Ao passar por uma Banca de Jornais - Esta convertida e Bazar enquanto outras tantas foram convertidas em mini Shoppings por obra e graça do mundo digital. - avistei uma pilha de livros velhos, da qual extraí um bom número de volumes interessantes, dentre eles uma brochura esverdeada, de umas cento e cinquenta páginas e intitulada 'A memória e o tempo'. Nem é preciso advertir de que a comprei e também os mais volumes interessantes, num total de vinte e poucos.
Havia, dentre eles, a Biografia completa do sr Kardec por Zeus Wantuil em três alentados volumes, dos quais eu havia tido um só e perdi há muitos anos. Diversos volumes de Parapsicologia, alguns volumes do Herculano Pires, um do Bozzano, etc E como disse fiz a ceifa.
Quiçá alguns tenham já concluído: Quanta baboseira ou que desperdício... Julgo porém que, ao contrário do genial Karl Sagan, diriam a mesma coisa da Odisseia de Homero, do Teatro de Sófocles ou da República de Platão. Refiro-me aos materialistas crassos, aos positivistas inveterados e aos cientificistas a exemplo do falecido Mário Bunge, enfim de toda essa gente que jamais fora capaz de escrever uma opereta medíocre ou um draminha satírico - Gente tão alienada quanto a outra gente que tanto gostam de criticar.
A exceção das baboseiras esotéricas - Que se embrenham pelos campos da História, da Geografia ou da Astronomia. - divulgadas por Churchward, Posnansky, Braghine, Donnely, etc leio praticamente tudo.
Há mais de trinta anos tomei por divisa está pequenina frase: "Examinai tudo e ficai com o que proveitoso é." e dela não me aparto. Tanto isto é verdade que, mesmo não sendo adepto das Ideologias ateísta e materialista, bem como da mística positivista. contínuo a ler diversas publicações congêneres tendo em vista garimpar algumas coisas boas e formular uma visão de mundo, quanto possível mais equilibrada.
Naturalmente que leio muito Freud, o qual apesar de seus erros, alguns dos quais aberrantes - ainda me encanta. E Darwin, e Marx, e Weber, e Malthus, etc na medida em que a leitura dos clássicos me permite. Nada do quanto seja humano ou mesmo natural me é indiferente...
Claro que a exceção da fé Cristã não respeito Ortodoxia ou sistema algum - Embora admire certos construtos como o de Sócrates, o de Aristóteles, o de Malthus e o de Max Weber - pelo simples fato de saber que não existem seres humanos infalíveis... Sou sinceramente Católico Ortodoxo por julgar que tal sistema, quanto a sua parte mais íntima (A dogmática) seja divina ou Revelada por Deus. No campo da própria Teologia sou já rebelado e portanto suspeito...
Portanto não creio em ortodoxias, sistemas fechados, místicas secularizadas ou igrejolas humanas...
Concordo portanto com os agnósticos, filhos de Huxley, quando apresentam o ateísmo e o materialismo como são i é como elaborações metafísicas e tão metafísicas quanto o teísmo e o espiritualismo, pelo simples fato de ultrapassarem os dados imediatamente sensíveis em sua rude simplicidade. Excluída a reflexão racional (Metafísica) impugnada pelo rude escocês, só nos resta silenciar sobre todos esses assuntos ou calar a boca...
E não concordo menos com os espíritas, quando apontam o materialismo dos cientificistas, como igualmente ideológico e não como científico. Especialmente no que tange os domínios da Psicologia - Aqui o estrago e a tragédia são muito maiores!
Podemos admitir sem maiores problemas que a exceção da Psicologia, a ciência ou as ciências são materiais pelo simples fato de que o campo devassado por elas é a materialidade. Cumpre-nos repetir aqui a lição do agnosticismo: Uma coisa é ter a ciência, de modo geral, como material e outra por materialista; pois ali cumpre com seu escopo> Investigar a matéria, enquanto aqui, ultrapassa a si mesma e a seu escopo, predicando - Sem mínima legitimidade! - que nada há para além da dimensão material do ser, predicação que foge tanto ao empirismo como a ciência...
