sábado, 26 de setembro de 2015

Nem reacionarismo nem iconoclasmo mas dialética e integração!

São as Revoluções de modo geral ferozmente iconoclásticas, encarando como nefasto tudo quanto esteja relacionado com o passado ou seja antigo. Talvez por isto contem com o apoio decidido de parte da juventude. Não de sua totalidade pois existe quase sempre um núcleo mais ou menos amplo de jovens reacionários, a par de um pequeno grupo de idosos revolucionário. Pelo que não se trata duma realidade simples mas bastante complexa!

Já as contra revoluções são essencialmente reacionárias, tendendo ao extremo oposto, ou seja, a encarar o novo como sinônimo de mau. E aspirando por a sociedade descarrilhada nos velhos trilhos!

Não poucos ainda hoje partilham do delírio revolucionário, inaugurado pelos jacobinos em 89. Assim os comunistas e grande parte dos anarquistas. Para uns e outros é a tal revolução uma espécie de panaceia destinada a extinguir todas as mazelas que afligem a pobre humanidade.

Nem por isso a arqueologia ideológica das Revoluções deixa de ser interessante. De fato o revolucionarismo surge inconsciente - apenas enquanto método violento e não como via de transformação social - com a reforma protestante, adquire certo grau de consciência com a Revolução inglesa, até tornar-se plenamente consciente em 89; a partir daí assume o caráter místico a que nos referimos e torna-se parte essencial de todos os credos iconoclásticos.

A par dos revolucionarismos outrora dominantes, temos hoje os revolucionarismos invertidos ou reacionarismos. Os quais buscam reproduzir um estádio histórico já superado ou restaurar nos mínimos detalhes as estruturas sociais já desgastadas. O método no entanto é sempre o mesmo: o golpe ou a violência. Ademais os reacionarismos do tempo presente, como o fascismo e o nazismo são tão anti humanos quanto os revolucionarismos e tributários da mesma cultura de morte.

Nem uns nem outros lograram compreender a dinâmica das sociedades e o processo histórico.

Os revolucionários por encararem as Revoluções como um começo ou ponto de partida, quando são na verdade o ponto final de uma civilização ou o colapso de uma cultura. De fato as revoluções são para o organismo social o que a decomposição é para um corpo morto. Quando o espírito ou a ideologia que inspirou a composição de uma dada sociedade deixa de existir, a estrutura social se desfaz juntamente com ele.

Assim, se por um lado não podemos aplaudir as Revoluções ou entusiasmar-nos por elas; também não podemos cogitar em evita-las e muito menos sataniza-las mas buscar compreender suas causas. Na maior parte das vezes são as Revoluções inevitáveis. Pois correspondem quase sempre a uma necessidade imposta pelo processo histórico. Para a maior parte dos teóricos sequer é possível humaniza-las ou suaviza-las; pois é da natureza das Revoluções fugir ao controle ou a um planejamento racional.

É uma fermentação que não pode ser contida.

Até que os excessos e abusos tenham sido purgados.

Caso alguém aspire por atalhar uma Revolução deverá atuar a longo prazo buscando sanear o corpo social, identificar suas patologias e preceituar-lhes os remédios que melhor convém. Neste sentido podemos dizer que as reformas sociais são os únicos medicamentos capazes de, a longo prazo, barrar uma Revolução. Impedir que o corpo social adoeça ou em caso de doença propiciar-lhe a melhor das terapias é o caminho mais acertado.

Implica admitir que alterações e mudanças devem ser institucionalmente viabilizadas. Na maioria das vezes é o conservadorismo beócio matriz de todas as Revoluções e aqueles que gostam de repetir que tudo esta bem são seus verdadeiros patrocinadores. Manter a todo custo uma ordem meramente formal  ou uma desordem institucionalizada e isenta de ética é alimentar o sentido da Revolução.

No entanto, é vezo do reacionarismo cego imaginar a revolução como capricho arbitrário da vontade humana ou algo produzido por forçar individuais. O máximo que o carisma pessoal é capaz de fazer, é reconhecer os 'sinais dos tempos' e evocar o espírito da Revolução. A Revolução só ocorrerá de fato se o discurso emitido por ele encontrar consonância no corpo social, então obterá apoio e a Revolução será feita. Não pode a pessoa ser bem sucedida em seus apelos revolucionários caso as devidas condições sociais estejam ausentes.

Revolução, como febre é sempre sinal de problema.

Agora implementada a Revolução, jamais a Sociedade será capaz de retornar as condições anteriores a ela. Daí a total inutilidade dos reacionarismos truculentos. Força ou poder algum será capaz de restabelecer por completo as estruturas demolidas.

Pecam os reacionários em quase sua totalidade por recusarem-se a ver algo de positivo nas revoluções.

O único tipo de reacionarismo viável aqui seria crítico, seletivo e essencialmente pacifico, porquanto fixado na ordem das ideias, buscando planejar um novo tipo de Sociedade, capaz de conciliar o que havia de bom no modelo antigo com a satisfação das novas demandas sociais. Para além disto é próprio do descontrole e dos abusos produzidos pela Revolução, despertarem uma certa reação, arrefecimento ou recuo. Já se disse que a Revolução, a semelhança de Cronos, devora seus próprios filhos... que degenera em lamentáveis abusos, que torna-se criminosa e contraproducente...

Trás assim, em seu bojo, os elementos teóricos ou ideológicos duma crítica contra revolucionária.

Esta será cega e odiosa caso desconsidere o sentido da Revolução e suas causas.

Lúcida e refletida caso incorpore a si a parte justa das demandas suscitadas e os anseios da população.

Do que resultará um novo tipo de sociedade a um tempo reacionária e a outro revolucionária, segundo a acomodação das necessidades e elementos.

Será reacionária por não ser iconoclástica e tomar ao passado ou a realidade anterior elementos que sejam atemporais, imperecíveis e saudáveis. Contemplando o passado sem ódio, mas igualmente sem qualquer servilismo tosco, quiçá como fonte de inspiração. Será revolucionária por incorporar todas as críticas que sejam justas ou eticamente fundamentadas. E sendo assim nãos será uma coisa nem outra...

Dialeticamente os extremismos tenderão as ser superados, dando espaço a uma saudável acomodação e a um padrão mais equilibrado de Sociedade.

Querem evitar o cataclismo das revoluções?

Neste caso não ignorem as demandas sociais permitindo que se acumulem.

Não permitam que a situação das massas torne-se desesperadora ou angustiosa. Pois s revolução alimenta-se justamente de angústia e desespero.

Neste sentido cabe ao poder político atuar como elemento regulador da atividade econômica impedindo que os mais ricos e poderosos oprimam o elemento produtor. A limitação das ambições econômicas individuais por um poder político cada vez mais independente, bem como a afirmação de garantias e direitos sociais, a contenção da miséria, a eliminação da ignorância, a promoção integral do ser humano, a ampliação das oportunidades, etc constituem o melhor caminho a ser tomado caso desejamos colher serenamente os frutos da paz e da concórdia.



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