Habitualmente ouvimos ser o marxismo ou sua epistemologia, serem apresentados como relativistas e, os marxistas rebaterem, dizendo que não é bem assim. Daí a necessidade de pontuarmos o assunto e verificar que é o marxismo face a verdade ou qual seja sua perspectiva epistemológica.
Grosso modo podemos dizer que é o marxismo um relativismo, porém de modo algum um relativismo crasso ou individualista, análogo ao relativismo pós moderno, que é dentre todos o mais virulento.
No relativismo individualista nada há que transcenda as unidades individuais e isoladas, pelo que a fragmentação é total ou absoluta. Aqui a única referência que temos é o indivíduo separado de todos os outros - Tal é o critério de todas as coisas!
"O homem é a medida de todas as coisas." Que homem? A espécie enquanto receptáculo de uma capacidade racional ou o indivíduo pautado em sua vontade??? O relativismo pós moderno responde dizendo que cada homem constrói sua verdade, válida apenas para si e que não existe qualquer verdade comum, transcendente ou absoluta. O marxismo não chega a tais confins... quero dizer ao 'vir a ser'... a instabilidade plena... a fragmentação total... ao Caos, conservando alguma unidade, ainda que não seja transcendente.
Privado de fundamentos metafísicos, abstratos, espirituais; assim essenciais e perpétuos, a exemplo da 'Filosofia perene' ou das teorias das formas elaboradas por Platão ou Aristóteles, nem por isto o marxismo dissolve-se por completo num relativismo individualista, atomizando-se.
Assumindo-se como uma espécie de meio termo entre o 'vir a ser' e a 'essência' apresentando-se como um relativismo, mas, como relativismo social, fruto de uma conjuntura histórica muito mais estável do que as impressões individuais. O marxismo admite impressões estáveis e comuns, inda que mutáveis a longo prazo.
De fato julgam os marxistas - A partir de seu materialismo dialético - que a realidade cultural e assim a própria compreensão humana do que seja verdadeiro ou real (superestrutura) esteja assentada sobre uma infra estrutura definida em termos de relações econômicas de produção. Tais relações possuem formas estáveis e comuns em determinadas fases da História humana, as quais perduram por considerável espaço de tempo (Muito mais amplo do que o tempo fruído por algumas gerações humanas.) i é até que as relações de produção sofram alguma alteração significativa.
Delas resulta uma compreensão perdurável em termos de mundo a qual, mesmo sem tornar-se metafísica ou perene nem por isso chega a diluir-se por completo num aos de impressões, emoções, gostos ou opiniões. Destarte a noção de verdade proposta pelos marxistas, sem tornar-se imutável e perpétua como a Socrática, a Aristotélica ou a Católica, nem por isso deixa de possuir certa consistência e durabilidade. Estamos portanto diante duma perspectiva totalmente diversa e não do mesmo e exato relativismo.
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