O que todos os gregos ignoravam é que a cultura democrática deve transcender ou ultrapassar a estrutura política.
Já os não socráticos ignoravam que a vida democrática demanda preparo, tanto em termos meramente técnicos quando em termos de ética.
Passados vinte e cinco séculos, mesmo após o advento da Ciência política, da Psicologia, da Sociologia, etc continuamos a brincar, ignorando as exigência da vida democrática.
Pois caso conhecêssemos a fundo as necessidades da vida democrática, em termos de espírito ou cultura, não cessaríamos de deplorar a ação das instituições econômicas no plano da política.
A bem da verdade quem transcendeu, alastrou-se, criou espírito e plasmou cultura não foi a democracia ou o liberalismo político mas o liberalismo econômico ou o capitalismo.
Perceptível a raiz de nossos problemas: O espírito econômico suplantou o espírito político. Isto para não falarmos nas dimensões ética e estética do existir.
Enquanto o humano ou ético, por meio do político, deveria animar todas as esferas da atividade humana, passou o político a ser drenado pelo econômico e é a este padrão social que damos o nome de economicista.
Basta dizer que esta invasão econômica subverteu o plano socrático cristão ou humanista desde seus fundamentos e comprometeu até certo ponto a própria instituição da democracia.
Quem deveria estar bem controlado ou contido era o poder econômico, não a democracia, a qual sendo espírito tem necessidades vitais.
Conceber uma democracia dócil ou bem comportada face as aspirações ambiciosas do Mercado é conceber um democracia contida, limitada, formal, estrutural e morta ou posta para a morte.
Precisa a democracia ser espírito, vida e cultura; impondo-se enquanto forma a todas as demais esferas da existência. É ela, a democracia, que deve transcender seus próprios limites e não o princípio do lucro, do capital, do dinheiro ou do que mais for. Pois é através dela, i é, da política e da política democrática que a Ética transformará todas as coisas, engendrando um mundo melhor.
Quando digo que precisa a democracia ser espírito, vida e cultura estou dizendo com Léo Moulin, que a democracia precisa ser resgatada no seio da instituição Cristã ou das Igrejas Apostólicas, seja nos mosteiros e ordens religiosas, seja nas Dioceses por meio dos Sínodos e mesmo na Igreja Católica Ortodoxa como um todo por meio do Concílio geral - Sem que, ao menos no plano da disciplina ou dos costumes não haja lugar ao poder arbitrário. Mesmo quando a obediência monacal é absolutamente necessário vincula-la a objetivos éticos bastante claros de modo a que jamais de espaço a dominação caprichosa. Todo poder arbitrário, a exceção do poder religioso ou credal dos Bispos dentro dos limites (Dogmáticos) da tradição, deve ser abolido com oposto ao espírito do Evangelho.
Por isso devemos lembrar que o sucessor de Judas traidor foi sorteado e não escolhido por um poder arbitrário, embora Matias bem pudesse ter sido eleito pelos doze. Quero lembrar mais uma vez o saudável modelo oriental ainda hoje fiel ao sorteio. E o legítimo modelo monacal, firmado em torno do sufrágio e portanto da autêntica vida democrática. Tudo isto em oposição ao corrupto sistema latino da escolha pelo papa.
Deploro que diversos patriarcados Ortodoxos tenham assimilado esse modelo bizarro, monstruoso e oposto a tradição quando sabemos que no tempo dos apóstolos, mártires e padres vigorava sempre a eleição, seja democrática ou aristocrática, e jamais a escolha arbitrária. Isto porque onde há espírito há liberdade e assim instituições democráticas.
Aos ortodoxos cumpre não apenas permanecer alheios ao modelo latino imposto pelo papa romano como tentar, na medida do possível, restaurar o modelo tradicional e democrático da eleição ou do sorteio, impedindo o exercício da vontade arbitrária. Isto de modo a Religião verdadeira dar suporte ao modelo politico democrático. Jamais a modelos autoritários. Afinal se por via da sucessão apostólica gozam os Bispos - Exclusivamente no plano da fé ou do Dogma - de autoridade divina, autoridade política alguma pode revindicar para sí tal privilégio (Da sucessão apostólica.), ficando sendo ela o que sempre é: Um modelo de organização puramente humano. Saudável é repetir que o Papa Leão XIII, após ter examinado profundamente o assunto, declarou, em oposição a heresia ou superstição integralista, que inexiste qualquer política sagrada ou divina.
