M Frédéric Guillaume Le Play
Um dos temas mais polêmicos e interessantes das ciências sociais, diz justamente respeito a sua criação.
Quem teria criado a Sociologia?
Quanto a terminologia Socio + logia, sabemos ter sido criada não por August Comte, pai do positivismo, mas pelo abade Sieyés, ensaísta ligado ao iluminismo, pelos idos de 1780. Comte limitou-se a alterar-lhe o significado, se é que não foi precedido por C H de Rouvroy o Conde de St Simon cujas doutrinas reeditou ou depurou.
Nós no entanto nos interessamos mais pela 'praxis' do que pela criação de uma determinada palavra.
De modo que a pergunta aqui diz respeito a quem teria iniciado as pesquisas no campo da Sociologia.
Inútil recorrer a manuais e compêndios, os quais, segundo o pais em que foram editados apontam este ou aquele conterrâneo, assim os franceses são por Comte, os alemães por Lorenz Von Stein, Marx ou mesmo Max Weber, os ingleses por Mill ou Spencer... Como bem ser vê cada qual buscando puxar a sardinha para seu lado.
Seja como for os principais candidatos são:
- Karl Marx
- Lorenz Von Stein
- Auguste Comte &
- Herbert Spencer
Repasse-mo-los pois -
Quanto a K Marx devemos observar não ser Sociólogo mas antes de tudo Filosofo ou Filosofo social e sobretudo economista, embora tenha excursionado pelo Direito e realizado algumas investigações sociais.
Vejamos no quadro de suas obras quando iniciou suas pesquisas sociais.
Quanto a K Marx devemos observar não ser Sociólogo mas antes de tudo Filosofo ou Filosofo social e sobretudo economista, embora tenha excursionado pelo Direito e realizado algumas investigações sociais.
Vejamos no quadro de suas obras quando iniciou suas pesquisas sociais.
- A 'Contribuição para a crítica da Filosofia do Direito em Hegel - Introdução' (1844) diz respeito, como o próprio nome índica a F do Direito
- A 'Miséria da Filosofia' (1847) como o próprio 'Das Kapital' é uma análise de pressupostos econômicos formulados por P J Proudhon
- A 'Sagrada família' e a 'Ideologia alemã' (1845/46) são obras de caráter propriamente filosófico.
- O 'Manifesto comunista' (1848) é obra puramente Ideológica a qual bem poderíamos classificar como Ética.
- 'Trabalho assalariado e Capital' (1849) não foge a dinâmica econômica, que alias constitui o forte do pensador judeu alemão
- 'O 18 Brumário...' (1852) é uma análise política de viés econômico.
- O artigo sobre a punição capital (1853) não foge ao tema do direito, ainda que busque relaciona-lo com pressupostos econômicos.
- 'População crime e pauperismo' (1859) parece ser a primeira obra - em que pese ser um pequeno artigo de jornal - de investigação social elaborada por Marx com base em estatísticas. A outra grande obra de investigação social intentada por Marx foi a 'Origem da família, da propriedade privada e do Estado', editada por Engels em 1884. Trata-se de uma obra inacabada ou melhor de uma série de notas elaboradas por Karl sobre a 'Ancient Society' de Lewis Morgan editada em 1877.
Fixamos portanto, para Marx, a data chave de 1859, para assinalar sua primeira elaboração no campo da Sociologia, salientando porém que as estatísticas ou investigações não foram realizadas por ele.
Quanto a Lorenz Von Stein é velha a polêmica, no sentido de ter ele influenciado a Marx ou sido influenciado por ele, uma vez que escreve algumas de suas principais obra pelos idos de 1840 - Foldes, 1914, Marx é que teria tomado posse de parte do aparelho conceitual de Stein - adotando por sinal os termos 'proletariado' e 'conflito de classes', embora não fosse partidário de soluções revolucionárias como Lênin - o porta voz de Marx para os comunistas 'ortodoxos' - mas de algo muito próximo do estado de Bem estar social proposto por Keynes e da 'social democracia'.
