Ao nobre e excelente W. R.
Graça, paz e bem no amoroso Redentor nosso Jesus Cristo.
Li com a devida atenção e o devido carinho as reflexões que tu publicaste na Comunidade X. Porém como minha resposta respeitosa foi truculentamente apaga por a reproduzi-la-ei aqui.
Embora a tua perspectiva pessoal - Sobre o alegorismo. - esteja dentro da perspectiva Ortodoxa ou patrística, como uma theologumena ou opinião, é bem verdade que desde o século XIX tem sido ela, utilizada pelos companheiros e sucessores de Droysen, como uma explicação puramente naturalista sobre as origens do nosso Cristianismo, beneficiando portanto um erro fatal.
De fato muitos Historiadores helenistas alemães afirmaram que nosso Cristianismo, ao invés de ser revelado, nada tem de sobrenatural, correspondendo a uma evolução ou progresso apresentado pelo Cristianismo alexandrino. E o quanto teríamos aqui seria um judaismo helenizado ou helenizante, forjado por Aristobulos, Filon e outros.
Noutras palavras, nosso Cristianismo não passaria de uma releitura, de uma reformulação, de uma reconstrução, de uma reelaboração do judaísmo ora alegorizado. Seria um judaísmo mais refinado ou aprofundado. Mas sempre um judaísmo ou uma facção ou corrente judaica. E não há como fugir a semelhante conclusão.
E de fato caso concedamos que todos os mistérios do nosso Cristianismo se encontram simbolicamente presentes na mikra, temos de nos perguntar se não é o Cristianismo a kabalah original e se, por acaso, contém o Cristianismo histórico algo de próprio ou de original...
E temos de nos perguntar igualmente sobre que fica sendo de Jesus Cristo, e de sua condição, de seu sentido e de seu papel.. Qual a missão atribuída a nosso Jesus...
Quanto a isto devo dizer-lhe que meu pensamento Teológico é visceralmente niceno ou atanasiano, noutras palavras: Rigorosamente encarnacionista. Um sistema articulado e orgânico em que cada artigo de fé parte desse mistério central e que pretende ser uma espécie de mergulho numa Cristologia profunda.
Alias julgo cumprir um desígnio: Recuperar ou resgatar a consciência cristã não apenas face aos recuos do papismo e do Anglicanismo, a vulnerabilidade da Ortodoxia oriental e a alienação protestante, mas sobretudo face ao islamismo.
Diante disto, a mim me parece, sumamente duvidosa, a existência de uma Revelação parcial ou de elementos da Revelação Cristã anteriores à Encarnação do Verbo e que dela não procedam. Já a simples sugestão de uma Revelação integral do nosso Cristianismo, literal ou simbólica, anterior a esse mistério me parece impensável e não posso crer nela.
Nom possumus.
Nom credidimus.
Pois que ficaria sendo nosso Jesus, o Verbo encarnado?
Como poderíamos supor nosso Jesus mero porta voz de Abraão, Moisés, Caleb, Finéias, Salomão, etc...
Me parece repugnante apresentar o Instrutor de todos como mero intérprete de quem quer quer seja ou como comentarista de quaisquer textos...
Não, não posso conceber o Mestre como alguém que se limita a fixar sentidos sem dizer nada de propriamente seu.
Não, não consigo nem posso ver Jesus assim, como o tipo de um exegeta que parte de textos ou livros.
Tampouco posso encarar nosso abençoado Redentor como repetidor ou transmissor.
De minha parte acredito que o Cristianismo, ao contrário do judaísmo e do islamismo, parte de uma pessoa viva ou de um homem Deus. Julgo honestamente que a instituição Cristã corresponda a auto comunicação de Deus. Creio e confesso que este caminho equivale a uma intervenção direta de Deus na História dos homens. Que corresponda a manifestação do Deus vivo e portanto que corresponda não a algo antigo, velho ou trivial e sim a algo novo, único, singular ou distinto de tudo quanto existira antes. DO CONTRÁRIO NÃO SERIA VINHO NOVO OU CABERIA NOS ODRES VELHOS, porém ele nos advertiu que esse vinho não cabia naqueles odres.
Não desejo salvar os odres, a Torá, a Tanak, a Mikra, etc por amor a uma opinião exótica - Da inspiração linear... E se para salvar o livro de papel devo abater ou rebaixar o homem Deus > Pereça o livro! Basta a bibliolatria! Chega de fetichismo!
Creio portanto que Nosso Senhor Jesus Cristo não se tenha manifestado para repetir lições velhas a e sabidas, mas que se tenha manifestado como Mestre e Instrutor supremo, o qual fala com autoridade própria, tudo quanto teria ouvido 'In sinu patris' i é o que trouxe dos céus.
Alias me parece bastante estranho que aqueles rudes personagens tenham enunciado os elevados mistérios do nosso Cristianismo numa linguagem alegórica tanto mais sofisticada. Parece que nesse caso seriam mestres melhores do que aquele que repetiu, em tempo futuro, as mesmas doutrinas, com expressões literais e palavras chãs. Seria o judaísmo um Cristianismo mais refinado... Não posso admiti-lo.
Creio que o Cristianismo proceda do Cristo e que nosso Cristo imutável jamais tenha orientado a moralidade baixa e vulgar da mikra. Entre a moralidade ou ética evangélica e a moralidade da Tanak vai abismo colossal e imenso.
Nem posso crer que deixaria o Verbo Jesus de corrigir, advertir e instruir os que supostamente acompanhava, e isto sob pena de omissão.
Quanto ao sentido das Sagradas Escrituras: 'Não me manifestei para cumprir a Lei.' já foi dado e fixado pelos legítimos intérpretes, os padres da igreja, e diz respeito a Lei divina e celestial do Decálogo ou dos dez mandamentos, que gravados nas tábuas de pedras foram colocados dentro da arca do pacto. Não a taurat. Não ao Pentateuco. Não a mikra. Não a Tanak como um todo. Não a totalidade do antigo testamento, como julgam as massas de protestantes iletrados, fundamentalistas e fanáticos mas apenas e tão somente ao Decálogo divino.
Por isso todas as outras partes da mikra ou tanak não é que tenham sido propriamente abolidas. Foram declaradas inválidas ou puramente humanas pelo Verbo encarnado Jesus Cristo fonte da vida.
Tanto que na parte mais nobre ou no coração mesmo do Evangelho disse nosso Jesus: 'Ouviste o que dito (Porque os judeus atribuíam a Torá uma origem oral vinculada ais anjos.) aos ancestrais... EU PORÉM VOS DIGO.'
E simplesmente negava o que era puramente natural ou resíduo da cultura.
Jamais apresentou como tal o que nunca fora sagrado ou divino.
Só os protestantes cegos são capazes de supor que Jesus Cristo revogara ou alterara instituições divinas pelo simples fato de ser Deus, posto que Deus é imutável e sem sombra de variação - Pelo simples fato de ter sua vontade perpetuamente fixada no bem ou naquilo que é perfeito. Quer dizer isto que caso uma lei seja de fato divina jamais poderá ser alterada, consertada, reformada, etc Se é Lei divina é Lei perpétua e inalteravelmente fixa pelos séculos dos séculos - TAL A LEI DO EVANGELHO!
Dedico a ti estas minhas reflexões, as quais espero que te sejam úteis. Abraço fraternal.
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