sexta-feira, 24 de março de 2023

Psicologia, psicanálise, Freud e a questão da multiplicidade de existências - Reflexões sobre a obra de Hermínio C Miranda 'A memória e o tempo' Edicel 1984 - Parte X

                                       

A metodologia de controle posta em pratica I - Fase 01 < Fenômenos psíco somáticos normais>

                     



                      Como certificamos no artigo anterior, uma das principais queixas dirigidas pelos cientificistas diz respeito ao controle das experiências, o qual consideram negligente. Quiçá por não terem, pelo menos a maior parte deles, consultado os relatos. É a única conclusão a que podemos chegar... 

                      Neste e nos próximos artigos nos esforçaremos por demonstrar que tal crítica carece por completo de fundamento. Para tanto nos daremos ao desgastante trabalho de acompanhar a investigação de tais fenômenos desde o período mesmérico até as fases mais recentes, desenvolvidas na Universidade de Duke. 

                      Será um estudo tanto substancial quanto fastidioso para o leitor de lingua portuguesa, pois tudo quanto faremos será dar a palavra aos próprios cientistas que constataram os fenômenos mormente quando descrevem, com Hare, Mapes, Varley, Thury, Gasparin, Croockes, Richet, etc antes de tudo as máquinas, aparelhos e instrumentos que criaram com o intuído de esgotar tal finalidade, e, em seguida, seus procedimentos, cuidados, observações, repetições, etc i é o controle, isto para que cada um possa aquilatar o grau de seguridade.

                         É isto absolutamente necessário porquanto se os humanos podem alucinar máquinas e instrumentos jamais alucinam, sendo exatos quanto a precisão - A menos que se admita que a mente do sensitivo possa atuar diretamente sobre eles. Admitido isso não temos mais o que discutir, posto que não pretendemos demonstrar peremptoriamente a sobrevivência, mas apenas e tão somente a atuação física ou não da mente fora do corpo ou para além dele. Portanto é o escopo desta obra bastante humilde por ser animista e naturalista ou Psicológico, não espírita.

                           O quanto for possível traduziremos algumas peças do inglês, do francês, do italiano e do espanhol. 

                           Segue uma indicação bibliográfica bastante sumária destinada aos que aspiram aumentar seus conhecimentos na área em questão:

                            - William Croockes "Fatos espíritas"


                            - Charles Richet "Tratado de Metapsiquica"


                            - René Sudre "Tratado de Parapsicologia"


                            - Silva Mello "Mistérios deste de doutro mundo"


                            - Sérgio Valle "Silva Mello e seus mistérios"


                            - Robert Tocquet "Os poderes secretos do homem"


                            - Robert Amadou "Parapsicologia"


                            - César Lombroso "Hipnotismo e mediunidade"


                            - René Warcollier "Experiments in telephaty"


                            - Friedrich Zoellner "Provas científicas da sobrevivência"

                            - Schrenck Nottzing "Problemas basicos de la Parapsicologia"

                            - Leon Denis "No invisível"

                            - Ernesto Bozzano "Enigmas da Psicometria"

                            - Ernesto Bozzano "Metapsíquica humana"

                            - Carl Sagan "O mundo habitado por demônios"

                            - Oscar G Quevedo "Antes que os demônios voltem"

                            - Oscar G Quevedo "A face oculta da mente"

                            - Oscar G Quevedo "As forças físicas da mente"

                            - Gabriel Delanne "O fenômenos espírita"

                            - Gabriel Delanne "O espiritismo perante a ciência"

                            - Eudes de Mirville "Questions des esprits..."

                            - Zeus Wantuil "As mesas girantes e o espiritismo"

                            - Picone Chiodo "A verdade espiritualista"

                            - Agenor de Gasparin "Des tables tournantes..."

                            - Louis Figuier "Histoire du marveilleux"

                            - Carlos Imbassahy "A farsa escura da mente" 

                            - Carlos Imbassahy "Hipóteses em parapsicologia"

                            - Carlos Imbassahy "O espiritismo a luz dos fatos"

                            - Carlos Imbassahy "Enigmas da Parapsicologia"

                            - Paul Gibier "Análise das coisas"

                            - Paul Gibier "Espiritismo, o faquirismo ocidental"

                            - Louisa Rhine "Canais ocultos do espíritos"

                            - J B Rhine "Novo mundo do espírito"

                            - J B Rhine "Parapsicologia - fronteira científica da mente"

                            - J B Rhine "O alcance do espírito"

                            - J B Rhine "Parapsicologia atual"

                            - J B Rhine "Novas fronteiras da mente"

                            - J B Rhine "Novas perspectivas da Parapsicologia"

                            - Joseph Grasset "O ocultismo ontem e hoje"

                            - Puységur "Memórias para servir a história e estabelecimento do magnetismo"

                            - Du Potet "Magnetismo em oposição a medicina"

                            - Boirac "A psicologia desconhecida"

                            - Gustave Geley "L ectoplasmie et la clairvoyance - Observation et espériences personnelles"

                            - Eugéne Osty "Lucidité et intuition - E'tude experimentale"

                            - Herculano Pires "Parapsicologia hoje e amanhã"



                         
Já nos referimos que a primeira fase das pesquisas Psicológica e Parapsicológica correspondem ao que chamamos de magnetismo, e que foram iniciadas da primeira década do século XIX e portanto a exatos dois séculos.