Embora Stein, em 1842 tenha elaborado uma obra sobre o Comunismo e o Socialismo na Revolução Francesa - a qual teria influenciado K Marx - por sinal ampliada e reeditada em 1850, é esta obra de caráter acentuadamente histórico. A primeira obra em que o alemão principia a deslindar a trama das relações sociais presente nas instituições - Gessellschaftlehre... - remonta a 1856. Seja como for vale a pena reproduzir algumas linhas do prefácio: "Nuestra actualidad a comenzado a observar una nueva serie de fenómenos que anteriormente no tenían lugar ni en la vida ordinaria NI EN LA CIENCIA."
Temos portanto para L Von Stein o ano de 1856.
Passemos agora a Comte, o qual veio a falecer justamente na década em que Marx, Stein e outros iniciaram suas investigações, e cujas obras remontam aos idos de 1820 e 30, logo há vinte anos antes. Aparentemente Comte teria sido o criador a Ciência Social ou da Sociologia e não poucos tem esboçado essa opinião pelo simples fato de ignorarem o teor de suas obras.
No entanto toda sua busca por leis gerais e universais em torno do processo histórico sabem mais a Filosofia da História do que Sociologia. Por mais que pregasse contra a abstração e a metafísica toda sua obra prima pela quase absoluta falta de concretude ou de contato com a realidade social imediata (Daí te-los intitulado com justeza 'Opúsculos de Filosofia Social'. A darmos Comte por fundador da Sociologia teríamos a obrigação de remontar sua fundação ao Conde St Simon, a Condorcet, a Vico com seu 'corsi i ricorsi' ou mesmo a Turgot.
Há certamente em Comte um anelo pela investigação social, mas não a investigação propriamente dita, em termos de positivismo iniciada por E Durkheim. Comte ao contrário de Weber e do mesmo modo que Marx ainda é absolutamente normativo, estabelecendo metas em torno da idealidade.
Tentou deslocar o foco da reflexão Filosófica para a concretude, para a História, para a organização social, mas, em termos de metodologia, pouco ou nada fez.
Resta-nos analisar agora as credenciais do derradeiro candidato proposto pelos manuais de Sociologia a título de fundador. Aqui o inglês Herbert Spencer.
Que temos a dizer a respeito dele?
Ao menos quando a 'Estática populacional' e senão quanto aos 'Princípios de Biologia' (1864) o mesmo que foi dito com relação a seu mestre Comte. Alias a primeira obra até pode ser classificada como uma espécie de panfleto libertário ou crítica ao que chamamos de Estado com conotações políticas, econômicas e jurídicas mas nada de propriamente concreto em termos de relações sociais ou instituições. Apenas em 1864 formula o darwinismo social, o qual como se sabe é bem mais escolástico, metafísico, abstrato ou escolástico do que outra coisa.
Conclusão - Quanto aos quatro personagens apontados como fundadores da Sociologia, aquele cuja obra - em termos de investigação social - parece ser mais antiga é sem sombra de dúvida o alemão Lorenz Von Stein. O qual, com relação aos outros três candidatos e dentro deste acanhado limite leva a palma.
Seria o caso de proclamarmos Lorenz Von Stein como o 'pai da Sociologia'.
Nem tanto ao ar nem tanto ao mar.
Sem querer negar os méritos do alemão, parece que foi precedido por um francês, membro do seleto grupo dos 'Sociólogos esquecidos', em que pese sua primazia temporal com relação a todos os demais...
Quanto a Lorenz Von Stein é velha a polêmica, no sentido de ter ele influenciado a Marx ou sido influenciado por ele, uma vez que escreve algumas de suas principais obra pelos idos de 1840 - Foldes, 1914, Marx é que teria tomado posse de parte do aparelho conceitual de Stein - adotando por sinal os termos 'proletariado' e 'conflito de classes', embora não fosse partidário de soluções revolucionárias como Lênin - o porta voz de Marx para os comunistas 'ortodoxos' - mas de algo muito próximo do estado de Bem estar social proposto por Keynes e da 'social democracia'.
Embora Stein, em 1842 tenha elaborado uma obra sobre o Comunismo e o Socialismo na Revolução Francesa - a qual teria influenciado K Marx - por sinal ampliada e reeditada em 1850, é esta obra de caráter acentuadamente histórico. A primeira obra em que o alemão principia a deslindar a trama das relações sociais presente nas instituições - Gessellschaftlehre... - remonta a 1856. Seja como for vale a pena reproduzir algumas linhas do prefácio: "Nuestra actualidad a comenzado a observar una nueva serie de fenómenos que anteriormente no tenían lugar ni en la vida ordinaria NI EN LA CIENCIA."
