Após termos analisado os motivos porque os intelectuais e professores, e pequenos funcionários públicos, com seus méritos pessoais, tendem a assumir uma postura não apenas crítica, mas hostil face ao Capitalismo cumpre examinar a questão seguinte - vide artigo precedente - sobre o insucesso dos socialismos.
"Existiram e existem vários lugares em que não deram certo."
Mas, aparentemente a democracia ateniense, extinta no século III a C, também não deu certo...
Deveríamos tornar ao esquema dos reinados divinos do Oriente?
Uma coisa que não deu certo num determinado período histórico ou em determinadas condições, bem poderá dar certo noutras.
Assim a democracia direta ou policracia nos Landsgemeine suíços ou o Demoex na Suécia.
Acho hipocrisia lançar criticas a pequenina Cuba pelo simples fato de estar sob um embargo econômico unilateralmente imposto por um Império. Levantem o embargo, julguem a pequena Ilha em condições de IGUALDADE - exigência da justiça - e então ai discutiremos. Desconsiderar o embargo imposto a essa república, é para mim pura e simples desonestidade.
Antes de criticarem a Revolução Venezuelana tentem observar imparcialmente a conjuração de formar internas e externas que levantou-se contra ela. Afinal quem nestes nossos tempos ignora que o mercado financeiro engendra e administra crises econômicas com objetivos meramente políticos assim desestabilizar determinadas sociedade que adotaram um modelo 'não ortodoxo' buscando levantar as massas contra os governantes???
Certamente não aprecio a Revolução cubana devido a seu conteúdo autoritário ou despótico, no entanto quem não vê ou percebe quão pouca democracia real existe nas esferas mais altas do governo Norte Americano? Concedo sem maiores problemas que os norte americanos tenham forte tradição democrática, admirável por sinal, mas na esfera do municipalismo, não enquanto Estado nacional. Todavia para ser justo quanto a república de 'Castro' tenho de considerar a realidade social anterior ao regime comunista que era a da não menos despótica e imperialista Emenda Platt... E tenho de levar em conta as críticas tecidas, já no século XIX, pelo não comunista, Jose Marti, um dos ícones da Revolução cubana. Desconsiderar todos este fatores é julgar sem devido conhecimento de causa.
Há uma Coréia do Sul. Beleza mas também há Estados Unidos da América do Norte policiando ideologicamente o mundo com ferocidade e arrogância; buscando tirar proveito econômico. Há um Bush, há um Trump... Há idiotas, psicopatas e palermas com bombas atômicas do outro lado, quem se importa ou incomoda??? Alias por que os EUA podem ter bombas atômicas e as demais sociedades livres não podem? Em que são melhores ou superiores??? Isto não cria uma disparidade em termos de poder como foi dito pelo Dr Enéias Carneiro??? Em que critério material nos baseamos para classificar os EUA como bons e a Coréia do Norte como má? Aqui os paralogismos vão se acumulando ao infinito...
Há no momento atual um esforço político muito bem coordenado no sentido de impedir a todo custo que soluções não capitalistas, logo socialistas, deem certo. São pura e simplesmente boicotadas por meia da força seja física ou econômica. Não morrem de morte natural, por si mesmas (falência múltipla de órgãos). São mortas ou assassinadas por outras Sociedades... São impedidas de dar certo por obra de um poder externo.
Vou no entanto retroceder e examinar o passado.
A primeira reforma social aconteceu muito mas muito tempo antes que se ouvisse falar no odiado Karl Marx. Que digo? Aconteceu muito mas muito tempo antes que se ouvisse falar os nomes de Jesus, Sócrates, Buda ou Confúcio. Pois aconteceu na pequena cidade de Lagash, na Suméria ou no Sul da Mesopotâmia - atual Iraque - há cerca de 3.500 anos, por iniciativa do rei Urukagina. Os detalhes podem ser encontrados - há textos originais - na "Suméria, berço da civilização." de Samuel Noah Kramer e numa versão tanto mais abreviada em Max Beer "História do Socialismo". Curioso aqui é que Urukagina apelava a uma ordem social mais antiga, fixada no início ou aurora dos tempos, apresentando-se destarte mais como um reacionário e restaurador do que como um revolucionário. Seu ideal de justiça ou de sociedade equilibrada, numa perspectiva histórica, esta no passado.
