quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Vícios pessoais: Desvantagens públicas e enriquecimento privado.





Bernardo de Mandeville acreditava que o Bem comum ou que os benefícios públicos equivaliam a soma dos benefícios privados - Longe de nós entrar agora no mérito dessa opinião, muito discutível. De fato, o total financeiro produzido por um determinado grupo social equivale a soma das parcelas produzidas pelos particulares. O problema aqui é que o regime assalariado, quando não regulado politicamente (Numa perspectiva democrática.), acaba fugindo a proporcionalidade e engendrando uma desigualdade social cada vez maior - Nos termos postos em 'Progresso e pobreza' por Henry George. > Daí a necessidade absoluta de uma redistribuição nos termos do 'Bem estar' social, ou de um reajustamento feito a partir dos tributos ou impostos coletados pelo poder público.


Toda esta visão de 'Bem estar' com sua rede assistencial e investimentos sociais era totalmente ignorada pelo sr de Mandaville. Naquelas priscas eras eram os miseráveis assistidos apenas indiretamente pelo poder público i é através das Igrejas - Fossem a apostólica romana, a anglicana ou as Ortodoxas... o que chamava 'Serviço da caridade' e cujas estruturas (Nos países latinos ou orientais) imensas remontavam a Idade Média ou mesmo a antiguidade Cristã. E o melhor exemplo quanto a tais redes de assistência eclesiástica reporta a Constantinopla, a antiga capital do Império romano do Oriente (Bizantino), na qual a organização dos serviços (Realizados pelos monges) era primorosa. Eis algo que convinha ser magistralmente estudado e descrito, em pormenores, pelo Dr Kaldellis.

Quem desejar conhecer melhor e com maior número de detalhes, como tal rede de assistência foi formada a partir dos primeiros séculos recomendamos as leituras de León Lallemant 'Histoire de la Charité' Les neuf primiers siécles, Tome second - Picard, Paris - 1903 e de F M Doisy 'Histoire De La Charite Pendant Les Quatre Premiers Siecles De L'Ere Chretienne' - 1851. Obras que talvez um dia traduzamos, em todo ou parte, para o vernáculo. 

Sobre como essa rede foi ideologicamente impugnada e desativada na França, sob os auspícios da Grande Revolução vide o mesmo Lallemant 'La Révolution et les pauvres' - Picard, Paris - 1898. 

Lendo essa erudita obra constatamos que em certa medida, a secularização dos serviços assistenciais ou sua passagem para o Estado político acarretou tragédias e calamidades semelhantes as que já haviam sido acarretadas pela implementação da Reforma protestante e extinção das ordens religiosas na Alemanha e na Inglaterra do século XVI. Na Alemanha essa crônica de terror foi descrita por J I Doellinger (Regensburg 1846) e pelo Pe Joahnnes Janssen 'Geschichte des deutschen volkes' 1876 -1888. Já na na Inglaterra foi a mesma pintada pelo anglicano William Cobbett em sua 'Histoire de la Réforme en Angleterre et en Irlande' a qual soou como um tapa na cara dos sectários protestantes.

Foram sucessivas catástrofes, repito, pois se no dealbar da Reforma protestante inexistia qualquer rede de assistência estatal ou política - i é Laica, o protestantismo nada fez no sentido de inspirar a criação de algo semelhante. Grato ao Estado pelos serviços que lhe prestara contra a igreja velha jamais se sentiu a vontade para cobra-lo e, se assumiu parte deles, foi a passo de lesma ou tartaruga devido a ideia de que, podia o homem ser bom sem produzir boas obras ou fazendo o mal - Havendo quem pensasse que as obras eram totalmente desnecessárias... 

