segunda-feira, 22 de maio de 2017

A produção de uma democracia não palatável e suas razões...


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Observador atento e bom conhecedor da realidade política de seu tempo Platão, o ateniense, sabia melhor do que ninguém, que as mazelas, as impurezas, as profanidades... que maculam esta realidade tendem a fazer com que os cidadãos mais nobres e virtuosos, afastem-se dela, obviamente com o receio de virem a manchar-se.

Tal a realidade do nosso Brasil contemporâneo, em que um número cada vez maior de cidadãos excelentes, sejam humanistas, socialistas, laicistas, amigos da liberdade, etc tem se deixado dominar pelo desamino, abater-se e optado pela abstenção, convertendo-se alguns inclusive, em apóstolos do abstencionismo.

E não é minha intenção neste artigo acusar tais pessoas de traição, conspiração ou qualquer outra coisa... De modo algum.

Tudo quanto pretendo, amigo abstencionista, é problematizar sua opção.

Começando por perguntar-lhe se acha que os paladinos do neo liberalismo e do liberalismo, noutras palavras - PSDbestas e aliados, também se sentirão desconfortáveis em meio a tanta profanidade, e optarão por abster-se? Crê de fato que os demagogos, charlatães, degenerados, vendidos, etc haverão de omitir-se também?

Admitindo que o maior número de desiludidos, desesperados, frustrados, abatidos, desanimados, desgostosos e consequentemente de abstencionistas, pertençam a plataforma de centro ou de esquerda, qual plataforma ficara mais fragilizada?

Admitindo ainda que a atual estrutura política conserve-se inalterada e nos mesmos moldes parlamentares a quem favorecerá o recuo da plataforma trabalhista? Por quem haverá de ser ocupado? Quem obterá a hegemonia no Parlamento? Que resultará de tão calamitosa situação?

Será que você acredita mesmo que o ato de abster-se e de desamparar a esquerda trabalhista atingirá os agentes mais ativos da corrupção, cuja plataforma é bem outra?

Retorno a primeira pergunta: Que o leva a crer que os eleitores da plataforma neo liberal ou liberal são tão sensíveis a chaga da corrupção quanto você partidário da esquerda?

E retorno ao citado Platão apenas com o objetivo de transmitir suas considerações ao amigo leitor:

'Caso o cidadão mais excelente opte por não participar da vida política qual haverá de ser o preço pago por ele? Sua punição será ser governado pelos medíocres e por toda gente inferior a si. Pois se o bom não participa com o objetivo de tornar a politica boa, os maus assumirão seu lugar tornando a política ainda pior do que é. E ele não poderá reclamar.' eis mais ou menos o que li há muito tempo já na clássica República.

E faz todo sentido.

Se você sendo nobre, honesto, bom, virtuoso e excelente; afasta-se da política com medo de contaminar-se, como admirar-se de que o nicho ou espaço aberto por si seja ocupado por alguém menos bem menos digno do que você, enfim por um bandido, ladrão, corrupto, venal, degenerado, canalha, etc??? Se você que é animado por princípios e valores saudáveis se abstém para não poluir-se, como deixar de concluir que o cenário só poderá piorar ainda mais devido a inserção dos maus???? Se você que é humanista recua enojado como evitar que um liberal desonesto ou um pastor charlatão preencha a vaga deixada por si e elabore leis com o objetivo de oprimir ainda mais nosso bom povo???

Como podemos ter esperança numa política melhor se quem tem princípios, valores, ética, virtude e nobreza é justamente quem se escandaliza e afasta???

Tudo quanto podemos esperar num cenário destes, de abandono e abstenção é que a condição da política agrave-se ainda mais...

Por fim, abandonado o cenário pelos virtuosos e bons poderão os corruptos e viciados prevaricar mais facilmente...

Perceba portanto caro leitor, que o abandono da política pelos virtuosos, acaba indiretamente, facilitando ainda mais o ofício do prevaricador. O qual se sentirá mais a vontade e menos ameaçado...

Afinal quem fiscalizará, quem vigiará, que denunciará tal categoria de pessoas caso o parlamento seja ocupado exclusivamente por elas?

Perceba amigo leitor que por trás da própria corrupção e sobretudo da divulgação da corrupção, coexistem diversas intencionalidade, e uma delas, com toda certeza, consiste em apresentar a política ou a democracia como algo essencialmente imundo e imprestável, desiludindo a tantos quantos aspirem sanea-la moralmente.

