OLHEM A FONTE DE INSPIRAÇÃO DE TODA ESSA PORCARIA!
Desta vez não vou ocupar o precioso tempo do amigo leitor com minhas arqueologias ideológicas, mesmo porque a moda do politicamente incorreto, é de origem bastante recente e só podia mesmo ter sido cunhada neste imenso hospício a céu aberto que é a 'terra brasilis'. Evidentemente que ele surgem em oposição a clássica expressão do 'politicamente correto'.
A expressão 'politicamente correta' pode ser compreendida como esforço do poder político para assumir determinados princípios e valores em termos de ética da pessoa humana. Compreendido que o sentido do politicamente correto gira de em torno dos direitos e garantias essenciais da pessoa humana, opondo-se a tentativa de racionalizar e argumentar em torno do anti ético ou do desumano, não faz sentido algum em opo-lo a liberdade de expressão ou de discussão.
O argumento reverte contra os conservadores pelo simples fato de viverem gritando que tudo tem medidas. Certamente o discurso deve ter medida. Tal o escopo a ética.
Por trás da ideia de que os limites impostos pelo 'politicamente correto' são danosos a liberdade de expressão subjaz sempre qualquer teoria subjetivista/relativista em termos de ética ou de pessoa, e um maior ou menos grau de desprezo pela ética essencialista da pessoa, cujos fundamentos remontam a Sócrates e não são estranhos ao Evangelho de Cristo.
Tempos de incoerência. Jamais falou-se tanto em ética e jamais a essencialidade da Ética foi atacada com tanta ferocidade como nestes nossos dias.
Querem discutir o valor da pessoa humana, querem discutir os direitos e prerrogativas do homem, querem discutir os fundamentos da Ética justamente porque para eles nada existe de concreto em termos de Ética - Trata-se duma construção cultural e nada mais...
Para eles a essencialidade não faz qualquer sentido e a lei natural não passa duma quimera urdida pelos escolásticos.
Assistimos a retomada dos velhos e repisados erros do positivismo.
A liberdade que revindicam é liberdade para trazer a público os já conhecidos temas da superioridade/inferioridade racial, da submissão feminina, da dominação ou tirania religiosa, da discriminação sexual, etc Já do lado da 'esquerda' temos a não menos imbecil mística do aborto (não me refiro a possibilidade do aborto em certas situações mas apenas ao 'libera geral')...
A ideia é argumentar racionalmente em torno de tais temas alimentando o racismo, o machismo, o adultismo, a homofobia, o odinismo, o abortismo, etc, etc, etc Uma coisa é discutir tais temas em sala de aula ou na escola sob a direção de um bom professor e outra totalmente distinta é permitir que políticos sem consciência transplantem esta pauta monstruosa para o Parlamento com o objetivo de legaliza-la.
Escolas, veículos da Imprensa, etc estão ai enquanto cenário de diálogo aberto.
Coisa bem distinta é levar tais temas aos Parlamentos com o objetivo de produzir leis de exceção que deem respaldo a tais preconceitos.
É justamente o que pretendem os adeptos do 'politicamente incorreto', para os quais qualquer aberração poderia e deveria ser discutida e votada em nossos Parlamentos.
Neste terreno não há que se ter quaisquer limites, declara toda essa gente irresponsável.
Convém perguntar a respeito de onde pararemos com essa febre de discussões - Ou teremos de discutir seriamente a exposição de crianças, o cárcere privado, a agressão a mulher por parte do marido, o estupro, a tortura, a escravidão, a eliminação de deficientes físicos, a inquisição, a castração de homossexuais, o apedrejamento de adúlteros, etc Será esta bela pauta assumida sinceramente pelos partidários do 'politicamente incorreto'???
Temo que sim.
Então o que temos aqui é uma negação radical face a Ética da pessoa humana e seus postulados essenciais. Um projeto de demolição do homem posto em prática diversas vezes por teocráticos, nazistas, fascistas, comunistas, etc com o velado apoio dos traidores liberais. De fato a suprema miséria do liberalismo econômico é fazer causa comum com quaisquer desses grupos (exceto com o último - o Comunista) sempre que pressionado pelos socialistas ou sociais anarquistas.
Todos os totalitários conhecem muito bem a suprema fraqueza do liberalismo e sabem quão fácil é 'convencer' os oportunistas liberais a restringir as liberdades dos cidadãos ou mesmo a retirar-lhes os direitos produzindo de antemão um clima favorável a afirmação do totalitarismo. É o liberal acuado que costuma a lançar os fundamentos não só do totalitarismo laico, mas até mesmo da odiosa teocracia na medida em que se vai lançando nos braços dos fanáticos religiosos, tal e qual estamos vendo no Brasil de hoje.
Começa portanto a democracia a desmanchar-se num contexto formalmente democrático do 'politicamente incorreto' e na mesma medida em que sanciona certos discursos inaceitáveis como o racismo, o machismo, o adultismo, a homofobia... Digam o que disserem mas o legítimo o espírito democrático é incompatível com qualquer tipo de discurso que negue as minorias étnicas, religiosas e sexuais o direito de ser e existir. Não é democrático caso não seja absolutamente igualitário. É a democracia regime em que todos tem ou deveriam ter voz. Supõem a democracia que todos os cidadãos livre e pacíficos tenham o direito de viver a seu modo sem serem molestados pelos demais. Democracia sem tolerância religiosa, cultural, cívil e pessoal não existe, é democracia espúria, de fachada.