A Revolução francesa ao menos, assentiu em recuar rapidamente de sua posição, pois paradoxalmente após denunciar o elemento clerical e persegui-lo reginou a conciliar-se com ele pela total incapacidade de gerir eficazmente essa estrutura assistencial 'usurpada'. Tomou-a para si mas não achou modo de mante-la sem recorrer ao clero ou aos monges, o que resultou em conflitos por mais de séculos - Por parte dos que exigiam uma secularização radical. Curiosamente não temos notícias seguras de que a qualquer jacobino francês ou panfletário laicista ocorresse a ideia da privatização ou da desestatização no sentido de tomar os estabelecimentos mantidos pelo clerezia para entrega-los ao MERCADO, a iniciativa provada ou a casta burguesa em busca de lucro - Pois as pessoas daquele tempo filosofariam sem temor, por serem inteligentes... E o que há muitos dos nossos parece genial a eles lhes pareceriam hediondo.

Alias o mesmo que sucede hoje com nossos serviços públicos, cuja suposta 'ineficácia', inoperância, etc fazem o deleite dos meios de comunicação - Que geralmente, por considerações de ordem econômica ocultam ou encobrem os crimes e abusos do serviço privado, vendendo a imagem de que este tipo de serviço - Pago ou privado. - é muito superior, quando não é. Estratégia legada pelo jacobinismo político, o qual fazia questão de divulgar e por em relevo todos os crimes e abusos, supostos ou não, da rede clerical. O papel das legendas ou fraudes divulgadas pela mídia paga em nossos dias (Contra os serviços públicos.) é tão forte e necessário quanto foi nos tempos do jacobinismo contra o serviço assistencial oferecido pelos religiosos. Repito que tais fatos não são criados mas isolados e exagerados, enquanto que os que dizem respeito aos serviços que se quer 'inocentar' são escondidos e a tônica é criar uma imagem ideal e completamente falsa do serviço privado, e impulsionar a passagem do público ao livre mercado por meio das privatizações.

Toda mídia esta comprometida com esse ideal falacioso ou é conivente. E por isso você raramente lerá críticas como as nossas em qualquer jornal, revista ou livro publicado por uma grande editora, porque é tabu e não corresponde a imagem idílica que se quer vender quanto ao poder econômico. E caso você tenha acesso as contra críticas vera que tantos quantos se posicionam como nós, ainda quando sejam conservadores, reacionários, católicos tradicionais, etc são pintados como comunistas. Basta não ser meio cristão ou meio católico, vendido ao Mercado e comprometido com o americanismo para ser caracterizado como comunista pelos neo católicos, conservadores e mesmo reacionários conciliadores. 

No meu caso devo dizer que não proponho, como algum reacionário, qualquer retorno dos serviços secularizados ao domínio eclesiástico. Apenas deploro qualquer passagem do político ou público para o Mercado por meio da tal desestatização e neste sentido pareço conservador, pois desejo que tais serviços permaneçam na posse de um Estado cada vez mais democrático. Mesmo porque, através das tais privatizações descontroladas é perfeitamente possível que tais serviços, como escolas e hospitais públicos, passem ao controle de outras instituições religiosas (Sejam protestantes ou islâmicas) ou de empresas mantidas com recursos (Obtidos por meio de dízimos inclusive.) de fundo religioso a ponto de influenciar suas dinâmicas, inclusive introduzindo símbolos confessionais > De modo que o economicismo reverteria em favor de instituições religiosas alienígenas de caráter sectário, quando no passado a instituição religiosa que plasmou nosso universo imaginário e cultural foi violentamente despojada de tais instituições, em nome da secularização e de um ideário laicista do qual não podemos abrir mão sob quaisquer pretextos, inclusive econômicos.

De fato o poder econômico não é aliado confiável do ideário laicista. 

E é o quanto me basta para ser totalmente contrário a qualquer nível ou grau de desestatização em torno de serviços essenciais como Educação e Saúde...

E no entanto são tais serviços ameaçados pela própria dinâmica interna do liberalismo econômico crasso, do capitalismo ou do economicismo. O que nos remete mais uma vez a Revolução francesa e seus gatilhos, bem como a Bernardo de Mandeville, em contraposição ao velho Platão por exemplo, bem como ao espírito medieval. 