Teria sua reforma social dado certo? É o que não podemos saber uma vez que pouco depois de ter sido implementada foi a pequena Lagash invadida e conquistada por Lugalzagezi de Umma.
Outra tentativa, um pouco mais sutil e de teor mais religioso, de reforma social, afogada em sangue deu-se no Egito de Akenaten, o faraó monoteísta e anti imperialista que aboliu os sacrifícios sangrentos. Podemos le-la romanceadamente no 'Egipcio' de Mika Watari, filmado em 1953 creio eu. Temos aqui mais uma vez, uma iniciativa de reforma social pacifica até certo ponto, violentamente reprimida pelos poderosos sacerdotes de Amon Rá e pelos chefes militares.
Segundo Aristóteles o primeiro grego a idealizar uma Constituição socialista foi Faléias de Calcedônia. Aristóteles pode passar a proposta de Faleias por uma severa crítica, não pode todavia apelar a realidade concreta e certificar que a proposta de Faléias não havia dado certo, o que nos leva a supor justamente o contrário, isto é, ter ela vigorado com relativo sucesso na cidade de Calcedônia.
Para além disto podemos compendiar os seguintes exemplos:
- A Bizâncio Cristã nos séculos IX a XII pode ser descrita como uma república em que a promoção social atingiu alto nível de sofisticação em que pese as estrutura política formal da monarquia. Embora ela tenha passado por sérias mudanças sociais e crises foi destruída pelos turcos seljúcidas no século XV.
- O Império inca funcionou perfeitamente por no mínimo um século adotando um modelo fortemente socialista destruído pelos espanhóis em 1530.
- A República guaranítica dos Jesuítas, criada no Paraguai pelos idos do século XVII, também foi por assim dizer destruída externamente pelos conquistadores portugueses após ter dado certo por cerca de um século.
Temos acima o exemplo de três sociedades relativamente socialistas que deram certo por um bom tempo e que foram destruídas externamente por outras sociedade sem que tivessem apresentado - no caso das duas últimas ao menos - sérios problemas estruturais a nível de organização interna.
Quanto a Europa civilizada no entanto, após a reforma protestante, impos-se cada vez mais um modelo burguês, liberal economicista ou capitalista cuja dinâmica foi descrita com absoluta precisão por David Ricardo já no comecinho do século XIX. A simples substituição do ideal gregário - tomado pelo catolicismo já ao judaismo, já ao platonismo grego - pelo ideal individualista canonizado pelo protestantismo mudou por completo a dinâmica da cultura na medida em que conferiu uma sansão espiritual ou metafísica ao novo padrão de relações econômicas até então incipiente. A igreja antiga fiel ao pensamento de Aristóteles a respeito dos juros e ao conceito tradicional de avareza legado pelo judaísmo, jamais havia se disposto a conceder tal tipo de sansão aos ensaios de liberalismo feitos pela burguesia. Sua tendência era reprimi-los justamente por meio daqueles poderes e sansões imateriais de plasmam a cultura e a mantém estável.
Eis senão quando estoura a reforma protestante, trazendo em seu bojo outros tipos de valores como o aquele individualismo peculiar as sociedades nórdicas e teutônicas e cuja gênese foi detalhadamente explicada por Le Play e Turville. Após ter sido ele introduzido na esfera da religiosidade Cristã, em franca oposição a tradição milenar, fica fácil compreender como e porque inseriu-se facilmente em todos os demais domínios da cultura produzindo outros tantos nichos de pensamento individual ou liberal. Desde então pode o liberalismo incipiente ou a avareza alimentar-se da cultura e impor-se materialmente no mundo real, criando novas estruturas. A partir da dinâmica cultural criada pelo protestantismo o liberalismo econômico, mesmo antes de sua codificação pôde encarnar-se muito facilmente em todas as sociedades europeias e esta solução cultural, ao menos nos países protestantes, inviabilizou qualquer saída pelo socialismo.
