Poucos sabem que é na verdade este Blog. O qual não passa de um Diário íntimo, bloco de anotações ou resenha de leituras. O qual escrevo antes de tudo para mim mesmo, tal e qual as madames D Stael e Swetchine.
Como um culinarista, perfumista ou decorador tudo vou misturando de modo a produzir novos pratos, coquetéis ou ambientes. Por isso vou combinando o que leio com o que já li e busco salientar os elementos comuns que existem nos diversos autores. De fato associar e comparar os componentes de toda esta bagagem é meu passa tempo predileto.
E cá vou misturando Tasso, Afrânio Peixoto, Humberto de Campos, Brito Broca, Rodó, S Hipólito, Orígenes, Diógenes Laércio, Dielz, Mondolfo, Sciacca, Bloy, Mounier, Maritain, Berdiaeff, Belloc, Laski, V G Childe, Woodlock, Gray, Kirk, Dawson, Van Paasen, R B Downs, Nisbet, Q Skinner, Papini, A Piccarollo, Munford, Ashley Montagu, Calmon, Crane Brinton, De Rugiero, etc Platão, Aristóteles, Agostinho, Erigena, Aquino, Marsiglio, Vitória, Las Casas, Erasmo, Descartes, Bodin, Cervantes, Shakespeare, Hobbes, Spinosa, Defoe, Swift, Beccaria, Moliere, Verri, Voltaire, Browson, Herbart, Mill, Spencer, Marx, Wundt, Droysen, Wellhausen, Darwin, De Vries, Freud, Jung, Otto, etc E vejam que sopa ou salada...
Hoje o prato do dia é o merecidamente celebre genebrino J J Rousseau, a respeito de cujas opiniões políticas escrevemos já inúmeras vezes.
Recordo ter lido o primeiro ensaio sobre Rousseau logo após minha conversão a Igreja de Roma e portanto pelos idos de 1992 ou 93, quando tinha dezessete ou dezoito anos, curiosamente dizia respeito a Educação e ao psicologismo, assim as correntes pedagógicas contemporâneas, traçando paralelo com o freudianismo. Focava ainda no tema dos castigos e punições, assim dos castigos físicos, havendo um nítido ranço agostiniano que já me causará mal estar. A insistência no falso conceito de pecado original, em seu sentido ontológico ou metafísico era marcante e sabia aquela pedagogia jansenista descrita por Hubert na História da Educação...
Em seguida i é alguns anos depois, li um artigo sobre o mesmo tema composto por um autor espírita, este bem mais equilibrado. Seja como for não retenho mais os nomes de tais críticos ou expositores. Os demais artigos - De Nisbet, Piccarollo, Mosca, etc eram antes de tudo políticos e consagrados ao Contrato social e conceito de vontade geral, pouco havendo ali de propriamente pedagógico.
Li menos Rousseau do que Voltaire. Afinal li "Deus e os homens" em sua totalidade. De Rousseau havia lido apenas o primeiro capítulo do Contrato, o Ensaio sobre as artes as ciências e o progresso da humanidade e alguns capítulos do Emílio, isto porém em meus tempos de universitário. Desconhecendo quase que por completo as obras de Pestalozzi, Claparede, Ferriere, Piaget e outros, assim o significado do escolonovismo, como poderia avaliar tão importante obra?
E no entanto faz-se mister ler o Emílio em sua inteireza. Embora antes talvez seja bom ler um manual de História da Educação como os de Luzuriaga ou F Mayer. Isto para fazer as devidas conexões - Não é por acaso que J. Piaget e P. Viver eram suíços e Claparede e A. Ferriere eram genebrinos. O que remete a tradição pestalozziana, de Yverdon, a mesma Yverdon por onde passará Rousseau então perseguido.
Da simples leitura do Emilio ressaltam os fundamentos mais remotos do escolonovismo com sua insistência na empiria ou no modelo científico experimental.
Assim a ideia tão cara aos piagetianos de que errar faz parte do processo e que a forma ou hábito do conhecimento se da sempre por acerto e erro. Ideia está atrelada aquela segundo o qual o verdadeiro educador não deve despejar o conhecimento teórico no aluno a faze-lo decorar fórmulas ocas mas gerenciar ou produzir situações problemas, que estimulem a curiosidade do educando e o façam refletir. Aqui o papel é mais orientar do que fornecer ou discursar.
É bastante provável inclusive que este tipo de postura reflita a postura do grande Sócrates, o qual duvidava bastante da formação teórico discursiva oferecida pelos sofistas e propunha um método dialético que considerasse a bagagem do educando e sua capacidade racional para compreender. Alias Rousseau destacou se justamente por, a exemplo de Sócrates e Platão, ter compreendido o papel fundamental do processo educativo para qualquer tomada de consciência. E é claro que estamos falando duma educação ativa e não bancária (Freire).
Da mesma maneira pode Rousseau perceber que a cognitividade humana conhece determinadas fases naturais, posteriormente classificadas por Decrolly, Wallon, Piaget e Vigotsky.
Continua.
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