sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O abismo pós modernista

Aqui algo de ao menos parcialmente novo.

Pois se no papismo, no protestantismo (Apesar de seu conteúdo cético!), capitalismo, comunismo, anarquismo, conservadorismo e fascismo temos a afirmação de algum conteúdo, com o pós modernismo> Ceticismo, subjetivismo e relativismo, chegamos as portas do nihilismo ou ao nada absoluto.

Até o iluminismo, empirista ou materialista, tínhamos ainda alguma fé, fosse mais forte com a ortodoxia, o episcopalismo ou o papismo, mais fraca com o protestantismo, absoluta e cega com as seitas... havia fé.

Restou-nos por pouco tempo a Filosofia ou Metafísica, de pronto abatida por Hume, na Inglaterra, por Kant (Arauto de Lutero) na Alemanha e enfim por Comte na França... Cerca de 1840\50 removeram-nos o racionalismo.

Porém, desde Condorcet restou-nos a Ciência, com suas douradas e paradisíacas promessas para o futuro. Até a explosão das duas grande guerras... E foi-se a ciência. Todavia, ao menos no Leste, restavam a velha mística em torno da ciência, associada ao comunismo e suas visões futurescas - O que perdurou até a queda do mudo de Berlim em 1989 e ao colapso da URSS no ano seguinte.

Então o nada> A negação da realidade, a pós verdade, o domínio das narrativas, o 'imaginário coletivo', a 'construção social'... 

Sucessivamente foram as ilusões (Em torno de alguma verdade) caindo, uma após outra> Fé\Religião, Filosofia (Ética e Estética), Ciência e Revolução... A ponto do insuspeito Nietzsche contemplar uma Europa coberta por escombros e ruínas.

Parece que o comunismo e o positivismo não deram cumprimento a suas promessas, tal e qual haviam falhado o capitalismo e o protestantismo antes deles. 

Mas a questão aqui não é essa...

Pois apesar das sucessivas infidelidades e desmoronamentos sempre havia alguém disposto a coletar os cacos e construir um novo castelo ou fortaleza: Smith, Marx, Condorcet, Comte, Proudhon, Bakunin, Maurras, Mussolini... 

E era a utopia levada adiante...

Até que com Stirner, Nietzsche, Derrida, Foucault, Rand, etc chegaram os demolidores.

Após os quais restaram apenas escombros e ruínas, ou mesmo algum pedaço de carne fresca que o gusano ateísta busca devorar ou consumir com voragem... Referi-mo-nos aqui ao livre arbítrio ou da livre vontade, atacada com ferocidade por Skinner, Pinker, Roth, Sapowsky... Com efeito a neurociência dos 'ateistas' opõe-se decididamente a existência do livre arbítrio por ter dificuldade de explica-lo a partir de sua ideologia ou metafísica podre.

Assim, se o livre arbítrio não se encaixa muito bem como nosso materialismo mecanicista tosco, bora repudia-lo... 

Portanto - Mesmo no escuro reino do nihilismo, expandem-se as negações, sendo a negação dada por verdade...

Nada de novo debaixo dos céus - Há dois ou três séculos os céticos encantam os idiotas ao por tudo em dúvida, exceto o ceticismo, a que se apegam como um dogma. 

Aqui, sem sermos materialistas temos de admitir que, ao menos em certa medida, a atmosfera social exerce relativa influência sobre o mundo das ideias. 

Um franco realismo obriga-nos a admitir que quando uma sociedade está a progredir, avançar, a evoluir, etc Cria ou produz ideologias com um conteúdo bastante rico ou ideologias de afirmação, de certeza, de posse; enfim ideologias otimistas.

Outro o caso das sociedades quando abaladas por alguma calamidade social ou das sociedades fracas e decadentes. As quais tendem a abraçar, reproduzir ou criar ideologias de negação postas para o desespero.

O que já sucedeu mais de uma vez.

Assim os séculos IV e III a C > Período em que os planos de Aristóteles, assumidos por Alexandre, principiaram a dar errado, na medida em que Diadocos e Epígonos disputavam os restos de seu império e mergulhavam toda aquela parte do mundo num mar de fogo e sangue - Debutou o ceticismo de Pirro.

E novamente, quando o Império romano veio abaixo, tivemos o florescimento da Teurgia i é da feitiçaria ou da bruxaria (Com Jâmblico) em plena academia de Platão! E era isso o neo platonismo, ao menos em sua derradeira fase... E temos no campo da Teologia, o maniqueu Agostinho de Hipona, com seu pecado original e sua corrupção total da natureza, enquanto é Roma conquistada por Alarico e seus Godos...

Assim se Orígenes é o Teólogo otimista daquela Roma ainda forte e segura sob Aureliano, Agostinho...

Mesmo nos domínios da infidelidade islâmica, Gazail fez seu ataque a razão, aos racionalistas mutazzilas e aos escolásticos quando o califado estava já sendo estraçalhado pelos mamelucos fanáticos desde 909, culminando esses desastres com a ascensão de Al Haquim e enfim com a destruição da casa da Sabedoria de Bagdad em 1258. Foi este período um período de crise política, dissolução, violência, guerras, etc o qual resultou na consolidação definitiva do fideísmo irracionalista acharita.