Em todas estas sociedades o Socialismo, mesmo enquanto parte do ideário Cristão tradicional, foi cada vez mais retomando aquela direção ancestral naturalista característica do modelo grego, e seguindo pela decididamente pela via do agnosticismo até o ateísmo e o materialismo. O que vindo a chocar as sociedades católicas tradicionais acabou despertando uma estranha oposição. Isto a ponto do Catolicismo romper com seus próprios valores no curso dos séculos XVIII e XIX, ocasião em que os Católicos mais esclarecidos, capitaneados por F Lammenais, Von Keteller e Maning criaram um partido Católico social resgatando sua tradição. Na Itália Nitti e De Amicis apresentaram este partido como socialista. O termo socialista havia sido inventando pelo pensador francês Pierre Leroux pelos idos de 1830.
Quanto a Europa civilizada no entanto, após a reforma protestante, impos-se cada vez mais um modelo burguês, liberal economicista ou capitalista cuja dinâmica foi descrita com absoluta precisão por David Ricardo já no comecinho do século XIX. A simples substituição do ideal gregário - tomado pelo catolicismo já ao judaismo, já ao platonismo grego - pelo ideal individualista canonizado pelo protestantismo mudou por completo a dinâmica da cultura na medida em que conferiu uma sansão espiritual ou metafísica ao novo padrão de relações econômicas até então incipiente. A igreja antiga fiel ao pensamento de Aristóteles a respeito dos juros e ao conceito tradicional de avareza legado pelo judaísmo, jamais havia se disposto a conceder tal tipo de sansão aos ensaios de liberalismo feitos pela burguesia. Sua tendência era reprimi-los justamente por meio daqueles poderes e sansões imateriais de plasmam a cultura e a mantém estável.
Eis senão quando estoura a reforma protestante, trazendo em seu bojo outros tipos de valores como o aquele individualismo peculiar as sociedades nórdicas e teutônicas e cuja gênese foi detalhadamente explicada por Le Play e Turville. Após ter sido ele introduzido na esfera da religiosidade Cristã, em franca oposição a tradição milenar, fica fácil compreender como e porque inseriu-se facilmente em todos os demais domínios da cultura produzindo outros tantos nichos de pensamento individual ou liberal. Desde então pode o liberalismo incipiente ou a avareza alimentar-se da cultura e impor-se materialmente no mundo real, criando novas estruturas. A partir da dinâmica cultural criada pelo protestantismo o liberalismo econômico, mesmo antes de sua codificação pôde encarnar-se muito facilmente em todas as sociedades europeias e esta solução cultural, ao menos nos países protestantes, inviabilizou qualquer saída pelo socialismo.
Em todas estas sociedades o Socialismo, mesmo enquanto parte do ideário Cristão tradicional, foi cada vez mais retomando aquela direção ancestral naturalista característica do modelo grego, e seguindo pela decididamente pela via do agnosticismo até o ateísmo e o materialismo. O que vindo a chocar as sociedades católicas tradicionais acabou despertando uma estranha oposição. Isto a ponto do Catolicismo romper com seus próprios valores no curso dos séculos XVIII e XIX, ocasião em que os Católicos mais esclarecidos, capitaneados por F Lammenais, Von Keteller e Maning criaram um partido Católico social resgatando sua tradição. Na Itália Nitti e De Amicis apresentaram este partido como socialista. O termo socialista havia sido inventando pelo pensador francês Pierre Leroux pelos idos de 1830.
Quanto ao socialismo naturalista foi proposto primeiramente proposto pelos niveladores ou diggers durante a revolução inglesa. Assim Liliburne, assim Winstanley inda que de modo bastante sutil e de matiz religioso. Devemos lembrar que a Inglaterra é pátria do único reformador protestante classificado por muitos como socialista Hugh Latimer e que a proposta do anglo Católico W Laud e seu circulo era igualmente socialista e até mais socialista e popular em oposição ao ideário puritano/calvinista em que topamos já com uma orientação liberal economicista. Seja como for a Revolução Inglesa jamais foi comandada pelos diggers em qualquer uma de suas fases ou etapas, enquanto que o partido anglo católicos foi esmagado com o rei, ficando vencedores os puritanos. E este é o motivo porque é classificada como uma Revolução burguesa do começo ao fim ou em sua totalidade. Jamais houve uma fase ou período socialista na R Inglesa, apenas uma fermentação teórica.
