Espero que nenhum de vocês me compreenda mal.
Ontem mesmo, ainda ontem, fui acusado de ateísmo e nem por isso me senti ultrajado - Melhor nada dizer a respeito da divindade ou mesmo, quem sabe, negar sua existência do que atribuir-lhe ações indignas e vergonhosas. Tal o ponto de vista de Plutarco, tal meu ponto de vista.
Aos fanáticos, teocráticos, supersticiosos, fundamentalistas, etc prefiro sem sombra de dúvida os irreligiosos, incrédulos e ateus, desde que sejam sinceros e virtuosos. Tenho mais amigos irreligiosos, agnósticos e indiferentes do que amigos religiosos e certamente não tenho amigos fanáticos.
Óleo e água jamais se misturam.
Meu imenso desprezo por toda gente obscurantista e fanática, que costuma crer apenas porque esta escrito e em tudo quanto esteja escrito, é demasiado conhecido por todos dentro e fora dos meios virtuais.
Hoje no entanto ousarei exprimir meu ponto de vista pessoa a respeito de um determinado assunto, por sinal bastante delicado, e já o disse; sem o objetivo de atacar, agredir, converter e menos ainda de salvar pessoas. Sou feliz por ter perdido este vício já há muito tempo e não me considero para remir a quem quer que seja. No entanto, o quanto julgo ser bom, veraz e consistente, com a devida vênia, respeito e prudência aspiro partilhar com toda gente de boa vontade ou problematizar. Em certo sentido quero incomodar a quem que que seja, até mesmo incrédulos e ateus em sua incredulidade.
Sempre podemos sair do comodismo ou do repouso e abrir mais e mais nossas mentes. Por crer estar em posse de algo consistente e veraz questiono esta posse, sem receio, a cada dia. Busco por a prova as certezas que tenho pois caso não venham a desabar tornem-se cada vez mais sólidas.
Como ex protestante, dirijo-me a meus amigos ex protestantes que são muitos, mas particularmente os que tornaram-se ateus ou infensos a toda e qualquer forma religiosa... e mais particularmente ainda aos que tem algo contra Jesus, aqueles que o detestam, odeiam, combatem, etc
A maior parte dos Cristãos e quase todos os protestantes sentem-se enfurecidos face a qualquer palavra mais áspera dirigida aquele que adoram. Chegam ao paroxismo do ódio e esquecem-se de que o próprio Jesus exortou-os a amar e a perdoar. No entanto eles ficam exasperados, ensandecidos, encolerizados e respirando vingança, como se nos fosse lícito odiar os críticos de nossa fé ou aqueles que expressam uma opinião irreverente sobre o humilde carpinteiro de Nazaré.
O fato é que muitos católicos mal orientados, a quase totalidade dos protestantes, os muçulmanos e mesmo os judeus mais moderados acreditam que tais críticas, insultos, ofensas, etc possam atingir a própria divindade, irritando-a ou encolerizando-a, e esta é uma visão bastante perigosa ou equivocada. Afinal de contas por que a divindade concederia existência a seres capazes de importuna-la apesar de sua pequenez? Como poderia ela ser afetada pelas simples palavras ou comentários de criaturas tão diminutas como nós? Assim a ideia segundo a qual a divindade é afetada por nossas palavras, e apenas ela é verdadeiramente sacrílega e blasfema na medida em que opõem-se a perfeição e sabedoria divinas. Naturalmente que tendo previsto e planejado todas as coisas encaminhando-as para o bem, é d divindade inatingível, intocável e impassível sob todos os aspectos e nada do quanto pudéssemos nós fazer esgotaria sua paciência infinita.
Logo não nos precisamos exasperar face as críticas ou as palavras amargas que nossos irmãos dirigem ao Senhor Cristo. Tal meu ponto de vista. Eu mesmo fico triste ao ler ou ouvir tais comentários pelo simples fato de muito amar a figura de Jesus de Nazaré e julgar tais acusações improcedentes. Tenho-o em conta de inocente e por isso sinto-me melancólico, sem todavia deixar de compreender tais críticas, ao menos até certo ponto.
Lamentavelmente a ideia que os ex protestante fazem de Jesus ou a imagem que ele teem é aquela mesma que receberam do protestantismo e que levou-os a ruptura. O Jesus reformado ou protestante. E ignoram outras possibilidades ou versões, quiçá mais consistentes. Outros optam pela negação do Jesus Histórico, já debati com estes em diversas ocasiões e ainda agora recomendo a leitura de Vermes ou Crosan pelo simples fato de não serem Cristãos ou gente de igreja, sem deixarem de ser excelentes pesquisadores ou historiadores com H maiúsculo, por conhecerem as fontes. Não é este o foco deste artigo. Jamais cogitei negar a existência do Jesus histórico, mas vima odia-lo tanto quanto meus ex correligionários e ainda hoje odeio este Jesus ou esta falsa imagem de Jesus, o Jesus protestante.