Criticam os marxistas quando invadem o campo das ciências humanas, a começar pela História e pela Geografia, introduzindo sua Ideologia grande parte ideativa ou metafísica (Weber!) e sem embargo disto, imitam-nos - O Dawkins, o Harris, o Dennett e outros - invadindo o campo de ciências que por definição são exatas ou naturais e introduzindo opiniões metafísicas como se empíricas fossem ou como tivessem dado com o princípio materialista na gema do ovo ou com o ateísmo na partícula do Argônio... Mas onde encontraram e isolaram tais 'elementos''... E como os formularam sem o auxílio da 'razão' impugnada por Hume.
Bem aventurados os materialistas e ateus que não se fantasiam como cientistas, céticos ou positivistas assumindo o caráter metafísico de suas crenças mais queridas. No entanto em tempos nos quais é a Filosofia sistematicamente repudiada e a honestidade escasseia tal postura se torna rara.
Ateísmo e teísmo, materialismo e espiritualismo, etc não são questões religiosas - Que se resolvem por meio da fé ou de livros autoritativos. - e menos ainda questões científicas a serem solvidas num gabinete científico ou laboratório e sim questões de ordem metafísica a serem examinadas e julgadas por cada pessoa com máxima liberdade > Embora para tanto deva haver preparo i é investigação, pesquisa, estudo ou leitura.
Vender tais lucubrações por elementos científicos, como faz a ralé positivista até os dias de hoje, é pura e simples falta de caráter.
Por isso os espíritas e alguns romanos tem plena razão ao denuncia-los, respirando indignação inclusive.
Tanto pior o resultado dessa falsa propaganda no campo daquele tipo de conhecimento que é por assim dizer o único que foge ao estrito campo das demais ciências: A Psicologia...
Principiou a falsa ciência 'materialista' na França, com o ideólogos De Holbach, La Metrie e Clothes, dentre outros... Asseverando que NÃO HAVIA imaterialidade alguma e que a existência do espírito era falsa. Tudo quanto havia era matéria ou materialidade... Tal o materialismo crasso, formal e mecanicista dos quais muitos teóricos acharam por bem desprender-se no decorrer do século XIX quando a barquinha começou a fazer água.
No entanto os resistentes ou 'ortodoxos' asseveravam, de geração em geração, que na geração seguinte, a inexistência do espírito ou a fábula do imaterial seria rigorosamente demonstrada num laboratório.
O primeiro foi Broussais, o francês... o qual chegou a declarar - Como Branly um século depois - que caso testificasse qualquer evento de natureza imaterial NÃO ACREDITARIA rsrsrs Após ele foi a vez do comunista Joseph Dietzgen, o qual tendo declarado que a ciência havia demonstrado experimentalmente o princípio do materialismo, foi advertido e corrigido pelo próprio Engels. Pouco depois Engels declarou que os comunistas não eram materialistas formais ou crassos pelo simples fato de não negarem a existência do imaterial e sua interação com o material inclusive. Por fim assomou o inteligente Lênin, o qual numa obra de inegável valor 'Materialismo e empiro criticismo' e opinou que não tardaria muito tempo para que o princípio materialista fosse empiricamente demonstrado.
A questão é que desde aquele tempo, a geração de Engels, os dois campos tiveram que reformular o conceito de materialismo tendo em vista sua sobrevivência no âmbito das ideias. Pois conforme a ciência progredia se tornava cada vez mais difícil o óbvio, que era a existência de um elemento imaterial ou espiritual. Eram os tempos de Ch Darwin, o qual demonstrou o princípio da Evolução no campo da biologia, abrindo novas perspectivas, das quais se aproveitaram diversos pensadores, como um Spencer por exemplo.
A recomposição deu-se justamente nesse sentido, da evolução - A princípio existia, apenas o elemento material (Daí monismo materialista.) o qual, a cabo de um lento processo evolutivo, se foi depurando ou tornando menos denso (Espiritualizando...) até dar origem ao espírito ou ao imaterial... Portanto se havia algo de imaterial ou espiritual no mundo esse algo teria se originado a partir do elemento material, pelo que o material seria a origem de tudo. Creio que tal construção remonte inclusive a Lucrécio, mas não sei exatamente.