Outra é a situação da R Francesa, sobretudo com o incorruptível Robespierre. Aqui pela primeira vez damos com um ideário socialista no comando e portanto com uma fase caracteristicamente socialista, o que evidentemente supõem uma direção relativamente igualitária e teses como a reforma agrária, o abolicionismo, etc No fim das contas Robespierre é assassinado, sucedendo-se uma restauração sob Bonaparte. Babeuff seu continuador, avança na direção de propostas ainda mais radicais e aspira levar as reformas robespierrianas a frente capitaneando a 'conjuração dos iguais'. A conjuração falha vindo ele a ser processado e morto. É sucedido por Ph Buonarroti e este por A Blanqui sob diversos aspectos práticos, como a polêmica 'ditadura do proletariado' inspirador e mentor de K Marx. Fácil compreender que a direção desta cepa vai de tornando cada vez mais radical até dar no extremismo comunista.
Concomitantemente, no século XIX, especialmente após a revogação das leis sobre o fornecimento de suprimentos aos pobres (criadas logo após o fantasma da Revolução ter ameaçado a Merry England após a 'queda' da França) pelos idos de 1830, a formação de um denso mercado de reserva e a implementação de uma dinâmica capitalistas ideal nos moldes clássicos de teóricos já consagrados - como - Smith, Davi Ricardo, Petty, etc - a opção socialista ou mesmo comunista vai se tornando cada vez mais atraente para os clérigos - fossem unitários, romanistas ou anglo católicos - professores, pequenos funcionários públicos, artistas, poetas, cientistas, etc enfim para tantos quantos recusavam-se a aceitar a realidade dada como única opção possível e aspiravam reconstruir a sociedade noutros moldes. A imensa produção de injustiça, miséria e ignorância no cenário áureo da Inglaterra vitoriana exasperava os setores mais reflexivos e críticos daquela sociedade na mesma medida em que agradava os donos do poder.
Desde 1870 os conflitos sociais tornam-se agudos e desde 1880 a 1920 há um grande esforço por parte das elites intelectuais, pertencentes as classes médias, no sentido de buscar soluções institucionais para o problema em termos de reformas e de reformas destinadas a limitar ou conter o Mercado. Na Inglaterra o conjunto dessas aspirações reguladoras (logo socialistas) de viés institucional, destinadas a proteger a pessoa do trabalhador recebe o nome de trabalhismo. Essas reformas são sistematizadas e organizadas de modo efetivo em 1945 quando Clement Attle esmaga o 'vitorioso' Churchill e adota uma agenda de bem estar social inspirada em J M Keynes.
Destarte, num nível maior ou menos a Inglaterra foi socialista ao cabo de cem anos i é desde 1880 a 1980 i e ao período Tatcher e mais acentuadamente ainda a partir de 1945 sem que no entanto esta opção acarretasse maiores problemas ou levasse o país ao colapso. De fato nada no período pré Tatcher sugere qualquer tipo de crise mais séria em termos sociais ou econômicos. Havia estabilidade e relativa segurança. Neste caso qual a razão ou razões de Tatcher??? Antes de tudo a conjuntura externa da guerra fria e o decorrente alinhamento com os EUA. Era necessário demonstrar que a proposta neo liberal era não apenas viável mais excelente e aqueles que na Inglaterra sentiam saudades da doutrina clássica do lucro máximo compraram a ideia. Assim o socialismo foi em parte desmontado com o objetivo de promover ideologicamente o liberalismo num clima de guerra fria.
Tal a situação da Inglaterra. De modo que não se pode dizer que o socialismo não deu certo naquele contexto. Ser arbitrariamente removido num contesto de institucionalidade é bem outra coisa.
O segundo exemplo de socialismo bem sucedidos e tão bem sucedidos a ponto de amenizar os conflitos étnicos que seriam reavivados uma década depois - num contesto de liberalismo ascendente - é a então Jugoslávia de Iosip Broz Tito, a qual partindo do comunismo tomou um rumo sui generis, chegando inclusive a conquistar o respeito da URSS e a funcionar muito bem até a morte do Marechal, ocasião em que veio a passar por uma crise devido a questões de natureza política como a liderança e a ser levado de roldão juntamente com as demais sociedades comunistas do Leste Europeu.
