domingo, 15 de outubro de 2017

O futuro de uma ilusão (S Freud) - A caminho da frustração e da desesperança.

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Enquanto Adler, tanto mais realista, limitou-se a ver no homem um instinto para a afirmação ou para a realização pessoal Freud - fortemente influenciado pela primeira grande guerra com seu estouro de violências - encarou este instinto (descoberto originalmente por Adler) como um instinto de agressividade. cf 'Para além do princípio do prazer' 1919.

Julgo que essa constatação foi muito mais dramática para a Psicologia e a Psicanálise do que a descoberta do princípio do prazer e da sexualidade infantil, o qual nada tem de sujo ou de negativo como pressupõem arbitrariamente a 'sifilização' maniqueísta ou puritana. O prazer e a busca pelo prazer, inclusive na dimensão sexual, nada tem de aberrante. Outro é o caso de um instinto de agressão ou violência. Aqui é Freud por outra via que se aproxima do maniqueísmo e paradoxalmente da doutrina Agostiniano/calvinista do pecado original. Pois se o homem porta em si mesmo um princípio de agressividade inata ou um princípio anti social que pensar sobre a origem deste homem?

Seja como for transita Freud, a partir dos anos 20, de um monismo sexista ou pansexual para um dualismo em termos de Eros e Tanatos, dois princípios opostos e conflitantes em torno dos quais desenvolve-se a personalidade humana e a própria civilização, esta concebida literalmente em termos de choque ou luta entre os dois princípios antagônicos - o do amor, cuja matriz é a sexualidade e o da morte/agressividade que conduz a dissolução. Um faz perpetuar já a vida biológica e já transfigurado (objeto inibido) a vida social, o outro busca dissolver a vida biológica e também a social.

Quanto a dissolução da vida Biológica Freud bem sabe que nada podia ou poderia ser feito de efetivo nem nutre qualquer esperança em termos de uma sobrevivência post mortem. Aqui o triunfo da morte sobre o indivíduo é completo, restando apenas sua continuidade noutro ser distinto de si, mas ao mesmo tempo semelhante quanto a certas estruturas e capacidades. Já em termos sociais, ao menos em sentido lato, não logra o instinto de morte a prevalecer totalmente face a cultura e destruir a civilização. Importa saber que ele jamais retirou-se da arena ou abandonou a luta, e que continua a matricular multidões de descontentes em suas fileiras. Freud não apenas não esta matriculado entre as fileiras dos descontentes ou rebelados, os quais encara como vítimas de um jogo urdido pelo sentimento de culpa, como faz-se paladino da civilização tendo em vista a atividade científica de que decorre, em última instância, um melhoramento das condições de nossa existência ou uma diminuição de nossos sofrimentos, o qual víria a compensar todas as limitações impostas tendo em vista a implementação deste ideal, a civilização.

Em 'Futuro de uma ilusão' Sig já se mostra cônscio quanto a forma economicista de nossa civilização - Ocidental ou melhor Norte Americana - e seus problemas e isto a ponto de fazer-se apreensivo. Uma civilização que produz multidões de descontentes num ritmo tão rápido parece por a si mesma em grande perigo. "Uma medida constante de descontentamento se imporá no seio desta cultura, o que poderá fomentar rebeliões perigosas." pondera ele. E arremata melancolicamente: "Não devemos esperar uma interiorização de proibições culturais por parte dos oprimidos, muito pelop contrário, eles não estão dispostos a reconhecer tais proibições, mas empenhados em destruir a cultura e, eventualmente, até em abolir seus pressupostos... Não é preciso dizer que uma cultura que deixa insatisfeito um número considerável de seus membros e que incita-os a rebelião não tem perspectivas de se conservar perpetuamente E SEQUER O MERECE."
Assim se suas críticas o sistema não são tão contundentes quanto as de um Marx - pelo simples fato deste estar situado no plano da economia - ou de um Berdiaeff, nem por isso deixam de ser menos enfáticas. É como se Freud não desejasse por as mãos em lodo tão sujo ou analisar em si mesmo ao modelo capitalista, sendo até possível que ele estivesse convencido de não estar a altura deste desafio. Talvez não estivesse mesmo e por isso lança toda carga de sua crítica contra as instituições religiosas, prestando muito pouca ou quase nenhuma atenção ao problema da Ética da essência e depositando suas esperanças moribundas sobre os altares da ciência. Tal a dinâmica de o Futuro de uma ilusão.
Freud até cogita piedosamente, e tenta oferecer aos homens algo melhor do que a religião ou o que é mais dramático ao teísmo naturalista; tenta ter alguma esperança... Mas veremos que não consegue e que a dar por certas as críticas formuladas neste opusculo só nos restaria aceitar a frustração propiciada pela razão nos termos de um Camus, a dar-nos por totalmente iludidos e a perder toda esperança. Sem cogitar a respeito da religião sobrenatural ou da fé, dou-me por satisfeito com o afirmar que com a impugnação do teísmo racional, nos termos dos pensadores gregos, particularmente de Sócrates, Platão e Aristóteles, nada nos restaria, a nós homens em termos de civilização, cultura ou esperança.