                         Começarei, muito naturalmente pelas experiências realizadas por Du Potet:

                         "Sabeis - diz ele - que o sonambulismo se apresentou a nossa observação e que GRANDE NÚMERO DE MÉDICOS INCRÉDULOS, atraídos pela novidade do espetáculo, DELE ACABARAM SENDO TESTEMUNHAS. POIS QUERIAM ASSEGURAR-SE DA VERDADE QUE LHES DIZIA EU. PERMITI QUE ELES FIZESSEM O QUE BEM QUISESSEM, PORQUE EM MATÉRIA DE FENÔMENOS ESTRANHOS, SÓ SE DEVE ACREDITAR PELO TESTEMUNHO DOS SENTIDOS. 

                          A PRESENÇA DE MUITA GENTE NÃO IMPEDIU A MANIFESTAÇÃO DOS FENÔMENOS, E TUDO PUSERAM OS ASSISTENTES EM PRÁTICA PARA VERIFICAR a insensibilidade dos hipnotizados. Começaram a passar uns fios de pena muito finos sobre os lábios e nas asas dos narizes, em seguida se lhes picaram a pele de tal modo que se produzam equimoses, logo mais se lhes inseriram fumaça nas fossas nasais e também puseram os pés de uma sonambula em um banho de mostarda fortemente sinapizado e com água bastante quente.
                           Nenhuma dessas ações determinou a menor alteração ou o mais leve sinal de dor e o pulso se mantinha regular. Porém, quando despertaram, todas as dores que deviam ser provenientes das experiências fizeram-se sentir vivamente, de modo que os pacientes se indignaram, com o tratamento que os fizeram experimentar." 

                            Necessário salientar que as verificações não foram realizadas por Du Potet mas pelos céticos ou duvidosos, como refere o Dr Roboam em Ata:

                            "Certifico que a o8 de Janeiro de 1821, a pedido do Dr Recamier, pus em sono magnético a assim chamada Le Roy (Lise) do leito n 22, da sala S Agnès; ele a tinha, anteriormente, ameaçado com um caustico caso se deixasse adormecer.
                             Mesmo contra a vontade da enferma, logrei induzi-la ao sono e, durante ele, Gilbert queimou agárico junto a suas fossas nasais e essa fumaça nada produziu de notável. Contínuo Recamier aplicou-lhe o caustico na região epigrástrica, o qual veio a produzir uma escara de 15 linhas de comprimento por 09 de largura, durante a citada aplicação a enferma não manifestou menor sinal de dor, seja por meio de gritos ou por alteração do pulso; permanecendo em insensibilidade completa; despertada porém sentiu muita dor. - Assinam Gilbert, Créqui e muitos outros além de Roboam."

                             
Diante disso o Dr Margue, que seguiu para Salpêtrière, realizou outras tantas experiências, não somente com a anuência do grande Esquirol mas com autorização para que fossem publicados - Como se vê Esquirol não se opunha a livre investigação em nome de certos princípios apriorísticos. 

                             "Renovaram nas pobres mulheres as experiências da casa de Misericórdia; depois, como acreditassem que a dor pode ser suportada, até certo ponto, sem ser manifestada, que se podia sofrer a mais forte queimadura sem mostrar qualquer sinal externo, supôs-se que o melhor seria dar-lhes a respirar amoníaco concentrado. Para tanto, procurou-se no Hospital um vaso que contivesse quatro onças de amoníaco e o colocaram muitos minutos seguidos no nariz de cada sonâmbula, tendo-se o cuidado de fazer com que a inspiração levasse ao peito o gás deletério. Repetiram eles a operação diversas vezes e nunca puderam os observadores surpreender a sombra de qualquer manifestação de incômodo ou mal estar.

                            "Um doutor, sem dúvida incrédulo, querendo certificar-se de que aquele recipiente continha amoníaco, aproximou-se para cheira-lo e quase pagou com a própria vida a imprudente curiosidade." Dellane 1952 

                             
Foram essas últimas experiências testemunhadas por Husson, Bricheteau, Delens e muitos outros médicos e os relatórios depositados com Dubois, o Tabelião de Paris, sendo uma cópia editada em brochura e os fatos jamais contestados, ao menos, aquele tempo. iden Ibd 

                             

                             


                         

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