O terceiro exemplo bem sucedido e muito bem sucedido temos nos países Escandinavos, capciosamente apresentados como capitalistas ou liberais por certa propaganda desleal e desonesta. Th Picket no entanto não apenas faz lembrar que tais países tem permanecido rigorosamente fiéis ao modelo de bem estar social inspirado em J M Keynes pois mais de meio século, como faz questão de demonstrar que tais países apresentam as mais altas taxas de impostos do mundo ( por onde se vê que não são liberais nem em sonho) e que o montante desses impostos é redistribuído a toda população por meio de investimentos sociais implementados nas áreas da habitação, educação, saúde, lazer e cultura, o que impede o aumento excessivo da desigualdade e a proliferação da miséria. Evidentemente que este mecanismo redistributivo, responsável pela situação de equilíbrio vigente em tais sociedades, não é econômico ou financeiro, mas político e externo ao Mercado. Nem se vê como esse princípio regulador externo esteja de acordo com as aspirações do liberalismo clássico...
A honestidade nos obriga a reconhecer que os países do Leste europeu nada tem de capitalistas, pois na mesma medida que concedem total liberdade a iniciativa individual ou privada, taxam implacavelmente toda as iniciativas bem sucedidas por meio de impostos com o objetivo de reverter parte da renda produzida pelas empresas capitalistas aos trabalhadores. Situação em que a sociedade ou o estado realiza uma mediação muito bem sucedida e eficaz. Claro que o livre consentimento dos liberais não esta em jogo e que eles não cessam de criticar ferozmente estes sistema, o qual nada tem de capitalista.
Ora este sistema de redistribuição de renda pautado nos impostos e na promoção social tem se mantido até hoje e se mostrado relativamente eficaz. Basta dizer que se trata das sociedades com o melhor índice de qualidade de vida do planeta. E que estão muito a frente da Sociedade norte americana, a qual como demonstraram Lênin e Rosa Luxemburgo não se pode sustentar sem recorrer ao imperialismo, a pirataria internacional e a guerra desde que conquistou os territórios indígenas em 1890 e atingiu o máximo limite possível em termos de expansão territorial contínua. Os cidadãos Norte americanos tinham razão em ser otimistas e confiantes em 1776 quando ainda havia um imenso território a ser conquistado e um montante colossal de riquezas naturais a serem pilhadas, o que possibilitava, até certo ponto a sustentabilidade. Outra é a situação dos EUA a partir do final do século XIX e especialmente no decorrer do século XX na medida em que a própria dinâmica do Capitalismo vai produzindo desigualdade e miséria cf Henry George 'Progresso e pobreza' e estimulando o conflito social.
Desde então a 'maravilhosa' sociedade Yankee teve de enfrentar um pavorosa crise econômica, com todo um lastro de tragédias pessoais e o recrudescimento da repressão com o consequente apego doentio ao mecanismo repressor da pena capital, além de implementar uma política cada vez mais imperialista - sancionada culturalmente pela doutrina do destino manifesto - responsável pela eclosão de centenas de conflitos por todos planeta. Diante disto não podemos deixar de pensar aquela sociedade animada pelo espírito capitalista como um morcego vampiro ou uma sanguessuga, enfim com um ser parasitário cuja existência depende da matéria tomada a outros seres, no caso a outras sociedades, votadas a uma situação de subdesenvolvimento (anemia espiritual).
Toda a vez que qualquer pessoa muito mal informada questiona-me sobre o fato do Capitalismo ir muito bem nos EUA obrigado ou dos EUA irem muito bem (não importa a forma da pergunta), limito-me a replicar: Mas a que preço, mas a que custo! Já pararam para pensa na contrapartida representada pelo imperialismo, o sub desenvolvimento, a miséria e as guerras??? Será pouco??? Acaso os EUA com seu belo capitalismo poderiam sustentar-se sem molestar ou abusar de outras sociedades ou manter-se ficando na sua??? Será portanto o capitalismo um modelo internamente sustentável ou um modelo que depende da existência de outras sociedades e continentes humanos a serem explorados ou melhor escravizados???