Há ali, deliberado propósito de apresentar a política como algo essencialmente mau, de que só tomam parte viciados, canalhas e degenerados e que não é feito para o homem honesto e decente. Uma das tônicas é sim alimentar o abstencionismo por parte dos bons, até que os maus obtenham total controle da situação. Não sei se há um programa de ação voluntária e conjunta por parte dos parlamentares corruptos neste sentido... Mas que alguns tem uma clara percepção a respeito nos parece evidente.

Podemos então falar na produção intencional e política de uma democracia não palatável por parte de alguns políticos corruptos. Os quais aspiram porque a corrupção seja divulgava aos quatro ventos, exposta, apresentada, etc com o objetivo de produzir repulsa por parte dos bons e mante-los afastados. Querem apresentar-nos a política ou a democracia como um pedaço de excremento ou carniça face ao qual sentimos vontade de vomitar e de permanecer afastados.

Por isso digo que a exposição da corrupção ou melhor dizendo a 'ostentação' que dela ser faz bem como a avidez com que é cometida, correspondem sim a tentativa de apresentar a política como algo pernicioso, nocivo, indigno e incorrigível. A ponto das pessoas acreditarem que as coisas sempre foram assim, e que não há remédio com que sanea-las, restando-nos apenas a opção de 'desertar' do cenário político, deixando-o entregue aos criminosos e sendo governados por eles.

Se ao menos as pessoas favoráveis a abstinência acreditassem na solução Revolucionária, unindo-se em torno de um ideal comum, a saber a destruição do Parlamento... A situação seria menos degradante.

Sucede no entanto que boa parte das pessoas desencantadas, que se afastaram da política vigente e das eleições, parece optar por viver num mundo paralelo, em que continuamos a ser comandados pelo Parlamento e fingimos que isto não afeta nossas vidas. O que não passa de ficção ou de delírio.

Mesmo que não participemos da política institucional a simples existência dessa política ou a realidade de um parlamento, continua a afetar dramaticamente a condição de milhões e milhões de seres humanos seja reduzindo-lhes as liberdades ou suprimindo-lhes os direitos, e consequentemente agravando diversas situações de miséria, ignorância, violência e indignidade.

Portanto de pouco vale abster-se e manter-se a parte da vida política, se não aderimos a qualquer outra pauta tanto mais 'realista' e objetiva, como a dos revolucionários e sedicionistas. Posso até discordar deles como discordo sem no entanto ter de classifica-los como inconsequentes e levianos...
Agora como haverei de classificar pessoas que tendo se afastado da vida política institucional, continuam a tolera-la, agindo como se não existisse?

Em que o fingir que determinada estrutura, forma ou organização existente inexiste haverá de beneficiar alguém???

Em que ir para a savana negando a existência de leões haverá de beneficiar o viajante?

Benefício aufere aquele que admitindo a existência real dos leões e o perigo representado por eles interna-se na savana levando consigo rifle e munições.

Por mais que o outro proceda como se os leões inexistissem nem por isso estará mais seguro.

Portanto fingir que a política não existe ou não dar a mínima por ela, ou ignora-la não te preserva das decisões políticas tomadas pelos corruptos.

De uma maneira ou de outra, enquanto o Parlamento não for destruído e instaurada uma nova ordem, você e seus entes queridos continuarão sendo afetados por suas decisões.

Se você acredita que pode destruir o Parlamento agora e instaurar uma nova ordem política da noite para o dia, não temos o que discutir. Boa sorte...

Por outro lado, caso tenhamos de conviver com o parlamento e a política institucional por certa medida de tempo, melhor encarar o problema de frente. Melhor analisar, ponderar, atuar e participar; entrando na liça com boas ideias, com bons princípios, excelentes valores e intenções virtuosas; porque isto sim assusta bastante os políticos corruptos - O simples fato de terem os cargos disputados com gente de boa índole e reputação destinada a observa-los! Temem acima de tudo ser vigiados! Cerque-mo-los! Mas para isso é preciso que a gente de bem, aceite o desafio de por as mãos na massa sem medo de contaminar-se ou de poluir-se.

Temos de acreditar que é possível sim fazer uma política diferente, pautada em sentimentos nobres e virtuosos e fundamentada na ética.

O simples conhecimento, básico e elementar, da condição humana, basta-nos para constatar que sempre haverão elementos corruptos inseridos nas estruturas políticas de modo geral e nos partidos políticos, mesmo naqueles cujos estatutos e programas objetivem a afirmação da justiça social e do bem comum. Nem mesmo os melhores partidos, inspirados nas fontes do humanismo, são ou haverão de ser incorruptíveis... Eis porque não podemos sonhar com um parlamento perfeito.

