terça-feira, 22 de abril de 2014

O banimento da Ética pela sifilização moderna... MAPEAMENTO DA CULTURA DE MORTE E DOS ANTI HUMANISMOS




Vinte e cinco séculos antes que os 'pensadores' contemporâneos lançassem as bases do nihilismo - que é por assim dizer o fim último de toda esta filosofia prostituída arquitetada pelos ingleses e alemães nos últimos séculos - já os sofistas como Górgias e Protágoras acenavam que a Ética em termos universais e objetivos não passava de fantasia e que princípios e valores como o bem e a justiça tinham seu significado determinado por cada indivíduo conforme sua situação ou interesses... e como os demais tinham interesses diferentes, interpretavam tais expressões de modo diverso e ninguém se entendia.

E como não podiam entender-se e chegar a qualquer acordo em termos de bem e de justiça é perfeitamente compreensível que os adversários de Sócrates, tal e qual o homem primitivo, postulassem o primado da força, tomando a força por direito, como podemos observar em alguns diálogos platônicos. Nem se pode resolver esta questão doutra forma. Ou apostamos na justiça aplicada segundo o padrão da razão ou apostamos no poder e na força...

Opos-se-lhes toda tradição socrático/aristotélica/platônica sustentando a universalidade e objetividade dos princípios e valores; sem no entanto negar que tais princípios evoluíssem ou que dentro de determinada tendência se tornassem cada vez mais nítidos; num processo dialético de superação completiva e não necessariamente destrutiva.

Nem podemos negar que este discurso seja comum ao Cristianismo, Confucionismo, Budismo, etc para os quais como para Sócrates a virtude correspondia a uma entidade real e não a um vanilóquio ou discurso vazio...

A Sifilização moderna no entanto encontra-se em franca oposição face a Sócrates, Buda, Confúcio, Jesus Cristo e outras personagens que hipocritamente finge seguir e acatar.

E por assim dizer em conflito de morte com tudo quando seja HUMANISMO.

Merecendo de fato ser classificada como uma cultura de morte, visceralmente oposta: a promoção humana, a justiça social e ao bem comum. Linguagem que em sua disparatada loucura chega atribuir ao bolchevismo!!!

Pasmoso o cinismo que faz os neo sofistas do tempo presente matricular Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus, Paulo, os Padres da Igreja, Buda, Confúcio, etc NA ESCOLA DE KARL MARX ou mesmo de Lênin, apresentando-os como adeptos da ideologia comunista!

Quando era apenas e na verdade solidaristas, socialistas, comunitaristas, etc por força dos humanismos que professavam e que constrangia-os a sobrepor o SER ao TER, o homem ou a pessoa, ao capital ou ao lucro, o intelecto e a virtude a fortuna material e a desconfiar do acumulo irrestrito de 'bens' que para eles não correspondiam aos verdadeiros bens.

São princípios elementares que até mesmo um Maritain, um Belloc, um Chesterton, etc foram capazes de compreender perfeitamente sem jamais terem se aproximado como comunismo ou mesmo do marxismo.

Só os liberais, relativistas e desonestos, recusam-se a compreender lições tão elementares em termos de filosofia.

Segundo a morfologia peculiar a cada uma destas escolas, recebem nomes diferentes como: Maquiavelismo, Luteranismo (protestantismo), liberalismo econômico, positivismo, individualismo (Stirner e NIETZSCHE), Kelsenianismo, facismo, estatolatria (fascismo e nazismo)...

Grosso modo todo este lixo ou refugo ideológico tem um traço comum: o repúdio a dimensão ética da vida ou a primado da virtude.

Para eles sempre há algo que esteja acima dos princípios e valores como o bem e a justiça; assim o poder, a fé, o lucro, o interesse, a lei, o estado, a obediência, o sexo, etc

A nós compete traçar a árvore genealógica desta 'cultura' homicida e desumana:

1) O florentino Nicholau Maquiavel parece ter sido o primeiro homem moderno a sobrepor o poder ou as  razões de estado ao bem, a honestidade e a justiça; virtudes que encarava como meramente instrumentais.

E assim, lançou os fundamentos do absolutismo que é a matriz de nossa atual política sem ética, cujo lema sempre tem sido: "Os fins justificam os meios."

2) Lutero introduziu o erro de Maquiavel no plano religioso ou seja na República Cristã, ampliando este mal ao infinito.

A ele se deve a formulação da teoria solifideista segundo a qual o crente salva-se pela fé somente i é sem necessidade de boas obras ou obras éticas como a caridade, a justiça, o bem, a solidariedade, etc Salvando-se o homem como é e esta i é em seus crimes e pecados.

Destarte converteu-se a salvação - já posta em termos mágicos de inferno pela igreja romana - numa questão individual posta entre Deus e o indivíduo e sem qualquer relação com o próximo ou a congregação. Adquirindo até hoje aquela feição egoísta que até hoje caracteriza a espiritualidade protestante até a alienação.

A Lutero devemos a ainda a agradável tese segundo a qual nem Jesus Cristo é legislador nem existe qualquer lei Cristã como o sermão do monte ou o Evangelho. Jesus foi apenas um bom conselheiro, e nada mais... ele apenas pede e convida; jamais decreta ou determina.