Só para concluir: Tenho observado diversos modelos socialistas perfeitamente realistas e funcionais em todo decorrer da História desde Faléias de Calcedônia. O que não me convence por outro lado é a perfeita funcionalidade de um modelo que dependa da pilhagem e da força, da guerra e da sabotagem, de embargos e terroristas para manter-se. E que tenha causado tantos problemas ao mundo em menos de cem anos. Por fim na medida em que este sistema de lucro máximo viraliza outras sociedades damos com os recursos naturais se esgotando, com a mãe natureza explorada num ritmo irracional e com a fauna e a flora cada vez mais ameaçadas por uma extinção em massa. Nesta perspectiva o que vejo e a ideologia ou proposta capitalista conduzir a humanidade ao suicídio ou convertendo-nos em predadores implacáveis. Afinal não podemos adotar propostas infinitas e pretensiosas num plano finito, e tampouco estimular os instintos agressivos e doentios do ego com esse tipo de proposta. De fato há em nós uma tendência que aponta para o egoísmo crônico, a qual precisa ser educada ou mesmo reprimida (pela ética ou pela fé religiosa é claro).
Tendemos a nos multiplicar ao máximo, a acumular ao máximo... mesmo sendo entidades distintas numa cifra alarmante. Tudo isto é marcadamente irracional até a loucura pois ignoramos nossa condição e os limites de nossos recursos, sonhando em pilhar outros mundos e oprimir as formas de vidas que neles vivam. O Capitalismo nos tem convertido em zumbis predadores alucinados por cérebros... Por isso profanamos a terra em que vivemos cf Scott Nearing estupramos a mãe natureza e convertemos a sociedade num inferno sobre a terra.
Enfim admitindo que os socialismos não tivessem funcionado não estaria demonstrado que o capitalismo funciona ou funcionou algum dia. Dado por certo que o socialismo não funcionasse por defeito estrutural ou de natureza interna, seriamos forçados a concluir que nada funciona. Tudo quando nos restaria seria o nada absoluto e a total falta de esperança. Ora o homem não pode viver sem esperança ou mesmo utopia. Em posse plena de suas faculdades não é um ser conformado...
Outra é a situação da R Francesa, sobretudo com o incorruptível Robespierre. Aqui pela primeira vez damos com um ideário socialista no comando e portanto com uma fase caracteristicamente socialista, o que evidentemente supõem uma direção relativamente igualitária e teses como a reforma agrária, o abolicionismo, etc No fim das contas Robespierre é assassinado, sucedendo-se uma restauração sob Bonaparte. Babeuff seu continuador, avança na direção de propostas ainda mais radicais e aspira levar as reformas robespierrianas a frente capitaneando a 'conjuração dos iguais'. A conjuração falha vindo ele a ser processado e morto. É sucedido por Ph Buonarroti e este por A Blanqui sob diversos aspectos práticos, como a polêmica 'ditadura do proletariado' inspirador e mentor de K Marx. Fácil compreender que a direção desta cepa vai de tornando cada vez mais radical até dar no extremismo comunista.
Concomitantemente, no século XIX, especialmente após a revogação das leis sobre o fornecimento de suprimentos aos pobres (criadas logo após o fantasma da Revolução ter ameaçado a Merry England após a 'queda' da França) pelos idos de 1830, a formação de um denso mercado de reserva e a implementação de uma dinâmica capitalistas ideal nos moldes clássicos de teóricos já consagrados - como - Smith, Davi Ricardo, Petty, etc - a opção socialista ou mesmo comunista vai se tornando cada vez mais atraente para os clérigos - fossem unitários, romanistas ou anglo católicos - professores, pequenos funcionários públicos, artistas, poetas, cientistas, etc enfim para tantos quantos recusavam-se a aceitar a realidade dada como única opção possível e aspiravam reconstruir a sociedade noutros moldes. A imensa produção de injustiça, miséria e ignorância no cenário áureo da Inglaterra vitoriana exasperava os setores mais reflexivos e críticos daquela sociedade na mesma medida em que agradava os donos do poder.
