A QUESTÃO DA METODOLOGIA OU DO CONTROLE!A
A propósito dos fenômenos ou fatos parapsicológicos, ainda em 1966 o profo Otto Lowestein, em seu livro "Os Sentidos" expressou seu ceticismo quanto esse tipo de pesquisas avaliando-as como pouco rigorosas.
Séria a questão da Metodologia científica, a qual sequer é empírica ou científica mas Filosófica, gnoseológica, epistemológica... dependendo sempre de certos postulados metafísicos e é claro da natureza do que se pretende investigar. Quanto os pressupostos, após Hume e Kant, pode-se dizer que são bastante numerosos, pois temos - Dentre outros os de Putnam, Popper, Kuhn, Medawar, etc já quanto a natureza do que se pretende investigar temos o clássico modelo material e monocausal legado pelo positivismo e ainda a pouco defendido fervorosamente pelo recém falecido Mario Bunge e o modelo compreensivo de Dilthey.
O autor destes linhas, guiado por Aristóteles, Antíoco de Ascalon e Reid assume o modelo de Hiraly Putnam, o qual bem pode ser expresso por três postulados:
# Realismo metafísico: O mundo externo não é produto de nossa mente e existe independentemente dela. Contra Kant, Husserl e outros tantos psicologistas, subjetivistas e antropocênticos.
# Realismo epistemológico: O mundo, ao menos em parte, pode ser percebido pelos sentidos e compreendido. Contra os céticos representados por Hume.
# Realismo semântico: A verdade é uma correspondência entre a representação mental e o objeto externo.
Portanto, como todo conhecimento deriva remotamente da experiência sensível i é da sensação, da percepção, do contato com o mundo ou da experiência, toda e qualquer opinião, tese, ponto de vista, conceito, ideia, etc não poderá de modo algum corresponder a verdade caso repudie aprioristicamente quaisquer fatos devidamente demonstrados. Toda e qualquer princípio, lei, conceito, etc deverá partir sempre de fatos concretos ou firmar-se sobre a unidade dos fatos.
Resulta disto que demonstrado um único fato irredutível a ideologias como o materialismo, o mecanicismo, o positivismo, etc todo construto mental ou crença caí fragosamente por terra.
Daí a necessidade desses construtos mentais barrarem qualquer tentativa de demonstração empírica ou mesmo de pesquisa, começando por delimitar que seja ciência, sempre de acordo com a dita construção mental, taxando todas as áreas do conhecimento que nelas não se enquadrem como não ou anti científicas.
Não estou aqui, de modo algum, defendendo frioleiras ocultistas ou esotéricas - Como as da H P Blavatsky, que a tantos espíritas desencaminhou. - a astrologia, a solução 'moral' comunista ou outras quejandas. Ouso porém distinguir a Psicanálise e a Parapsicologia desse cipoal de crendices imbecis, assim a Teoria da Evolução das Espécies, a princípio impugnada por K Popper (The poverty of historicism - 1957) por enquadrar-se no mesmo tipo (Da Psicanálise e da Parapsicologia - Ocultismo e astrologia são coisa totalmente distintas!).
Alias quando concordo com Popper a respeito da ideologia Comunista ou mesmo dos diversos modelos socialistas utópicos ou heterodoxos devo esclarecer, que me refiro - No sentido dado por Max Weber - a solução ou ao que deveria ser feito (Ideativo ou futuro) e de modo algum a análise crítica - Negativa por sinal. - que fizeram e fazem sobre o liberalismo econômico ou capitalismo a qual tenho em conta de válida e verídica.
Tornemos porém aos cientificistas e positivistas, os quais desprezando, como de costume, a própria Filosofia do Conhecimento - Enquanto produto de especulação metafísica. - ousam reivindicar, arrogantemente, o monopólio da Ciência até converte-la em propriedade sua. Claro que o principal objetivo aqui é dar suporte a crença materialista em oposição aos fatos percebidos e testados.
O que esses senhores não percebem - E aqui são tão cegos quanto qualquer místico comunista, anarquista, fascista, etc - é que impugnando fatos rigorosamente demonstrados e por assim dizer as fontes mesmas do empirismo e do conhecimento, beneficiam o ceticismo, com o qual de fato, em maior ou menor medida - Segundo a conveniência. - tem flertado, sem avaliar os perigos.
