terça-feira, 26 de setembro de 2023

A internação - A condição dos idosos nos hospitais...




Quero abordar agora a questão, para mim bastante séria, do idoso hospitalizado ou sujeito a internação hospitalar.

E começarei dizendo o óbvio. Como o idoso se sente mais seguro na casa ou no ambiente do lar e tende a rotina a hospitalização pode corresponder sempre a um evento bastante traumático.

Alguns inclusive podem concluir, por via de paranoia, que estão prestes a morrer ou que desejam mata-los.

Tanto pior caso ele esteja sozinho... O que por si só sugere a figura do cuidador. Todavia quando o idoso não possui cuidador creio que seja mais recomendada a companhia dos filhos, netos ou pessoas de seu convívio habitual.

Isto porque o cuidador de última hora ou contratado as pressas, por mais competente que seja, não conhece detalhadamente o idoso e seus problemas. Portanto caso venha a contratar um cuidador de última hora procure informa-lo sobre absolutamente tudo quanto diga respeito a condição rotineira do idoso e sua saúde, ou mantenha-se conectado com ele i é disponível em tempo real.

Quanto a companhia, devo insistir mais uma vez, que a companhia habitual trará mais segurança para ele.

Ademais, o direito a um acompanhante é reconhecido pela legislação.

A respeito do idoso que esteja só, devo dizer que, caso não possa alimentar-se por si só, terá de contar com o auxílio de algum enfermeiro. E alguns hospitais há um corpo de senhoras religiosas, as voluntárias, que costumam alimentar os pacientes que se encontrem em tais condições. Nos demais a comida é posta diante do enfermo e passado algum tempo depois recolhida - Jamais vi a equipe de enfermagem alimentar paciente impossibilitado.

Tanto pior para a condição do idoso internado cessar de alimentar-se. Uma vez que deteriora muito rapidamente. Sabemos no entanto que certos medicamentos, como antibióticos, podem induzir a inapetência. Daí a importância de uma pessoa querida insistir em que comam ou tomem alimento mesmo sem vontade e essa insistência pode ser essencial para a recuperação do paciente.

Via de regra a maior parte dos médicos e instituições hospitalares temem ser responsabilizados pelo perda de seus pacientes e processados pelos familiares. Do que resulta atualmente um controle bastante rigoroso ou mesmo excessivo. 

Diante disso, tendo em vista reduzir ao máximo a ocorrência de derrames, infartos e demais intercorrências, entre os pacientes, estabeleceu-se a rotina de aferir-lhes os sinais vitais três ou quatro vezes ao dia e portanto de seis em seis ou de oito em oito horas, conforme o estado e gravidade de cada um.

Via de regra esses sinais correspondem ao nível da pressão arterial, da glicemia e da saturação. Também é costume perguntar o nome do paciente para verificar o nível de consciência, suas idas ao banheiro e, a noite, se costuma dormir.

E qualquer alteração ou anomalia aqui pode trazer sérios problemas como o prolongamento da internação e o risco de infecção hospitalar. Caso o paciente seja impedido de tomar assento e obrigado a guardar leito tanto pior, pois o ideal é que possa se movimentar, sentar o mesmo andar um pouco.

Com relação ao idoso esse rígido sistema de controle é ainda pior, na medida em que desenvolve paranoia ou delirium e que estes promovem o aumento da pressão arterial ou mesmo da glicose. E caso o paciente esteja com a pressão ou os nível da glicose demasiado altos não receberá alta.

No entanto, caso a pressão esteja apenas levemente acima da média e isso corresponda a um histórico, é bom que o acompanhante informe ao enfermeiro e ao médico assistente. Certo é que a presença de cuidador parental que passe segurança ao idoso seja capaz de conter a pressão e talvez a glicose em níveis toleráveis. 

Outro o caso da falta de sono. Caso o doente seja insone, necessário informar os enfermeiros. Caso não durma porque se encontra num Hospital também é bom informar. No primeiro caso caberia uma investigação ou a aplicação de um sedativo indicado pelo médico assistente. Já no segundo caso, pode-se ou não aplicar o sedativo - Caso não haja outro enfermo e haja cuidador junto do paciente talvez não seja necessário aplicar sedativo, como no caso da minha mãe.

O problema do paciente insone que grita durante a noite e não conta com acompanhante é o risco de receber o que antigamente se chamava 'sossega leão' i é a dose de um sedativo qualquer por conta do enfermeiro (a) o que chegou a produzir tanto mortes como danos irreparáveis, mormente em idosos. Certamente se trata de algo proibido, mas que ainda se fazia há cerca de trinta ou quarenta anos passados.

Por vezes o apelo do cuidador, quando filho, neto ou cônjuge, pode induzir o idoso a dormir, ainda que levemente ou por breve tempo. Sempre bom evitar o sedativo, mesmo quando preceituado pelo médico.

Digo o mesmo quanto a pigarra e tosse episódica - Caso o enfermeiro não tenha a quem perguntar sobre elas poderá concluir por algum problema respiratório e entubar o paciente, mormente se a saturação estiver no limite. Portanto caso o paciente tenha esses sinais há muitos anos (Minha mãe tem essa pigarra há mais de quinze anos!) convém advertir o enfermeiro responsável de modo a serena-lo.

Outro o caso do xixi e das fezes do paciente, ao menos por um tempo, acamado. Podem ter alguma redução, sem que seja necessário introduzir a sonda urinária, pois esta, uma vez introduzida costuma ser uma fonte de outros tantos riscos. Caso seja autorizado pelo médico assistente o cuidador parental poderá ministrar sucos de melancia ou melão ou chás de quebra pedra e cabelo de milho, e, caso haja fluxo de urina, protelar por algum tempo o uso da sonda.

Também poderá tentar, com autorização do médico assistente, levar o paciente ao banheiro ou introduzir a comadre, no caso dos que se recusam a fazer na fralda. Pois é a fralda outra fonte de infecções.

Concluindo: Acalmar a pessoa ou passar segurança, acompanha-la ao banheiro, apelar para que coma, preparar um suco ou meramente informar o enfermeiro sobre uma condição habitual jamais será supérfluo, pois poderá significar significativa redução do tempo e internação e consequentemente de uma infecção que poderia via a ser letal.

Daí a relevância do acompanhamento parental com relação ao idoso: Manter os sinais vitais dentro dos padrões de normalidade e evitar, quanto possível, procedimentos invasivos. De fato alguns procedimentos invasivos podem ser protelados ou evitados a partir de uma simples conversa entre médico ou enfermeiro e responsável, com ganho significativo para o paciente.

Tal a estratégia adotada por mim. Enquanto minha mãe permaneceu internada não saí um instante do lado dela, exceto para vir a casa alimentar cães e gatos e tomar banho (Ocasiões em que era rendido pela cuidadora não parental.). Podia inclusive indagar sobre a medicação aplicada e verificar os diversos níveis de assistência, como nutricionista, reabilitação física, etc Pude comprovar por mim mesmo como a presença parental faz toda diferença...






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