromper a gravidez, algo bastante comum nas antigas Grécia e Roma. Levados pelo mesmo princípio - que abortistas e não abortistas parecem ignorar - eles também admitiam repudiar e consequentemente lançar ao bueiro ou a cloaca os filhos recém nascidos. Os Cristãos daquele tempo chocavam-se face a ambas as posições e a suas expensas financiavam - embora fossem pobres - orfanatos destinados a recolher tais crianças, combatendo eficazmente o aborto e a exposição. Eles não se contentavam em assumir, hipocritamente um discurso anti abortista ou em ignorar o não menos grave problema da exposição, da miséria e da escravidão - Por meio de instituições próprias buscavam solucionar a ambos os problemas.

De nossa parte, numa sociedade pluralista e laicista, nós temos buscado analisar o aborto do ponto de vista natural ou comum e tomar como ponto de partida os ensinamentos de Aristóteles a respeito do ato e da potência, bem como a tradição Socrático humanista que costumeiramente enfatiza o caráter racional do ser humano, um ser capaz de refletir, de pensar e portanto de planejar o seu futuro. Diante disto somos levados a crer, que num contesto em que a família pode ser planejada e a gravidez evitada por meio de contraceptivos, a opção pelo aborto irrestrito torna-se no mínimo problemática.

Afinal por que interromper artificialmente um processo que pode ser evitado e que não precisaria ter sido iniciado? A possibilidade de planejar, de algum modo, exclui a necessidade de uma interferência 'a posteriori'. Não se trata aqui de discutir se o feto é ou não um ser vivo ou se sente dor, não é o foco da questão. O que se deve analisar aqui é se este processo iniciado ao consumar-se redundará ou não no surgimento de um ser vivo... A vida esta potencialmente contida neste processo, que é a gravidez, desde o princípio. Então, se não desejamos que haja gravidez ou vida POR QUE NÃO PLANEJA-LA RACIONALMENTE ATUANDO DESDE O PRINCÍPIO OU NÕ PRINCÍPIO OU seja adotando métodos contraceptivos sejam eles quais forem? Por que não evitar ao invés de interferir 'a posteriori'?

Num tempo em que a oferta de preservativos é feita pelo poder público, o qual oferta da mesma maneira o planejamento familiar e contraceptivos, chega a ser clamoroso absurdo pleitear a aprovação indiscriminada do aborto, especialmente tendo em vista a clientela economicamente mediana e medianamente instruída - Isto sem falarmos nos abastados... E quando se cogita, tendo em vista relativo controle, que tais procedimentos sejam executados em instituições públicas com o dinheiro público. Como contribuinte tenho direito de recusar-me a custear o aborto de uma madame fútil, manipulada por um esposo fútil ou cruel, que bem poderia ter laqueado suas trompas ou exigido que o macho fizesse vasectomia! Afinal de contas é comum em todas as classes e condições que o 'macho alfa', após ter exigido transar sem camisinha, pressione a mulher para abortar... Refiro-me a tais problemas situados nas classes média e superior. E não quero pagar por tal ônus!

Quanto a possibilidade de tais serviços, destinados a atender esse tipo de clientela - bem posicionado - serem assumidos pelo setor privado, teríamos de pensar no controle. Pois teríamos aqui um sistema de abortização movido a dinheiro e sabe-se lá que abusos monstruosos resultariam disto em nosso paraíso tupiniquim... em que tráfico de órgãos e assassinato de pacientes é algo corrente. Em Hospitais públicos inclusive.

Mas estas pessoas, alegará alguém - e não sem razão - já realizam abortos no exterior ou abortos clandestinos aqui mesmo no Brasil. Aqui temos que ser bem claros. Quanto a essas mulheres ou casais de situação confortável - que optam livremente por assassinar seus futuros filhos e filhos que bem poderiam ser evitado - que continuem a gastar seu dinheiro no exterior, abortando por lá. O problema é a existência dessas clínicas ilegais, que auferem milhões e milhões aqui mesmo, sem que seus proprietários sejam punidos no rigor da lei. Antes de punir os que abortam deveriam ser punidos aqueles que tornam o aborto factível e dele fazem uma fonte de lucro. Mas no Brasil... Toda situação em torno do aborto feito por ou para pessoas bem situadas é problemática e eu julgo que tais pessoas, a começar pelo macho ou pelo pai, deveríam ser rigorosamente penalizadas. Deveríamos começar punindo com máximo rigor o homem, posto que vivemos numa cultura ainda machista.

Agora temos um problema não menos sério que é o das mulheres pobres e sem instrução inseridas uma cultura ainda mais machista, aquelas que por condição natural ignoram que seja planejamento familiar ou contracepção. E que tampouco deixam de ser influenciadas pelo macho ou, muito frequentemente, abandonadas pelo 'garanhão', tendo de assumir sozinhas o encargo de sustentar a prole, resultando disto situações de miséria e indignada que não podem ser desconsideradas, especialmente pelos que ousam apresentar-se como Católicos. Claro que as condições desta mulher pobre e quase sempre parda e semi analfabeta de periferia é totalmente distinta da madame fútil que encara o feto como um parasita ou como um pedaço de seu corpo! Como imaginar esta pobre mulher, vivendo como uma freira ou, procriando, sucessivamente sete ou doze filhos para que passem a viver sob condições desumanas???