O valor de Freud aqui é, a partir do que ele mesmo constatou, deslindar um drama ainda maior, um drama ético, um drama cósmico.

O primeiro aspecto do problema foi em parte levantado no artigo precedente, pelo que vamos aborda-lo bastante superficialmente. Esta ele relacionado com a crítica endereçada a Freud pelo sábio francês Roman Rolland e diz respeito a um suposto instinto ou tendência religiosa existente em todos os homens ou ao menos em parte deles. Em parte porque muitos como Freud e os irreligiosos alegam não estar em posso dele. Sig por sinal declara-o explicitamente no primeiro capítulo do Mal estar. No entanto, admitidas as premissas do próprio Sig i é a psicanalise, não seria nem um pouco prudente contentar-nos apenas com o testemunho da consciência, ao menos quanto a este aspecto da personalidade. Tal o sentir de K G Jung, bem como do Pe Victor White os quais dedicaram-se a elencar evidências e argumentos favoráveis a tese de Rolland dando Freud e seus partidários como recalcados ou como pessoas que em virtude de determinados traumas não foram capazes de lidar com o sentido religioso, lançando-o fora da consciência, mas não da mente, no fundo da qual subjaz, mal resolvido e enquanto possível fator de neuroses... Há portanto outras versões no terreno da própria psicanalise.

Freud, quiçá racionalizando (para ele apenas os outros racionalizavam) arquiteta uma bela tese segundo a qual Rolland e os demais seres humanos, que se declaram em posse de um sentido religioso (inda que desvinculado de qualquer forma ou instituição), representam um tipo de Mente estacionada numa fase anterior ao desprendimento do Ego face ao mundo externo, possuindo juntamente do Ego desprendido resíduos de um outro ego tanto mais rudimentar ou primitivo, digamos assim de um proto ego. A hipótese é engenhosa, embora sua finalidade, refutar a tese de Rolland e sobrepor-se narcisisticamente ao rival, salte a vista. Ele Freud acaba sempre estando em posse de uma mente normal e equilibrada enquanto seus contraditores... Freud piedosamente lhes remove toda culpa ou malícia, juntamente com a normalidade/sanidade que reserva para si mesmo. Jung e White limitam-se a dar-lhe o troco supondo-o desajustado ou incapaz de lidar com o problema religioso devido a alguma sequela porque tenha passado na infância ou na juventude.

O problema aqui é que o desajuste individual face a esta tendência a religiosidade - que muitos vinculam externamente a cultura - não a elimina nas outras pessoas e isto a ponto de Freud - o qual como Plutarco e Heródoto deve ter levado em conta a presença da religiosidade em absolutamente todas as culturas do Planeta, sem exceção - postular uma neurose coletiva em termos universais. Tanto a religiosidade não determinada transcende a relatividade da cultura que o próprio Freud, que com os antropólogos de fancaria poderia ter tentado resolve-la no plano da cultura (Postulando a existência de sociedades irreligiosas ou ateias), é obrigado a transferi-la para o domínio interno e comum da mente e reconhecer sua universalidade embora como neurose. É uma neurose coletiva, não cultural e tampouco individual; pois esta presente e difusa em todas as Sociedades humanas. Mas é transmitida pela educação. Afinal a educação produz essa tendência religiosa difusa ou limita-se a comunicar-lhe uma forma?

