quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Se confio... ou que posso fazer pela cultura?





Cercados por fundamentalistas de um lado e por pós modernistas a outro passamos por uma situação dramática.

Uma sensação trágica faz-nos crer que após os anos cinquenta acelerou-se a decadência da cultura, deflagrada ou reforçada pelo Vaticano II. 

Sendo ou não sendo papistas temos nós de reconhecer que do ponto de vista educativo e assim antropológico, gnoseológico e epistemológico, parte da igreja romana anterior ao Vaticano II prestava imenso serviço a cultura, mantendo viva parte de nossa herança greco romana. Servindo de barreira ao pós modernismo, fenômeno complexo sujas raízes tocam ao agostinianismo 'Ortodoxo', ao protestantismo, ao kantismo, ao anarquismo, etc 

Desde o advento da Reforma, do Capitalismo e das demais culturas de morte que afloraram a partir do décimo nono século temos passado por processo análogo aquele que destruiu o Império Romano e que foi vivamente pintado por Ed. Gibbon.

Assistimos a dissolução de uma cultura ou de um projeto civilizatório que remonta a Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus, etc

O qual principiou a ser abortado pela Reforma protestante e em seguida pelo liberalismo econômico. 

No entanto, abortado o projeto civilizatório, conservaram-se por muito tempo, diversos elementos da cultura. Os quais, como apontamos acima, só passaram a ser seriamente atacados a partir do décimo nono século e com maior sucesso ainda após o Vaticano II.

Mesmo porque como dissemos a igreja romana, apesar do veneno agostiniano, desenvolvera, a cabo da Idade Média, todo um modelo educativo fundamentado nas lições de Aristóteles. 

Destarte, se como afirmou Huberman, foi o modo de produção medieval triturado pela peste negra, o modelo educacional foi destruído pela Reforma.

Erra feio o Pe Franca ao apontar Descartes como uma espécie de Lutero da Filosofia quando o Mestre de Lutero foi Ockhan e seu continuador e campeão I. Kant. Agostinho, Ockhan, Lutero e Kant formam como que uma linha de continuidade revelando-nos o trajeto do irracionalismo dissolvente. Cuja expressão mais refinada é Kant. O luterano Kant, determinado a vindicar seu Mestre a partir de uma metafísica anti metafísica!!! Ninguém mais metafísico do que Kant, o homem que pretendeu traçar os limites ou as fronteiras da racionalidade. Sejamos francos amigo leitor, nada naquelas alemanhas kantianas podia estar ou esteve alheio a influência devastadora da Reforma luterana, particularmente no que diz respeito ao pensamento e a cultura clássica, apenas por não fazerem parte da 'bíblia' - Agora vejam só quanta seriedade... Aristóteles é uma besta ou um demônio por ser pagão i é por ter sido grego e não israelita... Tal a perspectiva de Lutero.

Cada qual tem o Lutero que merece. E esse lixo chamado pensamento moderno ou contemporâneo tem seu Lutero em Kant. Quanto a esse outro espectro maligno chamado João Calvino quiçá tenha reencarnado em Nietzsche, Foucault, Derrida, Deleuze, etc  

Já o disse, principiaram a remover-nos a fé para em seguida removerem-nos a metafísica e por fim a ciência. Até que nos deixaram - Eles, os modernistas. - vazios ou sem nada. Substituíram o Cristianismo antigo pelo racionalismo, o racionalismo pelo positivismo e enfim o positivismo por nada, pelo vazio. Agora se os homens não podem resistir ao nada, como poderia ele, o nada, servir de suporte a algo tão complexo quanto a civilização?

Foi a civilização, ao cabo de vinte e cindo séculos, suportada primeiramente por um confiança natural na razão, em seguida pela Revelação Cristã e enfim por um ideal de ciência ou experimentalidade, elementos que chegaram a compor entre si seja no século XV ou no século XVII mas que tombaram, um após o outro, face a destemperada crítica pós modernista, mãe do nihilismo i é do nada... Posto que nada restou de significativo ao homem: Nem fé, nem razão e tampouco ciência; e tudo, absolutamente tudo lhe foi tirado.

A partir do nada nada será construído.

Precisamos portanto retornar ao Ser, a Realidade, a Verdade, ao Conteúdo... 

Só a afirmação do Ser poderá salvar-nos do abismo.

É na afirmação decidida da correspondência entre o Ser e o Aparelho cognitivo humano - Fenômeno a que chamamos Verdade. - que virá nossa redenção.

Não de pretensiosas revoluções cósmicas mas duma simples mudança de pensamento e postura - Do retorno a percepção, do retorno ao raciocínio, do retorno a uma fé esclarecida; enfim do retorno a afirmação segundo a qual o ser humano é capaz. Capaz de perceber, de saber e de crer com segurança.