Embora o conteúdo teórico do liberalismo político ou do que chamaríamos democracia esteja maciçamente presente no desenrolar das diversas fases da Revolução Francesa, na prática essa Revolução foi acarretada concretamente pela presença do liberalismo econômico no cenário francês do século XVIII e pelos transtornos provocados por ele numa sociedade em parte medieval, tradicional e monárquica e nem podiam Coroa e nobreza (Envolvidas também elas nesse processo de transformação econômica.) suspeitar que seu sentido político estavam na dependência de uma estrutura social e econômica que se desfazia... Em certo sentido tem Marx alguma razão quando declara ou deixa implícito que o determinado modelo econômico impõem determinado modelo social, embora jamais tenha compreendido - Como um Weber. - a mediação da cultura. O economicismo, cada vez mais forte, produziu na França uma cultura politicamente liberal ou democrática. E como o soberano francês - Ao contrário da coroa inglesa. - não se quis despojar do poder que lhe era atribuído em benefício do Mercado (Convertendo-se num rei de enfeite ou num títere.) ou da burguesia firmemente constituída, está, por meio da mídia ou da imprensa paga (Quer a coroa não logrou suprimir ou controlar.) insuflou o povo contra ele. 

Não foi pelo povo, que sempre sofreu, que sofria há séculos e que haveria de sofrer ainda mais... Mas por necessidades puramente econômicas que Luis XVI foi defenestrado e perdeu a cabeça. Embora os desígnios tenham sido favorecidos pelo clima, pela seca e pela fome; poderoso gatilho de Revoluções. Os liberais responsabilizaram a estrutura política da França pela fome e o povo simples e iletrado acreditou. Nesse sentido a influência danosa da Inglaterra e o contato próximo com os EUA foram uma fonte de contágio para a França e o liberalismo econômico foi sustentado tanto quanto o liberalismo político por diversos pensadores franceses, os quais jamais se deram conta do que Inglaterra estava prestes a ser... E os franceses se meteram num túnel cujo fim não se via. E agora, apesar de todo seu liberalismo político e espírito democrático estão a ter a espinha quebrada pelo liberalismo político de Macron, aproximando-se ainda mais dos modelos anglo saxões e afastando-se de uma cultura também ameaçada pela islamização.

Jugida entre liberalismo econômico, comunismo, positivismo, americanismo e islamização essa França muito amarga e desorientada não se encontra, não se acha, não se concilia consigo mesma, e contra os integralistas de Maurras devemos dizer que monarquismo algum - Especialmente o inglês - poderá salva-la e quiçá seja melhor, na perspectiva realista de um Toynbee ou de um Spengler, admitir que não há salvação possível, que seu tempo passou e que não haverá outro Kairós...

Observe o leitor essa pequena fatia da realidade social francesa do século XVIII - Na medida em que as relações econômicas no cenário urbano iam mais e mais aderindo ao modelo inglês ou capitalista, - ao contrário do que dizem os analistas do neo capitalismo (Reformado a partir de 1870 numa direção restritiva e ainda mais por J  M Keynes pos 1929) - ia aumentando, paulatinamente o número de pobres, mendigos, vadios, desempregados (Tal e qual a população de rua em nossos dias.) e nem faltava a droga, que era o álcool ou a embriagues, associada a um consumo de tabaco...(O próprio químico Lavoisier foi guilhotinado, em parte por estar relacionado com uma firma produtora de tabaco em pó, para a qual criara uma máquina trituradora.) e é claro a prostituição. Os vícios endeusados, por Mandeville - porque o pobre não poderia escapar ao consumismo alienante na esfera, ainda que restrita, das suas possibilidades... 

De fato tudo isso trazia lucro a alguém ou a alguns... Indubitavelmente. Mas vantagens públicas para todo corpo social...

Pois uma coisa é consumir roupas (Ainda que caras), joias, peças de arte, livros, cristais, etc tipo de consumismo contemplativo, até certo ponto tolerável e inócuo e outra consumir álcool, tabaco, coca ou derivados de ópio... Pois aqui existe repuxo ou contra partida social. 

Devo dizer que no decorrer do século XVIII cada homem francês bebia certa de um litro de vinho por dia, posto que a média era de 300 litros anuais por cada homem. E já não o bebiam diluído em água como durante a antiguidade ou a idade média, mas puro. Agora se considerar que haviam ao menos um grupo de abstenceístas (Quiçá 5%) é certo que havia consumo de mais de um litro per capita. Desde o século anterior o consumo de vinho e bebidas fortes vinha no cangote do capitalismo nascente, propiciando lucros avassaladores.