Pelo contrário jamais houve política mais desavergonhada, ímpia, oportunista e canalha, do Oriente ao Ocidente, seja no plano do Budismo ou do Cristianismo. Pois após terem ambas as religiões, devido a seus postulados Éticos, ameaçados os grandes impérios de Roma e da China, assim os potentados do Japão e suscitado a princípio intensa oposição até a perseguição - Com grande perigo para tais sociedades e impérios... Perceberam os imperadores, reis e potentados seculares que a melhor maneira de dobrar a religião consistia em 'apoia-la' ou em patrocina-la oficialmente. De fato não houve nem há melhor maneira de cooptar Bonzos, Bicus, Bispos, Padres e Monges do que convertendo-os em funcionários públicos, pagando-lhes estipêndio e sobretudo edificando templos, mosteiros e monumentos religiosos. Foi assim que no Oriente foi o Budismo levado a apostasia ética em torno de seus princípios, e isto a ponto de assumir os falsos princípios do Taoismo e do Xintô.
Outro não foi o impacto exercido sobre o modelo Cristão após a Era dos grandes padres ou do século V, embora os déspotas só tenham consolidado seu poder após o século XII, momento em que começam a apresentar-se a si mesmos como apóstolos, como seres escolhidos por Deus ou como representantes de Cristo, mesmo quando o Evangelho nos adverte: A Deus o que é de Deus e a César o que é de César... Os potentados seculares no entanto sempre cobiçaram a glória divina.
Quanto a Igreja Histórica, grande, antiga, apostólica, Católica e Ortodoxa; cumpre repudiar a tal modelo e retomar aquela saudável liberdade que lhe permite julgar os atos de quaisquer sociedades ou estados políticos, condenando inexoravelmente toda e qualquer ação injusta.
Não deve, qualquer Estado, nutrir ambição de comandar a Igreja de Cristo ou de imagina-la como repartição sua. Nem deve a Igreja aspirar pelo controle direto do Estado, ocupando as estruturas políticas. Cabe a Igreja exercer o comando ético do mundo através da ação livre e consciente de seus adeptos. O governo do Cristianismo será sempre um governo ético formativo, jamais um governo político ou uma teocracia. Apenas os sectários sonham com uma teocracia nos moldes do judaísmo antigo. Nós sonhamos com o primado da Ética.
Também a Escola, como declarou Dewey, deve orientar-se pelo espírito democrático. Do que temos exemplo luminoso na escolinha do Dr Korzac, onde praticamente tudo era deliberado pelo alunado. Mesmo os postos de comando ou a equipe gestora deveria ser - Como pleiteou Paulo Freire. - escolhida pela comunidade escolar a partir de pessoas diplomadas ou aprovadas em concurso. Absurda a prática do dirigente escolar, assim dos diretores, e coordenadores, e orientadores serem escolhidos a dedo pelo secretário da educação. Nada mais avesso ao espírito democrático que deveria reinar em tal instituição.
Manter tal tipo de 'organização' implica, como significa, desconfiar do modelo democrático.
Não estou aqui, por via alguma, defendendo que quaisquer pessoas possam ser escolhidas para serem dirigentes, diretores, etc mas pleiteando que a comunidade possa escolher entre as diversas pessoas que estejam preparadas ou que tenham sido previamente realizado concurso.
Enquanto não instauramos um tal modelo julgo que a solução seja fazer com que os Conselhos escolares cessem de ser meramente decorativos passando de fato a funcionar como instância decisória capaz de confrontar a Equipe gestoras. No entanto a alegação em torno da inoperância dos Conselhos é sempre a mesma: O ofício não nos dá tempo suficiente para levar o Conselho a sério, pelo que limitam-se os professores, na maioria das vezes a referendar - Mesmo sem ler. - os decretos arbitrários de um diretor que atua quase sempre como senhor feudal. De fato o conselho de Escola é uma instância democrática que serve de exemplo sobre o poder esvaziador da instância econômica, mesmo quando atue esta 'inocente' ou indiretamente.