3) Smith, que era protestante (calvinista) - a relação (solidária) existente entre a ideologia protestante e a ideologia capitalista já foram suficientemente expostos por Weber, Tawney, Fanfani, O brien, Huxley e outros -postulou a total independência das relações econômicas face as relações humanas em termos de ética, política etc Fragmentando mais ainda um universo que o Cristianismo antigo sempre encarara como inter relacionado, ligado ou associado em cada uma de suas partes.

Sem saber Smith formulou a doutrina do economicismo e lançou as bases ideológicas do primado do capital ou do lucro, o que veio a descambar no materialismo mais grosseiro.

Desde então o liberalismo econômico recusa a admitir qualquer espécie superior as relações econômicas e nega-se a uma vida ética uma vez que supõe uma regulação de natureza externa; sem consideração das necessidades do Mercado e dos cálculos matemáticos. Como se a produção e distribuição de bens não fosse feita por seres livre e racionais...

4) Stirner e Nietzsche; reforçados pela psicopática Ayn Rand; retomaram decididamente a doutrina dos antigos sofistas, relativistas e nominalistas de outrora levantando a bandeira do individualismo social ou melhor anti social. Doutrina segundo a qual o desejo ou a vontade individual é a única regra aceitável em termos de bem e mal...

Assim a Sociedade corresponde a uma espécie de Diabo ou Satanás que deve ser exorcizado ou destruído.


5) Comte e sua escola, guiados pelo mesmo estro materialista nos termos mais vulgares, convertendo a ciência no conhecimento do que é e não do que pode ser; acabaram por negar o título de ciência aos conhecimentos que dizem respeito ao homem como a História, a psicologia, etc e criaram uma Sociologia determinista e mecanicista que serviu de modelo ao marxismo.

Para a sociologia materialista ou positivista o homem é mero 'brinquedo' nas mãos de forças mais poderosas e coercitivas de carater social; forças cuja determinação ele sempre reproduz. De modo que o mundo ético desfaz-se por completo em termos de crenças sem sentido ou de fenômeno cultural relativo dentro do tempo e do espaço...

Noutras palavras não existe terreno próprio para a ética ou a moral. Ou ela seguirá pelo caminho inglório da superstição e da fé cega ou escorrerá pelo cano do relativismo cultural...

Assim a História deveria ser neutra e isenta de juízos valorativos, em suma, uma crônica ou narrativa. E já vai Tácito igualmente pelo cano abaixo...

Desta escola procede a mistica cientificista pela qual a ciência aparta-se da consciência - i é da moral ou da ética - e sobrepõem-se de modo absoluto a todas as demais formas de conhecimento.

Teoria simplista que ignora supinamente as relações - muitas vezes incestuosas - existentes entre a produção científica e as necessidades econômicas.


6) A partir daí fica fácil para os ideólogos do nazismo e fascismo substituírem a ciência ou o individuo pelo Estado ou pelo líder. Lançando as bases teóricas da estatolatria...

Segundo ao qual o estado ou a Sociedade absorve por completo a pessoa, determinando infalivelmente tudo quanto pertença ao universo ético ou moral e estabelecendo o dogma da obediência cega ou passiva, execrado pelos antigos pensadores gregos e tão caro ao militarista e imperialista Catão (o qual fez correr com os filósofos gregos de Roma).

Daí a antipatia ou incompatibilidade entre o discurso filosófico e ético legado pelos gregos e construído em torno da noção de liberdade e o discurso militarista/absolutista e estatólatra construído em torno da autoridade ou do líder ao qual cabe pensar por todos e no lugar de todos. Ora o Cristianismo Católico assume mais uma vez o legado pelos antigos gregos... enquanto o luteranismo e calvinismo, repudiando a noção de liberdade resvalam ou na estatolatria ou na teocracia ( a qual frustrada converte-se, como nos EUAN, em democracia não confessional).

7) Este edifício monstruoso foi completado pelo jurista protestante luterano Hans Kelsen, que lhe adiciona o derradeiro patamar que é a doutrina do 'direito puro' segundo a qual a lei positiva se resolve na lei positiva sem necessidade de agente regulador externo em termos de ética ou moral.

Bem se percebe que nosso homem limitou-se a introduzir no campo do direito o veneno do positivismo. (Que encontra-se na matriz de todos os totalitarismos de esquerda e direita: do comunismo ao nazismo...)

Assim o significado de Kelsen é claro: a condenação irremissível do humanismo jurídico ou juz naturalismo, teoria por assim dizer Cristã e Católica formulada pelos grandes escolásticos.

Assim desde Maquiavel, sempre com a maravilhosa desculpa de eliminar as tolices e superstições Cristãs Católicas o que vai sendo sucessivamente eliminado é o legado socrático assumido pela Igreja antiga, í é o home, a virtude e a ética. Então não adianta assumir um falacioso discurso em torno desta demanda atual, que é a demanda da ética, e ao mesmo tempo, permanecer atrelado a todas estas correntes deletérias que fazem parte da cultura de morte.

Querer compor os heróis BUDA, CONFÚCIO, SÓCRATES, ARISTÓTELES E JESUS com os desorientados: MAQUIAVEL, LUTERO, SMITH, STIRNER, NIETZSCHE, COMTE, KELSEN, ETC é entrar no tonel das Danaides para jamais sair dele.






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