Daí a conveniência de encaminhar-se para a democracia direta ou semi direta e de se recorrer tanto quanto seja possível a plebiscitos e referendos. Eliminando-se, gradativamente, a mediação do parlamento.

No entanto quanto ele existe e na medida em que existe, é dever do homem nobre, excelente e virtuoso impedir que seja completamente dominado e usado pelos maus elementos.

Eis porque temos de insistir sobre a necessidade da inserção.

Os elementos bons e virtuosos é que devem ocupar as cadeiras do Parlamento, constituir maioria e controla-lo em detrimento dos elementos indignos e corruptos. Tal a realidade distante que com fé devemos perseguir.

Sem jamais sonhar com super homens, falsos salvadores, 'mitos', deuses... com partidos incorruptíveis ou com um parlamento perfeito. No melhor dos partidos sempre haverá maus elementos e no melhor dos parlamentos sempre haverá homens dispostos a corromper-se. Basta que estejamos sempre dispostos a enfrenta-los, vigia-los, denuncia-los, conte-los e frustra-los; impedindo-os de comandar.

E no entanto tal só será possível caso os bons tomem consciência de seu dever e tornem a apoiar a plataforma socialista, que é sem dúvida uma plataforma ou proposta excelente.

Que contemplem apenas a própria integridade e o ideal de justiça a ser perseguido, sabendo que os crimes e maldades perpetrados por outros não são capazes de atingi-los.

Ah, mas se tomar parte na política ficarei mal falado... Mas se alguém do meu partido causar escândalo perderei minha reputação... Mas caso seja denunciado maliciosamente ou caluniado terei minha honra atingida, etc, etc, etc E assim acabarei expondo-me sem necessidade.

Quanto a tais objeções diria que ao justo basta a consciência limpa e, no máximo, a confiança dos seus, digo dos familiares e amigos. E que muitos homens nobres e excelentes foram processados, acusados e caluniados a exemplo de Aristides, o justo, em Atenas... E que mesmo dentre os nossos homens base não poucos foram expostos a calúnia e mentirosamente atacados, em que pese a inocência comprovada, assim: Zacarias, Sinimbu, Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Bernardino de Campos, Vargas, Juscelino, Goulart, Montoro, Brizola, etc os quais nem se deixaram abalar, não perderam a cabeça e tampouco deixaram de contribuir, cada qual em sua medida, para o bem estar geral da República.

De fato a sorte de um politico virtuoso e comprometido com o bem comum e com a justiça nem sempre é fácil e invejável. Demandando alias certa abnegação e sacrifício, o que não se pode exigir de quem quer que seja.

Então vá lá! Não aspirar candidatar-se ao menos apoie os homens virtuosos que ousam faze-lo e vote neles. Vote dos que conhece e confia, apoie-os ativamente se de fato são excelentes e comprometidos. Lute por eles e introduza-os em seu nome no Parlamento para que de fato te representem fielmente.

Mas e se estiver enganado e o homem vier a degenerar - Uma vez que somos mutáveis - e a corromper-se???

Para justificar-te, basta que tua intenção seja pura! Caso não tenhas tido a intenção de eleger um criminoso, estas inocentado. Errastes, fostes ludibriado, enganado, iludido ; tal a sorte dos mortais - Nada mais humano do que o erro! Certamente aquele que busca eleger um candidato honesto, após ter investigado e buscado conhecimento de causa, converte-se em vítima, ao ser traído por ele.

E no entanto o medo de errar não nos deve impedir de tomar as decisões que julgamos certas ou de agir.

Do contrário sequer atuaríamos de qualquer modo com medo de 'pecar' ou de cometer ações indignas, face as quais somos sugestionados frequentemente. E no entanto a inação ou a omissão são sempre mais perniciosas do que o risco. Viver é aventurar-se, é arriscar-se, é expor-se...

Importante, já o disse, é a pureza das intenções ou a vontade de acertar.

O que no âmbito da ação politica implica busca pelo conhecimento.