Basta dizer que o recomendado para os homens hoje é jamais ultrapassar dois copos ou tacinhas com 100 ml cada, as quais equivalem a três unidades de álcool i é cinco vezes menos do que os franceses ingeriam as vésperas da Grande Revolução. E não entra aqui o problema da embriagues... Embora esse um litro desse pra embriagar todo mundo, especialmente os mais pobres, que se alimentavam menos. 

De fato os mais prejudicados organicamente falando eram os pobres... E imagine a catástrofe se ainda hoje, quando se bebe menos, as doenças relacionadas com o álcool. Já no final do século XVIII os psicólogos, como B Rush, assinalam os perniciosos efeitos do excesso ou da embriagues na psiqué humana. 

Como Engels explicitaria nos século seguinte ao descrever o proletariado inglês, flagelado pelo alcoolismo, as próprias condições de vida insalubres ou a miséria, lançavam os miseráveis nos braços da auto alienação. Quem queria fugir a realidade ingrata da vida vivida, bebida em excesso ou se embriagava, sem jamais suspeitar do quanto era sabido por Mandeville: Que ao consumir álcool dava imenso lucro ao investidor 'honesto' fazendo com que facilmente recuperasse seus capitais... O que produzia um círculo vicioso, o que vale igualmente para o tabaco.

O rosário de enfermidades físicas ou corporais ainda não havia sido deslindado pela pesquisa médica. O que não significa, é claro, que as patologias desencadeadas pela embriagues inexistissem... Agora considere que hoje, quando se bebe muito menos, ainda ocupam (Tais doenças) o quinto, quarto ou terceiro lugar no quadro geral das doenças!!!

E conclua pelo número inacreditável de pessoas enfermas e inutilizadas pelo álcool e pelo tabaco na França do século XVIII. E nem pense na Inglaterra - Posto que naquela época os fanáticos puritanos, abstenceístas, eram em número bastante elevado e o álcool só viria a fazer grandes estragos no século da incredulidade i é no século XIX, especialmente em Londres ou Manchester e sobretudo entre os anglicanos ou entre os irreligiosos. De modo que ao menos até o século XIX, o quadro social da Inglaterra jamais equivaleu ao da França nos séculos XVII e XVIII e sobretudo durante este último, em que o tabaco e o álcool se converteram em autênticos flagelos. 

Portanto além dos indigentes, desapossados de suas terras e instalados nas grandes cidades, havia uma multidão de doentes vitimados por enfermidades provocadas pela bebida e pelo tabaco, além do residual de sifilíticos caldeados na prostituição. Os quais representavam uma fonte de despesas verdadeiramente colossal, fosse para a rede de assistência eclesiástica, fosse, em última análise, para o poder público i é pela coroa. Como manter o luxo ou o brilho cortesão de um Luis XIV e ao mesmo tempo essa rede de serviços destinados aliviar os sofrimentos humanos... Sem aumentar o recolhimentos de impostos ou tributos... Por isso, quando veio a fome, esse Estado quebrou... Pois sem produção agrícola, a um tempo os camponeses além de não poderem pagar os tributos teriam de ser assistidos e a outro, sem os tributos, os demais assistidos (Do cenário urbano) tampouco poderiam ser assistidos> O que resultaria num colapso social, com imenso número de mortes ou em Sedição - O que efetivamente ocorreu. Não haviam reservas suficientes para assistir a todos e aqui o poder do rei tornou-se inoperante ou fictício.