Caso o Jesus histórico ou real fosse de fato o Jesus de João Calvino ou o Jesus dos judaizantes, esse rabino beócio e bem comportado, mero reprodutor de preconceitos farisaicos, repetidor da Torá, servidor de Moisés, trivial, comum, pajé, curandeiro... Caso nosso Jesus não passasse dum Moisés, Salomão ou Davi disfarçado. Caso ensinasse doutrinas como a predestinação, as penas eternas e fetichismo diabolista, etc Caso não se mostrasse em nada contestatório e superior as massas que o cercavam. Caso nada tivesse em comum com Buda, Confúcio ou Sócrates. Caso nada trouxesse de distinto ou de revolucionário; digo do fundo do meu coração; eu também o odiaria. Como odeio o falso Jesus protestante, rabino convencional, machista, homofóbio, adultista, odinista, etc
E no entanto é justamente este Jesus 'bíblico', protestante, calvinista, judaizante, pentecostal, convencional e conservador - esse anti Jesus - que não existe.
Será que parte de vocês não limitasse a negar uma imagem passivamente aceita e mantida a respeito de Jesus? Uma imagem convencional e odiosa fabricada pelo protestantismo ao cabo destes últimos séculos??? Será que na verdade o que odeiam não é Calvino, Pharan, Falwell, etc Os fabricantes deste ídolo ou espantalho? Os criadores desse boneco a ser malhado em sábado de aleluia? Tal o autor - tal a obra, e temos autores muito maus: assassinos, ladrões, mentirosos, etc
Até que medida nos limitamos a negar ou a odiar uma imagem que não ousamos questionar e desconstruir?
Digo isto porque seguindo por um caminho distinto, encontrei nas fontes do Cristianismo antigo, ou nos antigos padres da igreja, um Jesus totalmente diverso deste Jesus convencional dos sectários e reformadores. E indo eu mesmo ao Evangelho, sem a mediação de comentaristas modernos e judaizados, dei com um Jesus totalmente diverso, com um Jesus revolucionário e contestatório, noutras palavras com uma clone de Sócrates perdido nos ínvios sertões da Judeia. Só então pude entender o sentido da palavra escândalo para os judeus... Ou seja o sentido da Cruz e a oposição existente entre os escribas e fariseus - firmados nos mitos e tradições mortas do antigo testamento ou no que chamam de Bíblia - e este pregador, o qual 'falava como quem tinha autoridade' ou seja ousando tecer críticas a Bíblia, ou seja, a Moisés e sua suposta lei.
Fosse Jesus mero repetidor de tradições e lambe botas de Moisés, como costuma ser apresentando pelos pastores e judaizantes, por que raios teria sido suspenso na trave sob a alegação de ter seduzido e desencaminhado a cada de Israel? Como poderia ter desencaminhado a casa de Israel repetindo Moisés e ficando nos limites acanhado da Torá ou da Tanak??? Em que chocaria dos judeus caso concordasse em tudo com eles?
Ele mesmo disse que o vinho novo não podia ser posto em odres velhos.
Nem Jesus nem seu Evangelho cabem nisto a que chamam Torá ou Tanak i é na Bíblia e nós não apreciamos este Jesus conformado ou conformista e o detestamos com razão, porque não é o Jesus histórico, real ou verdadeiro mas mero produto da teologia 'bíblica' protestante cujo objetivo primacial é faze-lo concordar a qualquer custo com a Torá ou a Tanak, amaciando suas críticas e deturpando seus ensinamentos. Toda teologia protestante com sua ideia fixa de Bíblia é um eterno lançar água fria na fervura do Evangelho por meio da acomodação.
Diante disto tudo quando resta é o velho Moisés ou o velho Davi com uma máscara ou aparência de Jesus. Um Jesus judaizante e judaizado. Um Jesus mistificado.
Aqueles que nos apresentaram Jesus, apresentaram-nos repito um Jesus machista, homofóbio, adultista, odinista, capitalista, etc E no entanto a simplicidade do Evangelho mostra-nos este homem acolhendo a samaritana a beira do poço, discutindo com Marta e Maria, acompanhado pelas mulheres, propício ao centurião e a seu amante enfermo, acolhendo as crianças, mandando Pedro recolher a espada, promovendo a paz, dirigindo-se aos pescadores pobres e alimentando-os, etc Temos um Jesus no Evangelho a ser medido por suas ações e outro Jesus que nos foi apresentando pelos pastores na escola dominical e o qual odiamos por ser tão prosaico.
Digo o mesmo a respeito das demais religiões.
O protestantismo apresenta-se insistente e arrogantemente como sendo o último biscoito do pacote ou a última palavra em termos de religião ou de Cristianismo, acho que ao menos inconscientemente parte de nós aceitou e mantêm isto apesar da ruptura. Para um ex protestante a ruptura é quase sempre um fim de linha quanto a religiosidade e especialmente em termos de Cristianismo e muitos de nós continuanos reproduzindo as mesmas críticas e o mesmo ódio que o protestantismo sempre votou aos Catolicismos, sequer cogitando pesquisar melhor, conhece-los, etc
Isto quando sabemos que o protestantismo mentiu para nós e enganou-nos num grau infinitesimal.