Vote portanto em quem já conhece e confia ou, busque conhecer de perto e com suficiência de tempo os candidatos de sua plataforma. O que é facilitado no caso dos que já atuam e pleiteiam a reeleição pelo conhecimento de seu histórico político. Certamente que há políticos comprometidos com os interesses populares que jamais foram denunciados ou citados por improbidade, assim diversos membros da bancada do PSOL dentre os quais Ivan Valente Luiza Erundina; o deputado trabalhista Bohn Gass; o ínclito deputado pedetista Ciro Gomes; assim aqueles que foram levianamente citados sem produção material de provas como a nobre Senadora Gleisi Hoffman e a deputada Jandyra Fegalli do PS do B, dentre outros. Sempre existiram e ainda existem pessoas que valham a pena dentro do cenário político e devemos cerrar fileiras em redor delas.

No entanto de que nos valerá eleger meia dúzia de gatos pingados honestos contra uma aluvião de demagogos vendidos???

Claro que a militância cidadã implica trabalho de conscientização a ser realizado, buscando esclarecer o outro e ganha-los para esta boa causa.

Importa fortalecer esta minoria de combatentes valorosos como os parlamentares que se opuseram:

  • A PEC 241 que visava estabelecer um teto de gastos públicos
  • A proposta sobre o financiamento das candidaturas políticas por empresários
  • A terceirização do trabalho
E que se opõem a sinistra Reforma da Previdência.

Que tal começar levantando seus nomes e buscando conhecer melhor o trabalho deles?

São corruptos tais Parlamentares, foram denunciados ou incriminados?

Não são corruptos, jamais foram denunciados ou incriminados?

Então você não pode dizer que são todos iguais ou farinha do mesmo saco...

E suas apreciações não estão sendo justas.

Alias as generalizações quase nunca são justas.

Suponhamos agora que houvesse apenas um político honesto em todo Parlamento... Nem por isso deixaríamos de estar obrigados a apoia-lo e a reelege-lo!

Justiça é virtude que independe do número.

Não faça portanto o jogo dos políticos corruptos, omitindo-se. São eles os únicos beneficiados por sua abstenção... E te agradecerão roubando ainda mais, prevaricando mais...

Não de omita ou melindre, mas ponha a mão na massa e com responsabilidade atue e participe sem medo de errar.

É por meio de acerto e erro que se constrói e aprimora o organismo democrático.

Por mais perfeito que seja não imagine ou pense que será capaz de viver fora da realidade, e pense sobretudo nas pessoas que serão afetadas por um política pior com relação a que já existe... Pense como as vidas dos trabalhadores e das pessoas mais humildes podem ser tornar ainda difíceis na medida em que as leis são formuladas por homens vis e sem consciência, escravizados pelo dinheiro! E pense no quanto pode contribuir para evitar ou amenizar esta situação votando em pessoas dignas e comprometidas com o bem comum!

Sendo bom a afastando-se do cenário político certamente colabora para torna-lo pior.

Resta esclarecer por fim que a estratégia destes demagogos poderá, ainda a curto prazo, significar um tiro no pé...

Isto na medida em que as pessoas honestas alheias a ordem democrática, sempre poderão vir a comprometer-se com sistemas sedicionistas ou totalitários: Assim o Anarquismo, quanto ao primeiro caso; assim Monarquismo, Integralismo, Fascismo, Nazismo, Comunismo... Os quais vão se fortalecendo e avultando na medida em que mingua a consciência democrática.

Tanto mais desacreditada a democracia Parlamentar ou representativa fica entre nós e tanto mais observamos a construção de ideários rivais, especialmente entre as faixas mais jovens da população, as quais tem optado preferencialmente por aderir a credos não democráticos, ao invés de alimentar a farsa segundo a qual o Parlamento não passa de um enfeite que não afeta nossas vidas... e que consequentemente deve ser suprimido.

Certamente que a exposição e manipulação cavilosa da própria corrupção pelos políticos alimenta semelhante estado de coisas, tornando-o cada vez mais instável e perigoso. Identificada pelo vulgo com o Parlamento a ordem democrática jamais foi tão questionada e exposta a tão duras críticas como no momento presente. Afinal para a maior parte das pessoas um Parlamento corrupto implica uma democracia corrupta, que não funciona e que deve ser removida.

Vejamos que resultará de toda esta farra ou brincadeira iniciada pelos parlamentares irresponsáveis!

Quanto aos que concordam com o divino Platão, como nós, cumpre buscar votar conscientemente, dignificar candidatos honestos, fazer uma boa política, injetar esperanças no povo e construir o caminho para uma democracia cada vez mais direta e para uma sociedade cada vez mais justa, solidária e fraterna. A todas as pessoas de boa vontade convidamos amorosamente para que analisem sem preconceitos o nosso ideário -

VAMOS FORTALECER A CORRENTE DO BEM!



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