domingo, 26 de novembro de 2023

Algumas reflexões sobre o Estado e a Economia: Por um Estado real e não fictício ou aparente.

Curiosa a oposição extremista entre marxistas ou comunistas e anarquistas. 

Pois para os primeiros o Estado, que nada é quando controlado pelos capitalistas, passa a tudo ser após a afirmação da ditadura do proletariado. E todavia jamais deixa de ser uma casca ou película controlada por forças econômicas. Pois esse Estado se torna tudo sempre por mediação do econômico, ao qual serve como meio ou instrumento. Inexiste qualquer possibilidade de autonomia para o poder político e o contrário disto seria idealismo ingênuo.

Outro o caso dos anarquistas, que jamais levam o Mercado ou os poderes econômicos a sério, tributando toda carga de opressão na conta do poder político ou do Estado.

Destarte buscam os primeiros, como já foi dito, servir-se do Estado com objetivos econômicos diversos... Sem perceber que se utilizam do poder político para controlar e submeter os poderes econômicos ou as forças de produção... Atribuída essa finalidade 'socialista' ou Comunista ao Estado, adquire ele um desígnio que o torna importante.

E desta visão procede uma rigorosa ou radical estatolatria, e totalitarismo, e ditadura, e tirania, e opressão... Tudo coberto com o pomposo termo de 'Ditadura do proletariado' a qual, para os pupilos de Marx e ovelhinhas de Lênin corresponde a um Dogma tão sacratíssimo como a Igreja para os Cristãos Católicos. 

Nem posso deixar de assinalar que alguns críticos atilados já assinalaram inclusive as semelhanças entre os órgãos de controle do PC na velha URSS e os órgãos de controle do Vaticano. Creio que foi o Dr Fulop Miler.

Outro o caso dos anarquistas, cujas propostas sociais jamais se concretizaram.

De minha parte creio que sairia pior, e bem pior, do que o 'paraíso' comunista essa ideia ultra ingênua de eliminar a organização política ou diminui-la até os limites de um micro Estado e deixar intacta a estrutura econômica ou manter o Mercado... Julgo que disto resultaria ditadura mil vezes pior do que as ditaduras comunistas, nazistas e fascistas, inda que hipocritamente dissimulada.

Nem é por mero acaso que os ultra capitalistas tenham assumido essa pauta sob a legenda ANCAP, prova de que ninguém deseja mais a total demolição do poder político ou do Estado - Que muitas vezes o serviu tão bem, MAS NEM SEMPRE... - do que os detentores do poder econômico e apóstolos do liberalismo economicista em máximo grau.

Convém alias, expor aos comunistas, que os mesmos senhores do capital, receiam não pouco da Religião, ou melhor, do Cristianismo histórico ou antigo, do contrário seus ancestrais não teriam o teriam sabotado, por meio da reforma protestante, com o objetivo de instaurar essa nova ordem economicista. Foi necessário satanizar o Cristianismo antigo, apostólico ou autêntico, semear boa dose de ceticismo, fragilizar a igreja velha, etc com o objetivo de engendrar a incredulidade e a partir dela esse novo mundo materialista. Foi por meio do protestantismo que o Cristianismo tornou-se completamente dócil e servil face aos poderes econômicos ou ao mercado em formação.

Desde então o Capitalismo ou liberalismo econômico tem buscado por todos os meios favorecer ou facilitar o protestantismo e atacar com não menos sanha as igrejas anglicana, romana e Ortodoxa, devido ao sentido espiritual de insubmissão ou de rebelião que anima algumas de suas parcelas e súditos. O protestantismo, quase como um todo, colabora ou coopera, os 'catolicismos' jamais inspiraram confiança ao Mercado. Portanto a ideia de combater a religião ou certas formas religiosas não é prioridade do comunismo ou invenção sua. Apenas o liberalismo econômico sabia o que devia ser atacado ou o que temer.

E aos anarquistas convém expor que nem sempre o Estado foi dominado pelo capital ou por poderes econômicos, e que em algumas circunstâncias se lhe opôs, apenas para ser esmagado ou triturado, mas se lhe opôs - Com Laud, com Robespierre, com Vargas, com Peron, sob a ideologia de Keynes ou do bem estar social em alguns países do Norte da Europa, na Inglaterra fabianista que por um tempo enjaulou a besta, etc De modo que tampouco o Estado foi sempre dócil ou servil face a tal ordem como supõem o mito anarquista. 

