terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Os que não quiseram ser salvos... A História de uma mulher anônima e de um professor judeu que souberam ser imitadores perfeitos de Jesus Cristo





Ontem a noite estava refletindo sobre uma conversa que tive com o estimado professor Absolon, o qual dignou-se vir até a casa para trocarmos algumas ideias.

Centralizei o pensamento no sermão do monte, mais especialmente neste trecho:

"Bem aventurados os misericordiosos, porque obterão a misericórdia."

E refiz a pergunta como foi relatada pelo nobre amigo:

"Quem é o bem aventurado?"

O que tem fé? O religioso? O devoto? O remido? O igrejeiro?...

Não. De modo algum. A bem aventurança aqui é reservada ao misericordioso.

Agora - Quem é o misericordioso?

O ateu? O budista? O protestante? O espírita? O papista? O judeu? O Ortodoxo? O agnóstico?

Misericordioso é aquele que exerce a misericórdia...

Simples assim.

De fato qualquer um pode ser misericordioso: O branco, o negro, o vermelho, o amarelo, o rico, o pobre, o cristão, o judeu, o budista, o irreligioso, o velho, o novo, a mulher, a criança...

E aquele que é misericordioso é bem aventurado.

Mas e a fé? Como pode ser isto? Como alguém pode ser bem aventurado sem a fé?

Vai perguntar pra Jesus?

Então a fé já não é tudo?

Caso a fé fosse tudo não haveriam oito bem aventuranças, mas uma apenas: Bem aventurado quem tem fé...

A fé até pode ser alguma coisa, mas também existem outras realidades.

Daí o oráculo divino: "Na paciência salvareis as vossas almas!"

Como se vê a fé nem é a única realidade religiosa em termos de Cristianismo e tampouco basta ou salva sozinha...



Alguns se aproximam do Senhor de modo mais íntino por uma fé viva ou a adesão a verdade doutrinal associada a Caridade. Outros se aproximam doutros modos... mas também se aproximam.

Por outro lado só podemos comparar um Ortodoxo ou um Católico sem caridade, misericórdia, senso se justiça, etc aos mestres judaicos que passaram a largo do homem ferido...

Pois eles - apesar da fé - não foram designados como bons pelo divino Mestre. Bom mesmo foi o samaritano, isto é, o cismático ou herético sensível e compassível.

Aqueles, o sacerdote, o levita e o fariseu eram portadores da religião teórica ou superficial. Porque não é a verdade que atinge e toca o que há de mais profundo e nobre no ser humano... O samaritano apenas, inda que na ignorância da verdade, era representante da religião pura e sem mancha diante do Pai celestial: "Socorrer o órfão, o estrangeiro e a viúva em suas necessidades."

Claro que uma coisa não exclui a outra. Pouco no entanto são aqueles que logram concilia-las... Sendo assim, melhor ficar com o essencial que é a caridade, a benignidade, o amor a justiça, a sensibilidade, a humanidade...



Destarte quando penso em um padrão elevado de religião só posso pensar no Pe Maximiniano Kolbe, em Oscar Schindler, em Alexander Schmorell, em Madre Maria Skobtosova... a respeito dos quais escrevi já diversas vezes.

Hoje quero adicionar mais dois heróis a esta gloriosa galeria, dos quais sobre um nada sabemos em termos de fé, já o outro era judeu.

Penso se necessário registrar isto pelo simples fato de que todos estão perfeitamente cônscios a respeito de minha opinião a respeito do judaísmo enquanto cultura ou melhor da cultura semita como um todo pois minhas críticas tocam igualmente a cultura árabe e até com maior intensidade. Jamais ocultei - e não tenho porque oculta-lo - minha posição a respeito da notação e valor da cultura, meu repúdio marcado ao relativismo cultural, meu apresso e apego a cultura greco, romano, cristã, etc

Sempre tenho afirmado a inferioridade e miséria das culturas semitas em comparação com a cultura européia> greco, romana, católica, francesa...  Sempre tenho defendido a superioridade de nossos valores ancestrais como a democracia, a ética justicionista, o humanismo, a noção de bem comum, a liberdade sexual, a liberdade pessoal (esta afirmada pelos catolicismos), o conceito de alteridade, o jusnaturalismo, etc Os quais para mim correspondem a valores essenciais, imperecíveis e perenes. Neste sentido a contribuição das culturas semitas, religiosamente obcecadas em termos de formalismos religiosos, parece-me nula.