Desde 1870 os conflitos sociais tornam-se agudos e desde 1880 a 1920 há um grande esforço por parte das elites intelectuais, pertencentes as classes médias, no sentido de buscar soluções institucionais para o problema em termos de reformas e de reformas destinadas a limitar ou conter o Mercado. Na Inglaterra o conjunto dessas aspirações reguladoras (logo socialistas) de viés institucional, destinadas a proteger a pessoa do trabalhador recebe o nome de trabalhismo. Essas reformas são sistematizadas e organizadas de modo efetivo em 1945 quando Clement Attle esmaga o 'vitorioso' Churchill e adota uma agenda de bem estar social inspirada em J M Keynes.
Destarte, num nível maior ou menos a Inglaterra foi socialista ao cabo de cem anos i é desde 1880 a 1980 i e ao período Tatcher e mais acentuadamente ainda a partir de 1945 sem que no entanto esta opção acarretasse maiores problemas ou levasse o país ao colapso. De fato nada no período pré Tatcher sugere qualquer tipo de crise mais séria em termos sociais ou econômicos. Havia estabilidade e relativa segurança. Neste caso qual a razão ou razões de Tatcher??? Antes de tudo a conjuntura externa da guerra fria e o decorrente alinhamento com os EUA. Era necessário demonstrar que a proposta neo liberal era não apenas viável mais excelente e aqueles que na Inglaterra sentiam saudades da doutrina clássica do lucro máximo compraram a ideia. Assim o socialismo foi em parte desmontado com o objetivo de promover ideologicamente o liberalismo num clima de guerra fria.
Tal a situação da Inglaterra. De modo que não se pode dizer que o socialismo não deu certo naquele contexto. Ser arbitrariamente removido num contesto de institucionalidade é bem outra coisa.
O segundo exemplo de socialismo bem sucedidos e tão bem sucedidos a ponto de amenizar os conflitos étnicos que seriam reavivados uma década depois - num contesto de liberalismo ascendente - é a então Jugoslávia de Iosip Broz Tito, a qual partindo do comunismo tomou um rumo sui generis, chegando inclusive a conquistar o respeito da URSS e a funcionar muito bem até a morte do Marechal, ocasião em que veio a passar por uma crise devido a questões de natureza política como a liderança e a ser levado de roldão juntamente com as demais sociedades comunistas do Leste Europeu.
O terceiro exemplo bem sucedido e muito bem sucedido temos nos países Escandinavos, capciosamente apresentados como capitalistas ou liberais por certa propaganda desleal e desonesta. Th Picket no entanto não apenas faz lembrar que tais países tem permanecido rigorosamente fiéis ao modelo de bem estar social inspirado em J M Keynes pois mais de meio século, como faz questão de demonstrar que tais países apresentam as mais altas taxas de impostos do mundo ( por onde se vê que não são liberais nem em sonho) e que o montante desses impostos é redistribuído a toda população por meio de investimentos sociais implementados nas áreas da habitação, educação, saúde, lazer e cultura, o que impede o aumento excessivo da desigualdade e a proliferação da miséria. Evidentemente que este mecanismo redistributivo, responsável pela situação de equilíbrio vigente em tais sociedades, não é econômico ou financeiro, mas político e externo ao Mercado. Nem se vê como esse princípio regulador externo esteja de acordo com as aspirações do liberalismo clássico...
A honestidade nos obriga a reconhecer que os países do Leste europeu nada tem de capitalistas, pois na mesma medida que concedem total liberdade a iniciativa individual ou privada, taxam implacavelmente toda as iniciativas bem sucedidas por meio de impostos com o objetivo de reverter parte da renda produzida pelas empresas capitalistas aos trabalhadores. Situação em que a sociedade ou o estado realiza uma mediação muito bem sucedida e eficaz. Claro que o livre consentimento dos liberais não esta em jogo e que eles não cessam de criticar ferozmente estes sistema, o qual nada tem de capitalista.