Claro que após termos mencionado a Igreja e a Escola como nichos democráticos esvaziados por outros poderes tínhamos de fazer volta ao parafuso e questionar o porque do organismo invasor, que é atualmente econômico, não poderia ser - Até certa medida. - ele mesmo democraticamente manejado. De fato o exame das estruturas econômicas refratárias ao espírito democrático, foi iniciado há mais de um século. Alias a expressão democrática no seio do setor econômico já existe, sendo representada pelo modelo cooperativista. Quanto a um modelo mais amplo, que envolva o consumidor (A par das cooperativas.) e tenha em vista a discussão em torno dos preços e salários (Assim do lucro dos associados.) existem algumas sugestões fornecidas por Adler, M Deat, Blum, etc se bem que esparsas. Claro que elas jamais foram objeto de uma atenção mais séria... Pelo simples fato de que o Mercado não suposta tais injunções em terreno que julga ser seu.
A simples ideia de que haja uma inversão em torno das influências econômica e política, basta para exasperar os adeptos da máxima liberdade e do lucro máximo, enquanto capachos de industriais e banqueiros. Para eles semelhantes injunções externas seriam sempre danosas.
No entanto a presença de elementos democráticos nos setores econômico, educacional e eclesial tenderiam a reforçar ainda mais e a consolidar a presença democrática no setor do político, pelo simples fato de estabelecer relações solidárias no plano da cultura.
Outro aspecto que, a luz do realismo socrático, tornam utópico tal tipo de articulação é a necessidade de que os cidadãos - Tendo de pensar e praticar a democracia nuns cinco ou seis nichos: Econômico, Político, Eclesiástico, Educacional e é claro (Será objeto de um Ensaio a parte.) Midiático. - tivessem de converter-se em objetos de um intenso projeto formativo/educativo. Pois a pergunta que assoma em nossas mentes é: Como dilatar o espírito democrático em tantas frentes quando mal conseguimos afirma-lo no terreno que é seu i é no terreno do político?
Reconheço o problema e lanço mais um questionamento: Até quando seremos levianos, cessando de brincar com o que afetamos ser importante? Afinal não somos capaz de planejar - Com a devida seriedade. - uma vida ou uma cultura democrática! Até quando viveremos de aparências ou sob o grave risco de acordar num califado islâmico ou na Genebra de Calvino, enfim sob o jugo de uma ditadura qualquer com seu cortejo de atrocidades sem fim???
Quem deveria estar bem controlado ou contido era o poder econômico, não a democracia, a qual sendo espírito tem necessidades vitais.
Conceber uma democracia dócil ou bem comportada face as aspirações ambiciosas do Mercado é conceber um democracia contida, limitada, formal, estrutural e morta ou posta para a morte.
Precisa a democracia ser espírito, vida e cultura; impondo-se enquanto forma a todas as demais esferas da existência. É ela, a democracia, que deve transcender seus próprios limites e não o princípio do lucro, do capital, do dinheiro ou do que mais for. Pois é através dela, i é, da política e da política democrática que a Ética transformará todas as coisas, engendrando um mundo melhor.
Quando digo que precisa a democracia ser espírito, vida e cultura estou dizendo com Léo Moulin, que a democracia precisa ser resgatada no seio da instituição Cristã ou das Igrejas Apostólicas, seja nos mosteiros e ordens religiosas, seja nas Dioceses por meio dos Sínodos e mesmo na Igreja Católica Ortodoxa como um todo por meio do Concílio geral - Sem que, ao menos no plano da disciplina ou dos costumes não haja lugar ao poder arbitrário. Mesmo quando a obediência monacal é absolutamente necessário vincula-la a objetivos éticos bastante claros de modo a que jamais de espaço a dominação caprichosa. Todo poder arbitrário, a exceção do poder religioso ou credal dos Bispos dentro dos limites (Dogmáticos) da tradição, deve ser abolido com oposto ao espírito do Evangelho.
Por isso devemos lembrar que o sucessor de Judas traidor foi sorteado e não escolhido por um poder arbitrário, embora Matias bem pudesse ter sido eleito pelos doze. Quero lembrar mais uma vez o saudável modelo oriental ainda hoje fiel ao sorteio. E o legítimo modelo monacal, firmado em torno do sufrágio e portanto da autêntica vida democrática. Tudo isto em oposição ao corrupto sistema latino da escolha pelo papa.
Deploro que diversos patriarcados Ortodoxos tenham assimilado esse modelo bizarro, monstruoso e oposto a tradição quando sabemos que no tempo dos apóstolos, mártires e padres vigorava sempre a eleição, seja democrática ou aristocrática, e jamais a escolha arbitrária. Isto porque onde há espírito há liberdade e assim instituições democráticas.