Freud mesmo, num momento de lucidez em que pugna contra si mesmo, parece intuir a resposta:

"Se o senhor deseja eliminar a religião de nossa cultura européia, isso só poderá acontecer MEDIANTE A ADOÇÃO DE UM OUTRO SISTEMA DE DOUTRINAS, E ESTE ASSUMIRIA DESDE O PRINCÍPIO TODAS AS CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DA RELIGIOSIDADE... O senhor precisará de alguma coisa desse tipo para corresponder as exigências da cultura e não poderá renunciar a tanto..." O futuro de uma ilusão cap IX

Talvez Freud ainda não se houvesse dado conta mas enquanto escrevia estas linhas em 1925, em Viena, na Austria, ali mesmo ao lado, no Norte da Alemanha, a religião protestante luterana, cada vez mais secularizada, estava - sob os auspícios de Hegel, During, e outros - assumindo o aspecto de uma nova mística secular, o nazismo. Haviam no entanto outras tantas místicas seculares, engendradas em sociedades irreligiosas e sem embargo disto herdeiras da religiosidade ou da tendência inata a religião. E quem diz nazismo diz fascismo, comunismo ou mesmo capitalismo, afinal por trás de cada uma delas damos com uma mística em torno de elementos naturais seja a raça, o estado, o partido ou o capital. Crane Brinton é apenas um dos que - em sua monografia sobre a Anatomia das Revoluções - relaciona essas místicas secularizadas ou religiosidades profanas com o sucesso das Revoluções.

Posteriormente as próprias culturas de morte ou místicas seculares - a exceção do capitalismo, pelo simples fato de distorcer nosso sentido de afirmação ou realização - exauriram-se. Nem por isso tem cedido espaço, a uma sociedade absolutamente irreligiosa ou ateia (A Sociedade Escandinava é o que temos de mais próximo no sentido de uma sociedade irreligiosa no sentido de que a religiosidade permanece em seu estado natural ou informe, e no entanto mesmo nela o ateísmo compreendido segundo a acepção da palavra é apenas residual), mas cada vez mais a expansão do islã. Assim essa mesma Europa com relação as quais os ateus e agnósticos acalentavam os mais belos sonhos no sentido de criar-se uma Sociedade emancipada, ateia e irreligiosa após a erradicação do Cristianismo tem, paradoxalmente, abraçado a forma mais arcaica, fetichista, irracionalista e virulenta de religião, a saber o islamismo sunita salafita. O que não nos surpreende nem um pouco.

Uma coisa é certa, nem o ateísmo crasso ocupou o lugar antes ocupado pelo Catolicismo ou pelo protestantismo; nem a irreligiosidade parece ter se imposto definitivamente no contesto europeu, mas apenas provisoriamente enquanto passagem para o islã, o que nos reporta mais uma vez ao estagirita: "Os extremos se tocam."

Ora toda argumentação assumida por Freud no Futuro de uma ilusão sabe a esse falso dilema posto entre os extremos de uma religiosidade cega e primitiva com seus delírios fetichistas e a irreligiosidade - compreendida em termos de um ateísmo crasso - proposta pro ele. Aqui, para S F não há qualquer escala ou meio termo. Nosso homem desconsidera-as intencionalmente e como tantos e tantos paladinos do ateísmo ele não parece estar nem um pouco disposto a dialogar com os expoentes de uma alta teologia Católica ou mesmo com os deístas, sucessores dos antigos filósofos gregos e paladinos da religião natural. A impressão aqui é que Freud ainda esta preso ao modelo arcaico, primitivo e grosseiro de divindade formulado por seus ancestrais, o qual parece encarar como a obra prima do pensamento religioso. Parece ter feito sua opção e só é compreender a divindade em tais termos, afinal é a que melhor serve a seus propósitos e cai-lhe como a mão a luva. Freud como quase todo o ateu, precisa de um espantalho para surrar facilmente e por isso vai ao mercado e escolhe o pior tipo de deus, da-lhe uma sova e em seguida declara ter esgotado o conceito...