Ora este sistema de redistribuição de renda pautado nos impostos e na promoção social tem se mantido até hoje e se mostrado relativamente eficaz. Basta dizer que se trata das sociedades com o melhor índice de qualidade de vida do planeta. E que estão muito a frente da Sociedade norte americana, a qual como demonstraram Lênin e Rosa Luxemburgo não se pode sustentar sem recorrer ao imperialismo, a pirataria internacional e a guerra desde que conquistou os territórios indígenas em 1890 e atingiu o máximo limite possível em termos de expansão territorial contínua. Os cidadãos Norte americanos tinham razão em ser otimistas e confiantes em 1776 quando ainda havia um imenso território a ser conquistado e um montante colossal de riquezas naturais a serem pilhadas, o que possibilitava, até certo ponto a sustentabilidade. Outra é a situação dos EUA a partir do final do século XIX e especialmente no decorrer do século XX na medida em que a própria dinâmica do Capitalismo vai produzindo desigualdade e miséria cf Henry George 'Progresso e pobreza' e estimulando o conflito social.
Desde então a 'maravilhosa' sociedade Yankee teve de enfrentar um pavorosa crise econômica, com todo um lastro de tragédias pessoais e o recrudescimento da repressão com o consequente apego doentio ao mecanismo repressor da pena capital, além de implementar uma política cada vez mais imperialista - sancionada culturalmente pela doutrina do destino manifesto - responsável pela eclosão de centenas de conflitos por todos planeta. Diante disto não podemos deixar de pensar aquela sociedade animada pelo espírito capitalista como um morcego vampiro ou uma sanguessuga, enfim com um ser parasitário cuja existência depende da matéria tomada a outros seres, no caso a outras sociedades, votadas a uma situação de subdesenvolvimento (anemia espiritual).
Toda a vez que qualquer pessoa muito mal informada questiona-me sobre o fato do Capitalismo ir muito bem nos EUA obrigado ou dos EUA irem muito bem (não importa a forma da pergunta), limito-me a replicar: Mas a que preço, mas a que custo! Já pararam para pensa na contrapartida representada pelo imperialismo, o sub desenvolvimento, a miséria e as guerras??? Será pouco??? Acaso os EUA com seu belo capitalismo poderiam sustentar-se sem molestar ou abusar de outras sociedades ou manter-se ficando na sua??? Será portanto o capitalismo um modelo internamente sustentável ou um modelo que depende da existência de outras sociedades e continentes humanos a serem explorados ou melhor escravizados???
Só para concluir: Tenho observado diversos modelos socialistas perfeitamente realistas e funcionais em todo decorrer da História desde Faléias de Calcedônia. O que não me convence por outro lado é a perfeita funcionalidade de um modelo que dependa da pilhagem e da força, da guerra e da sabotagem, de embargos e terroristas para manter-se. E que tenha causado tantos problemas ao mundo em menos de cem anos. Por fim na medida em que este sistema de lucro máximo viraliza outras sociedades damos com os recursos naturais se esgotando, com a mãe natureza explorada num ritmo irracional e com a fauna e a flora cada vez mais ameaçadas por uma extinção em massa. Nesta perspectiva o que vejo e a ideologia ou proposta capitalista conduzir a humanidade ao suicídio ou convertendo-nos em predadores implacáveis. Afinal não podemos adotar propostas infinitas e pretensiosas num plano finito, e tampouco estimular os instintos agressivos e doentios do ego com esse tipo de proposta. De fato há em nós uma tendência que aponta para o egoísmo crônico, a qual precisa ser educada ou mesmo reprimida (pela ética ou pela fé religiosa é claro).
Tendemos a nos multiplicar ao máximo, a acumular ao máximo... mesmo sendo entidades distintas numa cifra alarmante. Tudo isto é marcadamente irracional até a loucura pois ignoramos nossa condição e os limites de nossos recursos, sonhando em pilhar outros mundos e oprimir as formas de vidas que neles vivam. O Capitalismo nos tem convertido em zumbis predadores alucinados por cérebros... Por isso profanamos a terra em que vivemos cf Scott Nearing estupramos a mãe natureza e convertemos a sociedade num inferno sobre a terra.
Enfim admitindo que os socialismos não tivessem funcionado não estaria demonstrado que o capitalismo funciona ou funcionou algum dia. Dado por certo que o socialismo não funcionasse por defeito estrutural ou de natureza interna, seriamos forçados a concluir que nada funciona. Tudo quando nos restaria seria o nada absoluto e a total falta de esperança. Ora o homem não pode viver sem esperança ou mesmo utopia. Em posse plena de suas faculdades não é um ser conformado...
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