O próprio construto sincrético da religião judaica não me parece majestoso, embora não deixe de ser interessante. Ao menos até o advento daquela espiritualidade farisaica que tudo envenenou e que posteriormente veio a instalar-se nos domínios do Cristianismo... A exceção de certos elementos de ética contidos nos profetas e no Pirké abbot não nutrimos qualquer simpatia para com a fé dita abraâmica.

Todavia o foco de nossa crítica são os cristãos - em especial Católicos - que aderem a fé judaica e sobretudo aqueles que sem romper com a fé judaizam adotando os costumes do antigo testamento.

Ademais concordamos com o pronunciamento dos rabinos Ortodoxos segundo o qual ambas as fé não precisam misturar-se para tolerarem uma a outra.

Para além disto nossa opinião, ditada pelo liberalismo religioso, é suficientemente conhecida: Os judeus tem todo direito de professar sua fé ancestral e de manter seus costumes. Já Alexandre e Augusto haviam deixado isto bem claro e não somos doutro parecer. Como todos os homens - a exceção dos que santificam e abençoam a violência do como os muçulmanos sunitas - são credores de nossa tolerância e respeito, ponto e basta.

Por mais que detestemos as fés judaica, protestante e xiita reconhecemos que seus profitentes são seres humanos e que os seres humanos devem ser sempre acolhidos, compreendidos, amados e servidos; não odiados, nem oprimidos, nem perseguidos. Odiar as doutrinas e amar os homens deve ser nossa diretriz.

Ouso declarar enfim se um judeu entrega sua vida por amor de seu próximo também ele é imitador do Verbo Jesus Cristo e certamente herdeiro da bem aventurança e da paz espiritual, pois Jesus Cristo não é Senhor mesquinho e acanhado mas generoso e benevolente. Todo aquele que ama seu semelhante seja judeu, grego, chinês ou indiano esta na comunhão de Jesus Cristo, inda que jamais tenha ouvido falar dele, pois Jesus Cristo já o atingiu e incorporou a si ao assumir a natureza comum.

Ou não sabes que muitos daqueles que ouviram falar a respeito dele e fingem professar a fé desonram seu nome ensinando doutrinas de ódio, julgando, condenando, oprimindo, excluindo... Então se trata de um conhecimento inútil e duma fé para o juízo.

Feitas estas ressalvas passo a narrativa:




Não sei em que livro li esta narrativa, mas não poucas vezes, nas noites sem lua, tenho pensado sobre ela.

É uma historinha na plena acepção da palavra e no entanto uma das mais impactantes que já li ou ouvi.

Diz respeito ao famoso Transatlântico Titanic afundado a pouco mais de um século no fatídico ano de 1914.

Há tantas narrativas insipidas toscas a respeito dele, como aquela segundo a qual deus exercerá vingança sobre o navio devido a uma tirada feita por um dos proprietários ou pelo comandante, Esta predileta dos fanáticos...

Há algumas narrativas comoventes como a dá orquestra que não cessou de tocar até o instante final...

E há esta que segue e que para mim é a mais impactante de todas:

"Enquanto aquele navio imenso ia mergulhando nas gélidas águas do Oceano os botes iam se enchendo de gente.

Claro que as mulheres e crianças tinham a preferência e eu, que pertencia a esta última categoria, acabei testemunhando um evento a respeito do qual jamais haverei de esquecer enquanto viver.

Como alguns botes haviam sido lançados com poucas pessoas os que restavam estavam apinhados, inclusive o nosso.

O limite de ocupantes havia sido atingido e já não havia lugar para uma alma sequer.

Foi quando os homens aproximaram-se trazendo uma mulher cujos filhos haviam sido embarcados noutro bote e cujo esposo encontrava-se nos Estados Unidos, e já não restava lugar para ela.