Quiçá o conflito ou choque mais significativo que verificamos entre a Parapsicologia e os cientificistas/positivistas diga respeito ao que seja ou a como deva ser a dita experiência em temos de observação e controle dos fenômenos em questão.
Pois os físicos, químicos e biólogos, habituados a lidar com a materialidade, que é mecânica, insistem doentiamente sobre a questão do controle dos fenômenos e também na previsibilidade. O que é perfeitamente compreensível em termos de materialidade, pelo simples fato da materialidade ser mecânica. Longe de negarmos que os experimentos nos âmbitos da Física, da Química e de parte da Biologia devam ser reproduzidos a ponto do cientista poder prever os resultados mais remotos com absoluta precisão.
Quanto a observação e comprovação estamos de pleno acordo. Pois só podemos atribuir existência real a algo que percebamos.
Outro o caso da repetição mecânica e da previsibilidade.
Pois os fatos parapsicológicos ou metapsíquicos não se enquadram nesse esquema posto para as ciências materiais ou exatas.
E por que raios não se enquadram...
A questão é de prístina simplicidade > Não podem os fenômenos parapsicológicos comportarem-se tal e qual os fenômenos puramente materiais - A exemplo das forças, dos átomos ou das moléculas. - porque admitida ou não a sobrevivência do espírito, continuam sendo eles fenômenos puramente humanos por serem acionados pela Mente humana, que é - Engulam Steven Rose - Indeterminada.
Quer Rose dizer com isso que a mente humana não obedece a um rígido modelo determinista mecanicista, tal e qual observamos nos domínios das já citadas áreas.
Portanto quando os cientificistas como Dessoir, Heuzé ou Randi exigem repetição por parte dos sensitivos, acabam inclusive impulsionando os mais ambiciosos a fraude. Pois embora possam tais fenômenos ser observados, não é de sua natureza ser reproduzidos artificialmente ou provocados quando se deseja (O que obviamente tem repercussão nas tais sessões ou evocações espiriticas!). Mentais e humanos são tais fenômenos irredutíveis a um controle mecânico - Portanto quando apresentamos tal exigência a um sensitivo é como se exigíssemos que um peixe voasse ou que um pássaro nadasse.
Mas se não há repetição e previsão não há controle, se não há controle não há demonstração não há ciência, logo é a Parapsicologia um pseudo ciência.
Admitirei por hora sua alegação, com a condição de que ao fim de minha reflexão você esteja disposto a proceder com estrita justiça, aplicando as mesmas premissas a outros campos do saber. Pois se aplica-as apenas e tão somente a parapsicologia a desonestidade e o oportunismo sectário são manifestos.
Um homem honesto, tanto próximo das tonterias positivistas e cientificistas, foi o já citado K Popper. Vejamos agora que fez ele. Por questão é ética ou justiça aplicou ele as mesmas premissas a diversas áreas do conhecimento ou a pretensas áreas. Qual o resultado disso...
Embora os cientificistas e positivistas de plantão tentem esconde-lo (Tal e qual os fundamentalistas bíblicos buscam esconder as mazelas do antigo testamento.) Popper classificou a Teoria da Evolução das espécies na mesma linha que Kant o teria feito, como um construto metafísico indemonstrável, tal e qual o futurismo comunista, a astrologia e a parapsicologia.
Tanto que até mesmo um líder fundamentalista como o Silas Malafaia (!!!) recorrer ao esquema popperiano ou positivista para ensinar-lhes que não é possível sequer - Pasmem! - observar a Evolução (O que é pura verdade!), quanto menos controla-la e menos ainda prever seus rumos. Eternos céus: A Evolução das espécies (Fenômeno a respeito do qual não pode pairar mínima dúvida!) não é, nem observável, nem controlável e tampouco previsível. Salve-nos Dilthey: Não pode ser demonstrada empiricamente num laboratório ou testada por meio de uma única experiência, mas pode ser compreendida em sua complexidade.
Captem agora a profundidade do pensamento Diltheiano: A compreensibilidade. Pois há fenômenos tão complexos que não nos é dado demonstrar, controlar, reproduzir, etc mas apenas observar e compreender, outros inclusive apenas aduzir...