E no entanto a deterioração do espírito democrático que é a afirmação metafísica da igualdade absoluta entre todos os cidadãos sem consideração alguma de gênero, opção sexual, raça, classe ou religião, tem sua fonte naquele formalismo tosco e anti ético segundo o qual todo discurso é bem vindo... Esta errado porque a democracia não é apenas uma forma ou estrutura vazia mas ou ideologia que supõem fundamentos metafísicos sem os quais não pode subsistir. E este fundamento metafísico é a absoluta igualdade entre todos os seres humanos e por ext entre os cidadãos da república, igualdade essencial fundamentada no uso da razão e na capacidade do livre arbítrio, e em nada, nada mais.
Portanto aqueles todos que aspiram criar leis de exceção cujo fim seja excluir tal e tal categoria de cidadãos do exercício da cidadania ou o que é pior autorizar situações ou contextos sociais de opressão, são sórdidos traidores do liberalismo político. Discriminação racial, cárcere privado, agressão física, infanticídio, abandono de idoso, tortura, escravidão, etc são crimes e portanto situações que a lei sequer tem o direito de autorizar. A lei positiva não tem como quer a escola de Kelsen o direito de contrariar a lei natural. Apanágio é da justiça premiar a virtude e castigar o crime e esta ordem é fixa e inalterável. Não tem o homem sob quaisquer pretextos o direito de praticar crimes seja em público ou as ocultas devendo sempre ser denunciado e punido, jamais estimulado. O crime não existe para ser legalizado mas para ser execrado e proibido pois implica a sobreposição indevida de uma liberdade a outra. Nossa liberdade termina quando começa a alheia. Neste sentido toda sobreposição é essencialmente danosa ou prejudicial e aquele que produz o dano, criminoso.
Não existe e sequer poderia cogitar-se em existir liberdade para o crime. Quem pratica qualquer crime pratica-o contra a liberdade ou a integridade de algum cidadão, e na liberdade ou integridade deste cidadão atinge e profana a dignidade de todos os elementos do corpo social ou de todos os seres humanos. A solidariedade humana exige sua punição, desde que seja crime verdadeiro, enquanto produção de dano a alguém que nada tenha feito ou de reação desproporcional face ao dano produzido.
Absurdo clamoroso permitir que situações de criminalidade sejam discutidas livremente no Parlamento, entre homens que se supunha serem estudados e civilizados, e o que é pior ainda, com o objetivo de converte-las em leis, leis destinadas a acobertar crimes ou a reconhecer situações de opressão!!! Tal a pauta do discurso 'politicamente incorreto', introduzida - pasmem - no STF (Rui Barbosa a estas horas deve estar a rolar em sua fria tumba!) e da qual decorreu - pasmem novamente - decisão favorável ao exercício do PROSELITISMO RELIGIOSO OU CONFESSIONAL EM ESCOLAS PÚBLICAS PAGAS COM O DINHEIRO DE TODOS OS CIDADÃOS, o que como se aduz é manifesta injustiça.
Diante de tão monstruosa aberração, os cidadãos devem perguntar-se a respeito de quando o 'venerável' parlamento virá a discutir a punição dos dissidentes religiosos ou dos incrédulos, o estabelecimento de uma Inquisição bíblica, etc??? Outra questão não menos interessante é como o nosso STF apreciaria o fenômeno tão politicamente incorreto de uma 'ditadura' com repressão, tortura, assassinato e tudo mais; afinam que pode ser mais politicamente incorreto??? E a corrupção do golpista Temer por que não a absolvem mais uma vez pelo simples fato de que condena-la seria adotar a norma, repugnante, do politicamente correto???
Será que os togados do Supremo não percebem que adotar a solução do politicamente incorreto implica subverter por completo nossa jurisprudência, nossas instituições e nossa legalidade, sempre guiada pelo princípio salutar da reverência pelo que é correto ou bem fundamentado??? E que ignorar este princípio implica abrir o bueiro da História para dele extrair tudo quanto existe de mais abjeto???
Jamais me surpreendi ao dar com tão miserável chavão na boca de um patife como o Malafaia ou nas linguas malevolentes desses fedelhos filiados ao MBL... Afinal correspondem a negação dos princípios democráticos que, assumindo nossa tradição ancestral, defendemos, mantendo-nos rigorosamente fiéis a doutrina clássica do liberalismo político. Perplexidade e pavor me causa o ver o mesmo chavão na boca daqueles aos quais caberia justamente velar pelos fundamentos mais remotos de nossas instituições democráticas. É como se o câncer tivesse passado do ânus ao cérebro e produzido metástase... Muito havendo para recear, no sentido de que o enfermo (O Brasil, ou nossa democracia) baixe a cova.
Nós no entanto nos negamos a reconhecer esta decisão pavorosa do STF. A qual conspurca vergonhosamente o caráter laico do Estado Brasileiro, e evidencia, mais uma vez, estarmos vivendo um estado de exceção produzido por um golpe de estado e quem sabe o prólogo de mais uma ditadura. Não reconhecemos o primado da injustiça, não reconhecemos a doutrina do 'politicamente incorreto', não reconhecemos a validade de qualquer lei ou instituição oposta a dignidade da pessoa humana e concitamos todos os cidadãos nobres, justos e virtuosos a que se oponham a semelhante estado de coisas exercendo a desobediência civil, aderindo a quaisquer mobilizações de caráter geral ou mesmo tomando armas nas mãos e combatendo, direito por sinal reconhecido pela própria Constituição dos EUA. A violação da ordem democrática justifica plenamente o levante por parte dos cidadãos.
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