Em meio a tantas revoluções ou transformações o conhecimento da mente não pode deixar de cindir-se em duas correntes não apenas distintas mas rivais: O que ora chamamos Psiquiatria e a que ora chamamos Psicologia... sabendo que está última remonta a Th Fechner e Wundt e que a primeira não teve dificuldade alguma em ser reconhecida como legítima ou científica.
Outro o caso da segunda....
Importante salientar que ainda hoje, em pleno século XXI, há ideólogos - Positivistas, cientificistas, materialistas... - que repudiam não apenas a parapsicologia, como a psicanalise e até mesmo a psicologia não colonizada ou não behaviorista, como construtos semelhantes as diretrizes comunistas ou a astrologia... Um sujeito de rara inteligente como Popper, inclusive, enredado por Hume, lançou a Psicanálise, a parapsicologia e a Evolução das espécies no mesmo balaio que a astrologia e as diretrizes marxistas, o que nos possibilita antever o caráter sectário desde tipo de mentalidade.
Outros positivistas lançam ainda História, a Filosofia, a Jurisprudência... no mesmo balaio, de modo que só seria ciência o que eles querem e do jeitinho que querem, e isso mais de século após W Dilthey ter pulverizado seus preconceitos sectários.
Para que a crença querida do materialismo seja científica toda ciência precisa ser materialista... Portanto caso o campo científico em questão - Pelo simples fato de ser humano e não sideral, mineral ou vegetal. - destoe do materialismo cessa por isso mesmo de ser científico ou respeitável. Engenhoso não...
Que pensem assim os físicos e químicos e ainda alguns naturalistas por serem reducionistas e paladinos da monocausalidade com as bençãos do capelão Ockhan bem se compreende. Agora que tais prejuízos se tenham afirmado no campo da Psicologia, que é uma ciência da mente, é bem outra coisa...
Durante a segunda metade do século XIX, o conflito não estourou abertamente devido as personalidades conciliadoras e respeitáveis dos já citados Fechner e Wundt. Tratava-se de um conflito apenas latente, em que a Psicologia nascente era muito mal vista e encarada com suspeição enquanto a Psiquiatria era muito bem acolhida pelos líderes cientificistas.
Assim até os idos de 189... ou até a última década do século XIX. Período em que, após a morte de J M Charcot, a controvérsia Salpêtrière - Nancy tendia a serenar. Foi no entanto quando justamente tornou-se universal. Pois junto a Charcot estava um jovem ateísta e presumidamente materialista, S Freud, e do outro lado do Reno, Wagner Jauregg e Emil Kraepelin.
O quanto podemos dizer é que nesse período - Ao menos até a criação do behaviorismo por Watson! - surgiu um divisor de águas entre Psiquiatria e Psicologia que possibilitou a plena expressão da última. E tal se deve, paradoxalmente, a S Freud. É com Freud que a Psicologia desprende-se, como deveria, da psiquiatria ou da determinação somática unilateral para postular a existência de fenômenos psicosomáticos.
Até hoje, um século depois, ainda podemos testemunhar a rivalidade existente entre essas duas áreas - Psiquiatria e Psicologia, as quais para o bem dos seres humanos, deveriam caminhar juntas. A resistência no entanto é quase sempre mais viva nos domínios da Psiquiatria, partindo obviamente dos cientificistas, animados pela ideologia materialista. O resultado disto é a rejeição seja da Psicologia ou da Psicanalise por eles, e o reconhecimento exclusivo - Por motivos que nos parecem óbvios. - dessa Psicologia esvaziada e aparente chamada behaviorismo.
O behaviorismo é sempre bem vindo por qualquer psiquiatra pelo simples fato de negar a mente e por extensão qualquer coisa de imaterial ou espiritual.
Antes da criação desse ente aberrante chamado behaviorismo, era a Psicologia repudiada em bloco por parte significativa de psiquiatras.
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