Mesmo assim conservamos e reproduzimos a visão que essa fé desonesta passou-nos a respeito dos catolicismos, do espiritismo, do budismo, etc nos fechamos numa incredulidade feroz e não ousamos reexaminar isto ou lidar com isto. Será que no fundo no fundo nossa atitude para com as demais religiões, que conhecemos tão pouco e através do protestantismo, não merece ser revista?
Muitas vezes o que escuto dos ex protestantes, mesmo quanto ateus, materialistas e incrédulos, a respeito do Catolicismo e das demais religiões, parece-me um eco do quanto era dito pelos pastores charlatães? Será que não estamos reproduzindo tradições e preconceitos formados por uma fé que sabemos ser absolutamente falsa? Merecerá crédito a crítica feita pelo protestantismo as demais fés?
Digo isto porque eu mesmo investiguei os Catolicismos, especialmente o antigo ou Ortodoxo, suas tradições, ensinamentos, etc e verifiquei ou constatei ser algo totalmente distinto do quanto diziam os pastores - pintando-o como politeista, diolátrico, diabólico, etc - o que em certo sentido cativou-me. Mais tarde examinando o espiritismo a pedido dos padres romanos cheguei a mesma constatação. E por fim examinando o budismo, fé a qual não pertenço mas que certamente admiro, bem como ao zoroastrismo, ao Bawaismo, etc Mesmo os mórmons e jeovista, de cuja fé não comungo e a qual me oponho, não me pareceram tão maléficos como pintados pelo protestantismo bíblico, calvinista ou pentecostal com sua peculiar acrimônia.
Certamente que todas estas comunidades religiosas possuem seus defeitos ou problemas como possuem os partidos políticos, as instituições econômicas, clubes e até mesmo agremiações esportivas, etc Quero dizer que as mazelas que observações nas religiões não são peculiares a elas. Existem em todos os demais setores necessários a vida e a civilização.
Por isso torno a indagar sobre até que ponto, buscando beneficiar-se ou favorecer-se o protestantismo com suas críticas parciais e destemperadas não carregou suas tintas nas demais religiões, até sataniza-las. Mais, gostaria de saber até que ponto cada um de nós, antes de libertar-se da farsa bíblica, não interiorizou tais críticas fechando-se a outras possibilidades religiosas e fazendo do protestantismo a derradeira opção em termos de fé. Quando sabemos ou viemos a saber que sua qualidade é bastante baixa.
Desencantados com o protestantismo, sería prudente conservar o mesmo amargor ou ranço que ele incutiu em nós face aos catolicismos ou as demais religiões? Caso conheçamos os Catolicismos ou as demais religiões apenas através da crítica protestante ou da literatura apologética protestante, ou mesmo da crítica estabelecida por ateus e irreligiosos procedentes do protestantismo, podemos dizer que nosso conhecimento é real ou objetivo??? Digo isto porque constato rotineiramente o uso de material protestante pelos ex protestantes quando se trata de atacar o Catolicismo ou as demais fés, o que certamente preocupa-me. Afinal de contas como confiar na Apologética de um sistema que sabemos ser absolutamente falso e desonesto? Pelo qual os próprios ateus, incrédulos e 'desviados' são impiedosamente atacados e caluniados quase que diariamente! Logo como confiar em qualquer aspecto de uma crítica protestante??? Engendrada pelo fanatismo! Por que não averiguar e abordar o tema por si mesmo?
Gostaria que meus amigos ex protestantes procedessem assim, afastando-se dessa apologética artificiosa e desonesta, e verificando as coisas por si mesmos.
Critiquem sim, mas busquem da mesma maneira ler as obras dos antigos padres da igreja ou as obras doutrinárias do espiritismo, ou as sutras do budismo. Para que suas apreciações sejam válidas e justas.
Por fim quero dizer que não levo nem um pouco a mal que tenhais desertado do Cristianismo ou que abomineis a figura de Jesus Cristo partindo do suposto segundo o qual o Cristianismo de vocês, segundo a experiência que tiveram, é o protestantismo com suas seitas, dua bibliolatria, seu livre exame, seus mitos, seu rancor infernista, sua predestinação monstruosa e tantos outros absurdos clamorosos. Até acho normal e compreensível vossa revolta, a qual debito na conta dos 'deformadores'... Tampouco levo a mal que tenhais tomado horror ao nosso Jesus, porque o Jesus a que detestais é o falso Jesus protestante, judaizante, judaizado, conformista, mítico e irreal. Não é de modo algum o revolucionário audaz que ousou tecer críticas as tradições rabínicas, a Torá e a Tanak demolindo todos os seus preconceitos multiseculares; mas apenas um Moisés ou Salomão disfarçado. Certamente esta manobra do protestantismo, este Jesus hipócrita, cruel e arrogante merece mesmo ser denunciado e odiado. Ele não é digno de nossa fé ou de fé alguma.
No entanto com respeito e carinho vos concito a indagar se não há outra versão mais consistente de Jesus? Será a odiada versão do protestantismo a mais confiável? Então antes de odiar e insultar consideremos a possibilidade da imagem de Jesus, divulgada pelo protestantismo, ser falsa.
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