E como a mulher chorasse e suspirasse eu vi uma jovem, uma mocinha levantar-se e dizer: Sou jovem solteira e sem filhos, ela é esposa e mãe, cedo meu lugar. E dizendo isto levantou-se e tornou ao navio prestes a adernar. O que quero dizer é que aquela jovem menina caminho para a morte certa e que entregou sua vida por uma desconhecida.

Por um bom tempo a voz daquela jovem soou nos meus ouvidos como um sino de ferro enquanto nosso bote se afastava e aquela mocinha tornava ao convés do navio.

Ela certamente morreu e eu jamais vim a saber quem fosse, qual era seu nome, sua origem, sua idade... "

Não meus senhores, não amigo leitor que me ouve, não se tratava duma pessoa idosa, vivida, enferma, frustrada, desgostosa mas duma menina, duma jovem, duma adolescente que mal começara a viver. E que mesmo assim num gesto de amor e nobreza aceitou morrer no lugar de uma mãe de família, de alguém que sequer conhecia...

Que significado imenso contido num evento tão breve.

De modo que eu, a semelhança daquela que presenciou este evento tão singular, pego-me não poucas vezes a imaginar qual fosse seu rosto, seu nome, sua origem, sua idade, suas ideias, esperanças, crenças, temores... E sobretudo em que pensava ela no instante crucial da decisão! E sobre qual teria sido o motivo que levou-a a abdicar da salvação em benefício de outra pessoa...

São justamente eventos como estes que me fazem questionar a crença ou fé materialista e a exemplo do grande Pascal apostar decididamente num Deus bondadoso em cujo Ser tais eventos são perpetuados e se tornam eternos, ao invés de tombarem no mais frio esquecimento.

E não tripudio afirmar que após os elementos deste planeta terem sido consumidos, que após todas as partículas deste sistema terem se dispersado, que após as galáxias e o próprio universo terem se dissolvido a memória desta ação permanecerá incólume a nível de consciência, duma consciência universal.

Certamente nem toda a imensidão deste universo material é digna de sentimentos tão elevados.



"Nós não estamos aqui para refletir teoricamente sobre os problemas sociais no espírito da ortodoxia mas para unir nosso pensamento social inspirado pela ortodoxia a vida do trabalho."

"Para muitos daqueles que frequentam a igreja nós estamos demasiado a esquerda, mas para os esquerdistas somos demasiado religiosos..."

"Guerra eterna e esse novo paganismo chefiado por um louco (Hitler) que precisa ser enfiado numa camisa de força e lançado numa sala forrada com cortiça de modo que seus uivos bestiais não destruam a paz do mundo."

"Erro essencial, não existe questão judaica mas questão Cristã porque toda questão de vida e morte é Cristã.... no fundo toda batalha que questiona o dom da vida é travada contra o Cristianismo? Se nosso Cristianismo fosse autêntico todos portaríamos uma estrela. A Idade dos mártires chegou."



"Se alguém aparecer por aqui buscando por judeus eu os levarei até o ícone da Mãe de Deus." Madre Maria Skobotzova, mártir imolada pelos nazistas

O segundo exemplo diz respeito a um professor e educador Janusz Korckzac judeu polonês de Varsow. Não vou falar agora sobre suas ideias acuradas e iniciativas geniais como a Escola ou pedagogia democrática suficientemente avaliada por Piaget... Afinal as ideias por geniais que sejam passam. Limitar-me-ei a narra sumariamente como também ele recusou-se a ser salvo. De fato enquanto cuidava dos órfãos do Dom Sierot no gueto foram-lhe oferecidas no mínimo duas oportunidades de fuga, uma por Newerly e outra por Maria Falska. Optou no entanto por não abandonar seus educandos e companheiros. E com eles em Agosto de 1942 foi conduzido ao matadouro de Treblinka onde veio a perder a vida. Segue-se o melhor comentário possível: Ninguém tem amor maior senão aquele que entrega a vida por seus irmãos!

Quando crianças, mulheres, velhos, enfermos e deficientes são assassinados não é questão de ideologia mas de psicopatia ou crueldade!

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