Aos ortodoxos cumpre não apenas permanecer alheios ao modelo latino imposto pelo papa romano como tentar, na medida do possível, restaurar o modelo tradicional e democrático da eleição ou do sorteio, impedindo o exercício da vontade arbitrária. Isto de modo a Religião verdadeira dar suporte ao modelo politico democrático. Jamais a modelos autoritários. Afinal se por via da sucessão apostólica gozam os Bispos - Exclusivamente no plano da fé ou do Dogma - de autoridade divina, autoridade política alguma pode revindicar para sí tal privilégio (Da sucessão apostólica.), ficando sendo ela o que sempre é: Um modelo de organização puramente humano. Saudável é repetir que o Papa Leão XIII, após ter examinado profundamente o assunto, declarou, em oposição a heresia ou superstição integralista, que inexiste qualquer política sagrada ou divina.
Pelo contrário jamais houve política mais desavergonhada, ímpia, oportunista e canalha, do Oriente ao Ocidente, seja no plano do Budismo ou do Cristianismo. Pois após terem ambas as religiões, devido a seus postulados Éticos, ameaçados os grandes impérios de Roma e da China, assim os potentados do Japão e suscitado a princípio intensa oposição até a perseguição - Com grande perigo para tais sociedades e impérios... Perceberam os imperadores, reis e potentados seculares que a melhor maneira de dobrar a religião consistia em 'apoia-la' ou em patrocina-la oficialmente. De fato não houve nem há melhor maneira de cooptar Bonzos, Bicus, Bispos, Padres e Monges do que convertendo-os em funcionários públicos, pagando-lhes estipêndio e sobretudo edificando templos, mosteiros e monumentos religiosos. Foi assim que no Oriente foi o Budismo levado a apostasia ética em torno de seus princípios, e isto a ponto de assumir os falsos princípios do Taoismo e do Xintô.
Outro não foi o impacto exercido sobre o modelo Cristão após a Era dos grandes padres ou do século V, embora os déspotas só tenham consolidado seu poder após o século XII, momento em que começam a apresentar-se a si mesmos como apóstolos, como seres escolhidos por Deus ou como representantes de Cristo, mesmo quando o Evangelho nos adverte: A Deus o que é de Deus e a César o que é de César... Os potentados seculares no entanto sempre cobiçaram a glória divina.
Quanto a Igreja Histórica, grande, antiga, apostólica, Católica e Ortodoxa; cumpre repudiar a tal modelo e retomar aquela saudável liberdade que lhe permite julgar os atos de quaisquer sociedades ou estados políticos, condenando inexoravelmente toda e qualquer ação injusta.
Não deve, qualquer Estado, nutrir ambição de comandar a Igreja de Cristo ou de imagina-la como repartição sua. Nem deve a Igreja aspirar pelo controle direto do Estado, ocupando as estruturas políticas. Cabe a Igreja exercer o comando ético do mundo através da ação livre e consciente de seus adeptos. O governo do Cristianismo será sempre um governo ético formativo, jamais um governo político ou uma teocracia. Apenas os sectários sonham com uma teocracia nos moldes do judaísmo antigo. Nós sonhamos com o primado da Ética.
Também a Escola, como declarou Dewey, deve orientar-se pelo espírito democrático. Do que temos exemplo luminoso na escolinha do Dr Korzac, onde praticamente tudo era deliberado pelo alunado. Mesmo os postos de comando ou a equipe gestora deveria ser - Como pleiteou Paulo Freire. - escolhida pela comunidade escolar a partir de pessoas diplomadas ou aprovadas em concurso. Absurda a prática do dirigente escolar, assim dos diretores, e coordenadores, e orientadores serem escolhidos a dedo pelo secretário da educação. Nada mais avesso ao espírito democrático que deveria reinar em tal instituição.
Manter tal tipo de 'organização' implica, como significa, desconfiar do modelo democrático.
Não estou aqui, por via alguma, defendendo que quaisquer pessoas possam ser escolhidas para serem dirigentes, diretores, etc mas pleiteando que a comunidade possa escolher entre as diversas pessoas que estejam preparadas ou que tenham sido previamente realizado concurso.