Perceba que aqui, no cenário francês, as análises de Mandeville se mostraram equivocadas, posto que os vícios de consumo impulsionados pelo capitalismo emergente, embora produzissem o enriquecimento de alguns poucos particulares, produziram ao mesmo tempo notória desvantagem pública, como a demanda por insumos assistenciais por parte de parte daqueles que vinham a adoecer por conta do consumo excessivo de álcool, do consumo de tabaco ou da sexualidade desbragada e sem proteção - Posto que caiam todos nos braços do Estado e de um Estado habituado a onerar sempre e cada vez mais o produtor agrícola i é o camponês. Quando grassou a primeira grande calamidade natural, em termos de seca e fome, esse Estado teve que desabar - E antes que a monarquia pretendesse tachar a alta burguesia, veio esta a cena para levantar o povo contra a mesma monarquia e (Mais uma vez - Lembram do ataque aos bens da Igreja velha por parte da reforma protestante> Dos quais os pobre não viram nem o cheiro!) acenar com a posse dos bens e terras da nobreza acovardada, e de fato o povo tomou para si algumas migalhas (Como terras.) enquanto eles, os burgueses (Manipulando tudo e todos.) ficaram com o grosso dos bens, a liberdade e o poder... 

Não foram os odiados anarquistas e os detestados comunistas que cortavam as cabeças de suas régias majestades (O que já se havia feito na Inglaterra século e meio antes!) mas os burgueses, posto que a elite dos jacobinos era composta pelos liberais economicistas. 

Curioso é que a questão das doenças provocadas pelos vícios, a assistência e os gastos públicos já havia sido posta em questão na República de Platão. Não cessando de ser debatida até hoje. Considere que interessante ou curioso não seria que essa mesma burguesia - Que estimula todos os tipos de excessos consumíveis. - fosse responsável por vender medicinas e tratamentos a tantos quantos, tendo recursos próprios, insistissem em consumir tabaco ou álcool em excesso. Pois bem, eu sou a favor de que, aqueles que tendo alguma posse, insistem em se expor a qualquer tipo de enfermidades derivadas do álcool, do tabaco, da droga ou da sexualidade irresponsável (Sem proteção), sejam excluídos do SUS ou do sistema de saúde pública, ainda que comprometam a herança de seus filhos (Desde que maiores de idade). 

No entanto mesmo assim o número vultoso de pessoas humildes taladas pelo vício, sendo imenso, não deixaria de multiplicar os prejuízos para o erário. 

De modo que seria aconselhável: Taxar severamente o tabaco, taxar moderadamente e regular o consumo do álcool, investir na propaganda em torno do sexo seguro e distribuir preservativos e, sobretudo, investir na propaganda da medicina preventiva ou da vida saudável, criando módulos ou cursos educativos... Obrigando os viciados a participar de tais cursos e internando-os compulsoriamente, caso haja alteração do juízo ou perda da capacidade cognitiva. Ao invés de tornar tais produtos mais acessíveis por meio da redução das taxas > Como aspira o maravilhoso mercado numa perspectiva anti Ética. Pois na medida em que o acesso facilite o consumo, a dependência e a produção de enfermos e em que a privatização torne tais serviços acessíveis apenas a quem possa pagar toda essa multidão de viciados pobres morrerá abandonada e completamente desassistida na sarjeta, demonstrando cabalmente o quanto o Estado do sr de Mandeville é um Estado cruel e desumano, feito apenas para meia dúzia de privilegiados.

Quanto a questão de desvincular compulsoriamente do SUS tantos quantos viciados saudáveis se recusarem, voluntariamente, a passar por tratamento, também sou receptivo a ela, crendo no entanto que todos esses problemas e possíveis soluções devam ser discutidas e decididas democraticamente por todo corpo social através de plebiscitos ou referendos. 

Concluo, opinando que a proposta de Bernardo de Mandaville sobre um sociedade fundamentada no consumo acelerado de objetos - Mesmo que inócuos ou não viciantes. - seja, sob todos os aspectos, impraticável e perigosa. Como concluo pelo 'Áriston métron' dos antigos gregos, pela 'Aurea mediocritas' dos antigos romanos ou ainda pela via média ou sóbria dos antigos Cristãos, embora me posicione pessoalmente contra uma sociedade ascética e acredite que todas essas coisas nada tem que ver, diretamente coma fé ou com o Sagrado, e sim com o pensamento reflexivo e o mundo presente. Continuamos buscando um saudável meio termo entre o ascetismo doentio de algumas culturas e o consumismo torpe da modernidade. 






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