Pois se não chegamos a qualquer verdade o defeito, não estando nas coisas, está em nós. E os abortos da natureza não são as bananeiras que produzem bananas ou as macieiras que produzem maçãs, mas nós, os seres humanos, os seres frustrados, os seres ineptos...

Não sendo mais os homens Sapeins mas Néscios perderam o sentido de si mesmos. Sendo natural que, a semelhança de Werther aspirem pela morte. Uma humanidade que perdeu seus primeiros amores anda desiludida e a caminho da destruição.

Nem se sustenta ou pode sustentar uma construção da qual se retiram os fundamentos.

Assim a afirmação da racionalidade, a fé apostólica e a confiança na posse da realidade pela percepção.

Agora sem a percepção é este homem cego, sem a razão é este homem surdo e sem a fé esclarecida ficou este homem mutilado ou paralítico. Nada vê, nada ouve e sequer se pode mover... Vivendo como que em estado comatoso, num mundo a parte, composto por sonhos e visões. Renunciando a luz da Verdade internou-se este rebotalho de ser humano na mais tenebrosa caverna, sequer podendo contemplar as sombras descritas pelo 'forasteiro de Atenas'. 

Como esperar que a partir de tais sombras humanas seja a Civilização reconstruída, não a partir de novos elementos, mas dos elementos antigos?

Precisamos, tu - Amigo leitor - e eu, retirar tais sombras da caverna e trazer-las a luz do dia. Precisamos tu - Amigo leitor - e eu despertar tais homens e mulheres. Precisamos tu - Amigo leitor - e eu, educar essas massas erradias.

Coloca-te ou busca situar-te no ocaso do Império Romano e contemplar o fim daquela Civilização.

Trágico seria para mim e para ti. Ainda que Roma o tenha merecido. 

Ademais pouco o nada poderíamos fazer. Posto que não havia Psicologia, Sociologia, Pedagogia, meios de comunicação, internet...

Ignoravam supinamente os últimos cidadãos romanos que fossem os últimos cidadãos romanos.

Pois não podiam prever com segurança o que se sucederia, e ignoravam supinamente o que estava acontecendo.

Alguns de nós no entanto estão ainda fora da Caverna. 

Podendo compreender perfeitamente o que se esta passando.

Que são esses bíblicos, esses sunitas e mesmo essas hostes de pós modernistas 'alimentadas' pelo relativismo ou mesmo pelo ceticismo senão as velhas hordas de bárbaros saídas da floresta herciniana?

Estamos assistindo os estertores de um projeto cultural abortado de quatro séculos ou mais. 

Estamos assistindo a aniquilação de nossa herança humanista clássica.

Estamos assistindo o último combate entre Sócrates e o Areópago, entre Jesus e o Sinédrio, entre Crisóstomo e Arcádio!

Mas que posso fazer eu? - Perguntas tu.

Absorvido como estou pelas lutas do quotidiano. Lutas que giram em torno da manutenção ou da sobrevivência...

Bem. Todas as coisas devem começar humildemente.

Temos nesta Folha um roteiro ou projeto cultural destinado a resistir, criticando os fundamentos da modernidade insana.

Quem sabe não podemos tu e eu, eu e tu, trabalhar juntos para conservar o quanto resta da Civilização...

Mas como se trabalho para viver?

Ah Já sei, está o editor a pedir contribuição em dinheiro... Querendo lucrar em cima da situação.

Primeiro dramatiza e depois pede dinheiro...

NÃO - AQUI NÃO SE PEDE DINHEIRO.

Não temos Empreja, não somos pastores, não queremos sua bolsa e menos ainda aspiramos viver de dízimo, como aproveitador ou parasita.

O quanto queremos é sua atenção e solidariedade.

Seria demais pedir seu apoio moral?

Então o quanto queremos é que se associe a nós nessa batalha pela cultura.

O que cada um de vocês bem pode fazer divulgando esta Folha, compartilhando os conteúdos (Com os créditos é claro!) e conseguindo mais apoiantes. Tudo quando pedimos a cada um de vocês é que divulguem nosso humilde trabalho.

Portando se lê os Ensaios contidos neste Blog e considera-os relevantes introduza-os nos lares de seus parentes, amigos e conhecidos que se interessam pelo problema da cultura.

Tal o favor que te pedimos. Favor que prestará a civilização.

Afinal por meio desta Folha poderás combater tu ao lado de Confúcio, Buda, Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus Cristo, Epicteto, Quintiliano... e cumprir com teu dever.

"Nada do quando seja humano é indiferente a mim." 

 



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