Enquanto não instauramos um tal modelo julgo que a solução seja fazer com que os Conselhos escolares cessem de ser meramente decorativos passando de fato a funcionar como instância decisória capaz de confrontar a Equipe gestoras. No entanto a alegação em torno da inoperância dos Conselhos é sempre a mesma: O ofício não nos dá tempo suficiente para levar o Conselho a sério, pelo que limitam-se os professores, na maioria das vezes a referendar - Mesmo sem ler. - os decretos arbitrários de um diretor que atua quase sempre como senhor feudal. De fato o conselho de Escola é uma instância democrática que serve de exemplo sobre o poder esvaziador da instância econômica, mesmo quando atue esta 'inocente' ou indiretamente.
Claro que após termos mencionado a Igreja e a Escola como nichos democráticos esvaziados por outros poderes tínhamos de fazer volta ao parafuso e questionar o porque do organismo invasor, que é atualmente econômico, não poderia ser - Até certa medida. - ele mesmo democraticamente manejado. De fato o exame das estruturas econômicas refratárias ao espírito democrático, foi iniciado há mais de um século. Alias a expressão democrática no seio do setor econômico já existe, sendo representada pelo modelo cooperativista. Quanto a um modelo mais amplo, que envolva o consumidor (A par das cooperativas.) e tenha em vista a discussão em torno dos preços e salários (Assim do lucro dos associados.) existem algumas sugestões fornecidas por Adler, M Deat, Blum, etc se bem que esparsas. Claro que elas jamais foram objeto de uma atenção mais séria... Pelo simples fato de que o Mercado não suposta tais injunções em terreno que julga ser seu.
A simples ideia de que haja uma inversão em torno das influências econômica e política, basta para exasperar os adeptos da máxima liberdade e do lucro máximo, enquanto capachos de industriais e banqueiros. Para eles semelhantes injunções externas seriam sempre danosas.
No entanto a presença de elementos democráticos nos setores econômico, educacional e eclesial tenderiam a reforçar ainda mais e a consolidar a presença democrática no setor do político, pelo simples fato de estabelecer relações solidárias no plano da cultura.
Outro aspecto que, a luz do realismo socrático, tornam utópico tal tipo de articulação é a necessidade de que os cidadãos - Tendo de pensar e praticar a democracia nuns cinco ou seis nichos: Econômico, Político, Eclesiástico, Educacional e é claro (Será objeto de um Ensaio a parte.) Midiático. - tivessem de converter-se em objetos de um intenso projeto formativo/educativo. Pois a pergunta que assoma em nossas mentes é: Como dilatar o espírito democrático em tantas frentes quando mal conseguimos afirma-lo no terreno que é seu i é no terreno do político?
Reconheço o problema e lanço mais um questionamento: Até quando seremos levianos, cessando de brincar com o que afetamos ser importante? Afinal não somos capaz de planejar - Com a devida seriedade. - uma vida ou uma cultura democrática! Até quando viveremos de aparências ou sob o grave risco de acordar num califado islâmico ou na Genebra de Calvino, enfim sob o jugo de uma ditadura qualquer com seu cortejo de atrocidades sem fim???
Posto esta, e claro foi aos olhos de Arendt, que não podemos realizar tal projeto cultural porque nossas atividades foram absorvidas por completo pelo poder econômico. Afinal tendo em vista o acúmulo de grandes fortunas é necessário que parte significativa dos cidadãos dedique a maior parte do tempo ao trabalho ou a produção econômica. Para dedicarem-se mais a outros setores da existência - Atribuindo-lhes mais qualidade. - precisariam os operários tomar posse daquele 'Ócio' precioso assente nas obras de Lafargue e Russell, o que não seria muito bem visto pelos patrões. Teríamos de começar diminuindo a carga horária dos trabalhadores sem prejuízo dos salários para que se pudessem formar ou educar. Estão os bondosos patrões dispostos a arcar com tão honroso sacrifício em favor da cultura democrática??? Face ao lucro estão eles peidando para nossas instituições democráticas. Face aos clamores 'abusivos' de uma cultura democrática preferiria a maior parte deles viver sob o mais tirânica das ditaduras a abrir mão da mínima parte de seus lucros. Não temos portanto um espírito democrático e sim um espírito avarento ou plutocrático.
Enquanto tal prevalecer teremos, com grande risco para si mesma, uma democracia meramente reclusa.
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