Sem que o papa, o cardeal, o arcebispo ou mesmo o padre X ajudem-na a sustentar e criar dignamente esta imensa prole. Acaso o Marmelo Rossi ou o Pulha Ricardo estão dispostos a compartilhar do ônus que implica a criação de tantos filhos??? Quantos orfanados ou abrigos mantém eles??? Vão levar estas pobres crianças para a casa paroquial, adotar e cuidar??? Então veja só que diferença entre esta pregação teórica, que beira o fideísmo, e a atitude dos primeiros Cristãos, que mesmo sendo pobres assumiam o encargo de alimentar, vestir e manter os pequeninos???

Caso contrário denunciar, como criminosa e assassina a esta mãe pobre de periferia, que não recebe apoio algum, não passa de sórdida hipocrisia! Claro que a situação material, concreta e real desta mulher, deve ser considerada. Por que não localizam o macho que a abandonou? Por que não obrigam este celerado a pagar uma boa pensão? Por que não colocam este desalmado atrás das grades? Por que não punem este egoísta??? Porque se evade! Porque foge! Porque não há quem o encontre ou vá buscar! Porque é bêbado, drogado ou marginal! Porque não tem fonte de renda donde se lhe arreste uma pensão!!! Porque socialmente este homem ou marginal inexiste! E fica a mulher obrigada a manter-se sozinha, abandonada e com um cordão inteiro de filhos... Querem condenar o aborto em tais condições??? Assumam a responsabilidade social ou comunitária de vocês. Mas vocês murmuram contra a esmola do Bolsa família, e declaram - Quem pariu Mateus que balance! Que belos inimigos do aborto vocês são!!! Por que uma coisa é absolutamente certa: Se o macho pode omitir-se e permanecer impune, ou a Igreja ou o Estado i é a Sociedade, terão de auxiliar esta mulher... Do contrário, caso ela venha a abortar, calem a boca! Vocês são os infanticidas, não ela.

A situação da mulher em desespero é uma situação específica que os bons Cristãos não podem ignorar. Como criminalizar uma mulher destas em sã consciência? A qual já foi punida por si mesmo ao desfazer-se de um filho! Via de regra a mulher do povo tem sensibilidade e por isso fica, não poucas vezes, traumatizada, após abortar. Enquanto a mulher rica ou de classe média, cede as exigências do macho sem maiores consequências. Uma, amiúde, acalenta remorsos e culpa. A outra muito raramente. Portanto como pensar em punir esta vítima do machismo e do egoísmo humano. O mínimo que podemos dizer aqui é que a mulher que aborta, dependendo de seu contesto, não devería ser criminalizada. Assim a mulher pobre e sem instrução, a mulher do sertão, da rua ou da periferia. Esta mulher deveria sim ter sido acolhida e ajudada. Caso não o tenha sido, o mínimo que se espera é que não seja molestada pela hipocrisia alheia em busca de 'punições'.

Se vocês, paladinos do anti abortismo, querem de fato evitar que o aborto seja amplamente descriminalizado no Brasil - E nosso país só conhece soluções extremistas ou radicais: Proíbe tudo ou libera geral - comecem assumindo sua culpabilidade social e ajudando tais mulheres. Comecem a fundar orfanatos e abrigos tendo em vista a criação de tais pessoas numa atmosfera de carinho e dignidade. Sentem o coração doer face a tantos infanticídios? Pois bem adotem??? Quantos de vocês estão dispostos a adotar tais criaturas ou no mínimo a apadrinha-las??? Cadê as obras de vocês??? Quanto aos protestantes, ao menos são honestos quando declaram que não precisam fazer boas obras e que sem elas se salvam. Agora e vocês anti abortistas Católicos, cadê suas obras???

Me desculpem pera rude franqueza, mas se não fazem absolutamente nada ao invés de berrar: Aborto não... Vocês deveriam é engolir e digerir o anti abortismo de vocês. Porque cheira a hipocrisia. Vocês tem um problema que é em parte social, produto da ignorância e da miséria e nada fazem além de exigir que mulheres solteiras perambulem pelas ruas rodeadas por seus filhos esqueléticos! É este o espetáculo de uma sociedade Católica??? Um exército formado por uma multidão de miseráveis e famintos??? Sementeira de ravachóis e Casieros!!! Mas o Pe Pulha Ricardo... Mas o Pe Pulha Ricardo não passa de um fariseu hipócrita que coloca sobre os ombros alheios imensos fardos que nem mesmo com a ponta do dedo mindinho ousa empurrar!!! Pelo simples fato de não ter adotado alguns deses pobrezinhos ou de manter um abrigo destinado a acolhe-los! Ele só sabe pregar ou seja falar... Quanto a fazer...

Claro que alguns Católicos denodados e heroicos do passado, e una pouquíssimos hoje, tenham feito e busquem fazer alguma coisa. Merecem ser ovacionados e aplaudidos de pé. No entanto, parece que a imensa maioria dos que compõem esta multidão de abortistas tenha tombado no comodismo, no egoísmo e na insensibilidade. Limitando-se a apontar, a julgar e a condenar aqueles aos quais deveriam ajudar. Estão envenenados pela mesma ideologia neo liberal, burguesa e egoísta que alimenta os abortistas das classes superiores.

Continua


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