Temos portanto para L Von Stein o ano de 1856.
Passemos agora a Comte, o qual veio a falecer justamente na década em que Marx, Stein e outros iniciaram suas investigações, e cujas obras remontam aos idos de 1820 e 30, logo há vinte anos antes. Aparentemente Comte teria sido o criador a Ciência Social ou da Sociologia e não poucos tem esboçado essa opinião pelo simples fato de ignorarem o teor de suas obras.
No entanto toda sua busca por leis gerais e universais em torno do processo histórico sabem mais a Filosofia da História do que Sociologia. Por mais que pregasse contra a abstração e a metafísica toda sua obra prima pela quase absoluta falta de concretude ou de contato com a realidade social imediata (Daí te-los intitulado com justeza 'Opúsculos de Filosofia Social'. A darmos Comte por fundador da Sociologia teríamos a obrigação de remontar sua fundação ao Conde St Simon, a Condorcet, a Vico com seu 'corsi i ricorsi' ou mesmo a Turgot.
Há certamente em Comte um anelo pela investigação social, mas não a investigação propriamente dita, em termos de positivismo iniciada por E Durkheim. Comte ao contrário de Weber e do mesmo modo que Marx ainda é absolutamente normativo, estabelecendo metas em torno da idealidade.
Tentou deslocar o foco da reflexão Filosófica para a concretude, para a História, para a organização social, mas, em termos de metodologia, pouco ou nada fez.
Resta-nos analisar agora as credenciais do derradeiro candidato proposto pelos manuais de Sociologia a título de fundador. Aqui o inglês Herbert Spencer.
Que temos a dizer a respeito dele?
Ao menos quando a 'Estática populacional' e senão quanto aos 'Princípios de Biologia' (1864) o mesmo que foi dito com relação a seu mestre Comte. Alias a primeira obra até pode ser classificada como uma espécie de panfleto libertário ou crítica ao que chamamos de Estado com conotações políticas, econômicas e jurídicas mas nada de propriamente concreto em termos de relações sociais ou instituições. Apenas em 1864 formula o darwinismo social, o qual como se sabe é bem mais escolástico, metafísico, abstrato ou escolástico do que outra coisa.
Conclusão - Quanto aos quatro personagens apontados como fundadores da Sociologia, aquele cuja obra - em termos de investigação social - parece ser mais antiga é sem sombra de dúvida o alemão Lorenz Von Stein. O qual, com relação aos outros três candidatos e dentro deste acanhado limite leva a palma.
Seria o caso de proclamarmos Lorenz Von Stein como o 'pai da Sociologia'.
Nem tanto ao ar nem tanto ao mar.
Sem querer negar os méritos do alemão, parece que foi precedido por um francês, membro do seleto grupo dos 'Sociólogos esquecidos', em que pese sua primazia temporal com relação a todos os demais...
Referi-mo-nos a Frederic Le Play o qual em 1855 publicou sua obra máxima 'Les ouvriers europeens' em seis alentados volumes, expondo as condições de trabalho, a organização familiar, as atividades econômicas, o ambiente moral, etc dos trabalhadores de toda Europa. O mais interessante aqui é que Le Play foi o primeiro 'pensador' a ir a campo ou a investigar 'in situ' desde 1848 e a elaborar tabelas e quadros de estatística, vinculando pela primeira vez a pesquisa sociológica e este modelo científico. Deve-se igualmente a ele a fundação da primeira sociedade dedicada a pesquisa social, a 'Société internationale des études pratiques d'economie social' ainda em 1856.
Frederic Le Play nasceu em 1806 e faleceu em 1882 três anos após sua conversão ao 'Catolicismo'.
Obras -
"Os operários europeus." 1856
"A reforma social." 1864
Frederic Le Play nasceu em 1806 e faleceu em 1882 três anos após sua conversão ao 'Catolicismo'.
Obras -
"Os operários europeus." 1856
"A reforma social." 1864
"A organização familiar." 1871
"A Constituição inglesa." 1874
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