Mas e o Deus de Anaxágoras e Sócrates? E o Deus de Platão? E o Deus de Aristóteles, de Erigena, de Davi de Dinant, de Amauric de Benne, de Spinoza e Whitehead??? E o Deus de Descartes e Bacon??? Destes todos passa do largo, se bem que os conheça e sinceramente declare não pode refuta-los - Isso mesmo, nobre leitor, o campeão do ateísmo, confessa sinceramente não poder atingir ao Deus dos Filósofos e da religião natural:

"Com efeito se vossas ideias religiosas se restringirem a afirmar a existência de um Ser Supremo de caráter espiritual cujas qualidades são indefiníveis e as intenções sumárias, ELAS SE TORNARÃO INVULNERÁVEIS FACE AS OBJEÇÕES DA CIÊNCIA, mas certamente os homens é que perderão seu interesse por elas." O futuro de uma ilusão. Cap X

Mas acaso os nomes acima citados não são nomes de homens ou de seres humanos? Acaso eram tais pensadores minerais ou vegetais? Tal o Deus tal o homem Dr Freud... Tal a condição do intelecto humano tal o Deus Dr Sig. Assim o problema não em Deus mas no conceito ou ideia que dele se faz e certamente há certo número de ideias relativamente distintas a respeito da divindade. Entre a concepção mágico fetichista escolhida pelo senhor e a inexistência vai ao menos alguma outra coisa intermediária que o senhor parece ter descartado sem examinar atentamente. Claro que o homem do povo ou o homem comum tendo em vista sua presente condição não pode interessar-se pelo Deus de Anaxágoras ou pelo Deus de Aristóteles, ponto pacífico... Devemos admitir então que os homens sempre serão assim? Uns imbecis ou idiotas dominados por seus impulsos? O senhor mesmo Dr Freud reservou a si mesmo o direito de acalentar a esperança de que nem sempre fosse assim, e de que num futuro próximo ou distante este homem assumisse um caráter tanto mais racional e distinto daquele que o qualifica no tempo presente.

Admitido que os homens alcancem este estádio tornando-se tanto mais críticos e reflexivos por que motivo seria impossível mostrarem algum interesse num Ser Supremo espiritual no moldes acima descritos? Por que entre a ideia ultrapassada e a negação total não poderiam optar por uma terceira via ou por uma ideia mais depurada e digna de Deus? Por que teriam de aderir necessariamente ao ateísmo sem ao menos examinar a proposta do deísmo ou da religião natural? Tudo quando posso perceber ou antever aqui é preferência preconcebida pela solução radical do ateísmo... Claro que o ateísmo precisa ser examinado e considerado mas em comparação com o deus fetichista da fé ancestral e o Deus legislador da alta teologia ou do deísmo. Cada hipótese deve ser atentamente examinada pela criatura racional e livre, de modo que sua opção seja ainda mais consciente.

Afinal admitida a existência de um instinto egoísta voltado para a agressão e a morte - ou ao menos duma distorção cultural sofrida por ele - bem como de um primado da vida inconsciente ou dos impulsos (Trieb) como poderíamos estabelecer normas ou regras de convivência válidas e aceitas por todos??? Admitida a relatividade absoluta da cultura, no sentido que lhe é dado por Freud, como fazer valer universalmente os valores inerentes a pessoa humana ou mesmo postular valores inerentes sob a forma de direitos? Como poderia a relatividade da cultura vencer instintos universalmente arraigados no âmago mesmo da pessoa??? Alias como superar a força titânica do Tanatos sem recorrer a comunhão com esse poder difuso por todo Universo??? Como esperar vencer o Tanatos a partir de uma cultura fragmentada??? Como evitar que a cultura humanista a que chamamos civilização dissolva-se por completo nas culturas de morte??? Como encontrar uma força ou poder capaz de vencer o poder do lucro ou do capital??? Como garantir a afirmação do Ser sobre o Ter? Como preservar a própria racionalidade do desgaste por parte de uma crítica insidiosa??? Como impedir que a ciência seja lançada ao fogo juntamente com a religião e a Filosofia???