Do contrário, submetida as exigências descabidas do positivismo ou do cientificismo fica a Evolução das espécies classificada como especulação metafísica, imaginação ou fantasia... Afinal o positivismo tem suas origens no pensamento defeituoso de I kant.
Apenas isto...
De modo algum. Pois se já temos problemas no campo da Biologia imagine então nos outros campos que seguem - Muitos deles repudiados pelos cientificistas 'Ortodoxos'...
Imagine a História tanto mais recente com seu esquema de depoimentos orais...
E imagine por fim a Psicologia.
Pelo que chegamos mais uma vez ao behaviorismo (Sempre) e a Watson, Skinner, Eysenck, Pinker, Rooth, etc os facilitadores do materialismo.
Praticamente todo nosso conhecimento na área de Psicologia profunda foge a dinâmica positivista ao menos quanto o controle. Ainda que os fenômenos Psicológicos sejam observáveis e outros tantos possam ser previstos, diversos outros fenômenos não podem ser controlados ou reproduzidos e repetidos num laboratório. Daí o recurso a um método propriamente subjetivo descritivo que é a introspecção e a inferência a partir de dados obtidos.
Pois deve a metodologia, como aventou Dilthey estar de acordo com a natureza íntima do objeto estudado, no caso a mente. Quiçá alguém declare que há uma via de acesso controlada na Hipnose. Já nos manifestamos sobre isso, dando pela negativa. Pois como advertiram os de Nancy, a hipnose deve ser empregada com suma cautela. Tanto que Freud a abandonou. Basta dizer que o Inconsciente tem o péssimo hábito de fantasiar, especialmente quando artificialmente abordado, é é exatamente isso que põem em xeque tanto as evocações espíritas - Com seus transes. - quanto as supostas regressões, estás indubitavelmente forjadas pelo inconsciente. Outro grande risco apontado pelos de Nancy foi a contaminação ou direcionamento do hipnotisado pelo hipnotizador, inclusive por via de Hiperestesia.
Por isso a Psicologia profunda ou dinâmica, seja tradicional, psicanalítica, psicoterápica ou de Gestalt, reivindica - Não menos que a Parapsicologia. - o direito de ter um método próprio de trabalho não sujeito as exigências de um positivismo fundamentado na materialidade mecanicista. Sem método e conteúdo próprio sessa de ser o que é. Eis porque, em contrapartida, os mesmos e exatos adversários da Parapsicologia.
Perceba o amigo leitor que a questão da metodologia e da cientificidade não toca apenas a parapsicologia porém a autêntica Psicologia em sua totalidade. Apenas por questão de tática insistem os cientificistas em desqualificar a parapsicologia, devido a seu reduzido número de corajosos defensores. Outro o caso da Psicologia profunda, ou da Psicanálise e da Psicoterapia, pelo simples fato de contarem ainda com um grande número de aderentes. No entanto os mesmíssimos e surrados argumentos com que buscam desmascarar a Parapsicologia - Os quais concentram-se na metodologia. - arremetem contra a Psicanálise e ao fim das contas contra a Gestalt.
Sempre bom lembrar que Skinner, Popper, Dittes, Eysenck e Pinker já arremeteram contra a Psicanalise ou contra o Freudismo... Investir contra a totalidade da Psicologia profunda e o conceito dinâmico de mente é apenas uma questão de tempo ou como dissemos, de tática. O quanto podemos afirmar é que a Psicologia profunda está prestes a sofrer um ataque global pelos behavioristas e seus aliados positivistas, e isto pelo simples fato de não suportar a velha crença materialista ou mesmo fugir aos parâmetros da simples materialidade. Resta dizer que o único domínio poupado será o behaviorista, e por questões mais do que óbvias.
Concluímos por fim que toda essa questão em torno de uma metodologia única e restrita é meramente ideológica, correspondendo aos interesses de um determinado grupo. Não tenham os parapsicólogos e psicólogos receio de discordar. Não poderão publicar da Science ou na Nature mas terão o benefício da verdade, e poderão repetir com Aristóteles, amigo da Science ou da Nature porém mais amigo dos fatos e da verdade.
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