Fácil compreender que para a Europa contemporânea, foram das duas grandes guerras mundiais, eventos similares aos conflitos que marcaram o período helenístico, a queda do império romano ou a dissolução do califado abássida, isto do ponto de vista do impacto psicológico. Se a guerra dos Trinta anos abalou a fé Cristã e as guerras napoleônicas atingiram a fé romana, as duas grandes guerras além de terem abalado mais uma vez a fé romana, destruíram da noite para o dia a fé positivista na ciência e ainda conseguiram respingar alguma lama sobre a fé capitalista... 

Daí a ascensão do ceticismo, do relativismo e do subjetivismo, enfim do modernismo e do pós modernismo enquanto doutrinas de negação. O quanto restava do outro lado do muro, como já sabemos, desabou pelos idos de 1989, provocando outra onda de desapontamento ou de ceticismo, entre os ocidentais.

Disto resultou, a partir dos anos 90 e nas duas primeiras décadas do terceiro milênio na afirmação do pós modernismo ou da pós verdade, etc, etc, etc

Parece que no fim das contas não havia mais sinal de esperança nos domínios da cultura ocidental. Por fim a construção das ideologias cessou, e parece que o nazismo foi a última delas. O quanto basta para demonstrar como a construção degenerou... Talvez muitos tenham concluído que era já a hora de parar. E que essas elaborações metafísicas ou racionais eram uma autêntica calamidade.

A impressão que se tem é que as grandes guerras produziram uma aversão a qualquer tipo de proposta ou ideário mesmo que suavemente reformista supostamente derivado da reflexão. Os conservadores de matriz agostiniano ou luterano tornaram a apontar a razão ou o racionalismo como sendo o vilão... Os resistentes do positivismo editaram mais uma vez o discurso em torno da 'coisa dada'... E todos os demais abraçaram o novo credo iconoclástico e vazio do pós modernismo, alegando que tudo quanto existia ou sobrevivia era o discurso, a narrativa, o imaginário coletivo ou a construção social, enfim a pós verdade...

Em seguida, o dilúvio...

Abriram-se as velhas comportas cerradas há séculos com portas de aço, e desde então, sem concorrência alguma, foram entrando os fios e as ondas do fundamentalismo religioso, espantando para a periferia do mundo.

Na conta do pós modernismo, com sua negação da verdade, seja científica, metafísica ou religiosa, devemos creditar a afirmação e expansão da treva fundamentalista no ocidente, seja ela protestante (Nos EUA e na América) ou islâmica, na Europa. 

Afinal que poderíamos opor nós as falsas verdades alegadas pelos fanáticos de plantão... Narrativas, discursos, versões... kkkk A moeda falsificada só se pode opor com sucesso a moeda verdadeira. 

Por mais que o pós modernismo negue, é fato que o intelecto humano está posto para a verdade, que pugna por ela e que ela apenas o satisfaz. 

Inútil oferecer coisas reformadas para a contemplação do intelecto racional, como intentou o protestantismo. Verdade seja dita quem se deleitaria  com com um sapato, uma camisa, uma moto ou mesmo uma casa reformada, podendo ter uma nova?

Nem mesmo comida requentada ou refeita apreciamos, quanto mais verdades divinas requentadas ou reformadas. 

Tanto pior para nós a ausência ou negação da verdade. Naturalmente que uma bananeira ou um limoeiro não se podem sentir frustrados caso não frutifiquem ou deixem bananas ou lições.

Outro o caso da criatura, ao menos em parte racional e sensível, que desespera de obter algum conhecimento válido e consistente. Negado ao Homo Sapiência o conhecimento, tudo quanto lhe resta é a decepção. Seguida pela frustração, pela angústia e enfim, por vezes, a alienação mental e o suicídio. 

Pois não existe o ser humano para o nada ou o vazio porém para a posse. 

E sua condição não se conforma por completo com a ausência.

A posse de ao menos algumas poucas e elementares verdades certas, válidas, indubitaveis e consistentes é indispensável a sanidade mental e a construção de uma personalidade forte.

Nem é possível constatar se a proliferação das doenças mentais no mundo contemporâneo é um sintoma ou uma das causas dessa calamidade. 

O problema crucial é que a falta da verdade pode produzir compulsão. A ponto da pessoa angustiada aceitar qualquer coisa, aliás duvidosa e infundada. Como mitos religiosos de talhe fetichista, conhecimentos alegadamente reformados ou enfim ensinamentos anti éticos ou mesmo bárbaros.

Não nos surpreende portanto que um cético ou negacionista radical passe facilmente ao extremo oposto i é a aparência de uma verdade totalitária que estimule a intolerância.

Afinal todos sabem muito bem como se comportam, a maioria dos humanos após longo período de fome ou jejum...

A Europa atual, desnutrida e famélica, por conta da brincadeira pós modernista, chegou já a esse ponto... De regastelar na lavagem do fundamentalismo árabe...

Então você já sabe perfeitamente bem o que produziu o avanço e potencial triunfo do califado islâmico na Europa> O pós modernismo, com sua leviana negação da verdade e repúdio ao conhecimento.

Creio porém que ainda haja tempo para fazermos uma arqueologia dos saberes ou regressão da cultura, recuperar nossos fundamentos e por assim dizer 'salvar' este projeto de civilização que ainda se não concretizou.

E é claro que não estou me referindo a protestantismo ou capitalismo, os quais representam o desvio quase inicial e o início da 'crise' porém a nossas raízes clássicas: Socrático/Aristotélica e talvez, ao Cristianismo antigo ou episcopal. 

Reflitamos...








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