Ao terminar este ensaio devo advertir o leitor de que este mesmo Freud, que em 1925 ao escrever O futuro de uma ilusão reportou-se diversas vezes a palavra esperança apresentando-a como um valor, foi, durante os quinze anos subsequentes de sua vida, perdendo- a por completo, até mergulhar no total desesperança e no pessimismo absoluto. Basta dizer que pouco antes de morrer já se refere a ela, a esperança, tal e qual referia-se a religião, ou seja, nos termos de uma neurose coletiva. De certa forma Freud chegou, pelo messianismo, a vincular a esperança a religião. Claro que se trata de esperanças falsas e artificiais. Nos outros campos, da natureza ou da imanência, passou a concebe-la tal e qual Camus e alguns outros existencialistas chegaram a encarar a própria razão - enquanto promotora de um sentido que não existia - ou seja como uma espécie de verme que corrói a mente.

Afinal, como filho do positivismo - e apesar da segunda grande guerra mundial - ele apostará no poder redentor da ciência. A qual além de se ter inclinado facilmente ao poder do capital e do Deus Mercado, tornou o segundo conflito ainda mais mortífero e medonho. A segunda grande guerra demonstrou cabalmente que ciência não produz consciência e que o poder de Tanatos era colossal por assim dizer. Eros foi mortalmente abatido e com ele as esperanças de Sig.

Outra aposta errada foi na razão. Não na razão enquanto razão, a qual para todos nós tem imenso valor ou até mais valor do que para ele Freud na medida em que rechaçamos as críticas de Kant e Hume continuando a praticar a velha metafísica, da qual a Ética é um setor. O problema aqui é a credibilidade da razão. A qual após Hume e Kant tornou-se tão vulnerável quanto a religião. Levaram a guerra até ela e como aludimos acima chegaram a encara-la como um verme. Assim se Freud nos diz que resta algo, o escocês dirá que nada nos resta em absoluto e o alemão que nos devamos contentar com aparências.

Apostou que após o fim da fé chegaríamos as portas do paraíso, mas, desde que a fé entrou em crise com a pseudo reforma protestante, chegamos as portas da geena conduzidos pelas mãos de seu substituto, o Capital. Apostou que após o fim do delírio religioso sobreviria a normalidade mas o que sobreveio a ele foi nazismo, fascismo e comunismo...

Apostou na afirmação da incredulidade e vemos o santuário de nossa cultura ancestral assaltado pela forma mais rude e grosseira de religião, o islã. Isto ele, Freud não precisou testemunhar para perder toda a esperança.

No entanto estes quinze anos que transcorreram de 1925 a 1939 foram cruciais para que o pai da Psicanalise, se certificasse de que a extinção da fé ou da religiosidade não redundaria em maiores benefícios para a pobre humanidade e de que sendo assim deveríamos abdicar de todas as esperanças quanto ao futuro da humanidade, aceitar nossa própria frustração e quiçá concluir que o próprio surgimento do fenômeno humano equivale a uma tragédia cósmica. Agora poderá o homem engolir resignadamente tais verdades sem ópio, narcótico ou anestesia??? Tudo quanto sei é que não poucos daqueles que tragaram até o fundo o mesmo cálice que o Dr Freud optaram por tirar a própria vida, seja como ato concreto de desesperação e impotência face um mundo irracional e despido de significado, seja lentamente por meio da bebida ou da droga; afinal quem não sente vontade de fugir face a um universo tão hostil em que a dor é por assim dizer insuperável. Buda ainda pode oferecer a seus profitentes a esperança do Nirvana, Freud após ter destruído a fé religiosa que nos oferece??? Nada, absolutamente nada, apenas a desesperação.




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