Outro o caso do tempo presente, após o consenso do Washington e a cruzada neo liberal, no qual o poder econômico parece disposto a recobrar um controle total sob a fórmula de um Estado mínimo, policial ou de enfeite. Porém o que foi desalojado no passado poderá ser desaloja-lo em qualquer tempo futuro. Desde que se ressuscitem e alimentem umas velhas ideologias (Antes de tudo a do Direito natural ou jusnaturalismo.)... O que foi feito antes sempre poderá ser feito novamente depois - Desesconomizar o Estado ou opo-lo a nova religião do Mercado, É PERFEITAMENTE EXEQUÍVEL.


O PAPEL DO JUSNATURALISMO E DO TEÍSMO NATURALISTA.


Não basta termos um Estado politicamente liberal ou formalmente democrático.

Precisamos ter um Estado Ético, voltado para os direitos fundamentais da pessoa humana.

Por isso é que se faz premente afirmar tais direitos como naturais e inalienáveis e não como conjecturais ou relativos a qualquer pacto social de natureza positiva. Os direitos humanos devem transcender a qualquer pacto ou decreto de natureza política para que adquiram essencialidade e perenidade.

Pois tudo quanto, sob o termo de convenção, possa ser atribuído a lei positiva ou ao poder político por ele pode ser revogado. Apenas a lei natural pode servir como fundamento inamovível a nossos direitos e garantias.
Por isso o mesmo poder que estimula o fundamentalismo religioso e sectário - Devido a seu sinistro discurso (Sobrenatural!) em torno da submissão acrítica e passiva. - não se sente molestado de forma alguma pelos discurso ateísta (Exceto pelo comunista, o qual vai muito além do puro e simples ateísmo, a que alias é irredutível.). Dado que a partindo do ateísmo é impossível fundamentar uma lei ou uma ordem natural e imutável expressa por direitos humanos inalienáveis. De fato a ausência de um Legislador supremo desampara qualquer humanismo, por tudo relativizar e atribuir a lei positiva ou a pactos sociais.
Alguns nichos religiosos não fundamentalistas existentes nas igrejas anglicana, romana e Ortodoxa, no espiritismo e em algumas outras expressões religiosas (Radicalmente comprometidas com os direitos humanos e com a justiça social.) incomodam muito mais os poderes econômicos e políticos do que esse ateísmo por vezes neutro ou esquivo as causas sociais.

Isto porque aquelas expressões religiosas possuem doutrinas sociais, atribuídas aos céus e infensas a manobra capitalista, coisa que a maior parte da corrente ateísta, a exceção do complexo e desacreditado Comunismo, jamais nos ofereceu. Por isso encaro esse ateísmo metafisicamente virulento e socialmente vazio como absolutamente irrelevante e prefiro um papista que reza o terço ou um espírita embiocado que se identificam com o trabalhador ou com um cidadão oprimido, a um desses chateus... Parte dos quais (Refiro-me aos chateus.) inclusive mantém a mentalidade - Favorável ao mercado e ao americanismo. - incutida pelas 'emprejas' protestantes. Pois uma coisa é assumir uma senha qualquer e outra totalmente diversa questionar uma cultura ou romper com ela > E eu, como ex protestante, não precisei negar levianamente a existência de um Ser Supremo ou me tornar ateu, para abandonar aquelas visões de morte e tornar-me humanista e trabalhista.
Parece-me que o capitalismo teme e receia muito mais dessas velhas ideias e tradições humanistas Socráticas ou Cristãs do que desses ateísmos todos, a exceção do comunismo. Daí a necessidade de controlar a impressa e as escolas com o objetivo de satanizar o Cristianismo antigo ou de elevar seus erros e crimes a uma dimensão colossal. Pois é esse Cristianismo antigo, mesmo quando desfigurado (Pelas igrejas romana e anglicana por exemplo.), veículo de ideias e propostas assentes pela Filosofia clássica com todo seu aparato crítico.

Aliás o ateísmo comunista me parece mais digno - E é o mais odiado, mas não por mim, que nada tenho de comunista! - que seus rivais justamente por se ter mostrado sensível face as gritantes injustiças cometidas pelo capitalismo e por se ter aliado ao operariado.
Os demais ateísmos me parecem tão alienados e cômodos quanto o protestantismo - O grande promotor e aliado do capitalismo... - que produziu-os.
Não acredito que por si mesmo o ateísmo signifique, pois acredito mais em ações que em doutrinas e se adiro a Sócrates e a Jesus Cristo é porque antes um aceitou beber cicuta enquanto outro aceitou ser pregado na cruz. Acredito no testemunho dos que se deixam matar (Não dos que matam!) ou dos mártires que podendo resistir, recusam-se a faze-lo por algum motivo sério. Jamais vi mártires que tenham dado seus vidas pelo não ser ou pelo ateísmo...


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